A lei traz
uma série de avanços, dos quais vale destacar: autonomia
administrativa e financeira para a nova instituição;
garantia de não rebaixamento salarial aos procuradores que
optarem pela Defensoria; eleição do defensor público geral
em lista tríplice pela própria carreira, com mandato de dois
anos; atendimento multidisciplinar aos assistidos;
assistência jurídica preventiva e não só judiciária,
estendendo-se inclusive a entidades e movimentos populares;
realização de conferências periódicas, com participação
da sociedade civil, para avaliar e estabelecer metas para a
Defensoria. Por isso, a opinião unânime é de que acaba de
ser criada a melhor Defensoria Pública do Brasil.
"É uma
grande vitória, permite que o direito constitucional de
acesso à Justiça comece a ser respeitado na prática. A
Defensoria de São Paulo nasce com potencial para se tornar
uma das mais democráticas, transparentes e eficientes do
país. Além de assegurar o acesso à justiça, foi pensada
também com objetivo de atuar em ações de prevenção",
diz a diretora do SindiproesP e associada da Apesp Mônica
Melo.
Há, é
claro, pontos a serem aperfeiçoados, o que será objeto de
propostas que virão da primeira geração de defensores, que
serão os procuradores que vierem a optar pela nova carreira.
De acordo com o presidente do SindiproesP, Antônio Maffezoli,
a lei determina que o governador envie à Assembléia projetos
complementares, entre eles os que prevêem a criação dos
cargos para execução dos trabalhos de apoio à Defensoria
– dado o seu perfil multidisciplinar de atuação – e
definições de ordem administrativa e operacional.
"Temos de batalhar ainda pela expansão do número de
cargos de defensores, já que os quatrocentos previstos serão
insuficientes para atender às demandas do Estado",
alerta Maffezoli. "É preciso também assegurar a
criação dos cargos de apoio, como assistentes sociais,
sociólogos, psicólogos, pessoal de rotina administrativa. A
tabela salarial também está defasada em relação à atual
tabela da PGE e precisa ser ajustada."
Também para
entidades da sociedade civil, há pontos a melhorar no texto.
"A questão estrutural é importante, assim como a
transparência. O direito a voto do ouvidor-geral (que ficou
apenas com direito a voz) é fundamental para que esse espaço
da sociedade seja efetivamente ocupado no Conselho da
Defensoria", defende Beatriz Afonso, do Centro pela
Justiça e Direito Internacional.
De acordo com
o procurador Vitore André Zílio Maximiano, que atua na PAJ
Criminal e foi, por duas vezes, conselheiro eleito da PGE, a
atuação da sociedade civil no próximo período é que vai
definir "que cara" terá a Defensoria de São Paulo,
"para que ela seja mais forte, tenha mais servidores,
estrutura e centros de atendimento multidisciplinar".
O presidente
da Apesp, José Damião de Lima Trindade, é bastante otimista
com a nova instituição. "Logo de partida, ficou
assegurada a excelente qualidade de atuação da nova
instituição, tanto pela qualidade dos colegas que optarem
pela Defensoria, quanto pela dos que, permanecendo na PGE,
continuarão exercendo a assistência judiciária durante o
período de transição", diz. "Lutamos arduamente
pela conquista da nossa Defensoria e temos agora todas as
condições de torná-la, de fato, a melhor do Brasil",
afirma.
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Da
esquerda para a direita, Damião, Mônica,
Vitore, Beatriz e Maffezoli:
movimento pela Defensoria deve continuar ativo para
garantir ampliação das vagas, alteração
multidisciplinar e preventiva.
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O que
foi vetado pelo governador |
Inciso IX do § 2º do
artigo 6º:
permitia a autenticação de documentos pelo próprio
Defensor Público.
Inciso
IX do artigo 31:
permitia ao Conselho Superior da Defensoria a
instituição de quotas de, no mínimo, 30% para
afrodescendentes no concurso de ingresso e no processo de
seleção para os Núcleos Especializados.
§
1º e alíneas do artigo 75:
estabelecia reserva de 30% das vagas de concurso de
estagiário para afrodescendentes.
§
3º e alíneas do artigo 90:
estabelecia reserva de 30% das vagas do concurso de
ingresso à carreira para afrodescendentes.
§
3º do artigo 236:
permitia a utilização dos recursos do fundo de
Assistência Judiciária (FAJ) para fins de pagamento de
todas as despesas da Defensoria, inclusive as concernentes
à retribuição pecuniária.
§
3º do artigo 4º das Disposições Transitórias:
permitia a abertura de vagas na área do Contencioso das
Procuradorias Regionais para os procuradores do Estado
classificados na Assistência Judiciária dessas
Regionais, caso o número de vagas fosse insuficiente.
Artigo
6º das Disposições Transitórias:
transformava os Orientadores Trabalhistas da Secretaria do
Trabalho e os advogados da FUNAP em Defensores Públicos.
Conheça
o texto integral da Lei Complementar n° 988/2005, que
criou a Defensoria Pública em nosso Estado, acessando o
"Canal Associados" do site da APESP: www.apesp.org.br
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