13 Out 15 |
Senado analisa PEC que desvincula salários da remuneração dos ministros do STF
A
Proposta
de
Emenda
à
Constituição
62/2015,
que
derruba
a
vinculação
automática
de
salários
recebidos
por
agentes
públicos
à
remuneração
dos
ministros
do
Supremo
Tribunal
Federal,
voltará
a
ser
analisada
pela
Comissão
de
Constituição,
Justiça
do
Senado
(CCJ)
na
próxima
quarta-feira
(9/10).
Na
reunião
passada,
a
matéria
teve
seu
exame
adiado
por
pedido
de
vista
coletivo. O
projeto,
apresentado
pela
senadora
Gleisi
Hoffmann
(PT-PR),
impede
o
chamado
“efeito
cascata”
no
reajuste
das
remunerações.
Hoje,
isso
ocorre
a
cada
aumento
nos
salários
dos
ministros
do
Supremo,
o
teto
remuneratório
para
o
funcionalismo.
Se
aprovada,
a
matéria
seguirá
para
exame
em
Plenário,
onde
passará
por
discussão
e
votação
em
dois
turnos.
Para
ser
definitivamente
adotada,
também
dependerá
de
aprovação
na
Câmara
dos
Deputados. Se
a
proposta
for
aprovada
no
Senado
e
depois
na
Câmara
dos
Deputados,
os
ministros
dos
tribunais
superiores
deixarão
ter
seus
ganhos
fixados
com
base
em
95%
do
que
recebem
os
ministros
do
STF.
O
salário
do
procurador-geral
da
República
também
acompanha
o
dos
ministros
do
STF,
e
os
de
toda
a
categoria
são
definidos
a
partir
desse
teto. No
Legislativo
federal,
o
aumento
não
é
automático.
Porém,
quando
a
proposta
do
STF
é
aprovada,
de
modo
geral
é
adotado
o
mesmo
teto
do
STF.
Depois,
para
deputados
estaduais
e
distritais,
o
aumento
automático
é
automático
e,
em
geral,
corresponde
a
75%
da
remuneração
paga
aos
deputados
federais. Na
CCJ,
o
relator
da
PEC
62/2015
é
o
senador
Randolfe
Rodrigues
(Rede-AP),
que,
assim
como
a
autora
do
projeto,
considera
os
reajustes
automáticos
danosos
ao
interesse
público,
por
desprezarem
a
realidade
financeira
e
orçamentária
dos
estados
e
municípios.
Fonte: Agência Senado, de 11/10/2015
Contestadas
normas
que
mantêm
consultoria
na
estrutura
administrativa
do
Estado
do
RN A
Associação
Nacional
dos
Procuradores
do
Estado
(Anape)
ajuizou
no
Supremo
Tribunal
Federal
(STF)
a
Ação
Direta
de
Inconstitucionalidade
(ADI)
5393,
com
pedido
de
liminar,
contra
normas
do
estado
do
Rio
Grande
do
Norte
(RN)
que
mantêm
na
estrutura
administrativa
local
a
Consultoria
Geral,
composta
por
servidores
comissionados
e
temporários.
De
acordo
com
a
associação,
a
consultoria
funcionaria
como
“procuradoria
paralela”,
afrontando
a
livre
atuação
dos
procuradores
estaduais.
A
associação
sustenta
que
o
artigo
132
da
Constituição
Federal
assegura
à
procuradoria
do
estado
a
competência
exclusiva
para
exercer
as
funções
de
representação,
assessoria
e
consultoria
jurídica
do
estado. De
acordo
com
a
Anape,
a
permanência
da
consultoria
na
estrutura
administrativa
do
estado
contraria
o
artigo
69
do
Ato
das
Disposições
Constitucionais
Transitórias
(ADCT)
que
permitiu,
de
forma
excepcional
e
transitória,
a
manutenção
de
consultorias
jurídicas
separadas
das
procuradorias
gerais
nos
estados
que,
na
data
da
promulgação
da
Constituição
Federal
de
1988,
tivessem
órgãos
distintos
para
as
respectivas
funções.
Segundo
a
associação,
a
norma
do
ADCT
garantia
a
manutenção
da
Consultoria
Geral
unicamente
até
a
vacância
dos
cargos,
sem
a
possibilidade
de
novas
investiduras.
Elenca
precedentes
do
STF
neste
sentido,
entre
eles,
a
ADI
484
e
a
ADI
4261,
questionando
normas
semelhantes
do
Paraná
e
de
Rondônia,
respectivamente.
A
Anape
argumenta
que
a
transitoriedade
desse
dispositivo
constitucional
não
está
sendo
observada
pois,
na
data
da
promulgação
da
Constituição,
o
cargo
de
consultor
estava
provido,
mas
que
em
1991,
com
a
exoneração
de
seu
ocupante,
a
estrutura
deveria
ter
sido
extinta.
Segundo
a
entidade,
desde
então,
outros
nove
consultores
foram
nomeados
para
o
cargo. A
associação
alega
que
os
dispositivos
da
constituição
estadual
impugnados
(artigos
68
e
69)
usurpam
competências
dos
procuradores
estaduais
ao
conferir
ao
consultor
geral
as
atribuições,
entre
outras,
de
orientar
os
trabalhos
afetos
aos
demais
órgãos
jurídicos
do
Poder
Executivo,
com
o
fim
de
uniformizar
a
jurisprudência
administrativa,
além
de
elaborar
e
rever
projetos
de
lei,
decretos
e
outros
provimentos
regulamentares,
bem
como
minutar
mensagens
e
vetos
governamentais. “Pela
dicção
dos
dispositivos
supra,
fica
claro
que
a
Procuradoria
Geral
do
Estado
fica
tolhida
de
suas
competências
constitucionais
exclusivas
e
de
sua
autonomia
técnico-científica,
ao
ser
subordinada
às
orientações
e
aos
pronunciamentos,
estes
em
sede
consultiva,
de
um
órgão
diverso
de
sua
estrutura
e
usurpador
de
sua
competência”,
afirma
a
associação. Sustenta
ainda
que
a
inconstitucionalidade
teria
sido
aprofundada
com
a
edição
das
leis
complementares
94/1991
e
163/1999,
que
reproduzem
na
legislação
infraconstitucional
as
normas
da
constituição
estadual.
Também
aponta
inconstitucionalidade
de
dispositivos
da
lei
complementar
239/2002,
que
ampliou
a
estrutura
da
Consultoria
Geral
do
estado,
criando
novos
cargos
de
provimento
comissionado.
