18 Mai 16 |
‘Debate do aborto deve dar voz às mulheres’
A
professora
de
Direito
Constitucional
e
Direitos
Humanos
da
PUC-SP
Flávia
Piovesan
aceitou
ontem
convite
do
presidente
em
exercício
Michel
Temer,
seu
orientador
no
mestrado,
para
assumir
a
Secretaria
Nacional
de
Direitos
Humanos.
Na
nova
função,
defenderá
o
respeito
ao
Estado
laico
e
a
inclusão
das
mulheres
no
debate
sobre
o
aborto
–
ao
Estado,
o
ministro
da
Saúde,
Ricardo
Barros,
afirmou
ser
preciso
ouvir
as
igrejas.
Flávia
vai
responder
ao
ministro
da
Justiça,
Alexandre
de
Moraes,
a
quem
se
refere
como
“defensor
da
ordem
constitucional”.
A
professora
disse
ter
“profunda
admiração”
por
Dilma,
mas
contesta
a
tese
de
que
a
petista
foi
alvo
de
“golpe”. A
sra.
disse
que
vai
entrar
no
governo
para
tentar
evitar
retrocessos
nos
direitos
humanos.
Onde
estão
esses
retrocessos? Um
dos
fatores
preocupantes
é
o
que
(o
sociólogo
alemão)
Junger
Habermas
chama
de
pós-secularismo.
É
a
articulação
cada
vez
maior
de
grupos
religiosos
no
Legislativo,
o
que
se
torna
obstáculo
para
temáticas
afetas
aos
direitos
humanos
no
campo
da
sexualidade
e
da
reprodução.
Uma
das
lutas
importantes
se
atém
à
laicidade
estatal,
liberdade
religiosa
de
ter
qualquer
religião
ou
de
não
ter
qualquer
religião
ou
de
mudar
de
religião,
e
que
haja
os
dogmas
do
sagrado
separados
do
público
e
secular.
O
Estado
não
pode
discriminar
religiões
nem
pode
se
misturar
com
elas.
Qual
é
o
desafio?
É
pautar
o
Estado
pluralista. No
Judiciário
a
pauta
dos
direitos
humanos
avançou,
mas
no
Legislativo
há
propostas
de
retrocesso.
No
Executivo,
houve
inércia.
Como
a
sra.
vai
atuar
para
mudar
o
quadro
no
Executivo? Houve
essa
excessiva
provocação
do
Judiciário
em
razão
do
silêncio
do
Legislativo
diante
de
pautas
travadas
por
grupos
religiosos.
No
Executivo,
o
que
me
parece
fundamental
é
identificar
as
prioridades:
o
tema
da
violência
contra
a
mulher,
do
combate
à
homofobia,
intolerância,
desigualdades,
racismo.
É
pautar
as
grandes
questões,
o
tema
das
cotas:
sou
árdua
defensora
das
cotas
e
as
defendi
no
Supremo. O
ministro
da
Educação,
Mendonça
Filho,
é
do
DEM,
partido
que
se
declarou
contra
as
cotas.
Como
vai
ser
sua
interlocução
com
este
ministério? A
minha
interlocução
é
tentar,
a
partir
dos
direitos
humanos,
lembrar
que
o
Supremo
Tribunal
Federal,
por
unanimidade,
entendeu
constitucional
as
cotas
e
o
quanto
elas
impactam
no
sentido
positivo
no
campo
da
promoção
da
igualdade
e
no
combate
à
discriminação. O
ministro
da
Saúde,
Ricardo
Barros,
disse
querer
incluir
as
religiões
no
debate
sobre
aborto. Eu
acho
que
tem
de
incluir
as
mulheres
na
discussão
do
aborto,
tem
de
dar
voz
às
mulheres
na
discussão
do
aborto.
Aí,
nós
vamos
agregando. Mas
qual
é
o
papel
das
igrejas
nesse
contexto? No
Estado
democrático
todos
têm
direito
a
voz.
