Novos
Procuradores
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Renovação tão esperada
São 105 os colegas que assumem após longa batalha
pela nomeação. Muitos desistiram. Os que persistiram, estão
atuando na Procuradoria Geral do Estado desde o último dia 30
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Eles foram aprovados num dos mais duros
concursos para uma carreira pública no país. Apesar de vencida
essa difícil etapa, tiveram que, durante um ano e sete meses,
amargar a dúvida sobre quando aconteceria a nomeação que os
levaria a assumir seus cargos na Procuradoria Geral do Estado.
Vários desistiram; muitos persistiram. Não só esperaram, como
se mobilizaram, visitaram gabinetes, buscaram justiça. Os
procuradores do Estado que desde o último dia 30 de agosto
ocupam suas posições na PGE são verdadeiros lutadores. Estão
na carreira certa (veja depoimento do procurador Fábio
Lorenzi). Tomaram posse em sessão solene do Conselho da PGE
realizada no Memorial da América Latina, em 12 de agosto – no
auditório de sugestivo nome, Simon Bolívar – na presença do
governador do Estado e outras autoridades.
A saudação inicial aos novos procuradores partiu das entidades
representativas que os apoiaram no trajeto rumo à conquista.
Primeiro o presidente da Apesp, José Damião de Lima Trindade,
ressaltou o quanto o ingresso desses colegas enriqueceria a
instituição. "Sei que os novos procuradores que hoje
tomam posse constituem uma geração guerreira. Esse ânimo de
combate pelo Direito, pela Justiça, é a mais alta qualidade do
advogado." Pelo SindiproesP, o presidente Antonio Maffezoli
cumprimentou os novos companheiros. "Companheiros, sim, sem
nenhuma carga ideológica. Companheiro é aquele que acompanha,
que anda junto, compartilha ações e sentimentos. E o que, há
quase dois anos, não somos nós senão companheiros dessa
jornada? Final e felizmente, essa luta de vocês – a luta de
todos nós procuradores – chega ao fim!"
Luta relembrada por
Fernando Colhado Mendes, que falou em nome dos empossados,
afirmando que a "alegria do presente momento" não
poderia deixar "as incertezas dos momentos passados"
esquecidas. E saudou a todos: "Aquele que atinge seu ideal,
por si só o ultrapassa".
A solenidade de posse contou
com a presença do governador do Estado e a belíssima
apresentação da Orquestra Jovem |
O procurador-geral do
Estado, Elival da Silva Ramos, em seu discurso, reconheceu que
"essa geração deu provas de qualidades pessoais
inequívocas", dentre elas, "a tenacidade". E
salientou o papel da PGE na defesa do princípio da legalidade e
do interesse público.
O governador Geraldo
Alckmin ressaltou a importância da Procuradoria para o Estado e
mencionou várias de suas "vitórias" que, em última
análise, são vitórias do interesse público – enfatizando
aquelas obtidas nas ações envolvendo os
"milionários" precatórios ambientais.
Nos olhares das centenas
de pessoas que lotavam a platéia, havia muita emoção.
Ninguém tinha dúvida: participavam de um raro momento de justa
conquista. Para eles e, sobretudo, para o interesse público.
Afinal, a PGE que possui fundamentais atribuições estava com
mais de 40% de seus cargos vagos. Só no ano passado, entre
aposentadorias e exonerações – já que vários procuradores
estão buscando outros caminhos –, dela saíram mais de 30
colegas. E o trabalho que já era imenso, aumenta a cada dia.
Damião discursou pela Apesp para um emocionado e lotado
auditório na posse oficial dos novos procuradores |
Centro Sociocultural
– Após tanta luta, uma comemoração se fazia mais do que
necessária. Assim, no dia 20 de agosto, numa animada festa no
Centro Sociocultural da Apesp, cerca de 700 pessoas, entre
antigos e novos colegas, convidados e familiares, puderam se
divertir e curtir uma bela noite em que até o insistente
inverno deu lugar ao calor que combina melhor com as grandes
comemorações.
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Até as noites
de frio deram uma pausa na calorosa comemoração dos
novos procuradores do Estado no Centro Sociocultural da
Apesp |
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Para onde foram os novos
Na
área cível: 1 no Plantão Família, 5 no Plantão
Cível, 11 no Foro Regional de São Miguel, 7 no Foro
Regional de Santo Amaro, 10 no Foro Regional de
Itaquera. Na área criminal: 7 na Vara da Infância, 6
na Vara do Júri, 8 em Varas Criminais Singulares e 6
serão procuradores itinerantes.
PAJ
da PR da Grande São Paulo: 12
PAJ da PR de Araçatuba: 1
PAJ da PR de Bauru: 1
PAJ da PR de Campinas: 1
PAJ da PR de Presidente Prudente: 1
PAJ da PR de Ribeirão Preto: 2
PAJ da PR de Santos: 3
PAJ da PR de São José do Rio Preto: 2
PAJ da PR de Sorocaba: 2
PAJ da PR de Taubaté: 2
Contencioso da PR da Grande São Paulo: 13
Contencioso da PR de Campinas: 4 |
DEPOIMENTO
AOS NOVOS COLEGAS |
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A nomeação e posse dos novos procuradores do Estado,
consolidada através de uma luta de vários meses com a
Administração Pública Estadual, e quase sem precedente na
história da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, uma
verdadeira odisséia para esses bravos colegas, trouxe-me à
lembrança o que ocorrera comigo e com mais de três dezenas de
colegas há cerca de 50 anos atrás.
