Justiça
decide pela exclusão do ICMS
Josette
Goulart
A Justiça
federal paulista concedeu uma das primeiras sentenças
favoráveis ao contribuinte depois do parcial julgamento
do Supremo Tribunal Federal (STF) que exclui o ICMS da
base de cálculo da Cofins. O juiz federal substituto,
Ronaldo José da Silva, da 16ª Vara Federal Cível, em
sua sentença, disse que embora o julgamento do STF não
tenha terminado, seis dos onze ministros já votaram a
favor do contribuinte "tornando-se imperioso o
decreto da procedência" do pedido. A Fazenda
Nacional ainda tem expectativa de alterar o resultado do
julgamento.
A questão
foi ressuscitada no ano passado. Depois de 15 anos de
jurisprudência firmada no Superior Tribunal de Justiça
(STJ), o ministro Marco Aurélio de Mello resolveu levar
a questão ao Pleno do STF. Para a Fazenda, o resultado
foi surpreendente: dos sete ministros que votaram,
apenas um votou a favor da Fazenda. O julgamento foi
interrompido pelo pedido de vista do ministro Gilmar
Mendes e começou então a peregrinação da
procuradoria e do próprio Ministro da Fazenda, Guido
Mantega, aos gabinetes dos ministros. O objetivo da
empreitada é não só conseguir os votos que ainda
faltam, como tentar dissuadir aqueles que já votaram a
favor dos contribuintes.
As
empresas, assessoradas por seus advogados, não perderam
tempo em entrar na Justiça. O motivo principal é
conseguir aproveitar o maior período possível para
poder compensar os impostos pagos a maior, caso o
Supremo tome em definitivo uma decisão em favor dos
contribuintes. A advogada Valdirene Lopes Franhani, do
escritório Braga & Marafon e representante da causa
que agora teve sentença, explica que a decisão do juiz
determinou a compensação com base nos últimos cinco
anos. Valdirene comemora ainda o fato de o juiz ter
estendido a decisão ao PIS, já que a decisão do
Supremo foi relativa somente à Cofins.
O
procurador-geral adjunto da Fazenda Nacional, Fabrício
Da Soller, diz que a Fazenda ainda espera uma reversão
no resultado final do julgamento. A expectativa do
procurador é que o ministro Gilmar Mendes profira seu
voto ainda neste semestre. Da Soller diz que a Fazenda
tem recorrido de todas as liminares e também recorrerá
das sentenças que eventualmente tenham sido concedidas
em favor do contribuinte. Mas o procurador lembra que ao
chegar no Supremo Tribunal Federal, as causas ficam
suspensas aguardando um posicionamento final do Plenário.
As decisões
de primeira e segunda instâncias ainda são basicamente
liminares. No mérito, esta é uma das primeiras decisões
que se tem conhecimento. O advogado Marcelo Annunziata,
do escritório Demarest e Almeida, explica que estas
novas causas adotam a estratégia de discutir as novas
leis de PIS/Cofins. Isto porque a discussão sobre a
inclusão do ICMS já é antiga, a ponto de muitas
empresas terem resultados negativos já transitados em
julgado. A estratégia de discutir as novas leis é para
evitar que a ação perca a validade por já ter sido
julgada com base em leis mais antigas.
Uma
pesquisa feita nos balanços de 2006 das companhias
abertas mostra que pelo menos três empresas já tratam
do tema em suas demonstrações de resultados. As notas
explicativas da Cecrisa, por exemplo, informam que a
companhia reconheceu em 2006, créditos tributários
extemporâneos de PIS/Cofins, compreendendo a exclusão
do ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins, no
montante de R$ 19 milhões.
Além
disso, a São Paulo Alpargatas informa que também tem
disputa judicial referente ao tema. A Companhia Energética
do Maranhão (Cemar) informa inclusive o número do
mandado de segurança, impetrado em 2006, que exclui o
ICMS da base de cálculo da Cofins.
Fonte:
Valor Econômico, de 16/03/2007
Resolução PGE - 24, de 15/3/2007
Dispõe
sobre a constituição de Grupo de Trabalho para análise
da situação funcional dos Procuradores das Autarquias
Considerando
os requerimentos formulados pelas entidades
representativas dos Procuradores das Autarquias,
protocolados em 1º.8.2006, sob n. 21.098/2006 e em
10.8.2006, sob o n. 21.556/2006, Considerando os
requerimentos formulados pelo Procurador de Autarquia
aposentado José Ebram, protocolados em 28.4.2006 e
11.10.2006, Considerando o ofício do Senhor
Superintendente do Departamento de Estradas e Rodagem -
DER, protocolado em 26.2.2007, sob o n. 3.585/87, O
Procurador Geral do Estado de São Paulo Resolve:
Art. 1º.
Fica constituído grupo de trabalho para analisar a
situação funcional dos Procuradores das Autarquias em
relação às ações judiciais que têm por objeto o
regime retribuitório instituído pela Lei Complementar
n. 827, de 23.6.1997.
Art. 2º.
O Grupo de trabalho deverá apresentar relatório
conclusivo, no prazo de até 120 (cento e vinte) dias,
sobre a viabilidade da extensão administrativa das
decisões judiciais favoráveis aos Procuradores das
Autarquias aos demais integrantes dessa categoria.
Art. 3º.
O Grupo de trabalho será constituído pelos Drs.
Marcelo de Aquino, que o presidirá, Ary Eduardo Porto,
Eduardo José Fagundes, Flavia Cherto Carvalhaes,
Jacqueline Zabeu Pedroso, Paola de Almeida Prado, José
Roberto de Moraes, Marcos Mordini, Margarete Gonçalves
Pedroso Ribeiro, Thomaz Komatsu Vicentini e José Nuzzi
Neto, este último na qualidade de representante dos
Procuradores das Autarquias.
Art. 4º.
Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Resolução
de 15-3-2007
Repreendendo,
à vista do que consta do Processo PGE/COR nº 109/2005,
volumes I a VIII, V.E.B.B. Procuradora do Estado, com
fundamento nos artigos 251, inciso I, 252 e 253, todos
da Lei nº 10.261, de outubro de 1968, e artigo 130 da
Lei Complementar nº 478, de 18 de julho de 1986.(23)
Fonte:
D.O.E. Executivo I, de 16/03/2007, publicado em
Procuradoria Geral do Estado – Gabinete do
Procurador-Geral
Assembléia paulista elege nova Mesa Diretora
Vaz de
Lima (PSDB), Donisete Braga (PT) e Edmir Chedid (PFL)
assumem respectivamente os cargos de presidente, 1º
secretário e 2º secretário
A Assembléia
Legislativa elegeu nesta quinta-feira, 15/3, a nova Mesa
Diretora para o biênio 2007-2009. Vaz de Lima (PSDB)
foi eleito presidente do Parlamento paulista com 90
votos, Donisete Braga (PT) foi eleito com 88 votos para
a 1ª Secretaria e Edmir Chedid (PFL), com 90 votos,
para a 2º Secretaria. A eleição foi realizada após a
cerimônia de posse dos 94 deputados estaduais eleitos
para a 16ª legislatura.
Os demais
cargos serão ocupados por Waldir Agnello (PTB), 1º
vice-presidente (84 votos); Luis Carlos Gondim (PPS), 2º
vice-presidente (80 votos); Vanessa Damo (PV), 3ª
secretária (77 votos); e Maria Lúcia Prandi (PT), 4ª
secretária (77 votos).
A bancada
do PSOL, composta por Carlos Giannazi e Raul Marcelo,
registrou candidatura própria para concorrer a todos os
cargos que compõem a Mesa, obtendo apenas os dois votos
da legenda.
Serra
entrega mensagem
Os 45
novos parlamentares e os 49 reeleitos prestaram
juramento e foram empossados na presença do governador
José Serra, que participou da cerimônia e cumpriu a
determinação constitucional de entregar relatório
sobre a situação do governo. A síntese da mensagem do
governador foi lida em plenário pelo deputado Geraldo
Vinholi.
O deputado
Roque Barbiere (PSDB) enviou comunicado informando a
impossibilidade de seu comparecimento. A irmã do
parlamentar faleceu nesta quarta-feira, 14/3.
Autoridades
presentes
Também
participaram da sessão de posse Gilberto Kassab,
prefeito da cidade de São Paulo; Celso Luiz Limongi,
presidente do Tribunal de Justiça; Roque Citadini,
presidente do Tribunal de Contas do Estado; César de
Ribeiro Pinho, procurador geral do Estado; e Aloysio
Nunes Ferreira, secretário chefe da Casa Civil do
Estado de São Paulo; além de comandantes militares,
deputados federais, prefeitos, presidentes de câmaras
municipais, vereadores e outras autoridades estaduais e
municipais.
Despedida
Rodrigo
Garcia (PFL) despediu-se da presidência da Mesa com um
discurso em que afirmou ter procurado promover a
autonomia do Poder Legislativo. “São Paulo precisa de
um Parlamento do tamanho do nosso Estado”, disse (leia
matéria sobre o discurso de Garcia).
Prosseguindo
a modernização
Eleito 1º
secretário, Donisete Braga assumiu a função
agradecendo a confiança nele depositada por seus pares.
“Espero que o Parlamento continue a ter o destaque que
merece, prosseguindo seu processo de modernização,
entre outras iniciativas”, declarou.
Edmir
Chedid (PFL), escolhido para o cargo de 2º secretário,
disse: “Pretendo trabalhar no sentido de que a Assembléia
Legislativa cumpra seu papel de fiscalizar, legislar e
traduzir o que a população deseja”.
Fonte:
Alesp, de 14/03/2007
CNJ fará consultas sobre o anteprojeto de lei para
execuções fiscais
O plenário
do Conselho Nacional de Justiça decidiu ouvir tribunais
e operadores jurídicos antes de emitir nota técnica
sobre o anteprojeto de lei de execuções fiscais de
autoria do poder executivo. O anteprojeto foi
encaminhado ao CNJ pela Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional (Ministério da Fazenda) e pela Secretaria de
Reforma do Judiciário (Ministério da Justiça), no
pedido de providências 300. O Conselho resolveu
encaminhar a proposta de lei à Comissão de Estudos
Legislativos, integrada pelos conselheiros Alexandre de
Moraes e Paulo Schmidt. Ficará a cargo da Comissão
ouvir os representantes do Judiciário. O relator do
processo, conselheiro Paulo Lobo, destacou a importância
do assunto para a Justiça. "Só na comarca de
Maceió, 55% dos processos são de fazenda pública",
disse. A decisão foi tomada em sessão extraordinária
nesta quarta-feira (14/03), por maioria dos votos.
Fonte:
CNJ, de 14/03/2007
Ao usar arbitrariedade fiscal, Executivo ameaça
cidadania
por
Aristoteles Atheniense
Assim que
assumiu a Advocacia-Geral da União, José Antônio Dias
Tóffoli compareceu ao gabinete da presidente do Supremo
Tribunal Federal, ministra Ellen Grace, em companhia do
ministro Guido Mantega, transmitindo-lhe o interesse do
Executivo por dois projetos de lei que serão
encaminhados ao Congresso no começo de abril.
Ao que
consta, o presidente da República está empenhado em
promover a agilidade das cobranças dos tributos, sem
que isso ocorra por meio da via própria, que é o
Judiciário.
O
argumento trazido pelo ministro Guido Mantega é que a
União somente consegue recuperar 1% do total devido.
Assim, com a criação da Lei Geral de Transações, que
modificará a Lei de Execução Fiscal, será possível
alcançar pelo menos 5% dos débitos. A iniciativa
importará na realização de penhora sem autorização
da Justiça, à exceção dos casos de indisponibilidade
geral dos bens do devedor e bloqueio do faturamento das
empresas com dívidas em execução judicial.
Na vigência
do regime militar, foi instituída a execução
extrajudicial. Naquele processo, o devedor sofria a
constrição do Estado, sendo despojado de seus bens sem
poder recorrer ao Judiciário em defesa dos seus
direitos. Naquele regime de exceção, como ainda hoje
acontece, a Constituição prescrevia que nenhuma lesão
ao direito individual poderia escapar à apreciação da
Justiça.
