Senado mantém subteto dos
Procuradores
do Estado em 1° turno de votação
O plenário do Senado Federal
aprovou no último dia 26, em primeiro turno, a Proposta de Emenda
Constitucional da Reforma da Previdência (PEC 67) com 55 votos a
favor e 25 votos contrários. No dia seguinte, salvo por dois
destaques que tratavam de temas secundários (regras de acidentes do
trabalho e aposentadoria de policiais militares estaduais), foi
mantido o texto aprovado pela Câmara dos Deputados. Tendo em vista
que os destaques aprovados apenas suprimiram partes de dispositivos da
PEC, não haverá necessidade de seu retorno à Câmara. Os demais
destaques foram todos rejeitados, mas poderão ser analisados quando
das votações da "PEC paralela" (PEC 77).
A tramitação da PEC 67 no Senado Federal não foi
fácil e para a aprovação do texto foi necessário um difícil
acordo de lideranças. De início, ressalte-se que mesmo a maioria
governista tendo rejeitado na Comissão de Constituição e Justiça,
todas as 336 emendas de plenário apresentadas, havia grandes riscos
de o governo não conseguir, em plenário, os votos necessários para
a aprovação da PEC. Tal se deu, em razão da existência de rachas
em quase todos os partidos em pelo menos quatro pontos: regras de
transição, paridade ativos/inativos, eliminação (ou atenuação)
da contribuição de inativos e principalmente a regra do subteto
estadual.
Passamos a correr perigo. Visando evitar
derrotas nos demais pontos, o governo federal concordou na semana
passada em negociar a questão do subteto salarial, eis que nesse
ponto o PMDB (partido que compõe a base governista) estava a exigir o
subteto único nos Estados no valor da remuneração do Desembargador
(a principal razão para isso era a pressão dos Governadores da
Região Sul do país, especialmente a do governador do Rio Grande do
Sul, que por receberem salários tidos como pequenos não queriam ter
de reduzir os vencimentos dos servidores estaduais). Ficou
inicialmente acordado entre PT e PMDB que a regra do subteto seria
retirada da PEC principal e colocada na "PEC paralela", por
meio de uma emenda supressiva. No entanto, não havia consenso quanto
à solução a ser proposta: a primeira sugestão levada ao governo
federal foi a de retirar do dispositivo aprovado na Câmara (nova
redação do artigo 37, inciso XI da CF) TODA a parte referente aos
subtetos remuneratórios estaduais, que passaria a ser regulado na
"PEC paralela". Muitos senadores alegaram que com isso
deixar-se-ia de haver previsão constitucional dos subtetos estaduais,
o que não daria aos Estados o resultado financeiro pretendido. Além
disso, não eram poucos os parlamentares que duvidavam, naquele
momento, do efetivo interesse do governo por essa outra PEC. Assim,
surgiu enorme pressão para que houvesse a previsão de algum tipo de
subteto estadual.
Na semana passada, em meio ao impasse, três
propostas estavam sendo consideradas: a criação de subteto estadual
de Desembargador para todas as carreiras estaduais (logo descartada
por falta de apoio), subteto estadual igual ao salário do governador
para todo o funcionalismo estadual, ou pelo menos para todas as
carreiras do Poder Executivo (proposta que nos seria totalmente
prejudicial, eis que sairíamos da regra do subteto maior) e ausência
de fixação na Constituição Federal de qualquer regra de subteto
que passaria a ser regulada nas Constituições Estaduais (seria como
dar um cheque em branco para os chefes dos executivos fixarem sozinhos
o subteto dos servidores).
Essas duas últimas propostas nos eram extremamente
prejudiciais, de sorte que fomos mais uma vez à luta. O Presidente da
APESP, auxiliado pelo Assessor Parlamentar Toninho do DIAP,
reuniu-se, na semana passada, com cerca de duas dezenas de senadores,
para explicar que tanto a segunda como a terceira propostas eram
inaceitáveis, verdadeiro retrocesso em relação ao texto aprovado
pela Câmara no que se referia ao tratamento dado a todas as carreiras
jurídicas. A APESP nesse momento passou a defender duas outras
propostas: em primeiro lugar, lutou pela manutenção do texto
aprovado pela Câmara e pela possibilidade de os Estados estenderem
esse subteto para algumas outras carreiras de Estado, por meio da
"PEC paralela" (essa foi a posição defendida pela APESP
durante toda a tramitação da PEC no Senado Federal e que já
havia sido inicialmente contemplada quando da apresentação da "PEC
paralela"). Caso essa proposta se mostrasse inviável, em razão
da forte pressão do PMDB pela retirada do subteto da PEC principal, a
APESP sugeriu uma "quarta proposta" que seria o
aproveitamento na "PEC paralela" do texto integralmente
aprovado pela Câmara (o que nos preservaria no subteto do
Desembargador), apenas adicionando-se a ele a faculdade de os
governadores de, por lei de sua iniciativa, poderem estender esse
subteto para outras carreiras.
Deve-se ressaltar que essa proposta foi negociada
pessoalmente pelo Presidente da APESP com outras entidades dos
servidores e levada aos diversos senadores e ao próprio Assessor
Jurídico do Relator da PEC, Senador Tião Viana (PT/AC), como a
melhor possível, inclusive para as demais carreiras, que passariam a
ter um referencial pelo que lutar no âmbito de cada
Estado, em vez de deixar o assunto inteiramente na mão dos
governadores. O cenário, entretanto, era bastante sombrio.
