Carreira continua unida pela paridade
A conquista da paridade
remuneratória – uma luta travada há mais de 5 anos – só será
alcançada com a continuidade da mobilização da Carreira, iniciada ainda
em setembro de 2000, quando a Magistratura e o Ministério Público tiveram
um reajuste de 38%, não repassado aos procuradores de Estado. O ato foi uma
ruptura unilateral pelo governo da sistemática então em vigor, acarretando
uma grave crise e um sentimento de desânimo e indignação.
A Carreira primeiramente
confiou na antiga procuradora geral. Com o tempo, percebeu que seriam
necessárias outras formas de luta. Em 7 de junho de 2001, foi realizada uma
jornada de paralisação e protesto, ressaltando que a bandeira da paridade
não havia sido esquecida. Infelizmente, o comando da Instituição não
ficou ao lado dos procuradores, e a crise não se resolveu. Ao final do ano,
a defasagem remuneratória em relação às demais carreiras jurídicas era
superior a 30%.
O atual procurador geral do
Estado assumiu em dezembro de 2001, informando que tinha firmado com o
governador uma nova sistemática, que reajustaria a verba honorária
anualmente, de acordo com a média da arrecadação do ano anterior. Com
ela, alcançaríamos a paridade até o final do Governo Alckmin. Em abril de
2002, após muita pressão e mobilização, foi anunciado um reajuste
próximo de 28% na verba honorária.
Dois meses depois, foi
aprovada pelo Congresso Nacional a Lei n. 10.474, que concedeu aos
magistrados e membros do Ministério Público federais um aumento de cerca
de 15%. Esse reajuste logo foi repassado para os membros da Magistratura e
Ministério Público estaduais, retrocedendo a disparidade remuneratória a
um patamar próximo de 30%.
O ano de 2003 mostrava-se
auspicioso para a reconquista da paridade, devido à alta arrecadação em
2002. Um minucioso estudo elaborado pela diretoria da APESP apurou que a
arrecadação daquele ano superou em cerca de 44% o valor anual projetado,
mais do que suficiente para se recuperar a paridade remuneratória. Porém,
foi anunciado um reajuste de apenas 11,7% na verba honorária, sob o
argumento de que a arrecadação de 2002 foi "inflada" pela
anistia fiscal concedida, fato que não se repetiria em 2003.
Após esse reajuste da
verba honorária, a defasagem com as demais carreiras jurídicas passou a
ser de cerca de 17% – para o nível V, chegava a 22%. Em grande
assembléia geral extraordinária da APESP, realizada em maio de 2003, os
procuradores reafirmaram que a luta deveria continuar, até a reconquista da
paridade.
Em 2004, o prognóstico de
baixa arrecadação não se confirmou. Ao contrário, arrecadou-se mais de
R$ 9 milhões, em relação ao valor projetado. O saldo acumulado permitiria
– e com sobras – o retorno da paridade remuneratória com as demais
carreiras jurídicas. Todavia, o governo do Estado, em flagrante desrespeito
à sistemática por ele mesmo implantada, concedeu reajuste zero aos
procuradores, sob o argumento de que a verba honorária diminuira em
relação ao ano anterior.
Foram realizadas duas
memoráveis assembléias – nos dias 4 e 28 de junho de 2004 –, quando
foi reafirmada a bandeira da paridade como a única a ser perseguida. O
governo, ciente de que tinha compromissos com a Carreira, voltou ao discurso
inicial, garantindo que a sistemática estava em vigor e que seria cumprida
no ano seguinte.
Em 2005, o valor da quota
da verba honorária foi reajustado em cerca de 17% – com base nos valores
vigentes do início do ano. Contudo, a Lei Federal n. 11.143 foi promulgada
dias antes, fixando os subsídios dos Ministros do Supremo Tribunal Federal
para os anos de 2005 e 2006 (com aumentos de 12,7% e cerca de 13%,
respectivamente). Esses aumentos foram imediatamente repassados às demais
carreiras jurídicas estaduais, colocando a defasagem em um patamar de cerca
de 27%.
Para o ano de 2006, a
carreira aguardava ansiosamente o cumprimento da sistemática. O aumento da
arrecadação em 2005, em relação ao ano anterior, foi de mais de 42%. O
procurador geral do Estado anunciou, no início deste mês, a
revalorização do valor da verba honorária em 14,75%, o que acarretou no
índice de 12,7%. Ficaram faltando 13% para a prometida paridade.
Embora não tenhamos ainda
obtido a paridade, temos daqui para frente mais desafios: lutar para receber
"a outra parte" da revalorização da quota da verba honorária e
lutar pela adequada sistemática de promoção em nossa carreira e pela
simetria de níveis funcionais com as carreiras paradigmas. A APESP
continuará na linha de frente dessa luta. Sigamos nela – e unidos!
Marcos Fábio de Oliveira Nusdeo
Presidente da APESP
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Errata
Diferentemente do que foi informado na
reportagem "Conheça a nova diretoria da APESP para o biênio
2006/2008" (edição n° 23 do "Jornal do Procurador"), a
diretora de patrimônio Shirley Sanchez Tomé é na verdade
"mestranda" e não "mestre em Direito Administrativo".
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