Neste
tema,
em
especial,
há
de
ser
ter
uma
escuta
ativa
da
voz
das
mulheres. A
sra.
vai
ser
esta
voz? Eu
vou
tentar.
Fui
criticada
por
muitos
e
parabenizada
por
outros,
mas
estou
com
a
consciência
tranquila,
como
uma
pessoa
que
acompanhou
o
nascimento
e
crescimento
desta
secretaria
desde
1995.
Agora
é
a
hora
de
eu
dar
a
minha
contribuição.
Vivemos
um
momento
muito
duro
de
ódio
no
campo
da
política,
de
falta
de
pluralismo.
Eu
respeito
muitíssimo
esse
desagrado,
este
desconforto,
mas
espero
que
respeitem
minha
posição. Como
é
sua
relação
com
o
ministro
Alexandre
de
Moraes? Tenho
muito
respeito
por
Alexandre
de
Moraes,
fomos
professores
juntos
em
1994.
Nossa
conversa
foi
franca
e
transparente.
Ele
já
sabe
de
antemão,
porque
minhas
posições
são
públicas. Ele
pode
ser
considerado
um
defensor
dos
direitos
humanos? Olha,
eu
creio
que
já
é
um
grande
passo
ser
defensor
da
ordem
constitucional.
A
defesa
que
faço
dos
direitos
humanos
é
também
a
defesa
da
ordem
constitucional.
Então,
neste
ponto
podemos
aí
ao
menos
nos
recorrer
aos
mesmos
argumentos. Para
finalizar,
há
críticas
ao
novo
governo.
Ele
é
legítimo? Tenho
profunda
admiração
pela
presidente
Dilma
Rousseff,
mas
não
entendo
que
houve
golpe.
Há
toda
uma
previsão
para
o
crime
de
responsabilidade
na
Constituição.
O
julgamento
é
feito
pelo
Senado,
uma
Casa
política.
O
papel
do
Supremo
é
vigiar
a
lisura
do
procedimento,
tanto
que,
seja
qual
for
a
solução
dada
pelo
Senado,
não
cabe
ao
STF
absolver
ou
condenar.
Portanto,
não
houve
o
chamado
golpe. Fonte: Estado de S. Paulo, de 18/5/2016
Professora
da
PUC
aceita
convite
de
Temer
para
Direitos
Humanos A
procuradora
e
professora
Flavia
Piovesan
aceitou
o
convite
de
Michel
Temer
e
assumirá
a
Secretaria
de
Direitos
Humanos
do
Ministério
da
Justiça. "Eu
me
sinto
no
dever
de
contribuir
para
o
fortalecimento
da
causa
e
para
evitar
recuos
e
retrocessos
num
momento
tão
delicado
da
história
do
país",
afirma
ela,
que
dá
aula
de
direito
constitucional
e
direitos
humanos
na
PUC
de
São
Paulo. Piovesan
foi
assistente
de
Temer
na
pós-graduação
da
faculdade
e
é
amiga
da
família
dele. O
convite
foi
feito
por
uma
das
filhas
do
presidente
interino. Alunos
dela
na
PUC
divulgaram
cartas
pedindo
que
a
professora
recusasse
o
convite
por
considerarem
o
governo
"golpista".
Ela
diz
que
respeita
"muito
os
alunos",
mas
que
tem
um
"vínculo
histórico
com
a
causa"
e
por
isso
decidiu
aceitar. "Eu
pessoalmente
tenho
profunda
admiração
pela
presidente
Dilma
Rousseff,
mas,
como
professora
de
direito
constitucional,
digo
que
o
impeachment
não
é
um
golpe.
Tem
enquadramento
constitucional
em
relação
ao
crime
de
responsabilidade,
que
é
de
natureza
política,
cabendo
ao
Supremo
Tribunal
Federal
o
exame
da
lisura
do
procedimento.
