18 Out 17 |
MP pode receber honorários de sucumbência, diz procurador-geral do Rio
Não
há
nenhuma
proibição
constitucional
ou
legal
de
o
Ministério
Público
receber
honorários
de
sucumbência,
desde
que
a
verba
vá
para
a
instituição,
e
não
para
seus
integrantes.
Com
base
nesse
argumento,
o
procurador-geral
de
Justiça
do
Rio
de
Janeiro,
Eduardo
Gussem,
pediu
que
o
Conselho
Nacional
do
Ministério
Público
negue
liminar
para
impedir
que
o
MP
fluminense
receba
verbas
de
sucumbência. O
advogado
Rodrigo
Siqueira
de
Andrade
pediu
que
o
CNMP
conceda
liminar
para
determinar
que
a
Procuradoria-Geral
de
Justiça
do
Rio
reserve
em
conta
separada
todos
os
valores
de
honorários
de
sucumbência. No
mérito,
ele
pede
que
o
órgão
afaste,
por
inconstitucionalidade,
o
fundamento
legal
da
Resolução
PGJ
801/1998
—
o
artigo
3º,
inciso
XII,
e
o
artigo
4º,
inciso
XII,
da
Lei
estadual
2.819/1997
—,
impedindo
que
o
MP-RJ
receba
verbas
de
sucumbência.
Segundo
ele,
o
órgão
não
pode
receber
essas
verbas,
conforme
estabelecido
pelo
artigo
128,
parágrafo
5º,
inciso
II,
alínea
"a",
da
Constituição. Em
sua
manifestação,
Gussem
afirmou
que
as
verbas
de
sucumbência
são
destinadas
ao
MP-RJ,
e
não
a
seus
integrantes,
como
estabelecido
pelos
artigos
2º
da
Resolução
PGJ
801/1998
e
da
Lei
estadual
2.819/1997.
O
procurador-geral
também
argumentou
que
o
artigo
128,
parágrafo
5º,
inciso
II,
alínea
"a",
da
Constituição
proíbe
que
integrantes
do
MP
recebam
honorários,
mas
não
limita
que
esse
dinheiro
vá
para
as
instituições. “Daí
ser
conveniente
insistir:
não
há
nenhum
óbice
constitucional
ou
legal
a
que
o
Ministério
Público
seja
contemplado
com
honorários
de
sucumbência
em
razão
de
seu
êxito
nas
lides
em
que
figure
como
parte,
desde
que
os
recursos
financeiros
auferidos
nesse
contexto
se
mantenham
afetados
a
finalidades
estritamente
constitucionais”,
apontou. Para
fortalecer
seu
argumento,
Eduardo
Gussem
citou
precedente
do
Supremo
Tribunal
Federal
(RE
613.675)
no
qual
os
ministros
concluíram
que
a
Constituição
não
proíbe
o
recolhimento
de
honorários
pela
Fazenda
Pública
ou
para
o
fundo
indicado
pelo
MP
—
como
ocorre
no
Rio.
Ele
ainda
disse
que
outros
12
estados
autorizam
a
criação
de
fundos
especiais
para
o
recebimento
de
verbas
para
seus
MPs. Fonte: Conjur, de 17/10/2017
Cartórios
não
podem
cobrar
taxas
para
registrar
imóveis
da
administração
pública O
registro,
averbação
e
fornecimento
de
certidões
de
imóveis
de
propriedade
do
Instituto
Nacional
do
Seguro
Social
(INSS)
devem
ser
feitos
sem
custos.
Foi
este
entendimento
da
3ª
Vara
Cível
Federal
do
Maranhão,
que
determinou
que
a
tabeliã
da
cidade
de
Carutapera
(MA)
conceda
isenção
desses
pagamentos
em
relação
a
um
imóvel
destinado
à
instalação
de
uma
agência
da
Previdência
Social
no
município. Representando
o
INSS,
a
Advocacia-Geral
da
União
destacou
que
o
Decreto
1.537/1977
isentou
a
União
do
pagamento
de
custas
e
emolumentos
para
a
prática
de
atos
pelos
ofícios
e
cartórios
de
registro
de
imóveis
—
isenção
que
se
estende
também
às
autarquias. A
3ª
Vara
Cível
Federal
do
Maranhão
acolheu
os
argumentos
da
AGU
e
garantiu
ao
INSS
a
isenção.