Causa espécie
a justificativa oferecida pelo procurador-geral da
Fazenda Nacional de que a nova lei dará maior
facilidade ao contribuinte para suspender "processo
de cobrança na Justiça", pois este, após receber
a notificação, disporia de prazo de 90 dias para
apresentação de parcelamento do débito que lhe está
sendo exigido.
Assim, com
a criação da Câmara de Conciliação da Fazenda Pública,
a dívida que, em princípio, seria incobrável, deixará
de ser "uma bola de neve por causa de multas, juros
e encargos, o que colocou o devedor em situação de
inviabilidade".
Tudo
indica que o respeito à Constituição, a esta altura,
não passa de uma ficção e o compromisso assumido pelo
presidente da República, no ato de sua posse em defendê-la,
importou somente num compromisso transitório, que deve
ser esquecido o quanto antes.
É de se
estranhar, ainda, que o novo advogado-geral da União,
ao invés de esforçar-se no sentido de que a União não
continue a recorrer sistematicamente das decisões que
lhe são desfavoráveis, esteja mais interessado em
aumentar o caixa do Tesouro, pretextando com a dívida
ativa em curso que soma R$ 600 bilhões.
O Brasil
é tido e havido como país que tem a maior carga tributária
do mundo. O que é reconhecido, inclusive, pelos nossos
credores internacionais.
Importa
num desatino pretender impedir que o devedor fiscal não
possa defender seus direitos por meio do devido processo
legal, ficando, doravante, sujeito a um novo sistema que
traz a esdrúxula justificativa de que, com a sua
implantação, serão reduzidos, em 15 anos, 75% do número
de processos de execução tramitando na Justiça.
Quanto à
anunciada Câmara de Conciliação, que terá autonomia
para decidir sobre dívidas de até R$10 milhões, convém
ressaltar que a sua composição contará apenas com
procuradores da Fazenda, auditores da Receita Federal e
membros do Tribunal de Contas da União, sendo de se
estranhar que dela não participem os contribuintes e a
classe dos advogados.
Conforme
advertiu Gandhi, "uma civilização é julgada pelo
tratamento que dispensa às minorias".
Se o
Executivo pretende adotar métodos arbitrários, visando
maior arrecadação, através do direito da força que
exercia no Congresso, e não da força do direito que
promana da Constituição, a cidadania enfrentará sério
risco.
É sinal
de que a minoria de que falava Gandhi e o próprio povo
não têm para um governo que se dizia portador de um
projeto social, importância alguma, a não ser às vésperas
das eleições.
Aristoteles
Atheniense: é conselheiro federal da OAB.
Fonte:
Conjur, de 15/03/2007
Mediação avança e número de casos duplica
adriana
aguiar
Apesar de
ser uma técnica de solução de conflitos ainda
utilizada no Brasil, a mediação ganha cada vez mais
espaço. O número de conflitos resolvidos pela via do
acordo e com o auxílio de mediador tem crescido tanto
nos órgãos públicos vinculados a Justiça quanto nas
câmaras particulares e já começa a ser disseminada
pelo Brasil.
O número
de procedimentos feitos por mediação dobrou entre 2005
e 2006 na Câmara de Mediação da Secretaria de Justiça
do Estado de São Paulo. De 849 procedimentos de mediação
em 2005, o número passou para 1.891.
As
universidades também já estão começando a ficar
atentas à formação de advogados que saibam atuar na
negociação entre as partes solução de conflitos. Em
fevereiro quatro alunas da Faculdade de Direito da Fundação
Getúlio Vargas (FGV) ganharam o terceiro lugar na 2ª
edição da Competição sobre mediação Comercial
Internacional, promovida pela Câmara de Comércio
Internacional (ICC), em Paris.
Segundo a
diretora de Mediação do Conselho Nacional das Instituições
de Mediação e Arbitragem (Conima), Lia Justiniano,
apesar de a procura pela mediação ainda ser pequena, a
tendência é que o seu uso cresça com o tempo. “É só
uma questão de mudança de mentalidade. A população
passará a perceber que em muitos casos a solução pela
mediação pode ser muito mais simples do que entrar na
Justiça, em que a solução será lenta e demandará
mais gastos.”
A mediação
na Secretaria de Justiça de São Paulo, por exemplo, é
gratuita. Nos casos de um processo de mediação em câmaras
particulares, gastam-se cerca de R$ 150 a R$ 300 por
hora paga ao mediador, além dos técnicos
especializados, se for o caso. A taxa de utilização da
câmara normalmente tem um valor mínimo de R$ 300 a R$
500, mais um acréscimo de acordo com o valor conflito,
segundo Lia Justiniano.
Para ela,
a tendência é a mediação tornar-se mais usada que a
arbitragem. “A arbitragem tem um custo muito alto e só
pode tratar de direito patrimonial disponível. A mediação
pode ser usada para solucionar conflitos de qualquer espécie
e pode ser preventiva”, explica. Na arbitragem, o juiz
dá a decisão e as partes têm de cumpri-la. Na mediação,
o mediador só auxilia na negociação entre as partes.
Expansão
da mediação
Como prova
da expansão do uso da mediação, foi promovida uma
audiência ontem no Tribunal de Justiça do Rio Grande
do Norte para a instalação da primeira Câmara de
Mediação e Arbitragem Empresarial do Estado, que será
em Natal. Outras duas serão instaladas nos Municípios
de Caicó e Mossoró. O presidente da Associação
Comercial do Rio Grande do Norte (ACRN) e conselheiro do
Sebrae-RN, Nilson Morais, disse que a idéia é que as
duas entidades que representa trabalhem em parceria para
montar uma rede de câmaras no estado.
A procura
por um curso de capacitação de mediadores também tem
aumentado nos últimos anos. O Instituto Familiae, que
investe nisso desde 1997 e tinha cerca de 10 a 12
pessoas por turma no início, hoje conta com mais de 30
por classe. Segundo a advogada Ana Cristina de Carvalho
Magalhães, que fez o curso e participa do instituto,
hoje há cerca de 100 mediadores formados pelo órgão.