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Corria,
então, o ano de 1954, em seu início, quando foi aberto pelo
Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Justiça
e Negócios Interiores, o primeiro concurso de ingresso à
carreira de "advogado", denominação inicial da atual
carreira de procurador do Estado. Recém-saído dos bancos
acadêmicos, juntamente com outros colegas, inscrevi-me no
Departamento Estadual de Administração (DEA) para o concurso
supramencionado.
As
provas que seriam exclusivamente escritas, sem conter o
critério de testes objetivos, foram realizadas em maio/junho
daquele ano e a lista de aprovação e classificação publicada
logo em seguida. Tal certame, no entanto, tinha algo de
singular: o número total de vagas postas em concurso era de 75
cargos, mas 56, praticamente, já estavam preenchidos por
colegas denominados "interinos", aos quais previamente
era atribuído um certo número de pontos, correspondentes à
nota mínima 5, que resultava na aprovação automática dos
mesmos. Portanto, bastava o comparecimento do candidato e mesmo
com a entrega da prova em branco, a sua aprovação se tornava
irrefutável, nos termos do Edital do Concurso.
Assim,
para cerca de 600 candidatos inscritos, estavam em disputa
pública e em igualdade de condições apenas 19 cargos da
carreira de advogado do então Departamento Jurídico do Estado,
antiga denominação da PGE. A nomeação dos interinos e dos 19
classificados aos cargos remanescentes ocorreu no dia 12 de
novembro de 1954. Destes lembro-me do primeiro classificado,
Oscar Barreto Filho, professor catedrático de Direito Comercial
da USP, já falecido, de Theo Escobar, de Carlos Muniz Ventura,
de Fred Duarte Araújo e de Armando Marcondes Machado Jr. Eu e
outros colegas estaríamos na lista dos 75 cargos postos em
concurso e nomeados naquela data, se o certame fosse disputado
em igualdade de condições, só com a nota das provas.
No
entanto, tal discrepância serviu para unir os concursados
aprovados e classificados na lista geral, mas postergados na
nomeação pelos "interinos". Começava, então,
também, a odisséia de luta pelos nossos direitos, com
inúmeras reuniões realizadas para acharmos o rumo da nossa
pretensão, no campo administrativo e judicial. Inúmeros
requerimentos foram protocolados na sede do Governo do Estado,
relatando o acontecido, mas tudo foi em vão. Restou-nos, pois,
o ingresso no Judiciário. Vale ressaltar os nomes dos colegas
que, juntamente comigo, integraram a Comissão de Luta: Sérgio
Manoel Martins Torres, Nélio Chagas de Moraes, William Almeida
Oliveira e Jayme Queirós Lopes, estes dois últimos já
falecidos. A abnegação desses à luta pelos direitos dos
demais colegas preteridos foi marcante, inolvidável.
O
ingresso em Juízo confirmou e reconheceu o direito dos autores
à nomeação, retroagindo-a, com posse e exercício a 12 de
novembro de 1954, com a eliminação dos pontos dos
"interinos" e elaboração de nova lista de
classificação. O Tribunal de Justiça do Estado e o Supremo
Tribunal Federal confirmaram o decisório, que transitou em
julgado. A data de 12 de novembro de 2004 se constituirá no
aniversário de 50 anos de ingresso na carreira de procurador do
Estado, portanto, no jubileu de ouro, data inesquecível e que
trará à lembrança toda a luta, reuniões e procedimentos e o
carinho com todos os colegas de concurso, que se tornaram amigos
e irmãos.
Portanto,
aos novos procuradores o incentivo e parabéns pela luta que
encetaram em prol de seus direitos: isso, sem dúvida, os
engrandece, mas engrandece também a Procuradoria Geral e
representa o mais puro exercício da advocacia e a aprovação
definitiva e final de que estão mais do que aptos ao exercício
da advocacia pública.
Mas,
nem tudo, como sói acontecer, é ouro. Recente decisão da
Suprema Corte, fundada em voto de ex-integrante da Magistratura
Paulista, enterrou com todas as honras e estilo o direito
adquirido, e o ato jurídico perfeito, ao determinar pagamento
de contribuição previdenciária a aposentados e pensionistas
do serviço público. Logo será a coisa julgada.... O enterro
será maior!
Se
nos idos de 1954 a grei de notáveis recentes julgadores
integrasse aquele sodalício, no lugar de um Aliomar Baleeiro,
Nelson Hungria, Seabra Fagundes, talvez eu não estivesse aqui,
neste momento, escrevendo estas singelas linhas de memórias e
parabéns...
Fábio
Carlos Lorenzi é procurador do
Estado aposentado em 1987 e ingressou na carreira em 12 de
novembro de 1954. Ocupou diversos cargos na PGE e na Apesp, da
qual foi presidente de 1994 a 1996
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