Avançar sim, mas sem sacrificar conquistas
A carreira se mobiliza e se
prepara para mais uma batalha que,
certamente, não será a última, mas
que promete ser decisiva, para a
preservação das nossas conquistas remuneratórias.
É chegada a hora de reunir nossas
energias para debater, com serenidade e confiança,
o advento do subsídio, esse instigante modelo
remuneratório extraído dos arcanos da Constituição
Federal.
No momento em que a
Magistratura, seguida do Ministério
Público, moveram a primeira pedra do
tabuleiro e apresentaram ao Governador do
Estado as suas respectivas propostas, não podemos
mais retardar nossa escolha, nem nos furtarmos
à elaboração de um projeto de lei capaz de
atender aos justos reclamos da nossa carreira.
Na atual conjuntura, se
olharmos muito para trás, em busca de
lenitivos para as nossas perdas, corremos
o risco de sermos transformados em estátua
de sal. Avançar é preciso, sem sacrifício das
nossas conquistas.
Sabemos que as postulações
remuneratórias oriundas das referidas
entidades públicas são muito
diferentes das nossas, por isso que, geradas no
bojo de instituições que gozam de plena autonomia
funcional e orçamentária, ostentam de
certo modo uma legitimação intrínseca, ao passo
que as nossas postulações, sem embargo do
prestígio de que desfruta nosso procurador geral,
devem passar, necessariamente, pelo crivo do
debate e da aprovação dos seus membros, em função
da nossa inarredável vinculação com o Poder
Executivo.
Consciente da necessidade de
mobilização, a APESP promoveu, no dia
31 de março último, o seminário “Questão
remuneratória: caminhos e perspectivas”,
ocasião em que a adoção do regime de
subsídios foi largamente discutida como alternativa para
a carreira, em debate que contou com a
participação de um número expressivo de procuradores do
estado. A próxima edição do Jornal do
Procurador (n° 29) deverá se aprofundar na matéria
e particularizar todas as questões suscitadas, apresentando
uma reportagem completa sobre o regime
de subsídios.
Outro assunto que tem
provocado muita expectativa na carreira
diz respeito à implantação do
Sistema da Dívida Ativa, que está sendo transferido
à nossa Instituição, até por imperativo constitucional.
A implementação dessa política pública,
que permitirá o controle direto e efetivo da
dívida ativa por parte da PGE, deverá resultar em
maior agilização na cobrança dos débitos fiscais,
propiciando substancial incremento do índice
de recuperação dos créditos tributários e não
tributários pendentes de execução.
Por último, cumpre comunicar
à carreira que, em artigo de nossa
lavra, publicado recentemente pelo Diário
do Comércio e Indústria, concitamos o presidente
da Ordem dos Advogados da Seccional São
Paulo, Luiz Flávio D’Urso, a criar, a Comissão de
Combate à Morosidade Judicial, a exemplo do que
fez o Conselho Federal da mesma entidade.
É fato público e notório
que a prestação jurisdicional em
nosso Estado, em razão da exacerbação do
formalismo jurídico, caminha a passos de
tartaruga, e seus destinatários, entre os quais nos
incluímos, já dão mostras de indignação e
descrédito.
A criação da referida Comissão, com
atuação centrada no Tribunal de Justiça –
a exemplo do que foi proposto recentemente no
Conselho Nacional de Justiça pelo jurista Alexandre
de Moraes – seria o primeiro passo a ser
dado, se quisermos exorcizar o fantasma da morosidade
da prestação jurisdicional. O Poder Público,
cônscio de sua responsabilidade social, não
pode se furtar ao seu compromisso de agilizar a
resolução dos conflitos de interesse.
Zelmo Denari
PRESIDENTE DA APESP
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