A
corte
não
absolve
nem
condena
justamente
porque
o
julgamento
é
de
natureza
política." Ela
afirma
que
não
tem
vinculação
partidária
e
que
"o
meu
vínculo
é
com
a
causa.
O
que
eu
puder
fazer
para
não
permitir
retrocessos
eu
farei.
Eu
testemunhei
passo
a
passo
a
questão
da
institucionalização
dos
direitos
humanos
no
país,
desde
a
criação
da
secretaria,
no
governo
de
Fernando
Henrique
Cardoso,
atá
agora". Piovesan
cita
ocupantes
do
cargo
nos
governos
de
FHC,
Lula
e
Dilma
e
diz
que
é
amiga
e
admiradora
de
todos. Fonte: Folha OnLine, de 17/5/2016
Dornelles
propõe
carência
de
1
ano
em
dívida
de
estados
com
a
União Carência
de
12
meses
dos
juros
que
são
cobrados
na
dívida
dos
estados
com
a
União.
Esta
é
a
proposta
do
governador
em
exercício
do
Rio
de
Janeiro,
Francisco
Dornelles,
para
tentar
solucionar
a
crise
financeira
que
assola
estados
brasileiros.
Antes,
a
proposta
era
para
carência
de
dois
ou
três
anos.
Segundo
Dornelles,
a
moratória
da
dívida
"aliviaria"
as
contas
do
RJ
em
R$
10
bilhões
por
ano. "Não
tem
outro
jeito.
Os
estados
estão,
hoje,
impedidos
de
fazer
qualquer
investimento,
seja
na
área
social,
na
área
de
segurança,
na
educação,
na
saúde.
Estamos
arrecadando
para
pagar
juros",
afirmou
Dornelles,
durante
sua
participação
no
Fórum
Nacional,
no
BNDES,
ao
lado
de
outros
seis
governadores,
sobe
o
tema
"Superando
o
drama
brasileiro". Junto
com
Dornelles
(PP)
estavam
os
governadores
de
Minas
Gerais,
Fernando
Pimentel
(PT),
do
Rio
Grande
do
Sul,
Ivo
Sartori
(PMDB),
de
Alagoas,
Renan
Calheiros
Filho
(PMDB),
de
Santa
Catarina,
Raimundo
Colombo
(PSD),
e
o
secretário
da
Fazenda
de
São
Paulo,
Renato
Villela. Dornelles
chamou
de
"exorbitantes"
os
juros
da
União
e
caracterizou
como
"agiotagem"
a
cobrança
como
é
feita
hoje.
O
governador
se
diz
otimista
quanto
à
possibilidade
de
a
dívida
ser
renegociada,
mas
não
comentou
riscos
para
as
contas
estaduais
caso
a
proposta
seja
rejeitada
pelo
Executivo
Federal.
"A
União
deve
dar
12
meses
de
carência
e,
durante
esse
período,
renegociar
as
dívidas
dos
estados",
defendeu
Dornelles.
Sem
essa
renegociação,
segundo
os
governadores,
alguns
estados
podem
entrar
em
colapso
entre
2016
e
2017.
“Se
nada
for
feito
há
um
risco
iminente
de
colapso
dos
serviços
públicos”,
alertou
o
governador
catarinense,
Raimundo
Colombo.
Para
Renan
Filho,
de
Alagoas,
"a
União
precisa
de
um
plano
de
renegociação
fiscal
urgente”. A
proposta
anterior
em
discussão
entre
parte
dos
governadores
era
de
uma
moratória
do
serviço
da
dívida
de
dois
ou
três
anos.
No
entanto,
diante
das
dificuldades
fiscais
e
econômicas
do
governo
federal,
que
vai
anunciar
nos
próximos
dias
uma
nova
projeção
de
déficit
para
esse
ano,
superior
a
estimativa
atual
de
R$
96
bilhões,
houve
uma
flexibilização.