“O mais importante é que o instituto busca uma nova
forma de mediação diferente da tradicional, que seria
a mediação reflexiva transformativa. A idéia é não
só resolver o conflito mas fazer a facilitação da
comunicação das pessoas envolvidas.”
Segundo a
advogada, a técnica tradicional “funciona muito bem
quando não há continuidade da relação, mas, se o
conflito é no interior de uma família ou empresa, essa
relação vai se perpetuar e é importante que o
conflito seja bem resolvido”. Os mediadores formados
pelo instituto já atuam, entre outros locais, no Fórum
de Santana e João Mendes.
Prêmio
das brasileiras
As
estudantes de direito Fernanda Schahin, Luisa Ferreira,
Luiza Kharmandayan e Gisela Mation, ganhadoras em 3º
lugar da competição internacional que contou com 19
universidades de todo o mundo, acharam que foi uma
oportunidade para se aprofundar num tema com que nunca
tinham tido contato. Selecionadas em dezembro para
participar, passaram janeiro estudando os casos fictícios
enviados pela Câmara de Comércio Internacional. Também
trabalharam linguagem corporal, técnicas de argumentação
e uso do inglês jurídico. O treino era feito em dupla,
como ocorreu na competição: cada um fazia o papel da
parte ou do advogado. Com os dados dos casos, tinham de
pesquisar o tipo de contrato, qual o bem negociado, qual
a legislação aplicável, quais os princípios
internacionais envolvidos. Na competição, foram feitas
rodadas de simulação.
Os pontos
que mais foram levados em consideração pelos jurados,
na opinião de Luiza Kharmandayan, de 20 anos, é se
havia uma distinção clara de papéis entre cliente e
advogado. “O advogado tinha de defender os interesses
dos clientes sem ser muito combativo a ponto de
prejudicar as negociações e sem ser muito
cooperativo”, conta. As brasileiras perderam nas
semifinais para a equipe indiana, que ficou em 2º
lugar, perdendo para alunos da Universidade de
Washington.
A negociação
com os indianos chamou a atenção de Fernanda Schahin,
de 20 anos. “Estamos contaminados pelo modo de ver
ocidental; a literatura sobre mediação é basicamente
americana e, de repente, nos deparamos com outras formas
de negociar, com uma cultura diferente”, diz.
Luísa
Ferreira, de 21 anos, ficou impressionada com a preparação
dos outros times que, mais velhos, já tinham preparação
maior da faculdade sobre negociação e estudos sobre técnicas
alternativas de solução de conflitos. A solução
encontrada pelas brasileiras, considerada o diferencial
da equipe, foi o bom humor e a confiança. Para Gisela
Mation, de 19 anos, a competição foi importante para
ganhar experiência na área, ainda pouco usada no País,
mas em amplo crescimento.
Fonte:
DCI, de 16/03/2007
Efeitos da PEC dos precatórios serão desiguais
Estados e
municípios estão mais interessados na possibilidade de
pagar parte dos precatórios por leilão - o que
permitiria algum alívio nesta dívida - do que na
destinação mínima de 3% e 1,5%, respectivamente, da
despesa primária do ano anterior para o pagamento
destes títulos, conforme previsto no Projeto de Emenda
Constitucional (PEC) do senador Renan Calheiros
(PMDB-AL), que encampou o programa formulado por Nelson
Jobim, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em muitos
Estados e municípios, os pagamentos feitos atualmente já
superam os percentuais previstos no projeto. Em outros,
os governantes pagam menos e temem engessar os orçamentos
com mais uma despesa obrigatória. Hoje, eles atrasam os
pagamentos destes títulos. Em muitos governos, estão
sendo pagas despesas de 10 anos atrás. Assim, a adesão
não deve ser unânime.
O Estado
de Santa Catarina, segundo a secretaria da Fazenda, tem
hoje no Tribunal de Justiça registro de precatórios no
valor de R$ 288 milhões e outros R$ 27 milhões no
Tribunal Regional do Trabalho. Em 2006, Santa Catarina
pagou R$ 10 milhões em precatórios, volume pequeno
para o orçamento estadual de R$ 7 bilhões.
Ainda não
há um estudo de quanto a mudança na forma de pagamento
- sem necessidade de priorizar ordem cronológica em
100% dos casos, mas sim pagando primeiro os menores
valores - poderá trazer de economia para o Estado.
Hoje, estão sendo pagos os precatórios de 1999. O
total de R$ 315 milhões em precatórios representa
cerca de 3% da dívida pública total de R$ 9,8 bilhões.
Para
Augusto Hinckel, secretário de Finanças da prefeitura
de Florianópolis, a medida pode ser boa para o município.
Florianópolis tem hoje um volume de R$ 6 milhões em
precatórios, e os maiores valores são de títulos
alimentares. Não há pagamento desses títulos desde
2004. Segundo Hinckel, chegou a ser estudada uma outra
alternativa como usar parte dos recursos de depósitos
em juízo, feitos por empresas que contestam tributos
municipais, de forma a honrar os precatórios.
Hinckel
explica que haveria cerca de R$ 27 milhões em depósitos
que em parte poderiam ser usados pelo município, mas o
TJ não aceitou, com o entendimento de que os recursos só
poderiam ser usados após cada finalizada cada ação.
Desde
2003, a partir de um "acordo de cavalheiros"
com o Tribunal do Trabalho e o Tribunal de Justiça do
Paraná, o Estado recolhe R$ 10 milhões por mês em
precatórios alimentares e trabalhistas, ou R$ 120 milhões
por ano. Os de pequeno valor são recolhidos
mensalmente. O diretor geral da Secretaria da Fazenda do
Paraná, Nestor Bueno, disse que o estoque de dívidas
com precatórios do Paraná é de R$ 3,55 bilhões. Ele
acrescentou que o governo anterior não pagava os precatórios
desde 1996.
A
secretaria da Fazenda informou que a despesa primária líquida
de 2006 foi de R$ 14,4 bilhões, ou seja, com a nova
proposta o Paraná teria de desembolsar mais para o
pagamento de precatórios. O Estado não fez outra
proposta para o assunto.
