ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE SÃO PAULO



 

Encontro


Procuradores debatem o futuro da PGE

O VIII Encontro Estadual de Procuradores do Estado, realizado pela APESP, entre os dias 9 e 11 de junho, na cidade de São Pedro (a 200 km da capital), com a participação de cerca de 170 procuradores de Estado, promoveu uma interação entre colegas com rica trajetória dentro da PGE e recém-ingressos na carreira."O encontro uniu gerações, com o objetivo de trocar experiências e debater questões que definirão a construção de uma nova PGE",comenta Marcos Nusdeo, presidente da APESP.

VIII Encontro Estadual de Procuradores, em São Pedro, SP promoveu a interação entre colegas de várias gerações.

O evento ocorreu em momento propício, quando a luta pelo restabelecimento da paridade remuneratória atinge momento decisivo e a reestruturação da PGE – acarretada pela extinção da Assistência Judiciária e pela assunção do serviço jurídico das autarquias – tem avançado (leia mais na p. 3).

Além de assuntos intrínsecos à carreira, foram abordados temas em consonância com a atual conjuntura política – marcada pelo início do processo eleitoral e por questionamentos sobre a agilidade e eficácia do Poder Judiciário. Com esse objetivo, foi convidado, para discorrer sobre "Sistema Eleitoral e Democracia", Sérgio Sérvulo da Cunha, procurador do Estado de São Paulo aposentado, secretário municipal de Assuntos Jurídicos de Santos, entre 1989 e 1990, vice-prefeito da cidade, entre 1989 e 1992, e um dos advogados de acusação no processo de Impeachment do ex-presidente Fernando Collor.

Profundo conhecedor do tema e com diversos livros referenciais publicados – "O que é voto distrital?" (1992); "Revisão constitucional" (1993); "Manual das eleições" (1998); "O efeito vinculante e os poderes do juiz" (1999); "Dicionário compacto do direito" (2002) – Sérgio Sérvulo acredita que em um sistema democrático "os responsáveis pelas decisões devem ser sempre as pessoas por elas atingidas" e que a democracia pode não ser "necessariamente o sistema mais eficiente, mas de qualquer modo é essencial para nos defender contra a tirania".

O procurador alertou que o direito eleitoral brasileiro apresenta ranços de autoritarismo sem "controle de legalidade e constitucionalidade" e que um importante passo para a moralização das eleições seria a criação de um dispositivo que permitisse o financiamento público das eleições. "Quando uma instituição financeira ou uma empresa contribui para uma candidatura, ela torna o eleito devedor por causa daquele apoio". O Código Eleitoral brasileiro (Lei n. 4.737) foi promulgado em 1965, durante o governo do general Castelo Branco, ainda nos primórdios do regime militar. Para os defensores de uma reforma eleitoral que adote o voto distrital, Sérgio Sérvulo ensinou que tal modelo também não está imune a distorções. "Em 1974, o Partido Conservador da Inglaterra obteve 10 milhões de votos, conquistando 277 cadeiras no Parlamento; o Partido Liberal, com 5 milhões de eleitores, conquistou apenas 13 cadeiras", exemplificou.

Zelmo Denari, vice-presidente da APESP, discorreu sobre a "Crise do Poder Judiciário", trazendo como paradigma o caso de um mandado de segurança que espera dois anos para ser julgado. "Isso mostra como anda mal a nossa Justiça. Esse exemplo é um flagrante desrespeito ao direito do impetrante.O tempo extingue o direito". Para reverter tal panorama, Zelmo propôs a criação de uma visão utilitária do Direito, que deve "estar conectado a um fim prático. Além disso, é muito importante discutir sobre a distribuição da Justiça e desenvolver um estudo crítico sobre a possibilidade de flexibilização das normas processuais".

Sérgio Sérvulo – que atuou como chefe de gabinete do ministro da Justiça Márcio Thomas Bastos, participando inicialmente do processo que culminou com a aprovação da Emenda Constitucional n° 45 – criticou a chamada "Reforma do Judiciário". Sérgio aponta que o fracasso da "reforma" ocorreu em parte pela "culpa dos advogados brasileiros, por terem deixado a reforma nas mãos dos juízes". Para o procurador, o "Judiciário brasileiro é uma corporação que nitidamente nunca teve compromisso político com a democracia e com a prestação jurisdicional".