A
decisão
abrange
também
quaisquer
imóveis
de
propriedade
ou
de
interesse
da
autarquia
ou
que
por
ela
venham
a
ser
adquiridos
em
Carutapera. Jurisprudência
do
STJ O
juiz
entendeu
que
o
pleito
do
INSS
estava
amparado
não
só
pelo
Decreto
1.537/1977,
mas
também
pela
Constituição
Federal
e
pela
jurisprudência
do
Superior
Tribunal
de
Justiça
e
dos
tribunais
regionais
federais. “Na
esteira
do
que
os
tribunais
vêm
decidindo,
afigura-se
indevida
a
cobrança
de
taxas
e
emolumentos
da
autarquia
previdenciária
como
condição
para
que
sejam
levados
a
efeito
o
registro,
averbação
e
transcrição
da
transferência
do
imóvel
em
questão”,
afirma
a
decisão.
Fonte: Assessoria de Imprensa da AGU, de 17/10/2017
Governo
aceita
reforma
enxuta,
mas
quer
alíquota
previdenciária
maior Em
contrapartida
à
tramitação
no
Congresso
de
uma
reforma
da
Previdência
mais
enxuta,
a
equipe
econômica
quer
apoio
para
conseguir
aprovar
o
aumento
de
contribuição
previdenciária
dos
servidores
públicos
federais.
A
proposta
de
elevação
da
alíquota
de
11%
para
14%
foi
anunciada
há
dois
meses,
mas
enfrenta
resistências
do
funcionalismo,
que
tem
forte
poder
de
pressão
sobre
senadores
e
deputados.
O
projeto
nem
mesmo
chegou
ao
Congresso. Segundo
fontes,
o
governo
considera
fundamental
a
medida
para
começar
a
reforma
no
funcionalismo
e
quer
garantias
de
que
o
projeto
será
aprovado
até
o
fim
do
ano
para
entrar
em
vigor
em
2018.
Para
começar
a
valer
o
aumento
da
alíquota,
é
necessário
o
cumprimento
de
um
prazo
de
90
dias. Como
antecipou
o
Estadão/Broadcast
na
semana
passada,
lideranças
políticas
começaram
a
articular
com
integrantes
do
governo
uma
emenda
aglutinativa,
espécie
de
texto
alternativo
ao
parecer
do
deputado
Arthur
de
Oliveira
Maia
(PPS-BA)
aprovado
em
uma
comissão
especial
da
Casa
em
maio.
A
apresentação
da
emenda
será
feita
logo
após
a
votação
da
segunda
denúncia
contra
o
presidente
Michel
Temer
na
Câmara
dos
Deputados.
O
ministro
da
Fazenda,
Henrique
Meirelles,
já
havia
admitido
em
agosto
a
possibilidade
de
redução
da
proposta
de
reforma
da
Previdência.
Antes
de
embarcar
para
o
evento
do
Fundo
Monetário
Internacional
(FMI)
na
semana
passada,
Meirelles
se
reuniu
com
o
ministro
da
Casa
Civil,
Eliseu
Padilha,
e
com
o
relator
Arthur
Maia
para
discutir
a
alternativa.
Padilha
reconheceu
na
reunião
que
seria
possível
aprovar
uma
idade
mínima
para
aposentadoria,
regra
de
transição
para
quem
já
teria
o
tempo
mínimo
de
contribuição.
O
ponto
inegociável,
segundo
o
governo,
é
manter
a
idade
mínima
de
62
anos
para
mulheres
e
65
anos
para
homens.
Mas
as
lideranças
querem
fazer
ajustes
no
tempo
mínimo
de
contribuição
(de
25
anos,
pelo
texto
da
comissão)
e
na
regra
de
transição. A
Fazenda
diz
que
o
governo
prossegue
as
conversas
sobre
a
reforma
desde
a
aprovação
do
relatório,
na
comissão
especial,
em
maio.
Segundo
a
Fazenda,
não
há
decisão
tomada
sobre
possíveis
mudanças
no
texto. Fonte: Estado de S. Paulo, de 18/10/2017
Estado
e
União
estudam
nova
modelagem
para
privatizar
a
Cesp Estado
e
União
estudam
estender
o
prazo
vigente
da
concessão
da
Cesp
de
10
para
30
anos,
montando
uma
nova
modelagem.
Se
a
ideia
vingar,
o
Tesouro
paulista
fica
com
um
terço
do
valor
que
vier
a
ser
obtido
no
leilão
de
privatização.
