Neste domingo, dia 14 de fevereiro, o grande poeta e também Procurador do Estado aposentado , Augusto de Campos, faz 90 anos. Ele ingressou na carreira em 30 de agosto de 1962, tendo permanecido na ativa até 9 de abril de 1983, quando se aposentou.
Nascido AUGUSTO LUIZ BROWNE CAMPOS, ele é considerado o maior poeta vivo brasileiro. Ficou mundialmente conhecido pelo movimento concretista. Em 1951, publicou, juntamente com seu irmão Haroldo de Campos (falecido em 2003) e Décio Pignatari, a revista literária “Noigandres” , origem do Grupo Noigrandes, que iniciou o movimento internacional de Poesia Concreta no Brasil. Esse movimento pautou-se pela originalidade, ao abandonar a sintaxe e o verso tradicional, ao passo que as palavras foram rearranjadas em estruturas gráfico-espaciais, algumas vezes impressas em até seis cores diferentes, sob inspiração da Klangbarbenmelodie (melodia de timbres) de Webern.
Em 1956 participou da organização da Primeira Exposição Nacional de Arte Concreta (Artes Plásticas e Poesia), no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Sua obra veio a ser incluída, posteriormente, em muitas mostras, bem como em antologias internacionais como as históricas publicações Concrete Poetry: an International Anthology, organizada por Stephen Bann (London, 1967), Concrete Poetry: a World View, por Mary Ellen Solt (University of Bloomington, Indiana, 1968), Anthology of Concrete Poetry, por Emmet Williams (NY, 1968). A maioria dos seus poemas acha-se reunida em VIVA VAIA, 1979, DESPOESIA (1994) e NÃO (com um CDR de seus Clip-Poemas), (2003). Outras obras importantes são POEMÓBILES (1974 e CAIXA PRETA (1975), coleções de poemas-objetos em colaboração com o artista plástico e designer Julio Plaza.
Foi também tradutor de poesia, ensaísta e, juntamente com Haroldo e Décio Pignatari, lutou pela revalorização da obra de Oswald de Andrade, e também redescobriu a obra olvidada do poeta maranhense Sousândrade (1832-1902), um precursor da poesia moderna com seu “Inferno de Wall Street” (1877) em REVISÃO DE SOUSANDRADE,1964). BALANÇO DA BOSSA (E OUTRAS BOSSAS), 1968-1974, reuniu seus estudos pioneiros sobre o Tropicalismo e a MPB assim como as suas intervenções no campo da música contemporânea tratando de Charles Ives, Webern, Schoenberg e os compositores brasileiros do grupo “Musica Nova”.
A partir de 1980, intensificou os experimentos com as novas mídias, apresentando seus poemas em luminosos, videotextos, neon, hologramas e laser, animações computadorizadas e eventos multimídia, abrangendo som e música, como a leitura plurivocal de CIDADECITYCITÉ (com Cid Campos),1987/ 1991. Seus poemas holográficos (em cooperação com Moyses Baumstein) foram incluídos nas exposições TRILUZ (1986) e IDEHOLOGIA (1987). Um videoclip do poema PULSAR, com música de Caetano Veloso, foi produzido por ele em 1984, numa estação Intergraph, com a colaboração do grupo Olhar Eletrônico. POEMA BOMBA e SOS, com música de seu filho, Cid Campos, foram animados numa estação computadorizada Silicon Graphics da Universidade de São Paulo, entre 1992 e 1993.
Nunca parou de produzir, e desde 2018 está no Instagram. Descobriu na rede social a tecnologia luminosa capaz de ajuda-lo em seu projeto “verbívoco visual”, conceito que os concretistas tomaram de James Joyce para definir a integraçãoentre aspectos verbais, sonoros e visuais de um poema. Até 12 de fevereiro, segundo o jornal “O Globo”, sua página @poetamenosacumulava 499 publicações e 22,7 mil seguidores.
A Apesp deseja-lhe muitas felicidades, e que ele continua nos presenteando com seu profícuo trabalho.