Apesar do
apoio da governadora Yeda Crusius (PSDB) à adoção de
novas regras para os precatórios estaduais, o Rio
Grande do Sul não deve aderir ao programa especial de
liquidação dessas dívidas caso ele seja aprovado na
versão que está no Senado. O percentual de 3% das
despesas primárias líquidas do ano anterior é
considerado inviável pelo governo gaúcho.
"O
governo estadual tem limitações e só pode se
comprometer com o que é possível pagar", afirmou
Yeda. De acordo com ela, o novo "regramento"
sobre os precatórios garantirá "justiça" se
permitir o pagamento aos pequenos credores mesmo havendo
atraso nos grandes valores (para isso é necessário
quebrar o princípio da ordem cronológica das liquidações).
Mas com o "cobertor curto" do orçamento do
Estado, uma nova vinculação significará cortar
recursos de outras áreas, alertou. A mesma preocupação
existe na área técnica do governo de Santa Catarina.
O Estado
acumula R$ 3 bilhões em dívidas judiciais, algumas
vencidas há quase dez anos. Cálculos preliminares da
Secretaria da Fazenda indicam que o piso de 3% das
despesas definido na PEC em tramitação no Senado
poderia significar, no limite, um desembolso extra de R$
500 milhões por ano. Um volume adicional de gastos
desta ordem aumentaria em pelo menos 25% o déficit orçamentário
projetado para 2007. A secretaria não informou quanto
vem pagando, mensalmente, de precatórios.
Para
Pernambuco, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) não
deve aliviar a carga de pagamentos de precatórios, pelo
menos no curto prazo. Neste ano o Estado deve gastar
cerca de R$ 80 milhões para quitar todos os títulos
vencidos. O valor equivale a menos de 1% das despesas
primárias líquidas de Pernambuco - abaixo do valor
estipulado como mínimo para o pagamento dos precatórios
pela PEC.
"Não
haverá muito efeito prático", afirma o
procurador-geral do Estado, Tadeu Alencar. Para ele,
entretanto, seria interessante encontrar caminhos que
aliviassem os cofres de Pernambuco.
Nem todos
enxergam a PEC da mesma forma. Para o Sindicato dos
Servidores Públicos do Estado de Pernambuco (Sindserpe),
a proposta deveria ir por outro caminho. "Ao
estabelecer valores, a medida dá margem a muito atraso
dos pagamentos", avalia Renílson Oliveira,
coordenador-geral do Sindserpe. Segundo ele, o correto
seria cumprir os prazos hoje existentes para os precatórios.
A situação
da Prefeitura do Recife é bastante semelhante à do
Estado. De acordo com informações do município, o
estoque de precatórios deste ano é de R$ 5 milhões,
que serão pagos integralmente.
Há quatro
anos, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) baiano
conseguiu instituir o juízo de conciliação nos
processos trabalhistas do Estado, o que acelerou o
pagamento de precatórios já existentes e ajudou a
evitar a emissão de novos. "Isso ocorre para as
chamadas requisições de pequeno valor, de casos de até
60 salários mínimos. E a maioria é inferior a esse
valor", disse Nei Viana, conselheiro da seccional
baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e que atua
em casos trabalhistas que envolvem precatórios no
Estado.
Segundo o
TRT, entre 2003, quando o juízo de conciliação foi
instituído, e o ano passado, mais de 12 mil precatórios
foram conciliados. Em valores, os pagamentos somaram R$
440 milhões. Menos de quatro mil precatórios estão
agora na fila da conciliação.
O Tribunal
de Contas do Estado ainda não concluiu a análise das
contas do governo baiano de 2006. Na última análise,
de maio passado e referente aos números de 2005, o
volume total de precatórios registrado no passivo
permanente da Bahia era de R$ 640,4 milhões. A
Secretaria da Fazenda do Estado não deu resposta aos
pedidos de entrevista feitos pelo Valor.
Fonte:
Valor Econômico, de 16/03/2007
Despesa anual cairia R$ 400 milhões em SP
Marta
Watanabe
A proposta
em discussão entre Estados e União para mudar o
pagamento de precatórios traz vantagens para o Estado
de São Paulo e para a capital paulista. O Estado
reduziria em R$ 400 milhões sua despesa anual com
precatórios e o município passaria a pagar seus
credores em 45 anos, segundo cálculos solicitados pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Além da dilatação
de prazo, a prefeitura ficaria livre dos pedidos de seqüestro
de recursos de que vem sendo alvo cada vez mais freqüente.
No ano passado, foram 290 pedidos de seqüestro, mais de
um por dia útil. O seqüestro total somou R$ 160 milhões
no ano, o que ultrapassa o dispêndio mensal dos juros
que o município paga à União.
A proposta
em discussão tem como base o Projeto de Emenda
Constitucional (PEC) nº 12/2006, do senador Renan
Calheiros, e prevê, de forma opcional, a destinação
de 3% da despesa primária do ano anterior para o
pagamento dos precatórios. No caso dos municípios, a
destinação mínima é de 1,5% da despesa primária.
Parte dos créditos - 70% - seriam pagos por leilão.
Uma regulamentação ainda deve definir os critérios,
mas a expectativa geral dos procuradores de Estado e de
municípios é que os lances sejam feitos pelo nível de
deságio. O restante - 30% - seguiria o pagamento por
ordem crescente de valor. Hoje não há valor mínimo a
ser pago pelas administrações públicas.
Para o
Estado de São Paulo, a PEC reduziria a despesa anual
com precatórios de R$ 1,6 bilhão para R$ 1,2 bilhão,
segundo informações da Secretaria da Fazenda. O Estado
tem pago pontualmente os décimos dos precatórios não-alimentares,
originados de discussões judiciais com fornecedores ou
proprietários de imóveis desapropriados, por exemplo.
O atraso no pagamento desses créditos permite o pedido
judicial de seqüestro de recursos da administração pública,
o que faz muitos Estados e prefeituras privilegiarem a
quitação dos não-alimentares.
O caso do
Estado de São Paulo é exatamente esse. Os precatórios
que estão em atraso são os alimentares, originados de
discussões relacionadas a salários, aposentadorias e
pensões. Esses não dão direito a seqüestro e o
Estado paga atualmente o que venceu em 1998, diz o
procurador-geral do Estado, Marcelo de Aquino.