Em
caráter
liminar,
a
Anape
pede
a
suspensão
dos
dispositivos
impugnados
e
também
o
afastamento
imediato
de
qualquer
pessoa
nomeada
que
se
encontre
investida
nos
cargos
de
consultor
geral,
consultor
geral
adjunto
e
de
consultor
jurídico.
No
mérito,
que
seja
declarada
a
inconstitucionalidade
das
normas
questionadas. O
relator
da
ADI
5393
é
o
ministro
Luís
Roberto
Barroso. Fonte: site do STF, de 9/10/2015
Reação
à
advocacia
política A
situação
do
advogado-geral
da
União,
Luís
Inácio
Adams,
não
é
lá
muito
confortável.
Recente
pesquisa
da
União
dos
Advogados
Públicos
Federais
do
Brasil
(Unafe)
mostrou
que
98,65%
dos
servidores
da
Advocacia-Geral
da
União
(AGU)
rejeitam
sua
gestão
à
frente
do
órgão.
A
quase
unânime
oposição
a
Adams
-
revelada
pela
enquete
que
contou
com
a
participação
de
1,4
mil
advogados
da
União,
procuradores
federais,
procuradores
da
Fazenda
Nacional,
assistentes
jurídicos
e
procuradores
do
Banco
Central
-
é
resultado
de
uma
condução
da
AGU
em
que
o
político
prevalece
sobre
o
jurídico.
Certamente,
a
rejeição
a
Luís
Inácio
Adams
foi
agravada
pelo
modo
como
este
atuou
junto
ao
Tribunal
de
Contas
da
União
(TCU),
na
análise
das
contas
de
2014
do
governo
Dilma
Rousseff.
A
defesa
feita
pelo
advogado-geral
da
União
tinha
pouco
conteúdo
jurídico
e
muita
argumentação
política,
como
mera
reprodução
dos
interesses
do
Palácio
do
Planalto.
As
atribuições
da
AGU,
definidas
pela
Lei
Complementar
73,
de
1993,
estão
em
outra
ordem.
Cabe
ao
órgão
realizar
as
atividades
de
consultoria
e
assessoramento
jurídicos
ao
Poder
Executivo.
Segundo
o
diretor
da
Unafe,
Roberto
Mota,
“Adams
sempre
foi
extremamente
subserviente
e
envergonha
a
instituição
com
o
posicionamento
apresentado
diante
do
TCU”.
O
desconforto
com
Adams,
no
entanto,
não
é
de
agora.
Em
agosto
de
2012,
a
presidente
Dilma
Rousseff
apresentou
ao
Congresso
um
projeto
de
lei
elaborado
pelo
advogado-geral
da
União
que
causou
estarrecimento
entre
os
servidores
da
AGU. De
acordo
com
a
legislação
em
vigor,
apenas
o
advogado-geral
da
União
pode
ser
de
fora
do
quadro
de
profissionais
do
órgão.
O
projeto
de
lei
feito
por
Adams
vinha
estabelecer
que
os
postos
de
procurador-geral
da
União,
procurador-geral
da
Fazenda
Nacional,
procurador-geral
federal,
procurador-chefe
do
Banco
Central,
consultor-geral
e
consultores
jurídicos
dos
Ministérios
fossem
de
livre
nomeação
do
chefe
da
AGU.
Não
contente
com
essa
permissão,
o
projeto
ainda
aumentava
significativamente
os
poderes
decisórios
do
advogado-geral
da
União,
esvaziando
parte
das
competências
dos
advogados
públicos
concursados.
A
cereja
do
bolo
era
enquadrar
como
infração
funcional
o
parecer
do
advogado
público
que
contrariasse
as
ordens
de
seus
superiores
hierárquicos.
Não
estariam
lá
para
resolver
juridicamente
as
questões,
e
sim
para
obedecer
ordens.
A
vontade
dos
procuradores-chefes,
indicados
com
base
em
conveniências
políticas,
teria
prioridade
sobre
o
entendimento
técnico
dos
advogados
de
carreira.
Como
se
vê,
o
tal
projeto
de
lei
-
com
a
deliberada
tentativa
de
institucionalizar
o
aparelhamento
político
da
AGU
-
deve
ter
sido
motivo
de
grande
júbilo
no
PT.
Há
muito
não
se
via
um
projeto
que
atendesse
tão
rigorosamente
aos
interesses
petistas. Também
causou
constrangimento
a
atuação
de
Adams
no
episódio
da
vinda
do
senador
boliviano
Roger
Pinto
Molina
para
o
Brasil,
em
agosto
de
2013.
O
chefe
da
AGU
simplesmente
replicou
o
descontentamento
da
presidente
Dilma
com
o
caso,
dizendo
que
Molina
-
opositor
do
amigo
do
Palácio
do
Planalto,
Evo
Morales
-
teria
de
formular
novo
pedido
de
asilo.
Segundo
a
opinião
de
Adams,
a
autorização
que
o
senador
boliviano
obtivera
para
permanecer
na
embaixada
brasileira
em
La
Paz
não
assegurava
o
direito
de
permanecer
em
território
nacional.
Era
mais
um
episódio
em
que
os
ventos
políticos
sopravam
mais
forte
que
as
razões
jurídicas. Diante
desse
histórico,
é
mais
do
que
esperado
o
descontentamento
dos
servidores
da
AGU
com
a
atuação
politicamente
orientada
de
Luís
Inácio
Adams
à
frente
do
órgão.
Afinal,
eles
não
estão
lá
a
serviço
de
um
partido
ou
de
uma
causa
política.
Estão
a
serviço
do
Estado.
No
entanto,
nem
o
PT,
nem
a
presidente
Dilma,
nem
o
sr.
Adams
parecem
dispostos
a
compreender
essa
diferença.
Inclinam-se
à
lógica
do
vale-tudo. Fonte: Estado de S. Paulo, Opinião, de 12/10/2015
Servidores
da
AGU
se
voltam
contra
Adams O
ministro-chefe
da
Advocacia-Geral
da
União
(AGU),
Luís
Inácio
Adams,
enfrenta
uma
rebelião
interna
que
começa
a
atrapalhar
o
funcionamento
do
Executivo
no
momento
em
que
as
crises
política
e
econômica
chegam
ao
seu
auge.