“Algo
precisa
ser
feito
porque
os
estados
estão
à
beira
do
caos
e
se
não
houver
renegociação
o
colapso
é
emergente”,
disse
Pimentel,
de
Minas
Gerais. Proposta
a
Temer De
acordo
com
o
governador
em
exercício,
os
representares
dos
estados
devem
levar
a
questão
ao
presidente
em
exercício,
Michel
Temer,
ao
ministro
da
Fazenda,
Henrique
Meirelles,
e
manter
aberto
um
diálogo.
Para
Dornelles,
sem
o
período
de
carência,
os
estados
não
conseguirão
negociar
a
dívida.
"O
governo
federal
teve
um
déficit,
no
ano
passado,
de
R$
600
bilhões.
Um
déficit
nominal.
R$
100
bilhões
foi
déficit
primário
e
R$
500
bilhões
foi
de
juros.
Quer
dizer,
o
que
está
dentro
da
dívida
do
governo
federal
é
decorrente
da
taxa
de
juros
que
ele
mesmo
colocou",
disse.
Com
o
alívio
de
R$
10
bilhões
nas
contas
públicas
do
estado,
Dornelles
especula
ser
possível
investir
em
saúde,
segurança,
educação
e
outros
setores. Fonte: Portal G1, de 17/5/2016
Não
é
possível
fracionar
honorários
em
ação
coletiva
para
advogado
escapar
de
precatório A
2ª
turma
do
STF
concluiu
nesta
terça-feira,
17,
pela
impossibilidade
do
advogado
fracionar
os
honorários
advocatícios
de
sucumbência
devidos
pela
Fazenda
Pública,
em
tantas
execuções
autônomas
quantos
forem
os
credores
litisconsortes
ativos
facultativos
da
ação
coletiva,
para
frustrar
o
regime
de
precatórios. O
julgamento
foi
finalizado
com
o
voto-vista
do
ministro
Teori
Zavascki.
Teori
acompanhou
a
relatora,
que
elencou
jurisprudência
da
Corte
para
votar
pela
impossibilidade
do
fracionamento. O
ministro
destacou
que,
se
há
condenação
de
verba
honorária,
ela
é
global.
“Os
honorários
de
sucumbência,
na
forma
em
que
fixados
pelo
título
executivo
judicial,
configuram
único
crédito,
calculado
sobre
o
valor
global
da
condenação.
O
fato
do
valor
da
condenação
abranger
realidade
de
diversos
créditos
não
tem
condão
de
transformar
a
verba
honorária
em
múltiplo
crédito.” Teori
também
lembrou
que
os
honorários
advocatícios
gozam
de
autonomia
em
relação
ao
crédito
principal
e
com
ele
não
se
confunde. A
decisão
do
colegiado
foi
unânime,
seguindo
a
relatora. Fonte: Migalhas, de 17/5/2016
STF
suspende
reajuste
a
servidores
afastados
do
cargo
de
defensor
em
MG Por
enxergar
desrespeito
a
precedente
do
Supremo
Tribunal
Federal,
a
ministra
Cármen
Lúcia
concedeu
liminar
na
Reclamação
23.597,
ajuizada
pelo
Ministério
Público
contra
decisões
do
Tribunal
de
Justiça
de
Minas
Gerais
que
asseguraram
a
servidores
afastados
do
cargo
de
defensor
público
(por
não
terem
prestado
concurso
específico
para
o
cargo)
a
continuidade
do
pagamento
da
remuneração
nos
mesmos
termos
devidos
aos
defensores
regularmente
investidos
na
função,
inclusive
os
reajustes. Em
análise
preliminar
do
caso,
a
relatora
entendeu
que
os
atos
do
tribunal
mineiro
desrespeitaram
a
decisão
do
STF
na
Ação
Direta
de
Inconstitucionalidade
3.819,
na
qual
se
determinou
o
afastamento
dos
servidores
estaduais
que
desempenhavam
funções
de
defensor
público
estadual
e
recebiam
indevidamente
remuneração
específica
desse
cargo
sem
o
prévio
e
imprescindível
concurso
público. “Manter
a
remuneração
desses
servidores,
como
se
ainda
ocupassem
e
desempenhassem
as
funções
inerentes
ao
cargo
de
defensor
público,
esvazia
a
decisão
paradigma
proferida
pelo
Supremo
Tribunal
Federal”,
apontou.
