Congresso Nacional paralisado __________________________________________________
Em Brasília, crise política
trava tudo
A crise política
decorrente das denúncias de corrupção travou o andamento de tudo no
Congresso Nacional, inclusive de várias matérias de interesse dos
procuradores.
Intimação pessoal
– O projeto de lei, já
aprovado pelo Senado, que institui a exigência de intimação pessoal
dos procuradores dos Estados nos processos judiciais está, há meses,
em condições de ir a voto no plenário da Câmara dos Deputados.
Contudo, ainda não entrou na pauta de votação. O deputado Roberto
Magalhães, que tem grande trânsito naquela Casa e vem apoiando de
longa data as causas dos advogados públicos, comprometeu-se a
articular a inclusão do tema na pauta para votação – se
possível, ainda antes do recesso de julho. Mas não será fácil isso
ocorrer, pois a pauta está trancada por várias MPs e, ademais, há
uma longa fila de projetos de lei para irem a voto antes.
Prazos da Fazenda –
A Câmara dos Deputados aprovou há alguns meses projeto de lei de
autoria do deputado federal Roberto Batochio (PDT/SP), ex-presidente
da OAB, que visa a alterar o artigo 188 do CPC para extingüir os
prazos processuais diferenciados da Fazenda Pública. Na ocasião,
apesar de articular em sentido contrário, a ANAPE e as
diversas outras associações nacionais de advogados públicos não
conseguiram impedir sua aprovação, pois o governo federal e os
líderes das bancadas partidárias na Câmara dos Deputados entraram
em acordo para aprová-lo.
Indo o projeto ao
Senado, conseguiu-se que fosse indicado como seu relator naquela Casa
o senador Paulo Octávio, do Distrito Federal, que, em diversas
ocasiões anteriores, posicionou-se favoravelmente à nossa carreira.
O senador chegou a emitir parecer contrário àquela alteração no
artigo 188 do CPC. Contudo, passou recentemente a ocupar cargo na Mesa
do Senado – foi eleito vice-presidente – regimentalmente, não
poderia continuar em relatorias.
Passou-se então, a
articular para que o senador Geraldo Mesquita (ex-PSB/AC), oriundo da
advocacia pública, fosse indicado como novo relator da matéria. Mas
esse senador rompeu com o PSB e integrou-se em maio ao movimento
liderado pela senadora Heloísa Helena (AL) pela criação de uma nova
agremiação, o Partido Socialismo e Liberdade – PSOL. Como o PSOL
é composto basicamente por dissidentes do PT desiludidos com o
governo Lula, passamos a avaliar que o senador Geraldo Mesquita
certamente enfrentaria muitas resistências do mesmo PT para obter a
relatoria de nosso interesse.
Por isso, em 31 de
maio, em reunião do Conselho Deliberativo da ANAPE, decidiu-se
que nossa meta doravante será tentar com que o novo relator seja o
deputado Jefferson Peres (PDT/AM), que também mantém uma excelente
relação com as causas da advocacia pública e desfruta de grande
respeitabilidade em quase todas as bancadas. Mas não há ainda
qualquer previsão para esse projeto ir a voto no plenário da
Câmara.
Reforma da
Previdência – O relator da
PEC "paralela" da reforma da Previdência, senador Roberto
Tourinho, adiantou que, já nestes próximos dias, apresentará seu
relatório – e que será no sentido de retomar o acordo feito entre
todos os partidos no ano passado. Ou seja: negando o ingresso de
fiscais, delegados de polícia e "advogados" no subteto
remuneratório da Magistratura. Continuariam nesse subteto apenas o
Ministério Público, Procuradores dos Estados e Defensores Públicos.
Teto da Magistratura
– Concluíram-se as
audiências públicas programas pelas comissões da Câmara. Os
projetos de lei para elevação do teto remuneratório da Magistratura
e do MP retomaram sua tramitação regimental "normal", ou
seja, lenta. Segue havendo muita resistência para aprová-los,
principalmente (mas não só) nas bancadas do PT e PSDB. As demais
bancadas continuam divididas nesse assunto. Pelo andar
"normal" da carruagem, o tema só irá a voto no segundo
semestre, lá por setembro ou outubro, embora não se descartem
surpresas.
Autonomia das PGEs
– Será instalada na
Câmara, também nestes próximos dias, uma comissão especial
"de mérito", provavelmente presidida pelo deputado federal
José Eduardo Martins Cardozo (PT/SP), que é procurador do município
de São Paulo, para tratar dos diversos projetos que dizem respeito à
regulamentação da reforma do Judiciário. Será nossa oportunidade
de reiniciarmos a luta pela conquista da autonomia das PGEs.
ADINs da ANAPE –
As associações de âmbito nacional, que já possuíam legitimidade
ativa reconhecida pelo STF, obtiveram em maio uma grande vitória no
plenário do Supremo Tribunal Federal: a Suprema Corte, ao julgar no
final de maio a ADIN 3273, decidiu que as entidades legitimadas para
ajuizar ADIN podem propô-la sobre qualquer tema, independentemente de
pertinência temática. Isto facilitará a atuação da ANAPE
contra leis estaduais que, mesmo que só prejudiquem indiretamente
nossa carreira, sejam danosas aos cofres públicos ou à moralidade
administrativa.
Com isso, nossa
entidade representativa nacional se fortalece, pois a ANAPE
poderá utilizar esse instrumento na defesa das instituições – e
os governantes saberão que passou a existir uma nova forma de
controle de seus atos.
Crise paralisante –
Mas a crise gerada pelas novas denúncias de corrupção travou tudo
na Câmara e no Senado, tornando, por ora, impossível prever-se
prazos para a votação de qualquer dessas matérias.
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