Em várias ocasiões recentes, o
procurador-geral do Estado, Elival da Silva Ramos, como que já ensaiando um
balanço político de sua gestão, tem se referido a diversas realizações
do programa de trabalho que delineou, em dezembro de 2001, ao assumir a
chefia de nossa instituição. Recorda ele, dentre outras, essas metas
atingidas:
• Emenda Constitucional
unificadora da advocacia pública estadual;
• realização de dois concursos de ingresso à nossa carreira;
• criação da Escola Superior da PGE, que inicia atividades em 2006;
• controle da Dívida Ativa pela PGE, em fase de implantação;
• Lei Complementar criando a Defensoria;
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É tudo verdade. Por tais objetivos
alcançados, o procurador-geral merece cumprimentos. Mas reservei,
pontilhada, a última linha do rol acima, para ser preenchida pelo Dr.
Elival. Refiro-me, é claro, ao compromisso pactuado entre ele e o
governador de restabelecimento integral, até o final do governo Alckmin, da
paridade remuneratória dos procuradores do Estado com as demais carreiras
jurídicas.
Recordemos: após os avanços
parciais de 2002 e 2003 em direção à paridade, veio o fiasco do
"reajuste zero" de 2004, que deveria ser compensado com a
recuperação da paridade "numa só tacada" em 2005. Mas,
em 2005, as "tratativas" na administração arrastaram-se
exasperantemente e nossa data-base foi "deslocada" de maio para
julho. Quando, nesse mês, veio o reajuste de 17% sobre nossa remuneração
global, ele já não restabelecia a paridade, pois, simultaneamente, em
decorrência da lei federal n° 11.143/05, que elevou o subsídio de
ministro do STF, os juízes e membros do MP obtiveram um aumento de 12,47%,
retroativo a janeiro de 2005.
Ou seja: quando, em julho passado,
com o aumento de 17% alcançávamos uma base comum de 100 entre as três
carreiras, no mesmo mês a Magistratura e o MP saltaram para uma base de
112,47. Repunha-se imediatamente nossa disparidade no patamar de 12,47%.
Agora, neste janeiro, com a nova
elevação do subsídio de ministro do STF e o decorrente aumento salarial
de cerca de 13% para aquelas duas carreiras – incidente sobre a base
112,47 – a remuneração delas atinge a base 127,09. Eis, portanto, a
conta de nossa disparidade remuneratória atual: 27,09%.
Em 2005, nossa carreira arrecadou
quase R$ 78 milhões em verba honorária, um acréscimo real de cerca de 42%
em relação a 2004 – e sem qualquer anistia fiscal! Portanto, basta
cumprir-se a "sistemática" acordada entre o PGE e o governador,
que determina que, a cada ano, o valor das cotas da verba honorária seja
reajustado com base no índice de crescimento da arrecadação dessa verba
no ano anterior. O índice de crescimento de 2005 (42%) dá, com folgas,
para recuperarmos em 2006 esses 27,09% que faltam para a nossa paridade.
Entre pessoas que honram
compromissos, tudo se resolve. Nossa carreira oferece a caneta ao governador
e ao procurador-geral para preencherem aquela linha pontilhada do início
deste editorial.
José Damião de Lima Trindade
Presidente da Apesp