A
ministra
destacou
que
o
princípio
constitucional
da
irredutibilidade
de
remuneração
e
proventos
veda
a
diminuição
do
percebido
legalmente
pelo
servidor,
mas,
no
caso,
o
reajuste
decorreu
de
ato
praticado
em
descompasso
com
o
sistema
constitucional
vigente,
pois
os
servidores
alcançados
pela
decisão
da
ADI
3.819
exerciam
atribuições
do
cargo
de
defensor
público
estadual
sem
terem
sido
aprovados
em
concurso
público. “Não
se
afigura
possível
a
invocação
daquele
princípio
constitucional
para
assegurar
a
continuidade
do
pagamento
de
parcela
remuneratória
cuja
origem
ilegal
foi
assentada
por
este
Supremo
Tribunal”,
frisou
a
relatora,
citando
como
precedente
o
julgamento
na
corte
do
Recurso
Extraordinário
609.381.
Dessa
forma,
as
decisões
do
TJ-MG
foram
suspensas. Cargo
adequado Em
2007,
o
STF
julgou
procedente
a
ADI
3.819
e
declarou
inconstitucionais
dispositivos
da
Lei
Complementar
65/2003,
da
Lei
15.788/2005
e
da
Lei
15.961/2005,
todas
de
Minas
Gerais.
A
corte
modulou
os
efeitos
da
decisão
e
manteve,
por
até
seis
meses,
contados
da
data
do
julgamento,
126
defensores
públicos
mineiros
que
exerciam
a
função
sem
terem
sido
aprovados
em
concurso
específico
para
o
cargo
e
determinou
que,
durante
esse
período,
o
governo
mineiro
deveria
prover
legalmente
os
cargos. O
governo
de
Minas
Gerais
exonerou
os
servidores,
que
foram
reposicionados
no
quadro
administrativo
da
Defensoria
Pública
estadual
em
cargo
correlato
ao
antes
ocupado
com
padrão
remuneratório
readequado,
impedindo-se
a
redução
salarial
mediante
o
pagamento
de
vantagem
individual. Ao
analisar
mandado
de
segurança
impetrado
pelos
servidores,
o
Órgão
Especial
do
TJ-MG
assegurou
a
eles
“a
irredutibilidade
de
remuneração
e
proventos
em
sua
forma
estrita,
como
vantagem
pessoal
e,
portanto,
possível
de
reajuste”.
Posteriormente,
decisão
de
desembargador
do
tribunal
estadual
determinou
a
atualização
da
vantagem
pessoal
dos
servidores,
segundo
a
Lei
estadual
18.801/2010,
que
concedeu
reajuste
aos
subsídios
dos
defensores
públicos
mineiros.
Com
informações
da
Assessoria
de
Imprensa
do
STF.
Fonte: Conjur, de 17/5/2016
O
presidente
e
as
mulheres O
Brasil
mal
se
recupera
do
trauma
do
afastamento
de
sua
primeira
presidente
mulher
e
já
mergulha
em
nova
perplexidade:
o
governo
federal
interino
decidiu
excluir
as
mulheres
da
chefia
dos
ministérios. Por
um
momento,
pareceu
que
estávamos
retrocedendo
ao
começo
do
século
passado,
quando
a
população
feminina
do
país
não
tinha
qualquer
autonomia,
não
podia
votar,
não
era
ouvida
nem
considerada. Tirar
as
mulheres
de
cena
foi
um
choque,
pois
ficou
claro
que
não
houve
reconhecimento
do
importante
e
fundamental
papel
feminino
nas
ruas,
nos
protestos,
nas
marchas,
nas
reivindicações,
na
formação
de
quadros
e
na
condução
do
movimento
político
que
culminou
na
admissibilidade
do
processo
de
impeachment. Se
Michel
Temer
hoje
é
presidente
interino
da
República,
deve
isso
à
população
organizada
que
clamou
por
uma
reforma
governamental
direcionada
a
dar
maior
segurança
e
lisura
administrativa
ao
país.
