A remuneração
não pode
motivar evasões na PGE
José
Serra
Coligação:
Compromisso com São
Paulo (PSDB/ PFL/ PTB/ PPS) Naturalidade:
São Paulo, SP (nascido
em 19/03/1942)
Partido: PSDB
Formação profissional: engenheiro com
pós-graduação em Economia Cargos
anteriores: secretário estadual
de Economia e Planejamento
de São Paulo; deputado
federal (PMDB/ SP e PSDB/
SP); senador (PSDB/ SP); ministro
do Planejamento; ministro da
Saúde; prefeito de São Paulo.
Candidato
a vice-governador:
Alberto Goldman (PSDB/ SP)
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JP
– Na avaliação do senhor, o que a Procuradoria Geral do Estado
representa para a Administração estadual e para a preservação do
interesse público?
José
Serra – A PGE é essencial para a administração de um Estado da
grandeza, da importância e da complexidade do Estado de São Paulo.
O Estado deve ter um assessoramento jurídico de primeiro nível,
capaz de propor as melhores soluções legais para resolver os
problemas e para tornar a Administração mais ágil e eficaz. Além
disso, a PGE deve estar habilitada a exercer a advocacia pública no
mesmo patamar de qualidade dos grandes escritórios privados. Deve
haver a compreensão para lidar de maneira própria com novas questões
relativas a concessões de serviço público, de parcerias público-privadas
e outras formas de cooperação entre o Estado e a sociedade. A PGE
deve também exercer firme papel de fiscalização no gasto correto
do dinheiro público e tomar medidas necessárias para a defesa do
erário, evitando o pagamento de precatórios cujo valor tenha sido
fixado de maneira abusiva e, ao mesmo tempo, otimizar a cobrança da
dívida ativa. Deve exercer igualmente a relevante função de
apurar eventuais irregularidades e propor a punição dos responsáveis.
A PGE é, portanto, instrumento indispensável para uma administração
séria e eficiente, a fim de garantir os legítimos interesses do
povo paulista.
JP
– Nos dois últimos anos, a atuação dos procuradores com a
arrecadação da dívida ativa rendeu ao erário estadual mais de R$
1 bilhão de reais, apesar da precariedade de infra-estrutura
material e de serviços de apoio. Além disso, a PGE conseguiu
suspender e reverter significativas condenações judiciais em
precatórios não-alimentares, gerando uma economia de cerca de R$
3,5 bilhões para os cofres públicos. A partir dessas informações,
quais ações o senhor adotará para aperfeiçoar a PGE e valorizar
a atuação dos procuradores de Estado?
José
Serra – A cobrança eficaz e célere da dívida ativa é sem dúvida
uma das atividades essenciais da PGE. Somente com mecanismos ágeis
de cobrança conseguiremos reduzir o nível de inadimplência e
inibir a sonegação de tributos. Para tanto, acho que a PGE deva
ser dotada do aparelhamento tecnológico necessário para essa
tarefa, com a intensificação do uso da informática. Nesse
sentido, entendo que a digitalização das execuções fiscais, ao
menos das não embargadas, constituiria um salto qualitativo
importante para a cobrança da dívida ativa.
JP
– Qual a opinião do senhor sobre a proposta de democratização
da PGE, por meio da escolha do procurador geral pelo governador, a
partir de lista tríplice eleita pela Carreira, assim como sobre a
previsão de autonomia funcional e orçamentária para a Instituição?
José
Serra – O sistema de escolha do procurador geral do Estado é
adequado e deve ser mantido. A PGE é instituída em carreira da
maior relevância, mas o Procurador Geral do Estado tem status de
secretário de Estado e, portanto, sua escolha deve preencher o
requisito de confiança do governador, o qual tem o mandato
conferido pelo povo. Cabe ao governador escolher uma pessoa com
experiência, liderança e conhecimento jurídico para dirigir essa
instituição de máxima relevância. A possibilidade de se impor ao
governador uma solução que se oponha ao programa de governo
baseado na legalidade e aprovado nas urnas significaria frustrar a
vontade popular. Da mesma maneira, como órgão do Estado e do
governo, nenhuma secretaria tem autonomia funcional e orçamentária,
devendo haver a sensibilidade em dotar a PGE dos meios adequados
para cumprir sua função de maneira digna.
JP
– A Lei Orgânica da PGE (Lei Complementar n° 478, de 18/07/1986)
celebrou recentemente 20 anos de existência. Nesse período, a
realidade da Instituição e as demandas da Carreira se modificaram
profundamente. Qual a opinião do senhor sobre a elaboração de uma
nova LO, debatida com toda a Carreira?
José
Serra – Sei que já existe um anteprojeto de Lei Orgânica da PGE,
em fase de aprovação pelo Conselho Superior da Carreira e que terá
ainda a palavra final do procurador geral. Entendo que a proposta
deverá ser debatida no âmbito do Poder Executivo, com ampla
consulta aos procuradores do Estado, antes de sua remessa à Assembléia
Legislativa, onde poderá ainda ser aperfeiçoado. Se uma lei
envelheceu e precisa de aperfeiçoamento, creio ser necessário que
isso aconteça, sendo recomendável que se ouça previamente os
integrantes da Carreira, antes da tomada da decisão de enviar o
projeto.
JP
– No ano de 2000, a paridade remuneratória entre procuradores de
Estado, juízes e promotores foi quebrada. Este fato tem criado vários
problemas à PGE, como a migração de procuradores para outras
carreiras jurídicas. No atual governo, foi implantada uma sistemática
remuneratória de revalorização anual da verba honorária,
proporcional ao aumento da sua arrecadação, com o objetivo de
recuperar a paridade remuneratória até o final de 2006. Qual será
a política remuneratória de seu governo para os procuradores?
José
Serra – A remuneração dos procuradores do Estado levará em
conta a importância da Carreira e o grau de responsabilidade do
exercício da atividade e deverá ser competitiva em relação às
outras carreiras de Estado, de modo a não ser fator de perda de
profissionais por esse motivo.
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