Desmonte do IPESP ____________________________________________________________
Governo estadual tenta aprovar
às pressas
projeto sobre previdência do funcionalismo
Sob o argumento de
adaptar a legislação estadual à nova redação do artigo 40 da
Constituição federal, o governador remeteu há quase dois meses à
Assembléia Legislativa o Projeto de Lei Complementar n° 30/2005, que
cria uma autarquia especial para gerir o regime próprio da
previdência dos servidores públicos civis e militares do Estado.
O projeto –
Segundo o projeto, serão transferidos para
a nova autarquia todo o patrimônio imobiliário e todas as
competências de natureza previdenciária que hoje são desempenhadas
pelo IPESP e pela Caixa Beneficente da Polícia Militar. Estas duas
entidades continuariam existindo, mas com competência meramente
residual. As contribuições previdenciárias retidas nos "holleriths"
do funcionalismo (6% + 5%) passariam a ser recolhidas a um Fundo
especial a ser criado e gerido pela nova autarquia, Fundo esse que
pagaria as aposentadorias e pensões.
Problemas –
O projeto contém vários problemas. Em primeiro lugar, não contempla
a obrigatoriedade de o Estado honrar sua dívida histórica para com o
IPESP – segundo cálculo elaborado há três anos, esse passivo já
ultrapassava 60 bilhões de reais, decorrentes das
contribuições previdenciárias de responsabilidade da
Administração, que jamais foram recolhidas a essa autarquia por
nenhum governador.
Caso o governo
consiga institucionalizar esse "calote", o Fundo
previdenciário a ser criado já nascerá gravemente descapitalizado.
E, como a Constituição exige que esse Fundo opere em regime de
equilíbrio atuarial, aquele "calote" abriria o caminho para
a rápida elevação da atual alíquota de 11% paga pelo
funcionalismo. Não nos esqueçamos de que, em 1999, o governo tucano
já havia tentado elevar para até 25% dos salários as
alíquotas das contribuições previdenciárias dos servidores.
Além disso, o
PLC 30/2005 prevê que, tanto a nova autarquia, como o Fundo a ser por
ela gerido, terão diretores majoritariamente indicados pelo
governador (4 membros), pelo Poder Judiciário (1 membro) e pelo Poder
Legislativo (1 membro), com
participação meramente simbólica de representantes dos servidores
(apenas 2 membros). Ou seja, a ser mantida essa antidemocrática
"repartição de poder", a nova autarquia poderá ser usada
como instrumento de manipulação política do governo.
Nossas emendas –
Embora esse PLC trate de matéria que afeta diretamente os interesses
do funcionalismo, o governo do Estado não buscou qualquer diálogo
prévio com suas entidades representativas. E há um agravante: o
governador remeteu o projeto à AL com tramitação em regime de
urgência. Sua intenção é aprová-lo a toque de caixa, ainda
neste ano.
Apesar da surpresa
com que foram colhidas, as principais entidades do funcionalismo
estadual, dentre elas a APESP, conseguiram produzir diversas
emendas visando a melhorar o texto do projeto, em especial no que se
refere a seus aspectos potencialmente danosos aos servidores.
Audiência pública
– No dia 17 de novembro,
realizou-se na Assembléia Legislativa uma audiência pública para
debater o projeto. Pelo governo, compareceram os Secretários da
Fazenda e da Segurança Pública e a então Senhora Superintendente do
IPESP (exonerada do cargo no último dia 25/11). Pelo funcionalismo,
compareceram cerca de trinta entidades representativas, dentre as
quais a APESP. Todos os problemas do projeto foram apontados
pelas entidades e por vários deputados presentes mas, evidentemente,
não foram reconhecidos pelos representantes do governo estadual.
Nossa mobilização
– Têm ocorrido diversas
reuniões de mobilização das entidades dos servidores, seguidas de
visitas para pressionar os deputados estaduais, tanto no sentido de
aprovação de nossas emendas, quanto para que o projeto não seja
votado às pressas. E já estão sendo providenciados pareceres
jurídico e técnico para distribuição aos deputados, visando a
fundamentar a crítica ao projeto.
Essas pressões já
começam a dar frutos: o Parecer emitido pela Comissão de
Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa já incorporou
alguns importantes avanços sobre o texto original. Agora, as
entidades dos servidores aumentarão sua pressão sobre os
parlamentares, estando agendado um grande ato público na Assembléia
Legislativa para o dia 13 de dezembro, às 10:00 horas.
Tudo indica que a
estratégia do governo será levar o projeto a voto no plenário da
Assembléia às vésperas do Natal, na suposição de que os
servidores estarão desmobilizados. Suposição errada: há muito já
aprendemos a percorrer o caminho da luta !
EXPEDIENTE
Informe da Associação dos
Procuradores do Estado de São Paulo - APESP.
Veja o Apesp em Movimento pela internet: www.apesp.org.br
- E-mail: apesp@apesp.org.br
Redação: R. Líbero Badaró, 377, 23° andar, cj. 2308 - CEP
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