E
a
União,
com
dois
terços. Fonte:
Estado
de
S.
Paulo,
Coluna
Direto
da
Fonte,
por
Sonia
Racy,
18/10/2017
Metas
do
Judiciário
melhoram
produtividade
nos
tribunais A
adoção
das
Metas
do
Poder
Judiciário
apresentado
bons
resultados
no
aumento
da
produtividade
dos
tribunais
brasileiros.
Nos
últimos
quatro
anos,
os
tribunais
conseguiram
diminuir
a
diferença
entre
o
número
de
processos
distribuídos
a
cada
ano
e
o
de
julgados,
que
caiu
de
10%
para
1,4%
entre
2012
e
2016.
Para
ampliar
a
democratização
na
definição
das
metas,
o
Conselho
Nacional
de
Justiça
(CNJ)
abriu
para
consulta
pública
para
as
Metas
do
Poder
Judiciário
2018,
que
se
encerra
nesta
sexta-feira
(20/10).
O
acompanhamento
da
Meta
1,
que
prevê
o
julgamento
de
mais
processos
do
que
o
número
de
ações
distribuídas,
começou
em
2010.
A
partir
de
2012,
o
quantitativo
de
processos
julgados
tem-se
aproximado
cada
vez
mais
ao
de
distribuídos,
uma
demonstração
de
que
os
tribunais
estão
chegando
ao
atingimento
do
objetivo.
No
período
de
2010
a
2016,
de
acordo
com
os
critérios
da
Meta
1,
foram
distribuídos
135,2
milhões
de
processos
e
julgados
126,7
milhões.
Nesse
período,
mesmo
com
um
acervo
de
8,5
milhões
de
processos
não
julgados,
houve
melhora
na
capacidade
de
julgamento
em
que
o
número
de
processos
julgados
(25,47%)
superou
o
aumento
do
número
de
processos
distribuídos
(19,95%).
A
Meta
1
estimula
o
monitoramento
do
fluxo
processual
e
estabelece
uma
relação
entre
os
processos
distribuídos
e
julgados.
Com
isso,
busca-se
prevenir
a
formação
de
estoques
e
estimular
a
adoção
de
medidas
gerenciais
sobre
o
acervo
total
nos
tribunais. As
Metas
Nacionais
do
Poder
Judiciário
representam
o
compromisso
dos
tribunais
brasileiros
em
melhorar
os
serviços
prestados
à
sociedade
com
maior
eficiência,
celeridade
e
qualidade.
Em
2016
e
2017,
as
metas
contemplavam
a
produtividade,
a
celeridade,
o
aumento
dos
casos
solucionados
por
conciliação,
a
priorização
no
julgamento
das
causas
relacionadas
à
improbidade
administrativa
e
aos
crimes
contra
a
Administração
Pública,
o
impulso
aos
processos
na
fase
de
cumprimento
de
sentença
e
execução
não
fiscal
e
de
execução
fiscal,
as
ações
coletivas,
o
julgamento
de
processos
dos
maiores
litigantes
e
dos
recursos
repetitivos
e
a
justiça
restaurativa.
No
ano
passado,
foi
incluído
o
alvo
de
fortalecer
a
rede
de
enfrentamento
à
violência
doméstica
e
familiar
contra
as
mulheres. Consulta
Pública Tradicionalmente
as
metas
nacionais
são
votadas
e
aprovadas
pelos
presidentes
dos
tribunais
no
Encontro
Nacional
do
Poder
Judiciário,
evento
organizado
pelo
CNJ
que
ocorre
anualmente
e
que
reúne
a
alta
administração
dos
tribunais
do
País.
Com
o
novo
ciclo
da
Estratégia
Nacional
2015-2020,
o
processo
de
formulação
das
metas
nacionais
passou
a
ser
mais
democrático
e
participativo
e
a
cada
ano
o
CNJ
vem
buscando
aperfeiçoar
esse
processo,
a
fim
de
torná-lo
mais
transparente
e
possibilitando
maior
envolvimento
pessoas.
Em
2017,
pela
primeira
vez,
o
CNJ
abriu
consulta
pública
para
as
propostas
de
Metas
Nacionais
do
Poder
Judiciário
para
2018.
O
prazo
para
as
contribuições
vai
até
sexta-feira
(20/10).