Ele
também
é
apontado
como
um
dos
principais
responsáveis
pela
fracassada
estratégia
governista
de
tentar
barrar
o
julgamento
das
contas
de
2014
da
presidente
Dilma
Rousseff
no
Tribunal
de
Contas
da
União
(TCU). Em
campanha
para
equiparar
os
salários
da
AGU
aos
dos
funcionários
do
Judiciário,
procuradores
e
advogados
do
órgão
deflagraram
uma
“operação
tartaruga”
velada
que
tem
atrasado
a
entrega
de
pareceres
necessários
à
tomada
de
decisões
do
de
todas
as
esferas
da
administração
federal.
Isso
porque
as
assessorias
jurídicas
dos
ministérios
precisam
apresentar
pareceres
sobre
medidas
e
decisões
para
embasar
as
ações
do
Planalto. O
clima
de
rebelião
na
AGU
vem
ganhando
uma
proporção
de
“crise
jurídica”
na
Esplanada
dos
Ministérios.
A
preocupação
dos
ministros
está
na
paralisação
da
análise
jurídica
de
projetos
do
governo.
Por
outro
lado,
há
quem
diga
que
os
funcionários
do
órgão
estão
agindo
de
forma
imprópria
para
que
os
servidores
tenham
aumento. Servidores
também
reclamam
que
a
atuação
de
Adams
na
AGU
tem
por
objetivo
mais
auxiliar
a
gestão
Dilma
do
que
o
Estado
brasileiro.
No
dia
seguinte
ao
julgamento
das
contas
no
TCU,
a
União
dos
Advogados
Públicos
e
Federais
do
Brasil
(Unafe)
divulgou
uma
dura
nota
na
qual
diz
que
Adams,
“com
sua
visão
distorcida
da
Constituição,
tenta
transformar
a
AGU
em
um
aparelhado
órgão
de
governo”. Como
exemplos,
além
da
tentativa
de
impedir
que
o
TCU
analisasse
as
contas
presidenciais
de
2014,
a
nota
cita
o
empenho
do
ministro
em
viabilizar
acordos
de
leniência
com
as
empreiteiras
envolvidas
Operação
Lava
Jato
e
a
defesa
que
fez
para
que
a
Corte
não
bloqueasse
os
bens
da
ex-presidente
da
Petrobrás,
Graça
Foster,
em
processo
que
investiga
denúncias
de
irregularidades
na
compra
da
Refinaria
de
Pasadena,
nos
EUA,
pela
estatal.
A
operação
tartaruga
não
é
a
única
maneira
como
os
servidores
têm
demonstrado
sua
rejeição
a
Adams.
Segundo
a
Unafe,
foram
registradas
2.531
declarações
de
entrega
de
cargos
-
assinadas
por
advogados
públicos
federais
que
não
possuem
cargos
de
confiança
comissionados
-
comprometendo-se
a
não
assumir
essas
funções
e
recusando
viagens.
Entre
eles,
estão
cinco
Procuradores
Regionais
Federais
e
os
cinco
Procuradores
Regionais
da
União.
Saída.
No
Planalto,
a
avaliação
é
de
que
a
decisão
do
TCU
deve
apressar
a
saída
de
Adams
da
AGU,
ainda
que
se
saiba
que
a
estratégia
de
defesa
das
contas
tenha
sido
articulada
também
por
outros
ministros,
como
José
Eduardo
Cardozo
(Justiça),
Aloizio
Mercadante
(Educação)
e
Nelson
Barbosa
(Planejamento)
e
avalizada
pela
presidente. O
próprio
Adams,
porém,
já
disse
a
amigos
que
pretende
entregar
o
cargo
em
breve.
O
mais
cotado
para
substituí-lo,
atualmente,
é
Beto
Vasconcelos,
secretário
Nacional
de
Justiça.
A
ideia
do
governo
é
aproveitar
a
insatisfação
do
ministro
para
dar
uma
nova
cara
à
AGU.
Os
sinais
de
divergência
entre
o
Planalto
e
Adams
já
têm
sido
emitidos
publicamente.
O
novo
ministro
da
Casa
Civil,
Jaques
Wagner,
deixou
claro
em
entrevista
coletiva
na
quinta-feira
que,
agora,
a
estratégia
do
governo
para
salvar
o
mandato
de
Dilma
era
política
e
concentrada
no
Congresso,
e
não
a
exposta
por
Adams
nas
últimas
semanas:
uma
disputa
judicial
no
Supremo
Tribunal
Federal.
Adams
não
quis
comentar
sua
situação
política.
Em
nota,
a
AGU
informou
que
os
integrantes
da
instituição
estão
cumprindo
suas
atribuições
em
observação
aos
prazos
legais.
Diz
ainda
que
os
pedidos
de
exoneração
feitos
pelos
advogados
da
União
e
dos
procuradores
federais
são
direcionados
às
respectivas
chefias
e
estão
sendo
autorizados
de
acordo
com
o
interesse
e
conveniência
da
administração
pública.
O
órgão
ressaltou,
ainda,
que
a
iniciativa
de
deixar
os
cargos
cabe
a
cada
membro. Fonte: Estado de S. Paulo, de 12/10/2015
A
autonomia
das
Defensorias Relatora
de
uma
Ação
Direta
de
Inconstitucionalidade
proposta
pela
Advocacia-Geral
da
União
(AGU)
com
o
objetivo
de
questionar
a
autonomia
orçamentária
e
administrativa
da
Defensoria
Pública
da
União,
a
ministra
Rosa
Weber,
do
Supremo
Tribunal
Federal,
não
acolheu
a
pretensão
do
governo.
O
julgamento
foi
suspenso
por
um
pedido
de
vista
do
ministro
Luiz
Edson
Fachin.
Encarregadas
de
dar
assistência
jurídica
-
judicial
e
extrajudicial
-
gratuita
a
pessoas
de
baixa
renda,
que
não
dispõem
de
recursos
para
pagar
um
advogado
particular,
as
Defensorias
Públicas
foram
criadas
em
todos
os
Estados
a
partir
de
1988,
por
determinação
da
Constituição.
Em
muitas
unidades
da
Federação,
as
Assembleias
não
só
asseguraram
autonomia
orçamentária
e
administrativa
às
Defensorias
Públicas
Estaduais,
como
também
lhes
concederam
a
prerrogativa
de
apresentar
propostas
orçamentárias
ao
Legislativo.
A
Defensoria
Pública
da
União,
no
entanto,
foi
criada
três
anos
antes
da
promulgação
da
Constituição.