"A
PEC em discussão permitirá que o Estado equilibre o
pagamento de precatórios alimentares e não-alimentares",
diz o procurador. Atualmente a discrepância é grande.
Em 2006, o Estado destinou R$ 419,77 milhões para o
pagamento dos créditos alimentares. Para os não-alimentares
foram dispendidos R$ 1,16 bilhão.
Para o
município de São Paulo, que na gestão Serra reduziu
bastante o pagamento de precatórios, a vantagem é a
garantia da regularidade jurídica. A prefeitura pagou
em 2004 R$ 240 milhões em precatórios. Em 2005, os
recursos para esses créditos caíram para R$ 57 milhões.
No ano passado, foram R$ 163 milhões.
Para a
capital paulista, a grande vantagem será estabelecer um
valor fixo para o pagamento anual dos precatórios e
passar para uma situação perfeitamente legal em relação
à quitação dos créditos. Como o município está em
atraso também em relação aos créditos não-alimentares,
tem sido alvo de constantes pedidos de seqüestros
judiciais de renda.
Pelo texto
do projeto de Calheiros, o município pagaria 1,5% da
despesa primária, o que equivaleria R$ 210 milhões
anuais. No ano passado a prefeitura foi alvo de 290 seqüestros,
que chegaram a um pico mensal de R$ 57 milhões, diz o
secretário-adjunto de Finanças do município de São
Paulo, Walter Aluísio Moraes Rodrigues. Segundo ele, o
valor é representativo. "Nós pagamos R$ 140 milhões
mensais em juros pela União e o seqüestro total no ano
passado atingiu R$ 160 milhões", declara. "O
pagamento de 1,5% da despesa primária é razoável e
permite o planejamento, com a previsão em orçamento de
uma despesa executável, além da possibilidade de
reduzir a dívida em leilão."
Polêmico,
o projeto promete ser questionado. O advogado Gustavo
Viseu, do escritório Viseu Cunha Oricchio Advogados,
diz que a proposta prejudica os credores porque reduz os
chamados juros compensatórios, questão que ainda está
controversa no Judiciário. "O projeto significa
uma nova moratória e é inconstitucional porque versa
sobre o direito do credor."
O comitê
de precatórios da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB-SP), que defende os credores do Estado e da
prefeitura, diz que a PEC é inconstitucional e será
contestada no Supremo Tribunal Federal, se aprovada.
"Essa proposta fere cláusulas pétreas da
Constituição Federal, que não poderiam ser
modificadas nem por emenda", argumenta o advogado
Flávio Brando, presidente do comitê. Para ele, a
proposta abre uma porta para o aumento de dívidas no
futuro. "Trata-se de um cheque em branco para o
calote do setor público. Isso fará com que as
administrações públicas passem a não conceder
ajustes de salário, a descumprir pagamento por
desapropriações e também a fornecedores." Brando
diz também que a emenda causará atraso ainda maior no
pagamento de credores. "Os detentores de precatórios
do município de São Paulo irão demorar 45 anos para
receber seu crédito. Os do Espírito Santo irão
esperar 140 anos", diz ele. Brando defende a
participação dos credores na negociação.
Fonte:
Valor Econômico, de 16/03/2007
Ministro da Fazenda pede apoio do STF na aprovação de
projeto sobre execução fiscal. Terceirização?
Ministro
da Fazenda pede apoio do STF na aprovação de projeto
sobre execução fiscal
A
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra
Ellen Gracie, recebeu nesta quarta-feira (14), o
ministro da Fazenda Guido Mantega, que trouxe um projeto
de lei sobre execução fiscal para ser analisado pela
ministra.
Guido
Mantega veio buscar apoio do STF na aprovação da
proposta de lei que prevê a utilização da cobrança
de créditos do setor público e dívida ativa por uma
via administrativa. Hoje, quem tem dívida com a União
é cobrado por via judicial e o Estado tem a obrigação
de fazer a cobrança. De acordo com o ministro, são
milhões de cobranças irrisórias que atrapalham tanto
o Estado quanto o Judiciário. Com a nova proposta, as
cobranças deixariam de ser feitas pela via jurídica e
passariam a ser feitas por meio de conciliação, onde
devedor e credor poderiam combinar uma forma mais flexível
de pagamento.
“Será
muito importante para o setor público, o Executivo e
também para o contribuinte porque, na verdade, nós
vimos avolumar a dívida ativa de forma extraordinária.
Nós temos hoje bilhões de dívida ativa sendo que, uma
parte dela, certamente é incobrável. E ela cresceu em
bola de neve a partir de multas, encargos, de juros que
foram adicionados e colocou o devedor numa situação de
inviabilidade”.
Caso a
proposta seja aprovada, haverá um novo sistema de
cobrança que puxa para a esfera administrativa uma
parte mais importante das etapas de cobrança. Mantega
afirma que todas as etapas serão realizadas de forma
mais rápida e, ao mesmo tempo, a possibilidade de
conciliação facilitará a vida do devedor e poderá
ser a garantia de que a União vá receber, pelo menos,
parte dessa dívida.
“Muitas
vezes, um devedor tem uma dívida que se avolumou, ele
começou com uma dívida de R$ 1 mil e a dívida ficou
em R$ 20 mil. Ele nunca vai pagar esses R$ 20 mil porque
é inviável. Agora, se nós fizermos uma conciliação,
vamos ver que essa dívida cresceu por multas e juros e
podemos chegar a um valor muito menor, com parcelamento.
E, dessa maneira, vamos dar condições objetivas para
que o devedor possa se ver livre desse problema, porque
para o devedor é um problema. Ele tem uma pendência
que o impede de obter créditos e de usufruir de todas
as vantagens de um cidadão comum”.
Além
disso, o ministro explicou que a medida beneficia também
o cidadão que em algum momento se viu em dificuldade e
por alguma razão não pôde fazer o pagamento, tendo
novamente a chance de fazê-lo. “São dois
instrumentos que vão melhorar a vida do Estado e do
cidadão. O Estado vai receber alguma coisa, porque não
adianta ter bilhões de dívida ativa e receber 1% ao
ano. Se em vez de receber isso a gente puder receber 10%
ou 15% e puder livrar o devedor de um problema, então
ambos estaremos satisfeitos”, afirmou Mantega.