Para Sérvulo, a "pseudo-reforma" não serviu para "dar mais agilidade, celeridade e eficiência à prestação jurisdicional", mas para "atender a determinados interesses, principalmente de grupos que acreditam que o problema do Judiciário é apenas a quantidade de serviço". Para o procurador, a principal reforma deveria ocorrer quanto à mentalidade e as práticas, buscando "atender às necessidades da grande maioria da população brasileira que não tem acesso à Justiça".

Novos procuradores marcam presença e elogiam iniciativa

Os novos procuradores, empossados em março último, prestigiaram o encontro promovido pela APESP, demonstrando o interesse em adquirir conhecimentos, que servirão como base para o desenvolvimento de uma carreira na PGE. Flávia Caramaschi Degelo, que atua na área do Contencioso da Procuradoria Regional de Marília, achou o evento muito produtivo, por poder compartilhar experiências com outros colegas. "A PGE é uma Instituição efetiva, que consegue atingir os seus objetivos".

Marco Antônio Gomes, que atua na Procuradoria de Assistência Judiciária de Itaquera, conta que a sua atuação na Assistência Judiciária tem aprofundado o orgulho de pertencer à PGE. "Nós acompanhamos diretamente a influência do nosso trabalho na vida das pessoas". Porém, com a extinção das PAJs, Marco pretende seguir carreira na área do Contencioso judicial. "Um fato que posso ressaltar na PGE é o aspecto humano. Na PAJ de Itaquera, temos um grupo muito unido. Um encontro como esse é a manifestação do espírito de corporação. Isso reflete em nosso cotidiano, pois cultiva a alma da Instituição".

Mirna Natália Amaral da Guia Martins, que atua na área cível da PAJ de Santana, comenta que a variedade e o grande volume dos processos em sua Unidade possibilita um aprendizado e a qualificação de seu trabalho. "Estamos em uma Instituição e podemos recorrer em um momento de dúvida. Além disso, a acolhida que tivemos foi uma surpresa muito boa". Com relação ao evento, Mirna elogiou as apresentações e a possibilidade de contato com os procuradores mais antigos da carreira. "Tivemos também a possibilidade de conhecer melhor os colegas novos (recém-empossados). É muito importante a integração também com os familiares. Isso humaniza a rotina do trabalho".


Serviços

APESP amplia serviços de Comunicação

A APESP está oferecendo dois novos serviços exclusivamente aos associados:

informativo jurídico diário com as principais notícias, decisões dos tribunais e alterações legislativas de interesse dos procuradores;

informativo semanal sobre as reuniões do Conselho da PGE, relando os principais fatos.

Os informativos são enviados por e-mail. Para recebê-los, é importante que o associado cadastre seu e-mail na APESP.

Se você ainda não é cadastrado, acesse o site <www.apesp.org.br> e informe seu nome e e-mail no box situado no canto esquerdo inferior da página inicial.


Mudanças

Conselho Assessor da Apesp e Conselho da PGE têm novos membros. Confira!

A opção de procuradores de Estado pela carreira de Defensor Público motivou a exoneração de alguns colegas do Conselho Assessor da APESP e do Conselho da PGE. Veja no quadro abaixo, os novos membros destes órgãos:

Conselho Assessor da APESP

Exonerada                                            Assume

Franciane de Fátima Marques                           

Nilson Berenchtein Júnior, procurador classificado na Procuradoria do Estado de SP em Brasília.
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Conselho da PGE

Exonerado                                             Assume
Vitor Hugo Albernaz Junior Luiz Francisco Torquato Avólio, classificado na Procuradoria Administrativa, assumiu como conselheiro eleito para representar o Nível V.
Roque Jerônimo Andrade José Alexandre Cunha Campos, classificado na Procuradoria Judicial, assumiu como conselheiro eleito da Área da Assistência Judiciária.

 
Judiciário


Procuradora assume cargo no STF


A diretoria da APESP congratula a procuradora Carmen Lúcia Antunes Rocha, que tomou posse como ministra do Supremo Tribunal Federal, no último dia 21 de junho. Natural de Montes Claros, MG, Carmen Lúcia formou-se em Direito pela PUC/MG, em 1977; é mestre em Direito Constitucional pela UFMG e doutora em Direito do Estado pela USP. Procuradora do Estado de MG, exerceu o cargo de procuradora geral durante o governo Itamar Franco. "A indicação nos orgulha, primeiramente por ser a ministra uma procuradora de Estado, além de ser a segunda mulher a ocupar uma vaga no STF", comenta Márcia Zanotti.

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