Por
ter
sido
concebida
como
um
órgão
subordinado
ao
Ministério
da
Justiça,
vinculado
ao
Poder
Executivo,
ficou
sem
autonomia
administrativa
e
financeira.
Por
pressão
dos
advogados
públicos
federais,
em
2013
o
Congresso
aprovou
Emenda
Constitucional
(EC
74)
que
concedeu
autonomia
à
Defensoria
Pública
da
União
e
assegurou-lhe
a
prerrogativa
de
propor
alterações
legislativas
em
seu
nome. Preocupado
com
a
justaposição
de
funções
entre
o
Ministério
Público
Federal
e
a
Defensoria
Pública
Federal
e
com
a
criação
de
mais
um
buraco
negro
nas
finanças
públicas,
já
que
os
defensores
passaram
a
pleitear
os
mesmos
salários,
regalias
e
vantagens
funcionais
dos
procuradores
da
República,
o
Palácio
do
Planalto
recorreu
à
mais
alta
corte
do
País.
A
alegação
foi
de
que
a
EC
74
tinha
um
vício
de
iniciativa,
por
ter
sido
originada
no
Legislativo
e
não
no
Executivo.
Segundo
a
assessoria
jurídica
de
Dilma,
a
proposição
de
leis
que
disponham
sobre
regime
jurídico
de
servidores
da
União
é
de
competência
privativa
da
Presidência
da
República. Em
sua
defesa,
os
defensores
federais
classificaram
a
iniciativa
da
Presidência
da
República
como
“afronta
ao
acesso
dos
necessitados
à
Justiça”.
Acusaram
o
Planalto
e
a
AGU
de
“forçar
entendimentos
jurídicos
inexistentes
na
Constituição”.
Afirmaram
que
o
recurso
impetrado
no
Supremo
colide
com
as
recomendações
de
cortes
internacionais
e
organismos
multilaterais
em
matéria
de
direitos
humanos.
E
lembraram
que,
por
questionar
judicialmente
a
política
de
financiamento
estudantil,
o
Exame
Nacional
do
Ensino
Médio
(Enem)
e
questões
ligadas
à
Previdência
Social,
não
podem
permanecer
como
órgão
de
segundo
escalão
do
Ministério
da
Justiça. Independentemente
das
implicações
jurídicas
dessa
pendência,
do
ponto
de
vista
institucional
os
argumentos
dos
defensores
públicos
federais
não
são
convincentes.
Por
mais
digna
e
necessária
que
seja
a
prestação
de
assessoria
jurídica
aos
mais
necessitados,
nada
justifica
a
pretensão
de
autonomia
administrativa,
funcional
e
financeira
por
parte
da
Defensoria
Pública
da
União.
Em
hipótese
nenhuma
ela
pode
ser
vista
como
uma
espécie
de
Ministério
Público
Federal
dos
desfavorecidos.
Também
não
faz
sentido
o
órgão
concentrar
a
atenção
sobre
litígios
coletivos
e
de
repercussão
midiática,
como
os
relativos
ao
Enem
e
ao
Fies,
que
são
de
competência
do
Ministério
Público. A
missão
dos
defensores
federais
não
é
discutir
políticas
públicas,
mas
atuar
nos
casos
específicos
dos
cidadãos
cujos
interesses
devem
defender.
Competência
concorrente
entre
os
dois
órgãos
é
ineficiência
do
sistema,
e
não
meio
de
eficácia.
Não
é
por
acaso
que,
a
exemplo
da
Presidência
da
República,
vários
governadores
também
estão
batendo
nas
portas
do
Supremo
para
questionar
a
autonomia
das
Defensorias
Públicas
estaduais,
alegando
que
elas
têm
exorbitado
dessa
prerrogativa,
apresentando
propostas
orçamentárias
absurdas
e
se
emulando
com
as
Procuradorias-Gerais
de
Justiça,
como
se
fossem
poderes
independentes. Fonte: Estado de S. Paulo, Opinião, de 12/10/2015
Comunicado
GPG
-
Inscrições
para
o
TIT
biênio
2016-2017 O
Procurador
Geral
do
Estado
COMUNICA
aos
Procuradores
do
Estado
em
atividade,
especializados
em
questões
tributárias
(artigo
64
da
Lei
estadual
nº
13.457,
de
18
de
março
de
2009),
independentemente
da
área
de
atuação,
que
podem
manifestar
seu
interesse
em
exercer
a
função
de
juiz
servidor
público
do
Tribunal
de
Impostos
e
Taxas
no
biênio
2016/2017,
através
de
cadastramento
na
área
restrita
da
página
oficial
da
PGE
na
internet
(www.pge.sp.gov.br),
no
link
“Interesse
-
TIT”,
no
período
de
13/10/2015
até
23/10/2015. Não
serão
considerados
os
cadastramentos
efetuados
após
a
data
e
o
horário
limites
(23:59hs
do
dia
23/10/2015). Essa
manifestação
de
interesse
não
gera
direito
ao
Procurador
do
Estado
de
exercer
a
referida
função,
dependendo
de
ratificação
pelo
Procurador
Geral
do
Estado. A
atuação
como
juiz
servidor
público
do
Tribunal
de
Impostos
e
Taxas
(biênio
2016/2017)
não
importa
qualquer
prejuízo
das
atribuições
do
Procurador
do
Estado,
que
deverá
conciliar
a
carga
diária
de
trabalho
com
as
funções
de
juiz
servidor,
sendo
que
a
produtividade
-
elaboração
de
voto,
voto-vista
e
efetivo
julgamento
de
processos
administrativos,
bem
como
frequência
às
sessões
próprias
-
será
acompanhada
pela
Subprocuradoria
Geral
do
Estado
–
Área
do
Contencioso
Tributário-Fiscal. Fonte: site da PGE SP, de 10/10/2015
Comunicado
do
Conselho
da
PGE Extrato
da
Ata
da
28ª
Sessão
Ordinária-Biênio
2015/2016 Data
da
Realização:
09-10-2015
Fonte: D.O.E, Caderno Executivo I, seção PGE, de 10/10/2015
Comunicado
do
Centro
de
Estudos Fonte: D.O.E, Caderno Executivo I, seção PGE, de 10/10/2015
CRIANÇAS:
PRIORIDADE
ABSOLUTA
OU
PROMESSA
VAZIA? Por
Cyro
Saade Que
as
imagens
de
crianças
conseguem
comover
o
grande
público,
todos
já
sabemos.
