Costumo redigir este editorial sobre
o tema mais relevante para nossa carreira no bimestre. Desta vez,
diversifico, porque há, no período, vários assuntos importantes.
Lista tríplice do corregedor
– Indo ao fulcro da questão: predominou a vontade da minoria dos
Conselheiros. Três candidatos receberam 7 votos, mas os nomes enviados ao
governador receberam 6, 3 e 2 votos. Perdõem-me a obviedade: isso não foi
democrático. Sou ardoroso defensor do direito de expressão da minoria, mas
não ao ponto de anular a vontade da maioria. Impensável isso se repetir. O
Conselho precisa mesmo regulamentar melhor esse procedimento. A propósito,
não deixem de ler, na página 8 desta edição de O Procurador,
o debate sobre esse tormentoso assunto.
PEC "paralela" da
Previdência – Após quase dois anos em
cambalhotas pelo Congresso, ela foi votada pelo Senado em 30 de junho.
Resultado: confirmada nossa permanência no subteto remuneratório da
Magistratura e asseguradas a integralidade de vencimentos na aposentadoria e
a paridade de reajustes entre ativos e inativos. Por fim, garantida uma
"regra de transição" algo menos cruel aos que ingressaram jovens
no mercado de trabalho.
Consolida-se, assim, aquela
duríssima vitória de agosto de 2003, epopéia a que a Apesp, o SindiproesP,
a Anape e as demais associações estaduais de procuradores se lançaram em
luta de morte. Nada de falsa modéstia: a Apesp, todos se recordam, teve
papel decisivo na verdadeira "batalha campal" travada no Congresso
naqueles três indormidos, seguidos e tensíssimos dias e noites que
antecederam o combate crucial da madrugada de 7 de agosto de 2003. Já
prestes do raiar do sol, vitória – hoje, consolidada.
Agora, sem mais riscos no horizonte
visível, confesso: suamos "frio" várias vezes. Pois vejam que
guerra tivemos de travar: contra os interesses dos banqueiros e das empresas
de previdência, contra as determinações do FMI e do Banco Mundial ao
governo brasileiro, contra toda a grande mídia nacional (sem exceção),
contra o sexteto Lula-Palocci-Meirelles-Berzoini-Dirceu-Genoíno, e contra a
quase totalidade dos governadores, com a isolada exceção do governador
gaúcho. Todos contra nós! Mas, meses após meses em Brasília, roendo
devagarinho os pés dessa feroz coalisão, derrotamos todos eles. Que
delícia de luta!
Defensoria – Finalmente,
temos um projeto de lei. No essencial, bom, mas há o que consertar. Uma boa
análise do projeto está na página 7 desta edição.
Reajuste –
Não olvidemos o principal: embora insatisfatório, o reajuste obtido neste
ano foi fruto de nossa luta coletiva de anos e anos. Vale a pena conferir
isso na matéria central desta edição.
O nó –
Agora, temos este "nó" a desatar: precisamos conceber
coletivamente uma proposta de sistemática remuneratória confiável. Já em
agosto, a Apesp organizará esse debate coletivo. Que fermentem desde já
idéias, talento e imaginação para construirmos uma boa proposta. Sigamos
na luta – e unidos!
José Damião de Lima Trindade
Presidente da Apesp