E
mais
da
metade
dessa
mesma
população
é
de
mulheres,
ou
seja,
é
composta
da
atuante
parcela
de
cidadãs
que
seu
governo,
agora,
parece
ignorar. Não
cabe
alegar
que
os
partidos
não
indicam
mulheres.
As
siglas
fazem
sugestões,
mas
quem
aprova
ou
não
os
nomes
é
o
presidente.
De
toda
forma,
há
algo
de
muito
errado
com
os
partidos
que
não
conseguem
indicar
uma
única
mulher
para
ser
ministra.
Precisam
enxergar
o
mundo
como
ele
é
hoje.
Não
estamos
mais
no
século
19.
As
mulheres
não
são
subalternas
e
nem
todas
querem
ser
do
lar. A
era
do
preconceito
no
Brasil
acabou
em
1988,
com
a
Constituição
cidadã
de
Ulysses
Guimarães.
Nossos
políticos,
muitos
deles
advogados
constitucionalistas,
não
podem
ter
se
esquecido,
repentinamente,
do
mandamento
fundamental
constante
da
Carta
Magna
que
estabelece
plena
igualdade
entre
homens
e
mulheres
em
nosso
país. Um
governo,
qualquer
que
seja
ele,
não
deve
mais
se
arriscar
a
provocar
insatisfação
cidadã.
O
desprezo
pelas
mulheres
não
se
justifica
nem
se
sustenta.
É
claro
que
a
situação
melhorou
com
a
indicação
de
Maria
Silvia
Bastos
Marques
para
a
presidência
do
BNDES,
a
primeira
mulher
a
chefiar
a
instituição,
mas
ainda
é
pouco. Enganam-se
os
que
acham
que
os
políticos
derrubaram
o
governo
petista.
A
mudança
foi
exigida
nas
ruas
pelo
povo,
em
busca
de
mais
justiça,
mais
honestidade
e
competência
e
menos
corrupção. Em
pleno
regime
militar,
na
década
de
1980,
a
professora
Esther
de
Figueiredo
Ferraz
foi
nomeada
ministra
da
Educação
(1982-1985),
uma
excelente
profissional
que
muito
nos
orgulhou. Desde
então,
nunca
mais
uma
administração
federal
prescindiu
das
mulheres.
O
que
ocorre
agora
é
um
retrocesso
imenso. O
Brasil
é
campeão
mundial
de
violência
contra
a
mulher.
Ninguém
pode
ignorar
que
essa
é
uma
das
grandes
chagas
do
país,
uma
vergonha
nacional. A
violência
de
gênero
não
surge
do
nada,
ela
decorre
do
preconceito,
da
exclusão,
do
confinamento
e
do
desrespeito
à
mulher.
Nenhuma
administração
pública
deveria
agir
de
forma
a
reforçar
esse
padrão
patriarcal. Torcemos
para
que
o
atual
governo
tenha
um
bom
desempenho,
pelo
bem
do
Brasil.
Sabemos
que
Michel
Temer
é
inteligente,
preparado,
experiente,
culto
e
ponderado,
mas
afastar
as mulheres
do
poder
não
foi
uma
boa
ideia. LUIZA
NAGIB
ELUF
é
advogada
e
ex-procuradora
de
Justiça
do
Ministério
Público
de
São
Paulo.
Foi
Secretária
Nacional
dos
Direitos
da
Cidadania
do
Ministério
da
Justiça
(governo
FHC) Fonte:
Folha
de
S.
Paulo,
Tendências
e
Debates,
de
18/5/2016 |
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