Qualquer
cidadão
pode
opinar
sobre
as
propostas
de
metas.
Para
tanto,
é
possível
escolher
um
formulário
único
referente
aos
Tribunais
Superiores
(Superior
de
Tribunal
de
Justiça
e
Tribunal
Superior
do
Trabalho)
e
aos
segmentos
de
Justiça
(Federal,
Eleitoral,
Estadual,
Militar
e
do
Trabalho).
O
interessado
também
pode
opinar
acerca
da
proposta
de
metas
de
apenas
um
desses
Tribunais
ou
de
um
determinado
segmento
de
Justiça.
Para
tanto,
basta
acessar
o
formulário
desejado.
O
endereço
eletrônico
consultapublicametas@cnj.jus.br
está
disponível
em
caso
de
dúvidas
sobre
a
consulta.
Fonte: Agência CNJ de Notícias, de 17/10/2017
Secretária
de
Temer
diz
que
mudança
no
combate
ao
trabalho
escravo
é
'retrocesso
inaceitável' A
Secretária
Nacional
de
Cidadania,
Flávia
Piovesan,
disse
à
BBC
Brasil
que
as
mudanças
que
acabam
de
ser
adotadas
pelo
governo
de
Michel
Temer
no
combate
ao
trabalho
escravo
são
um
"retrocesso
inaceitável". Ela,
que
é
também
presidente
da
Comissão
Nacional
para
a
Erradicação
do
Trabalho
Escravo
(Conatrae),
afirmou
que
o
órgão
não
foi
consultado
sobre
a
alteração
-
e
que
está
"perplexa".
"Digo
que
é
inaceitável
e
que
temos
que
lutar
pela
revogação
dessa
portaria
em
caráter
de
urgência,
porque
realmente
os
danos
são
acentuados,
as
violações
de
direitos
são
gravíssimas",
criticou. Piovesan
ressaltou,
ainda,
que
a
portaria
é
ilegal,
pois
contraria
a
Constituição
e
o
Código
Penal
Brasileiro.
Ela
afirmou
corroborar
a
orientação
do
secretário
de
Inspeção
do
Trabalho
do
ministério,
João
Paulo
Ferreira
Machado,
para
que
os
auditores
não
sigam
as
novas
regras. Em
choque
com
o
que
prevê
o
Código
Penal,
a
portaria
publicada
nesta
segunda-feira
pelo
Ministério
do
Trabalho
restringe
a
definição
de
escravidão,
o
que
na
prática
dificulta
a
libertação
de
trabalhadores
explorados. Enquanto
a
legislação
penal
prevê
que
qualquer
uma
dessas
quatro
situações
configuram
situação
análoga
à
escravidão
-
trabalho
forçado,
servidão
por
dívida,
condições
degradantes
ou
jornada
exaustiva
-,
a
portaria
exige
a
presença
das
duas
primeiras
para
que
os
auditores
possam
enquadrar
as
empresas
como
exploradores
de
trabalho
escravo. A
portaria
estabelece
também
que
as
fiscalizações
do
Ministério
do
Trabalho
agora
terão
que
ser
obrigatoriamente
acompanhadas
pela
polícia.
Além
disso,
determina
que
uma
empresa
só
poderá
entrar
para
a
lista
suja
do
trabalho
escravo
por
determinação
do
ministro
do
Trabalho,
atualmente
Ronaldo
Nogueira,
tirando
essa
decisão
das
mãos
dos
técnicos
da
pasta.
As
mudanças
são
uma
solicitação
antiga
da
bancada
ruralista
-
e
ocorrem
na
semana
em
que
a
Comissão
de
Constituição
e
Justiça
(CCJ)
da
Câmara
analisa
a
segunda
denúncia
contra
o
presidente
Michel
Temer
no
âmbito
da
operação
Lava
Jato. Em
nota,
o
Ministério
do
Trabalho
afirmou
que
a
portaria
"aprimora
e
dá
segurança
jurídica
à
atuação
do
Estado
Brasileiro"
no
combate
ao
trabalho
escravo.
"A
partir
de
agora,
uma
investigação
criminal
será
aberta
de
forma
simultânea
à
emissão
do
auto
de
infração;
a
Polícia
Federal
estará
inserida
nas
ações;
e
as
multas
terão
aumentos
que,
em
alguns
casos,
chegarão
a
500%",
disse
ainda
o
posicionamento. Parte
do
governo
Temer
desde
o
impeachment
de
Dilma
Rousseff,
Piovesan
sairá
em
duas
semanas
para
assumir
uma
vaga
na
Comissão
Interamericana
de
Direitos
Humanos
(CIDH).
