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A promulgação da Lei Federal nº 11.143, em 26 de julho passado,
trouxe, neste mês de setembro, a elevação da remuneração da
magistratura estadual em 12,47% e possibilitará novo aumento aos
juízes, em janeiro de 2006, na ordem de 13%. Pela sistemática em
vigor, até o início de 2006, os procuradores do Estado deveriam
receber reajuste de 27% sobre sua remuneração total, para ser
mantido o compromisso de paridade até o final do governo Alckmin
– segundo asseverou o procurador-geral do Estado várias vezes. Até o final de
agosto deste ano, a arrecadação da verba honorária superou a do
mesmo período do ano passado em mais de 50% (veja quadro),
sendo que para o cumprimento da sistemática é necessário o
aumento de 32% sobre a verba.
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Dirceu
Chrysostomo e Marcos Nusdeo conduziram os debates durante o 7º
Encontro Estadual de procuradores |
Outro ingrediente a ser considerado:a
arrecadação do ano de 2004 já havia sido consideravelmente maior
que a de 2003 (cerca de 26%), indicando que a tendência é de
crescimento.
Assim, é
impostergável o restabelecimento da paridade, sob pena de
perpetuar-se a defasagem salarial dos procuradores do Estado em
relação às demais carreiras jurídicas que vivem um cenário
dinâmico. Desta forma, neste final de ano, além da luta pelo
cumprimento da sistemática acordada, a categoria deve ficar
plenamente atenta às demais alterações que estão ocorrendo
nessas outras carreiras.
VERBA HONORÁRIA - 2004 |
VERBA
HONORÁRIA - 2005 |
jan/04
fev/04
mar/04
abr/04
mai/04
jun/04
jul/04
ago/04
TOTAL |
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$ |
3.587.004,23
2.588.245,97
4.027.732,92
3.348.768,09
4.036.648,02
5.449.367,68
4.576.539,84
4.403.739,38
32.018.046,13 |
jan/05
fev/05
mar/05
abr/05
mai/05
jun/05
jul/05
ago/05
TOTAL |
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$ |
4.110.815,30
4.752.738,93
6.009.656,35
5.552.050,79
6.612.731,19
6.861.063,62
6.650.351,09
8.453.633,31
48.973.040,58 |
A mencionada Lei
Federal nº 11.143 implementou para os ministros do Supremo Tribunal
Federal os subsídios. Com esse sistema, acabam todas as vantagens
pecuniárias (pessoais ou não). O subsídio é pago em valor fixo,
em parcela única. Em nível federal, os subsídios significaram um
aumento salarial para toda a magistratura, pois foram mantidos os
percentuais que separam os diversos níveis da magistratura federal.
Em números aproximados, pode-se trabalhar com a seguinte ordem de
remuneração para 2006: ministro do STF, R$ 24.500; ministros dos
demais Tribunais Superiores, R$ 23.275, ou 95% da remuneração dos
ministros do STF; juízes dos Tribunais Regionais Federais, R$
22.111,25 ou 90,25% da remuneração dos ministros do STF (teto do
Poder Judiciário Estadual, aplicável aos procuradores do Estado);
juízes federais titulares, R$ 19.900 ou 90% da remuneração dos
juízes dos Tribunais Regionais Federais; juízes federais
substitutos, R$ 17.900 ou 90% da remuneração dos juízes federais
titulares.
A magistratura
estadual não implementou o sistema de subsídios, mantendo a atual
sistemática de remuneração acrescida das vantagens pessoais
(qüinqüênios e sexta-parte), mas concedeu neste mês de setembro
reajuste de 12,47%, retroativo a janeiro deste ano. A partir de
janeiro de 2006 está previsto outro aumento, decorrente da
fixação de novo valor do subsídio dos ministros do Supremo
Tribunal Federal.
Além disso, há
projeto de lei na Assembléia Legislativa para diminuir o número de
níveis da magistratura estadual, procurando manter certa similitude
com a esfera federal.