A solução. No último dia 24, todavia,
anunciou-se um acordo entre o PT e o Governador do Rio Grande do Sul,
similar à proposta originalmente defendida pela APESP, ou
seja, o PDMB aceitaria votar a PEC original sem modificações e as
alterações das regras do subteto seriam feitas na "PEC
paralela". Esse acordo permitiria que a votação se desse no dia
seguinte, terça-feira, 25/11. Parecia que tudo seria fácil.
Mas...não foi.
Reviravolta. Na terça-feira à tarde, de maneira
inexplicável, a sessão de votação não se iniciava. Surgiram todos
os tipos de boatos: que o governador do Rio Grande do Sul teria
recuado no acordo; que os senadores do PMDB não tinham sido
consultados sobre o acordo e que, portanto, não o seguiriam; que
havia uma rebelião na base do Governo liderada pelo senador Paulo
Paim (PT/RS), outro grande defensor da tese do subteto estadual
único, que também não seguiria o acordo; surgiu até um boato de
que o problema teria sido a disputa dentro do PMDB pelos Ministérios.
O clima entre os partidos políticos também não estava bom. Apuramos
que, numa reunião de lideranças, houve grande discussão entre os
líderes do PMDB e do PSDB sobre a regra do subteto. O clima ficou
ainda mais tenso quando o líder do PSDB, senador Artur Virgílio (PSDM/AM),
afirmou que sem acordo quanto ao subteto, nos termos fixados na
véspera (manutenção do texto aprovado pela Câmara), seu partido
votaria em bloco contra a aprovação da PEC 67. O Governo então
entrou em polvorosa, eis que sabia que sem os votos do PMDB e de parte
do PSDB não conseguiria aprovar a PEC. Foi marcada uma reunião de
emergência no Gabinete da Presidência do Senado com o Presidente
Sarney e ao final anunciou-se um acordo de procedimentos, nos
seguintes termos: a votação seria no dia seguinte, mas com ampla
possibilidade de discussão por todos os senadores; haveria uma
reunião de líderes naquela mesma noite para já redigir o texto do
subteto da "PEC paralela" (a intenção era ter uma garantia
do texto a ser futuramente votado); o governo deveria dar uma
demonstração inequívoca de interesse em votar a "PEC
paralela", devendo, desde já, se comprometer a convocar
extraordinariamente o Congresso para votá-la até o final de janeiro;
o governo deveria dar garantias no próprio texto constitucional de
que os governadores adeptos do subteto único não teriam de reduzir
os vencimentos dos servidores que recebem presentemente remuneração
maior que o subteto do Poder Executivo.
Na manhã do dia da votação, não sentimos otimismo por parte dos
senadores. O líder do PMDB, senador Renan Calheiros, afirmou que
ainda não se tinha chegado a um texto aceitável sobre o subteto na
"PEC paralela", o que significava que não havia o acordo
para votar a PEC principal, fato confirmado pelo senador Tião Viana.
O clima era de grande indefinição e incerteza. Mesmo assim, por
volta das 10h20 a sessão plenária se iniciou com vários senadores
inscritos. O governo deu um sinal de querer discutir de fato a "PEC
paralela" ao aprovar, por 49 votos a 30, requerimento para que
112 emendas de plenário fossem apensadas a ela (regimentalmente havia
o risco de elas serem consideradas prejudicadas se a PEC principal
fosse aprovada).
Haja coração. No início da tarde surgiram boatos de que o
governo não havia conseguido a maioria de votos para rejeitar
mudanças na PEC e que estava quase concordando em fixar para o
subteto a regra de que sua regulamentação seria feita pelas
Assembléias Legislativas. O senador Antonio Carlos Valadares
(PSB/SE), da base governista, ensaiou timidamente um discurso nesse
sentido. Disse que se sentia como um "deputado estadual" ao
ter de decidir sobre questões eminentemente estaduais e que diante
disso uma solução a ser estudada seria a de se conceder
autorização para as Assembléias Legislativas tratarem de alguns
assuntos da PEC. Mais uma vez, fomos à luta. Mantivemos o nosso
discurso de que essa solução seria PIOR PARA TODOS, eis que
perder-se-ia o referencial de um subteto maior por que lutar. Alguns
senadores nos apoiaram, mas sentimos que, no fundo, a maioria preferia
o subteto único, com o que o governo e o PSDB não concordavam. Por
volta das 17h30 tivemos a notícia de que havia uma maioria de
senadores disposta a manter o texto da PEC e que concordaria em
remeter a discussão de eventuais melhorias na regra do subteto para a
"PEC paralela".
Vencemos. Às 19h, realizou-se a votação pelo painel
eletrônico com o resultado já anunciado: 55 votos a 25. Houve
defecções na base aliada, mas sete senadores do PFL e seis do PSDB
votaram favoravelmente à PEC. Face ao adiantado da hora, apenas um
destaque foi votado no dia 26. Os demais foram votados no dia
seguinte. Houve nova batalha na questão do subteto, eis que parte do
PMDB insistiu em modificar a regra na própria PEC principal.
Ao final, salvo por aqueles destaques, foi mantido
o texto aprovado pela Câmara. O segundo e último turno de votação
está previsto para o dia 10 de dezembro. Já se fala que a
promulgação da Emenda Constitucional será no dia 15 de dezembro.
Mantida nossa principal conquista (o subteto de Desembargador para
os Procuradores do Estado), a APESP lutará agora para melhorar
a "PEC paralela".
Missa de Final
de Ano
A tradicional missa de final de ano dos Procuradores do Estado
será celebrada no dia 12 de dezembro, às 10h, na igreja do
Páteo do Colégio. Em seguida, a APESP irá oferecer um
coquetel de confraternização aos presentes no Café do
Páteo, localizado no Páteo do Colégio, 2 (ao lado da
igreja).
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