O ministro
da Fazenda disse ainda que a ministra Ellen Gracie é
favorável à maior agilidade, pois o setor público
brasileiro está se agilizando, modernizando e todas as
operações tendem a ser mais rápidas. Hoje, o prazo médio
de uma execução de dívida é de 15 anos. Com esse
prazo, já não há mais o que cobrar e nenhuma garantia
de que a dívida será paga. Por isso a iniciativa para
encurtar os prazos.
Outra
providência que o projeto traz é no sentido de
eliminar as dívidas pequenas em que a cobrança sai
mais cara do que a dívida. “Algumas dívidas, de dois
ou três reais, não faz sentido mobilizar todo um
aparato para cobrar”. Assim, haverá um sistema
regular de cobrança em que o devedor poderá encontrar
condições melhores de pagamento.
Por fim, o
ministro afirmou que a medida desafoga, simplifica o
procedimento e reduz a quantidade de ações que chegam
ao Judiciário. Ele lembrou que a súmula vinculante já
assume esse papel e o procedimento proposto vai agilizar
ainda mais.
Mantega se
comprometeu a favorecer os contribuintes caso o projeto
aumente a arrecadação com dívidas. “Se nós
conseguirmos uma arrecadação maior em função disso,
eu me comprometo a usar essa arrecadação maior para a
desoneração tributária. Nós vamos usar isso para
favorecer o contribuinte que paga em dia”.
Fonte:
Anape, de 15/03/2007
São Paulo será o centro de arbitragem da América
Latina
A Seção
Paulista da Ordem dos Advogados do Brasil vai investir
fortemente no preparo de profissionais para atuar com
arbitragem no Estado. Essa decisão da diretoria da OAB
será implementada pelo advogado Arnoldo Wald Filho, que
acaba de ser nomeado presidente da Comissão de
Arbitragem da entidade.
Wald Filho
acumula mais de vinte anos de atuação profissional nos
tribunais de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. É
árbitro da Câmara da Fundação Getúlio Vargas e sócio
de um dos escritórios mais operantes no setor da
arbitragem, com atividade pioneira no campo
internacional e interno, além de advogar em numerosos
casos nos quais as decisões arbitrais têm sido
discutidas perante o Poder Judiciário.
Dentro das
diretrizes delineadas pelo presidente da Seccional, Luiz
Flávio D'Urso e demais dirigentes, ele tem a missão de
dinamizar a Comissão num momento em que a arbitragem
evolui em proporções geométricas nos dez últimos
anos.
Wald Filho
pretende impulsionar essa nova frente para o mercado de
trabalho dos advogados com um programa de democratização
da arbitragem. O trabalho objetiva incorporar um maior número
de profissionais na nova atividade, preparando as novas
gerações de advogados no sentido de ampliar e
fortalecer o setor. Para tanto, pretende organizar
cursos e promover eventos com a participação das
Faculdades de Direito, das Câmaras de Arbitragem e de
Mediação e das Escolas Paulistas da Magistratura e da
Advocacia.
Embora
exista a possibilidade de se ter leigos em Direito como
árbitros, a tendência mundial tem mostrado que são os
advogados os profissionais melhor aparelhados para a função.
“Isso requer dos órgãos de classe um papel essencial
na formação e acompanhamento das atividades tanto no
plano técnico como ético”, observa o dirigente.
Atualmente,
são feitas no país mais de quatro mil arbitragens por
ano. A mais significativa fatia dos litígios comerciais
e trabalhistas é solucionada em São Paulo — o que
explica a importância da ação da OAB-SP no sentido de
dar à classe o devido apoio para a formação e
aprimoramento dos profissionais com materiais e informações
para o desenvolvimento da advocacia no setor.
Para
Arnoldo, “a arbitragem não pode, nem deve, competir
com o Poder Judiciário” — que lhe dá apoio e
exerce um poder de controle sobre as decisões
arbitrais. Os campos de atuação são diversos e o bom
funcionamento da arbitragem pressupõe diálogo e
entendimento entre árbitros e juízes. Essa colaboração
se torna ainda mais necessária diante da globalização,
da multiplicação de questões internacionais complexas
e da necessidade que o comércio tem de decisões cada
vez mais rápidas e qualificadas.
A
necessidade de investimentos privados para complementar
a atuação do Estado, em contratos de longo prazo —
que, pela sua natureza, pressupõem o uso tanto da
arbitragem quanto da mediação — é outro fator
fundamental para o investimento nessa modalidade de
justiça privada. “É por isso que as leis recentes a
respeito da concessão e das Parcerias Público-Privadas
contêm uma previsão de arbitragem, mediante a inclusão
de cláusula compromissória”, explica Wald Filho.
Nesses
diplomas, exige-se que a arbitragem seja feita no Brasil
e em língua portuguesa, evitando-se, assim, decisões
de árbitros que desconheçam a realidade econômica
nacional.
O contexto
indica com clareza que cabe a São Paulo o papel de ser
o grande centro latino-americano de arbitragem —
“quer pela sua inserção na economia brasileira, quer
pelo fato de não existir, na América do Sul, outra
cidade tão aparelhada para assumir essa condição”.
Wald Filho
enfatiza que a circunstância de um mundo
pluripolarizado impõe a São Paulo, ao lado dos centros
tradicionais de arbitragem, como Paris, Londres e Nova
York, um protagonismo fundamental na solução de litígios
locais e internacionais — um posicionamento que só
destaca a responsabilidade da OAB paulista na consecução
de seus objetivos.
Fonte:
Conjur, de 15/03/2007
Fantasma da morosidade está deixando de ser o problema
por
Ricardo Di Blazi e Ligia Nadia Nascimento
Nos últimos
tempos, muito se fala sobre a introdução da Súmula
Vinculante em nosso ordenamento jurídico. Entretanto,
mesmo com um elevado número de debates acerca do tema,
percebe-se que pouco foi discutido com a relação a
esta nova realidade jurídica e a atual, assim como o
reflexo, muitas vezes, lamentável ao mundo da
advocacia.