Assim, é
necessário que os procuradores também repensem os níveis
funcionais da PGE. Nesse sentido, duas idéias mostram-se viáveis e
nada impede que sejam implementadas conjuntamente: a transferência
de cargos dos níveis iniciais para os níveis finais da carreira (a
extinção de cargos será inevitável com a criação da Defensoria
Pública) e a criação de novo sistema baseado na idéia de se
promover um percentual dos procuradores de cada nível funcional da
carreira. A Apesp já enviou ao gabinete do procurador-geral do
Estado uma proposta nesse sentido e continuará insistindo para que
se transforme em projeto de lei.
É necessário
discutir com profundidade se é vantajosa a implementação do
sistema de subsídios para a PGE, pois, se implantado, os futuros
aumentos salariais passarão a depender sempre e exclusivamente de
lei, que é de iniciativa do governador no caso dos procuradores do
Estado.
Uma outra
alternativa que vem sendo sugerida por alguns associados, e será
analisada pela diretoria da Apesp, é a majoração do salário-base
para alcançar a paridade, mas com a manutenção da verba
honorária.
O Encontro Estadual
– Tendo como cenário as
águas do Rio Tietê na cidade de Barra Bonita, cerca de 150
procuradores e procuradoras do Estado reuniram-se no 7o Encontro
Estadual, entre os dias 26 e 28 de agosto, com o patrocínio da
Apesp. O encontro, como sempre, destinou-se tanto à
confraternização dos colegas como à reunião entre a diretoria da
Apesp e seus associados para tratar dos temas atuais da carreira. O
debate, que aconteceu no final de tarde do dia 27, tratou do
cenário acima apresentado e das estratégias adotadas na busca de
solucionar algumas das questões que mais afligem a carreira, tendo
à frente dos debates o vice-presidente da Associação, Dirceu
Chrysostomo.
Na primeira parte
da reunião, Chrysostomo e o diretor Marcos Nusdeo fizeram aos
presentes um amplo relato a respeito da luta pela paridade
remuneratória e da situação em que a carreira se encontra hoje,
diante dos reajustes recentemente concedidos à magistratura.
O quadro
apresentado foi, resumidamente, o seguinte: a paridade foi duramente
batalhada mas, quando conquistada, foi rapidamente sobrepujada pela
aprovação da lei federal nº 11.143, em julho passado. Esse
cenário já era esperado, pois, sabia-se que em algum momento deste
ano essa lei seria aprovada pelo Congresso e sancionada pelo
Presidente da República. Com ela, a luta pela paridade se recoloca,
já que a arrecadação da verba honorária neste ano supera – e
em muito, o valor gasto com ela. Assim, todos os presentes foram
informados que, se a sistemática de fato existe mesmo – e isso
ocorreu neste ano com o reajuste de julho passado – há lastro
suficiente para o reajuste necessário. Foi reafirmado por todos que
a luta pela paridade prossegue.
Em seguida, foi
discutido um possível cronograma para o início da luta, já que no
próximo ano teremos pelo menos duas intercorrências visíveis: a
possibilidade de desincompatibilização do atual governador do
Estado, Geraldo Alckmin, em 31/3/06, e possíveis vedações da lei
eleitoral para reajustes salariais no próximo ano. De acordo com
precedente do ano de 2002, em tese, não há vedação para o
cumprimento da sistemática, já que ela decorre de lei, mas tendo
em vista a possível mudança de governador, seria de todo
conveniente que essa questão já estivesse resolvida.
De acordo com esse
quadro, ficou decidido que a luta deve se iniciar imediatamente. Os
diretores da Apesp afirmaram que, quando de suas anteriores
conversas com o procurador-geral, já se aventava esse cenário.
Por fim, os
presentes iniciaram uma discussão sobre a segurança da
sistemática em vigor e sobre a conveniência de se alterá-la. Para
o vice- presidente da Apesp, Dirceu Chrysostomo, não existe uma
sistemática que seja plenamente segura. "Temos que discutir
salário todos os dias do ano, para não sermos pegos de surpresa.