Não
é
por
outro
motivo
que
a
publicidade
e
as
produções
visuais,
incluindo
aí
o
cinema,
abusam
do
uso
de
crianças
quando
quer
emocionar
de
forma
fácil.
Até
os
políticos
se
utilizam
disso
em
período
eleitoral. Recentemente
vimos
as
imagens
de
crianças
sírias
mortas
em
praias
da
Turquia
e
da
Europa
e
uma,
em
especial,
comoveu
o
mundo
todo,
a
do
menino
Aylan
Curdi,
de
apenas
3
anos
de
idade.
Mas
essa
não
é
a
primeira
vez
que
o
mundo
se
emociona
com
as
imagens
dos
pequeninos.
Nos
anos
1990,
a
foto
de
uma
pequena
e
cadavérica
menina
sudanesa,
acompanhada
de
perto
por
urubus,
chocou
o
mundo
para
a
questão
da
fome
e
das
guerras.
Durante
os
anos
70
do
século
passado,
a
menina
vietnamita
Kim
Phuc,
com
então
9
anos
de
idade,
foi
fotografada
correndo
nua
e
desesperada,
com
visível
dor
causada
pelas
queimaduras
da
bomba
incendiária
Napalm,
jogada
pelas
forças
estadunidenses. No
Brasil,
as
fotos
das
crianças
órfãs
de
Canudos,
na
Bahia,
vítimas
da
guerra
fratricida
do
final
do
século
XIX,
foram
amplamente
divulgadas
à
época,
o
que,
então,
sensibilizou
a
opinião
pública
mais
informada.
Também
tivemos
mais
recentemente
o
triste
episódio
da
Chacina
da
Candelária,
onde
crianças
e
adolescentes
foram
assassinados
enquanto
dormiam
nas
escadarias
de
uma
Igreja,
no
Rio
de
Janeiro. E
quem
não
ouviu
a
famosa
história
do
então
recém
nascido
menino
Jesus
que
teve
que
fugir
para
o
Egito
a
fim
de
não
ser
assassinado
pelo
exército
de
Herodes? Os
exemplos
de
tristes
episódios
envolvendo
crianças
não
faltam
aqui
e
no
mundo
afora.
E
nada
mudou
substancialmente
nesses
anos
e
séculos. Além
da
Convenção
Internacional
sobre
os
Direitos
das
Crianças,
um
importante
diploma
internacional
que
garante
direitos
mínimos
àqueles
que
ela
considera
crianças
(até
18
anos
de
idade),
a
nossa
Constituição,
que
também
trata
do
mundo
ideal,
do
dever
ser,
aquele
da
poesia
sonhada,
declara
em
seu
artigo
227
que
crianças
e
adolescentes
têm
prioridades
nas
mais
diversas
áreas.
A
legislação
nacional,
ao
contrário
da
internacional,
diferencia
criança
de
adolescente.
Para
ela,
aquele
que
tem
até
12
anos
incompletos
é
criança,
enquanto
adolescente
é
aquele
que
tem
entre
12
anos
e
18
anos
incompletos. A
esse
grupo
de
pessoas
com
menos
de
18
anos,
segundo
a
Constituição
da
República
Brasileira,
deveria
ser
assegurado
recursos
suficientes,
com
o
devido
e
necessário
planejamento,
para
a
inclusão
social,
educacional
e
cultural,
prioritariamente.
Mas
a
realidade
fática,
aquela
cruel,
típica
do
mundo
real
e
retrato
fiel
das
ações
e
omissões
dos
nossos
líderes
políticos
e
empresariais
e
da
nossa
própria
sociedade,
é
bem
diferente. Como
todos
sabem,
as
crianças
e
os
adolescentes
são
absoluta
prioridade
nas
campanhas
políticas.
Todo
candidato
adora
segurar
crianças
no
colo
e
se
dizer
protetor
daqueles
que
serão
um
dia
os
trabalhadores
e
a
própria
liderança
do
nosso
país.
Basta
passar
a
época
da
campanha
para
se
perceber
que
tudo
continua
igual,
que
crianças
e
adolescentes
continuam
nas
esquinas
e
faróis
de
nossas
ruas,
fora
das
escolas,
sem
acesso
a
bens
culturais,
sem
qualquer
dignidade,
com
rostos
sujos
de
carvão,
barriga
inflada
por
vermes
ou,
quando
ainda
de
tenra
idade,
abandonados
nas
esquinas,
para
que
uma
alma
boa
os
adote. Sob
a
ótica
jurídica,
particularmente
na
área
infracional,
onde
atuei
por
12
anos,
pequenos
jovens,
quase
crianças,
muitas
vezes
são
privados
da
liberdade,
total
ou
parcialmente,
por
atos
sem
gravidade.
Devido
ao
convívio
com
jovens
mais
experientes,
essas
quase
crianças,
depois
de
algum
tempo,
vêm
a
praticar
e
a
reincidir
em
atos
infracionais,
aí
graves.
E
não
é
necessário
ser
especialista
para
apontar
algumas
das
possíveis
causas
do
envolvimento
desses
pequenos
jovens:
o
sentimento
de
grupo,
a
falta
de
estrutura
familiar
adequada,
a
absoluta
ausência
de
prazer
em
estudar
e
o
materialismo
consumista
privado
de
valores
culturais. No
exercício
da
advocacia
da
infância
e
juventude,
também
já
me
deparei
com
grande
massa
de
adolescentes
presos
ilegalmente
em
masmorras,
enquanto
o
Estado
ineficiente
não
construía
unidades
de
internação. Não
precisa
ser
jurista
para
verificar
que
a
prioridade
absoluta
encontra-se
redigida
em
nossa
Constituição,
e
só,
já
que
ela
não
é
posta
em
prática.
O
que
era
para
ser
um
princípio
norteador
da
administração
pública
e
da
própria
sociedade
praticamente
virou
letra
morta.
Afinal,
pensem
bem,
criança
e
adolescente
menor
de
16
anos
não
votam.
Daí
o
esquecimento
dessa
coletividade
por
grande
parte
dos
políticos
eleitos. Os
números
divulgados
pelo
Fundo
das
Nações
Unidas
para
a
Infância
–
UNICEF
assustam
e
indicam
que,
ou
priorizamos
de
vez
a
infância
e
a
juventude,
ou
o
nosso
país
continuará
a
não
alcançar
a
educação
de
qualidade,
a
cultura
para
todos,
o
desenvolvimento
integrado
de
tecnologia,
a
diminuição
das
injustiças
sociais
e
o
respeito
à
cidadania.
