As reivindicações dos
procuradores
devem ser discutidas e amadurecidas
Carlos Apolinário
Coligação: sem coligação
Naturalidade: São Paulo, SP (nascido em 28/04/1952)
Partido: PDT
Formação profissional: advogado
Cargos anteriores: deputado federal e estadual
(PMDB/SP); vereador em
São Paulo (PDT)
Candidato a vice-governador:
José Pereira dos Santos (PDT)
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JP – Na avaliação do senhor, o que a Procuradoria
Geral do Estado representa para a Administração
estadual e para a preservação do interesse público?
Carlos
Apolinário – O Estado tem vários problemas e várias
demandas na área jurídica e a Procuradoria do Estado
é que defende os interesses que não são do
governador, são da população de São Paulo. Quando o
governador tem que acionar alguém, ele o faz através
da Procuradoria. Então, ela é muito importante porque
defende os interesses da população de São Paulo muito
mais do que a figura do governador.
JP
– Nos dois últimos anos, a atuação dos procuradores
com a arrecadação da dívida ativa rendeu ao erário
estadual mais de R$ 1 bilhão de reais, apesar da
precariedade de infra-estrutura material e de serviços
de apoio. Além disso, a PGE conseguiu suspender e
reverter significativas condenações judiciais em
precatórios não-alimentares, gerando uma economia de
cerca de R$ 3,5 bilhões para os cofres públicos. A
partir dessas informações, quais ações o senhor
adotará para aperfeiçoar a PGE e valorizar a atuação
dos procuradores de Estado?
Carlos
Apolinário – Existem duas formas de aumentar a
arrecadação. Uma é com o desenvolvimento econômico.
A outra é com o combate à sonegação e a cobrança
dos devedores. No nosso governo, pretendemos atuar
fortemente para que aqueles que devem ao Estado paguem
suas dívidas. E não estou falando do pequeno devedor,
daquele pequeno comerciante que não conseguiu pagar
seus tributos ou dos donos de carro que não conseguiram
pagar o IPVA. Estou falando dos grandes empresários,
que sonegam e têm casa na praia, casa no exterior e
andam de BMW. Em nosso governo, queremos ter os
procuradores como parceiros e vamos discutir com os
representantes da categoria quais as melhores formas de
valorizar a atuação deles. Vamos ouvir e, dentro das
condições do orçamento, atender aos procuradores.
Mas, sem dúvida, eles terão um papel importante no
governo do PDT.
JP
– Qual a opinião do senhor sobre a proposta de
democratização da PGE, por meio da escolha do
procurador geral pelo governador, a partir de lista tríplice
eleita pela Carreira, assim como sobre a previsão de
autonomia funcional e orçamentária para a Instituição?
Carlos
Apolinário – Eu fui três vezes deputado estadual,
presidente da Assembléia Legislativa, deputado federal
e vereador na capital. Nunca deixei de ouvir a quem quer
que seja e sempre valorizei a participação popular e,
principalmente, das entidades representativas. Não vai
ser diferente com a Procuradoria e seus representantes
legais. Mas é importante frisar que todo servidor público,
incluindo aí o governador do Estado, serve ao público,
não a uma corporação. Nenhum órgão do Estado pode
ser fechado, nem tampouco servir a interesses políticos
menores. As reivindicações dos procuradores devem ser
discutidas e amadurecidas.
JP
– A Lei Orgânica da PGE (Lei Complementar n. 478, de
18/07/1986) celebrou recentemente 20 anos de existência.
Nesse período, a realidade da Instituição e as
demandas da Carreira se modificaram profundamente. Qual
a opinião do senhor sobre a elaboração de uma nova LO,
debatida com toda a Carreira?
Carlos
Apolinário – Na minha vida pública como parlamentar,
aprendi que as leis envelhecem, às vezes envelhecem
rapidamente, e precisam ser modificadas. Nenhum
problema. Se for este o caso da Lei Orgânica da
Procuradoria, vamos analisar e discutir com a Assembléia
Legislativa, a instituição a quem o povo deu mandato
para legislar. É lá que esse tema deverá ser
debatido.
JP
– No ano de 2000, a paridade remuneratória entre
procuradores de Estado, juízes e promotores foi
quebrada. Este fato tem criado vários problemas à PGE,
como a migração de procuradores para outras carreiras
jurídicas. No atual governo, foi implantada uma sistemática
remuneratória de revalorização anual da verba honorária,
proporcional ao aumento da sua arrecadação, com o
objetivo de recuperar a paridade remuneratória até o
final de 2006. Qual será a política remuneratória de
seu governo para os procuradores?
Carlos
Apolinário – O Estado de São Paulo hoje é uma caixa
preta. Para fazer o plano de governo, eu contratei uma
consultoria da Fundação Getúlio Vargas, e nem assim
conseguimos todos os dados. Muitos estão
desatualizados. O que sabemos é que a dívida é alta.
Dessa forma, não é possível saber a real situação
das finanças do Estado. Se fosse para fazer demagogia,
diria aqui que vou dar aumento para todo o
funcionalismo. Diria e depois ficaria na situação do
Lula, que quando era candidato prometeu tudo e, no
poder, fez muitas vezes o contrário daquilo que
prometeu. O que posso antecipar é que a idéia de
vincular uma parte dos vencimentos dos procuradores ao
desempenho nas suas ações jurídicas, na eficiência
nos processos, me parece positiva.
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