Quando o assunto é esse, não tem lei que garanta nada. Temos que
ter luta para garantir nosso aumento", afirmou. O diretor
financeiro, Marcos Nusdeo, acrescentou que pela sistemática em
vigor – acertada pelo procurador-geral – o reajuste é
plenamente possível já que a arrecadação da verba está muito
superior à arrecadação do ano passado. Segundo Marcos Nusdeo,
todavia, o objetivo é alcançar a paridade e, sobretudo, mantê-la,
o que significa que todas as opções devem ser estudadas e
debatidas. "Essa discussão, que iniciamos nesse encontro, deve
prosseguir tanto entre a Apesp e a carreira, como com o
procurador-geral. Devemos ter em mente que, se com um aumento da
arrecadação da verba de 26% pudemos ter o reajuste da quota neste
ano, com muito mais razão devemos obter a paridade no próximo ano
e se possível já no seu início, quando passarão a vigorar os
novos valores para as demais carreiras jurídicas."
"Temos
que discutir salário todos os dias para não sermos pegos de
surpresa.
Quando o assunto é esse não tem lei que garanta nada"
A Apesp lutará
pela reconquista da paridade com as demais carreiras jurídicas e
não se furtará a discutir com seus associados todas as formas de
chegar a essa justa conquista e a melhor forma de mantê-la.
Outras propostas –
Além desse debate específico, na segunda parte da reunião os
procuradores puderam colocar outras questões sobre a estrutura de
trabalho. Alguns colegas defenderam alterações na Lei Orgânica
com o objetivo de criar gratificações para procuradores que atuem
em locais com deficiência de pessoal ou que estejam em
substituição a outros. Foi esclarecido que emenda apresentada pela
Apesp ao projeto de lei orgânica da PGE com esse conteúdo foi
aprovada pelo Conselho da PGE.
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O
conselheiro Paulo Novaes e o diretor Jaques Lamac também
participaram do debate com os procuradores
em Barra Bonita |
Foi também
reafirmado o apoio às propostas da Associação no tocante à
redução dos níveis funcionais da carreira e a uma nova
sistemática legal para as promoções, pois foi constatação geral
que a promoção está estagnada na carreira. Quanto às questões
de estrutura de trabalho, os procuradores reunidos em Barra Bonita
tiveram oportunidade de ouvir os relatos dos trabalhos feitos pelo
diretor cultural da Apesp, Jacques Lamac, e pelo conselheiro Paulo
Novaes. A partir de um amplo diagnóstico feito em visitas a 25
unidades da PGE, Lamac e Paulo traçaram um perfil das principais
deficiências enfrentadas no dia-a-dia pelos procuradores e apontam
algumas soluções. Discutiram-se vários problemas comuns à
carreira, como a falta de funcionários – não é realizado
concurso há 20 anos – e de manutenção para os equipamentos de
informática. Esclareceu-se que a Apesp continuará suas visitas às
unidades ainda não visitadas e que, ao final, encaminhará ao
procurador-geral do Estado as sugestões coletadas.
Esse o cenário que
se apresenta. Um cenário de enormes desafios, mas que os
procuradores já demonstraram não temer. Ao contrário. Os desafios
existem para ser superados. E luta não faltará, nem disposição
da Apesp para levá-la à frente.
Não
há
solução mágica
Disposição
para o debate
demonstra vontade da carreira
de trilhar os melhores caminhos
"Ou
brigamos por uma sistemática justa ou estaremos sempre assim,
correndo atrás do prejuízo."
"Historicamente
nossos melhores resultados sempre estiveram aliados à verba
honorária."
"Temos
que saber a regra do jogo que é o reajuste pela média da verba
honorária. E agora que a média está alta, vamos abrir mão da
regra do jogo?"
"Procuradores
da ativa estão desmotivados porque não conseguem promoção,
já que não se abre vaga no nível superior. Eu estou há 11
anos no nível III. E tem procuradores que estão no nível II
desde 1993."
"Precisamos
brigar para não perder cargos na PGE. Muitas das funções,
quando foram criadas, exigiam muito menos profissionais do que
atualmente."
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