Como
se
sabe,
investir
em
crianças
e
adolescentes
é
investir
no
futuro
e
na
mudança
de
rumos
do
próprio
País.
A
falta
de
investimento
significa,
ao
contrário,
o
abandono
tanto
da
infância
como
do
nosso
próprio
País. Segundo
o
Fundo,
a
ausência
de
registros
de
nascimentos
no
País,
que
era
superior
a
30%
em
1995,
caiu
para
índice
inferior
a
9%
em
2008,
mas
continua
alto
no
Norte
e
Nordeste
do
País. O
UNICEF
aponta
também
que
45%
de
nossas
crianças
vivem
em
famílias
pobres.
E
as
crianças
negras
e
do
semiárido
vivenciam
um
quadro
ainda
mais
grave,
tendo
70%
a
mais
de
chance
de
viver
na
miséria,
segundo
o
mesmo
organismo
internacional. Ainda
de
acordo
com
o
UNICEF,
o
nosso
país
conseguiu
reduzir
a
mortalidade
infantil,
mas
certifica
que,
aqui,
”as
crianças
pobres
têm
mais
do
que
o
dobro
de
chance
de
morrer,
em
comparação
às
ricas,
e
as
negras,
50%
a
mais,
em
relação
às
brancas.”
Ainda,
mais
de
60
mil
crianças
brasileiras
com
menos
de
1
ano
são
consideradas
desnutridas,
embora
esse
número
já
seja
reflexo
de
uma
diminuição
de
mais
de
60%
havida
nos
últimos
anos. A
questão
escolar
retrata
um
quadro
mais
grave,
de
absoluta
falta
de
prioridade.
Segundo
o
Fundo,
o
Brasil
possui
mais
de
535
mil
crianças
fora
da
escola,
sendo
que,
desse
total,
mais
de
60%
são
de
crianças
negras.
O
mais
estarrecedor,
porém,
é
que
apenas
40%
das
crianças
conseguem
terminar
o
ensino
fundamental.
A
pesquisa
ainda
revela
que
64%
das
crianças
pobres
não
vão
à
escola
durante
a
primeira
infância.
Assustado?
Os
números
não
param
por
aí. Na
nossa
sociedade
que
valoriza
o
aparecer,
o
estar,
o
ter
e
o
consumir,
as
crianças
são
estimuladas
a
tirar
fotos
em
poses
muitas
vezes
sensuais,
a
cantar
músicas
com
fundo
sexual,
a
ser
modelos
e
a
ganhar
dinheiro
de
forma
rápida.
O
resultado
disso,
em
especial
da
erotização
de
nossa
infância,
é
de
que,
ao
ano,
nascem
300
mil
bebês
que
são
filhos
e
filhas
de
mães
adolescentes,
que
tem
menos
de
18
anos.
Não
são
poucas
as
mães
que
ainda
são
crianças. Há
outras
questões
também
importantes,
como
o
trabalho
infantil,
a
prostituição
de
crianças
e
adolescentes
e
a
violência
praticada
contra
esse
grupo,
que
também
são
reflexo
de
uma
total
falta
de
prioridade.
Pior.
Retratam
fielmente
o
abandono
de
nossa
infância
e
juventude. Como
se
percebe,
é
urgente
que
se
dê
efetiva
prioridade
às
ações
e
medidas
garantidas
na
Constituição
Federal
em
prol
dos
infantes
e
jovens.
Só
isso
ajudará
o
Brasil
a
ser
menos
injusto
e
a
ter
um
futuro
mais
próspero,
não
só
na
ótica
econômica,
mas
também
cultural,
educacional
e
tecnologicamente. Chega
das
tristes
imagens
de
crianças
sujas
de
carvão,
se
prostituindo
em
estradas,
largadas
mortas
em
becos,
em
fuga
para
sobreviver,
afogadas,
queimadas
e
morrendo
de
fome.
O
mundo,
em
especial
o
Brasil,
precisa
das
poesias
sonhadas.
E
elas
somente
se
tornarão
realidade
se
garantirmos
o
futuro
das
crianças
e
jovens,
que,
por
obviedade
e
legalidade,
deveriam
ser
a
nossa
prioridade. Cyro
Saade,
Procurador
do
Estado
e
membro
do
Olhares
Humanos. Fonte: Blog Olhares Humanos, 9/10/2015
"Sociedade
deve
escolher
se
resolve
seus
litígios
ou
paga
para
a
Justiça
resolvê-los" A
dois
meses
do
fim
do
seu
mandato
e
de
sua
aposentadoria,
o
presidente
do
Tribunal
de
Justiça
de
São
Paulo,
José
Renato
Nalini,
faz
críticas
à
sociedade
brasileira,
chama
cidadãos
e
empresas
à
responsabilidade,
diante
do
número
de
processos
em
tramitação,
e
se
queixa
da
dificuldade
de
se
mudar
a
cultura
de
litigância
também
dentro
do
maior
tribunal
do
país
e
do
mundo. A
existência
de
mais
de
100
milhões
de
processos
no
Judiciário
brasileiro,
de
acordo
com
dados
do
Conselho
Nacional
de
Justiça,
indica
que
a
sociedade
está
doente,
na
opinião
de
Nalini.
“No
mínimo,
ela
sofre
de
infantilidade,
de
uma
síndrome
da
tutela
permanente”,
disse
em
entrevista
à
equipe
do
Anuário
da
Justiça
de
São
Paulo
em
seu
gabinete
no
centro
da
cidade
de
São
Paulo. O
desembargador
sugere
que
a
sociedade
faça
a
sua
escolha:
resolva
sozinha
os
simples
problemas
cotidianos
e
dedique
a
Justiça
apenas
aos
grandes
casos
ou,
então,
pague
pelo
crescimento
de
sua
estrutura.
“Tentamos
chamar
a
atenção
da
sociedade
de
que
se
é
esse
o
modelo
que
ela
quer,
então,
que
ponha
a
mão
no
bolso
e
prepare-se
para
ser
sacrificada
ainda
mais,
porque
a
máquina
não
vai
parar
de
crescer.” De
dentro
da
corte,
para
melhorar
o
atendimento
à
população,
tem
trabalhado
para
aumentar
a
equipe
de
assessores
nas
varas,
instância
judicial
que
considera
a
mais
importante.