A
presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Ellen
Gracie, afirmou que a Lei 11.417/06, que estabeleceu a Súmula
Vinculante, “terá reflexos de profunda repercussão
no modo como a sociedade, os poderes de estado e o próprio
Judiciário se relacionam com o ordenamento jurídico em
sua interpretação última”.
Segundo
ela, ao aplicar o efeito vinculante por meio de súmula,
o STF pacifica a discussão nos juízos inferiores e
todos os agentes públicos deverão respeitar a
interpretação fixada, evitando-se o surgimento de
novas ações. Dessa forma, as causas de massa, que
tenham por núcleo uma mesma questão de direito, ficarão
definidas. Se já ajuizadas, serão estancadas na instância
inicial.
Não
devemos aqui ter a pretensão de julgar ou discorrer
sobre os malefícios ou benefícios que a implementação
regulamentada da Súmula Vinculante possa ter trazido ao
meio jurídico. No entanto, devemos observar atentamente
quais as conseqüências e os impactos causados com relação
aos profissionais do Direito, que a muito estão sendo
desrespeitados.
Ao fazer
uma breve reflexão, surgem várias perguntas cujas
respostas o tempo pode mostrar bastante frustrantes. O
que será daquele advogado, profissional dedicado que
possui um pequeno escritório, atendendo somente pessoas
próximas de sua comunidade, quando esta adentrar ao seu
local de trabalho querendo invocar direitos que sabe o
patrono já estar com decisão vinculada
independentemente das peculiaridades do caso do seu
interlocutor?
O que dirá
o advogado àquele cidadão comum que, sem ter qualquer
contato com as técnicas processuais e jurídicas,
apenas gostaria de postular o seu direito e vê-lo
reconhecido?
Ou ainda:
o que será das grandes bancas jurídicas que, ao
formularem um planejamento estratégico para suas
carteiras empresariais, precisarão conviver com o
previsível e com decisões não mais passíveis de
discussão e que por certo não trará os benefícios e
reconhecimentos que seus clientes esperam?
Há muitos
anos, vale ressaltar, os advogados convivem com uma
enorme crise institucional da classe, que gerou um
desgaste muito forte à imagem deste profissional
liberal, sendo uma das causas o grande volume de
“cursos de graduação em Direito” e a péssima
qualidade do ensino jurídico em nosso país.
É fato
notório que as faculdades mal se adaptam a uma grade
curricular de acordo com os anseios sociais – pois o
Direito ainda é uma ciência humana e social –,
quanto mais estão preparadas a ensinar aos seus alunos
regras que não constam em Códigos, Estatutos ou Leis
esparsas, como a arte da flexibilização e a boa
negociação.
A
advocacia é muito mais que propor, defender ou recorrer
de direitos que estão cada vez mais sendo tolhidos, e
assim deve ser encarada para sobreviver com dignidade ao
futuro próximo.
Assim, por
não termos as devidas respostas para as questões acima
propostas e percebendo a grave crise que assola esta
profissão, bem como tantas outras em nosso país,
devemos nos adequar, mostrando que advogar é um privilégio,
um verdadeiro exercício de inteligência em meio a
tantos conflitos morais e materiais.
Que venham
as decisões mais absurdas, as mais controversas
jurisprudências e as mais temíveis das súmulas.
Apenas dessa maneira mostraremos que a advocacia não é
só litigar, confrontar, mas também é a arte de
prestar uma consultoria adequada e de prevenir o cliente
evitando o desgaste dos tramites judiciais, sem maiores
dispêndios ou falsas expectativas.
Demonstraremos,
ainda, que os direitos podem ser engessados, segmentados
ou direcionados, mas a boa técnica, o conhecimento e o
dinamismo se sobressaem, apontando o lado bom e digno de
uma profissão tão bela, bem como o desafio de viver em
sociedade nos tempos atuais.
Ao longo
de 5 anos, o setor jurídico teve avanços, como o
melhoramento das execuções civis, a lei do divórcio,
o inventário extrajudicial, a inovação do marketing
jurídico, o trabalho de gestão empresarial e a
informatização dos escritórios. As promessas da
presidente do Supremo não ficaram apenas ao vento: dos
26 tribunais federais estaduais, 17 estarão prontos
para inaugurar varas especiais com processos eletrônicos.
“É
chegada a hora de estender à rotina judiciária os
meios tecnológicos, para principalmente dar velocidade
de resposta à sociedade”, disse a ministra. O setor
jurídico se transformou, os antigos conceitos
tradicionalistas deixaram de ter importância para dar
lugar à agilidade nos processos.
O fantasma
da morosidade da justiça está deixando de ser o
problema. A adaptação dos advogados e dos escritórios
precisará estar voltada para a prevenção. Nos dias de
hoje, nunca vai ser falado tanto como agora em
relacionamento cliente x advogado e estratégias de
mercado.
Os escritórios,
que já tinham interesses no planejamento para uma boa
administração legal, tecnologia de informação avançada
e uma equipe graduada, terão que se preocupar também
em agir de forma criativa, porque o tempo não estará
mais a seu favor e nem ao seu cliente. Conhecer as nuanças
de cada negócio ou de cada segmento será o diferencial
ao escritório. A especialidade não é só interpretar
a lei, mas agir com a lei nas ações de prevenir e
gerar novos resultados.
O mundo
evoluiu do pombo correio para as cartas eletrônicas. A
informação está cada vez mais rápida. Sem dúvida, a
Justiça deu um grande avanço. Agora, cabe aos
advogados se adaptarem a essa nova realidade e fazer por
meio dela um degrau para o sucesso.
Ricardo Di
Blazi: é graduado em Administração de Empresas e MBA
em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Faz
pesquisas e estudos sobre o desenvolvimento de marketing
jurídico.
Ligia
Nadia Nascimento: é advogada do ramo empresarial pós-graduada
em Direito do Consumidor e Empresarial pela PUC-SP e
especializada em Direito Processual Civil também pela
PUC-SP.
Fonte:
Conjur, de 15/03/2007