ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE SÃO PAULO


 


Opinião

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Reestruturação: uma necessidade imediata 

 
A Apesp começa a fazer um diagnóstico dos principais problemas de trabalho,
estrutura e funcionamento da PGE, e os próprios procuradores apontam as soluções

Por Paulo Sérgio Garcez Guimarães Novaes

Como é de conhecimento geral, a PGE cresceu muito nos últimos anos. Não só em importância e reconhecimento, mas também em responsabilidade, decorrente de um aumento significativo do volume de trabalho e de suas novas atribuições. Ocorre que a estrutura oferecida pela PGE não acompanhou esse crescimento.

E a carreira vive um momento histórico, propício à discussão desse tema, considerando-se a edição da nova Lei Orgânica da PGE, a assunção da representação das autarquias, do controle da dívida ativa e a criação da Defensoria Pública.

A diretoria da Apesp, através de correspondência encaminhada aos procuradores no mês de maio, comunicou a todos sua nova empreitada: mobilizar os integrantes da carreira para discutir a reestruturação da PGE. Foram designados dois representantes da Apesp para contatar ou visitar as unidades da Procuradoria. Fiquei responsável pelos contatos ou visitas às unidades do interior e o colega Marcos Nusdeo, encarregado dos contatos ou visitas às unidades da capital e Grande São Paulo. O objetivo dessas visitas foi traçar um panorama da Procuradoria Geral do Estado, apontando seus maiores problemas e indicando soluções para os mesmos.

De início, foram levantadas informações sobre a estrutura física do imóvel que abriga cada unidade, número de procuradores do Contencioso, número de funcionários, de estagiários, de viaturas, equipamentos de informática etc.

Já numa segunda etapa, foram colhidas propostas dos procuradores que atuam nas bancas para a melhoria das condições de trabalho, diagnosticar as carências de cada unidade e apontar (possíveis) soluções, com o objetivo de se repensar uma nova PGE, especializada, estruturada e forte.

Problemas – Todas as unidades visitadas até o momento, sem exceção, encontram-se com seus quadros de funcionários extremamente defasados. Nas seccionais o problema é ainda mais grave. Só para exemplificar, a Procuradoria Seccional de Piracicaba, cuja competência abrange a sede (com aproximadamente 400 mil habitantes) e diversas comarcas vizinhas, conta com um quadro composto de quatro procuradores e apenas uma funcionária, emprestada pela Prefeitura Municipal.

Também é comum, em algumas seccionais, a total ausência de funcionários, ficando todo o trabalho administrativo a cargo dos procuradores, como ocorre em Assis, Avaré e Ourinhos. Outro assunto, objeto de discussão em todas as unidades visitadas, foi a necessidade da criação de bancas especializadas em ações fiscais, judiciais e administrativas nas procuradorias regionais e seccionais (a exemplo do que ocorre na capital), acabando-se de vez com a chamada "clínica geral". A justificativa para essa especialização é que tanto regionais como seccionais, atualmente, desempenham as mesmas atribuições das procuradorias especializadas da capital, com estrutura nitidamente inferior.

Foi detectada ainda a falta de assistência técnica para os equipamentos de informática utilizados pelos servidores e procuradores da PGE, que acabam dispondo de recursos próprios em suas manutenções.

A questão dos transportes também é um assunto sério, em razão da insuficiência de viaturas (nas seccionais elas nem sequer existem), extinção gradativa das quilometragens, despesas com combustível, consertos de veículos (principalmente substituição de pneus, em razão da péssima situação de algumas estradas) e tarifas de pedágios, custeadas pelos próprios procuradores.

Soluções – Durante nossas visitas às unidades do interior, algumas propostas já foram levantadas pelos próprios colegas que convivem com esses problemas. Dentre elas:

• a necessidade de realização de concurso público para admissão de funcionários administrativos qualificados;

• especialização de todas as unidades regionais e seccionais da PGE, criando-se bancas de ações fiscais, judiciais e administrativas, considerando-se, ainda, a futura assunção da representação das autarquias pelos procuradores do Estado;

• investimentos na informatização da PGE e contratação de empresas para prestação de assistência técnica;

• a fim de se dar suporte ao trabalho dos procuradores, o Centro de Estudos deve organizar bancos de dados com teses, pareceres das Consultorias, trabalhos judiciais relevantes e pesquisas jurisprudenciais e disponibilizá-los aos procuradores.

Outras propostas foram apresentadas e várias outras virão das próximas visitas às demais unidades. E entre os dias 26 a 28 de agosto, a Apesp promoverá um encontro em Barra Bonita, onde as mesmas serão discutidas, sistematizadas e encaminhadas ao douto GPGE, como subsídios à nova Lei Orgânica da PGE.

Gostaria, por derradeiro, de externar minhas impressões pessoais acerca dessas visitas: a principal delas é que a PGE/SP deve se orgulhar, e muito, de seus servidores.

É de se admirar que com tantas deficiências sérias de estrutura e com número reduzido de procuradores e funcionários, mesmo assim, o serviço prestado pela esmagadora maioria de seus servidores é de verdadeira excelência. O que observei, nessas visitas, é que a Procuradoria dispõe de profissionais de primeira linha que, não obstante as dificuldades encontradas, continuam dedicando, como um verdadeiro sacerdócio, os melhores anos de suas vidas, sempre em defesa do interesse público.

Por essa razão, acredito que devemos continuar lutando para aprimorá-la. Cada vez mais.

Paulo Sérgio Garcez Guimarães Novaes ingressou na carreira em 1993. Atua como chefe da Seccional de Avaré, da Procuradoria Regional de Sorocaba e é membro do Conselho Fiscal da Apesp

 

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