Até
o
final
de
2015,
100%
da
Justiça
paulista
estará
apta
a
aceitar
apenas
o
processo
eletrônico.
Com
a
redução
da
burocracia
e
a
necessidade
de
menos
pessoas
no
cartório,
haverá
mais
servidores
para
atuar
diretamente
na
atividade-fim
da
Justiça.
Não
há
data
certa
ainda
para
que
essa
mudança
se
torne
realidade. Tem
também
acompanhado
de
perto
a
produtividade
dos
desembargadores.
E
lamenta
não
ter
conseguido
apoio
dos
colegas
para
criar
um
mecanismo
para
barrar
a
distribuição
de
casos
repetitivos.
A
ideia
seria
identificar
os
temas
repetidos
e,
antes
da
distribuição,
aplicar
a
mesma
decisão
para
todos.
O
que
tornaria
a
decisão
mais
rápida
e
uniforme.
Um
dos
argumentos
contrários
à
ideia
é
o
princípio
do
juiz
natural,
que
exige
um
relator
para
cada
ação. Nascido
em
Jundiaí,
José
Renato
Nalini
completa
70
anos
no
dia
24
de
dezembro
de
2015.
Quase
40
deles
foram
dedicados
à
Justiça
paulista.
Foi
presidente
do
Tribunal
de
Alçada,
integrante
da
Seção
de
Direito
Público
do
TJ,
corregedor
e
presidente.
Antes,
teve
uma
passagem
de
três
anos
pelo
Ministério
Público
de
São
Paulo.
Na
seção
“sobre
mim”,
no
blog
pessoal
que
mantém
há
anos,
apresenta-se
como
presidente
do
Tribunal
de
Justiça,
ex-presidente
da
Academia
de
Letras,
professor
universitário
e
autor
de
livros
como
Ética
da
Magistratura
e
A
Rebelião
da
Toga.
Escreve
artigos
sobre
variados
temas,
desde
crise
financeira,
alimentação,
limpeza
urbana
e,
por
que
não?,
Judiciário.
Tem
também
uma
coluna
semanal
no
jornal
Diário
de
S.
Paulo. Leia
a
entrevista: ConJur
–
O
país
ultrapassou
o
número
de
100
milhões
de
processos,
de
acordo
com
o
último
Justiça
em
Números,
do
Conselho
Nacional
de
Justiça.
O
que
esse
número
de
processos
representa
para
o
Judiciário,
para
a
sociedade? Renato
Nalini
–
É
um
exagero.
Embora
os
interessados
não
achem,
isso
é
patologia.
Uma
sociedade
que
precisa
da
Justiça
para
todo
e
qualquer
problema
é
uma
sociedade
que
está
doente.
No
mínimo,
ela
sofre
de
infantilidade,
de
uma
síndrome
de
tutela
permanente. ConJur
–
As
pessoas
são
incapazes
de
resolver
os
próprios
problemas? Renato
Nalini
–
Sim.
A
sociedade
precisaria
estar
formada
por
pessoas
preparadas
para
enfrentarem,
pelo
menos,
as
questões
pequenas.
Ou
seja,
sentar,
conversar.
O
advogado
brasileiro
precisa
ser
mais
um
arquiteto
de
soluções
e
não
um
fomentador
de
litígios. ConJur
–
A
advocacia
tem
responsabilidade
sobre
esse
exagero? Renato
Nalini
–
Em
grande
parte
sim,
porque
deveria
partir
das
profissões
jurídicas
o
interesse
em
disseminar
uma
cultura
da
pacificação,
da
conciliação.
Nós
temos
um
processo
judicial
muito
sofisticado,
muito
lento
porque
tem
quatro
instâncias
e
mais
de
50
recursos
e
o
excesso
de
normatividade,
o
excesso
de
formalismo
não
contribui
para
pacificar
a
sociedade.
Não
estou
falando
isso
para
reduzir
a
carga
de
trabalho
praticamente
invencível
dos
juízes
e
dos
funcionários.
Nós
temos
uma
expertise
muito
boa
em
crescer,
fazemos
pressão
e
lobby
junto
ao
parlamento
e
eles
vão
criando
cargos.
Mas
essa
estrutura
gigantesca
não
significa
que
a
Justiça
seja
cada
vez
mais
eficiente.
Nós
temos
que
trabalhar
com
outras
opções. ConJur
–
Quais? Renato
Nalini
–
A
primeira
é
essa:
criar
uma
cultura
de
pacificação;
deixar
o
juiz
para
coisas
sérias.
Não
faz
sentido
milhões
de
processos
iguais
pedindo
a
mesma
coisa
quando
a
solução
já
foi
dada
até
em
instância
superior.
Nós
temos
que
encontrar
uma
fórmula
de
brecar
isso
e
falar:
está
valendo
a
decisão
tal
ou
a
decisão
tal.
E
não
adianta
querer
argumentar
que
o
seu
caso
é
um
pouquinho
diferente.
A
questão
é
a
mesma,
é
o
mesmo
direito
lesado.
Essa
é
uma
política
pública
que
tem
que
ser
levada
a
sério.
As
profissões
jurídicas
têm
que
acordar.
Não
se
pode
fazer
desse
país
um
enorme
tribunal,
com
um
juiz
em
cada
esquina
e
com
aquela
estrutura
pesada,
porque
ao
lado
do
juiz
tem
que
ter
funcionários,
promotor
que
também
tem
funcionários,
defensor
público,
procurador
e
aquela
legião
de
profissões
jurídicas. ConJur
–
O
que
falta
para
as
pessoas
conseguirem
resolver
os
próprios
problemas? Renato
Nalini
–
Falta
crescer,
falta
assumir
responsabilidades,
falta
educação.
Nós
somos
a
República
dos
direitos.
Todo
mundo
clama
por
direitos,
exige
direito,
mas
aparentemente
as
pessoas
faltaram
à
aula
dos
deveres,
das
obrigações,
das
responsabilidades.
Não
estou
dizendo
isso
só
para
aliviar
a
Justiça,
não,
porque
nós
podemos
crescer.
A
sociedade
não
pode
continuar
assim
tutelada,
esperando
que
o
governo
faça
por
ela
o
que
ela
poderia
conseguir
sozinha,
através
de
sacrifício,
esforço,
trabalho,
devotamento,
empenho,
zelo
e
todas
essas
coisas
que
foram
esquecidas.