"A
única
coisa
que
posso
dizer,
nesse
ritual
de
saída
de
governo,
é
que
eu
fiz
o
meu
melhor.
Realmente,
eu
não
contive
energia.
Da
minha
parte,
me
posicionei
com
integridade",
disse. BBC
Brasil
-
Qual
sua
avaliação
sobre
as
recentes
mudanças
do
governo
no
combate
ao
trabalho
escravo? Flávia
Piovesan
-
Fiquei
perplexa
e
surpresa
com
a
publicação
da
portaria.
Na
condição
de
secretária
nacional
da
Cidadania
e
sobretudo
na
condição
de
presidente
da
Conatrae
(Comissão
Nacional
para
a
Erradicação
do
Trabalho
Escravo),
queria
expressar
minha
profunda
preocupação
com
essa
portaria
porque
ela
simboliza
retrocessos
inaceitáveis
na
luta
pela
prevenção,
erradicação
e
fiscalização
do
trabalho
escravo.
Lamentavelmente,
fomos
todos
aqui
da
Conatrae
e
da
secretaria
surpreendidos. Sobre
a
minha
avaliação,
em
primeiro
lugar,
a
portaria
viola
frontalmente
a
Constituição,
viola
a
legislação
nacional,
o
artigo
149
do
Código
Penal,
e
os
tratados
de
direitos
humanos
ratificados
pelo
Brasil,
sobretudo
os
tratados
da
OIT
(Organização
Internacional
do
Trabalho).
Pela
legislação
penal
brasileira,
o
trabalho
escravo
avilta
a
dignidade
humana.
E
aí
que
é
importante
ter
inclusive
alusão
à
jornada
exaustiva
e
condições
degradantes.
São
componentes
que
a
nossa
legislação
prevê,
e
a
portaria
vai
na
contramão
e
reduz
drasticamente
o
alcance
conceitual
de
trabalho
escravo.
Ou
seja,
o
trabalho
forçado
só
vai
ser
caracterizado
se
houver
cerceamento
da
liberdade.
Não
bastando
isso,
uma
segunda
preocupação
é
esvaziar
a
autonomia
dos
auditores
fiscais,
que
têm
agora
que
atuar
acompanhado
da
polícia. BBC
Brasil
-
A
portaria
inviabiliza
o
combate
ao
trabalho
escravo? Piovesan
-
Inviabiliza.
E
até
nesse
ponto
queria
aplaudir
e
dizer
que
corroboro
a
manifestação
do
secretário
de
Inspeção
do
Trabalho
do
ministério
(João
Paulo
Ferreira
Machado),
que
tal
como
nós
expressou
a
sua
perplexidade.
Ele
pleiteia
a
revogação
e,
ao
final,
orienta
os
auditores
o
manter
as
práticas,
afastando
a
incidência
da
portaria.
Queria
também
lembrar
que
o
Brasil
foi
condenado
(pela
Corte
Interamericana
de
Direitos
Humanos)
no
caso
da
fazenda
Brasil
Verde.
Foi
o
primeiro
caso
em
que
houve
condenação
por
afronta
ao
direito
de
não
ser
submetido
à
escravidão.
E,
na
decisão,
a
corte
expressa
a
proibição
absoluta
e
universal
da
escravidão.
Se
há
direitos
humanos
relativos,
há
dois
que
não
são:
o
direito
a
não
ser
submetido
à
escravidão
e
à
tortura.
Nada
pode
flexibilizar.
É
absoluto,
é
irrevogável. E
outro
problema
é
que
a
nova
portaria
também
coloca
em
risco
a
lista
suja
do
trabalho
escravo
que
é
um
instituto
aplaudido
reiteradamente
pela
comunidade
internacional
na
sua
efetividade
no
combate
ao
trabalho
escravo
contemporâneo,
porque
(a
portaria)
determina
que
o
nome
do
empregador
só
vai
para
o
cadastro
dos
empregadores
do
trabalho
escravo
se
tiver
determinação
expressa
do
ministro
do
Trabalho.
O
que
é
extremamente
grave,
inaceitável.
Ou
seja,
por
esses
argumentos
todos,
que
rogo,
faço
apelo
para
a
revogação
dessa
portaria,
por
todos
esses
impactos
danosos,
lesivos
ao
direito
à
não
submissão
ao
trabalho
escravo,
que
é
um
direito
absoluto,
universal. BBC
Brasil
-
Essa
portaria
denota
uma
tolerância
do
atual
governo
com
a
escravidão? Piovesan
-
Eu
teria
cautela
porque
já
tive
um
debate
de
duas
horas
com
o
ministro
do
Trabalho,
justamente
porque
eu
defendi
a
publicação
da
lista
suja,
que
no
final
foi
judicializada.
Então,
o
que
eu
digo
é
que
é
inaceitável
e
que
nós
temos
que
lutar
pela
revogação
dessa
portaria
em
caráter
de
urgência,
porque
realmente
os
danos
são
acentuados,
as
violações
de
direitos
são
gravíssimas.
Seguramente
o
Ministério
Público
do
Trabalho
vai
entrar
na
Justiça.
Mas
seria
bem
melhor
que
houvesse
essa
revogação. BBC
Brasil
-
A
que
a
senhora
atribuiria
a
publicação
dessa
portaria? Piovesan
-
É
claro
que
numa
democracia
a
gente
respeita
o
outro,
e
é
fundamental
isso,
mas
a
nossa
secretaria
sempre
tensionou
com
a
posição
sobretudo
adotada
pelo
Ministério
do
Trabalho.
As
nossas
divergências
são
expressas.
E
alcançaram
um
grau
elevado
na
(interrupção
da)
publicação
da
lista
suja.
Nós
tivemos
uma
audiência
de
duas
horas
com
o
ministro.
Então,
não
saberia
dizer.
Acho
que
sempre
há
também
um
lobby
forte
daqueles
que
não
querem
ser
responsabilizados
pela
escravidão
contemporânea,
mas
isso
é
incompatível
com
o
Estado
Democrático
de
Direito.
Nós
não
podemos
acolher
esse
retrocesso. BBC
Brasil
-
Mas
por
que
o
governo
cede
a
esses
lobbies?
É
porque
ele
está
alinhado
com
essas
bancadas
no
Congresso?
Ou
por
que
o
presidente
enfrenta
uma
denúncia
por
formação
de
quadrilha? Piovesan
-
A
minha
sugestão
será
solicitar
uma
audiência
com
o
Ministério
do
Trabalho
com
uma
força
tarefa
integrada
pela
OIT,
pelo
Ministério
Público
do
Trabalho.
Veja
que
há
dissidência
dentro
da
casa.
Como
eu
mencionei,
o
secretário
de
inspeção
do
trabalho
elaborou
essa
manifestação,
a
qual
eu
corroboro.
Antes
de
responder
essa
pergunta,
eu
teria
que
ouvi-lo
(o
ministro
do
Trabalho).
Fico
devendo
essa. BBC
Brasil
-
A
senhora
mencionou
que
não
foi
ouvida,
assim
como
órgãos
do
governo
que
estão
diretamente
ligados
a
essa
questão.
De
certa
forma,
não
fica
a
impressão
de
que
esses
órgãos
do
governo
estão
fazendo
papel
figurativo? Piovesan
-
Eu
acho
que
não.
Tenho
muito
respeito
pelo
Conatrae
e
acho
que
tem
exercido
papel
fundamental.
Nós
buscamos,
do
outro
lado,
intensificar
e
articular
políticas
de
combate
ao
trabalho
escravo.
Com
a
ministra
Cármen
Lúcia
(presidente
do
STF),
no
Conselho
Nacional
de
Justiça,
em
dezembro
passado,
nós
lançamos
um
pacto
federativo
de
prevenção
e
erradicação
do
trabalho
escravo.
Foi
assinado
por
mais
de
21
gestores
(estaduais)
que
estão
criando,
em
cada
Estado,
sua
própria
Conatrae.
Então,
nosso
compromisso
é
absoluto
e
vamos
lutar
até
o
fim.
Essa
luta
começou
ontem,
quer
dizer
já
houve
vários
embates,
mas
creio
que
ontem
abriu-se
um
novo
capítulo. BBC
Brasil
-
Como
avalia
o
trabalho
do
André
Roston,
que
acaba
de
ser
afastado
do
cargo
de
coordenador
nacional
de
fiscalização
para
erradicação
do
trabalho
escravo? Piovesan
-
Eu
presto
meu
testemunho
público:
é
um
profissional
extremamente
qualificado,
com
compromisso
firme
com
a
erradicação
do
trabalho
escravo.
Quando
soube,
liguei
imediatamente
para
ele
e
abri
as
portas
dessa
secretaria
para
ele
inclusive. BBC
Brasil
-
O
presidente
acaba
de
sancionar
lei
que
transfere
da
Justiça
comum
para
a
militar
o
julgamento
de
homicídios
cometidos
por
militares
durante
operações
especiais
de
segurança
pública
em
território
nacional,
medida
à
qual
a
senhora
também
se
opunha.
A
senhora,
quando
aceitou
fazer
parte
do
governo,
disse
que
tinha
o
objetivo
de
evitar
retrocessos.
Está
conseguindo? Piovesan
-
Como
eu
digo,
o
Estado
dos
direitos
humanos
é
feito
por
luzes
e
sombras.
Não
é
uma
luta
linear,
é
complexa,
difícil,
e
(está
sendo
feita)
numa
das
conjunturas
mais
desafiadoras,
que
é
essa
(atual).
A
única
coisa
que
posso
dizer,
nesse
ritual
de
saída
de
governo,
é
que
eu
fiz
o
meu
melhor.
Realmente,
eu
não
contive
energia.
Da
minha
parte,
me
posicionei
com
integridade.
Fiz
o
meu
melhor,
quase
um
ato
de
civismo.
Como
você
sabe,
eu
não
tenho
vínculo
com
qualquer
partido
político
que
não
com
a
causa
de
direitos
humanos,
e
entendo
que
direitos
humanos
é
uma
política
de
Estado.
É
por
isso
que
estou
aqui
até
hoje.
Sem
direitos
humanos,
não
há
democracia
nem
Estado
de
Direito,
e
a
gente
tem
que
lutar
para
evitar
recuos
e
retrocessos.
Eu
estou
na
luta.
Acho
que
nosso
movimento
ganhou
algumas
batalhas
importantes,
perdemos
outras,
mas
os
resultados
são
sempre
provisórios.
Sou
uma
pessoa
esperançosa.
Quem
está
nessa
luta
tem
sobretudo
esperança. BBC
Brasil
-
Qual
sua
avaliação
sobre
o
grau
de
retrocessos
desse
governo:
nenhum,
pouco
ou
muito? Piovesan
-
Acho
difícil
usar
(essas
classificações)
porque
a
conjuntura
é
muito
complexa,
temos
o
Congresso
com
a
composição
mais
conservadora
que
já
houve,
e
como
acadêmica
sou
muito
cuidadosa
também
com
tipologias.
Mas
o
que
deixo
é
meu
testemunho
de
que
tentei
lutar
até
o
final:
forças
não
me
faltaram
e
desafios
não
faltaram
também
até
o
final. BBC
Brasil
-
A
senhora
falou
que
ganhou
algumas
lutas.
Quais? Piovesan
-
Acho
que
nós
avançamos
em
alguns
tópicos.
Lançamos
um
pacto
federativo
de
prevenção
e
combate
à
tortura,
os
Estados
estão
sendo
fomentados
a
criar
mecanismos
e
comitês
de
combate
à
tortura.
Estamos
finalizando
o
pacto
federativo
de
combate
à
violência
LGBTfóbica.
Lançamos
o
pacto
universitário
pela
promoção
de
direitos
humanos
e
hoje
têm
mais
de
300
universidades.
A
Capes
(Coordenação
de
Aperfeiçoamento
de
Pessoal
de
Nível
Superior)
lançou
um
edital
de
pesquisa
de
R$
1
milhão
para
fomentar
pesquisa
nessa
área.
Fizemos
campanhas
pela
diversidade
sexual.
Estamos
lançando
agora
uma
publicação
importante
sobre
trabalho
escravo,
falando
do
impacto
dessa
sentença
(da
Corte
Interamericana
de
Direitos
Humanos)
que
condenou
o
Brasil,
pois
eu
sempre
vejo
condenações
internacionais
como
um
convite
construtivo
para
que
o
Brasil
aprenda
e
possa
avançar.
Então,
da
nossa
parte,
do
nosso
modo,
tentamos,
num
período
tão
complexo,
dar
uma
contribuição. Fonte:
Portal
BBC
Brasil,
de
17/10/2017 |
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