Se
ela
aprendesse,
não
teria
deixado
a
República
chegar
onde
chegou.
Uma
pessoa
puerilizada,
que
fica
esperando
o
Estado-juiz
resolver
os
seus
problemas,
que
não
consegue
resolver
nem
as
coisas
minúsculas,
pequenas,
corriqueiras,
ela
nunca
vai
conseguir
participar
da
gestão
da
coisa
pública. ConJur
–
Como
mudar
essa
situação? Renato
Nalini
–
Educação.
Principalmente,
educação
jurídica,
que
é
anacrônica,
conservadora,
só
ensina
a
litigar.
O
advogado
recebeu
o
status
de
“essencial
à
administração
da
justiça”,
mas
isso
não
significa
judicializar
todos
os
problemas.
Administrar
a
Justiça
é
fazer
justiça,
é
fazer
uma
advocacia
de
pacificação,
uma
advocacia
de
prevenção,
uma
advocacia
de
aconselhamento. ConJur
–
Na
Seção
de
Direito
Privado
do
TJ-SP,
grande
parte
da
demanda
se
dá
por
problemas
na
prestação
de
serviços,
por
desrespeito
aos
direitos
dos
consumidores,
inscrições
indevidas
em
cadastros
de
restrição
ao
crédito.
Há
uma
aproximação
do
Judiciário
com
essas
empresas? Renato
Nalini
–
Nós
estamos
fazendo
esse
trabalho
também.
Incentivamos
a
conciliação
e
disseminamos
os
Cejuscs
[Centros
Judiciários
de
Solução
de
Conflitos
e
Cidadania].
O
desembargador
Ivan
Sartori
investiu
bastante
na
gestão
deles
e
eu
continuei
chamando
as
empresas
para
fazer
acordos
de
cooperação.
Criei
também
o
selo
Empresa
Amiga
da
Justiça,
para
reduzir
a
judicialização. ConJur
–
Que
tipo
de
empresas
são
procuradas? Renato
Nalini
–
Todas.
Começou
com
a
TAM,
depois
a
Gol,
e
vieram
outras
mais.
Recentemente,
o
presidente
da
Sabesp
veio
até
o
tribunal
e
decidimos
fazer
um
grande
mutirão.
Os
bancos
também,
Itaú,
Bradesco,
as
seguradoras.
Todos
estão
sendo
chamados.
Os
municípios
também. ConJur
–
Cada
empresa
tem
uma
meta
de
redução
de
processos? Renato
Nalini
–
Sim.
Se
a
empresa
atingir
a
meta,
ela
consegue
o
selo
“Amiga
da
Justiça”.
Mas
o
objetivo
final
desse
projeto
é
conscientizar
as
empresas.
Houve
o
caso
de
um
banco
que
tinha
400
escritórios
de
advocacia
pelo
Brasil
inteiro
para
representá-lo.
Peguei
uma
petição,
na
época
em
que
eu
estava
na
Corregedoria,
que
tinha
erros
de
português,
coisas
ininteligíveis.
Tirei
cópia
e
levei
para
o
presidente
do
banco.
Perguntei
se
ele
achava
que
estava
bem
representado
por
um
analfabeto,
falei
sobre
o
quanto
ele
perdia
de
dinheiro
com
uma
defesa
ruim.
Depois
disso,
ele
foi
diminuindo
o
número
de
escritórios
e
hoje
são
apenas
quatro.
Ele
colocou
também
uma
equipe
imensa
de
atendimento
aos
clientes.
No
fim,
é
a
falta
de
comunicação
que
leva
a
tantos
desentendimentos.
A
pessoa
pode
até
tentar
uma
solução,
mas
é
mal
recebida
ou
não
é
nem
atendida,
e
aí
entra
com
processos.
Abrimos
uma
porção
de
frentes
para
repensar
os
litígios.
Mas
acredito
que
a
nossa
maior
contribuição
é
fazer
a
sociedade
prestar
atenção
no
que
está
acontecendo.
É
lógico
que,
se
ela
quiser,
vamos
continuar
crescendo,
vamos
ter
100
mil
juízes.
Só
que
aí
ela
vai
ver
o
que
isso
significa. ConJur
–
Terá
que
pagar,
é
isso? Renato
Nalini
–
Sim,
é
isso.
Esse
tribunal
é
o
maior
do
planeta,
não
é
só
o
maior
do
Brasil.
E
como
maior
do
planeta,
tem
os
maiores
problemas
também.
Embora
o
orçamento
seja
bilionário,
maior
até
que
o
de
vários
estados
da
Federação,
é
insuficiente.
Tentamos
chamar
a
atenção
da
sociedade
de
que
se
é
esse
o
modelo
que
ela
quer,
então,
que
ponha
a
mão
no
bolso
e
prepare-se
para
ser
sacrificada
ainda
mais,
porque
a
máquina
não
vai
parar
de
crescer.
Você
pode
tentar
resolver
as
coisas
mais
simples
e
deixar
a
Justiça,
que
é
um
equipamento
dispendioso,
para
as
questões
complexas.
A
sociedade
deve
assumir
as
suas
responsabilidades,
ter
deveres,
obrigações
e
ajudar
a
República
a
voltar
para
o
caminho
certo.
Outra
alternativa
é
a
informatização.
Assumimos
o
risco
de
um
projeto
audacioso
que
é
só
nosso.
Apesar
de
termos
sido
pressionados
a
usar
o
PJe,
porque
o
CNJ
queria
padronizar
o
sistema,
insistimos
no
nosso
próprio
projeto,
que
funciona
e
já
foi
assimilado
pelos
advogados,
pelos
juízes.
Seria
um
contrassenso,
seria
nefasto
e
seria
jogar
o
dinheiro
do
povo
fora
abandonar
isso
por
causa
de
um
projeto
que
o
CNJ
trouxe
muito
depois
do
nosso. ConJur
–
Na
gestão
do
ministro
Ricardo
Lewandowski
foi
possível
dialogar
mais? Renato
Nalini
–
Sim.
Mas
do
ministro
Joaquim
[Barbosa,
ex-presidente
e
ministro
aposentado
do
STF]
não
posso
reclamar,
porque
ele
foi
pressionado
pelos
conselheiros
e
pelos
que
estavam
tentando
impor
o
PJe
goela
abaixo
do
Tribunal
de
Justiça.
Ele
foi
aconselhado
até
a
intervir
aqui
e
ele
não
fez
isso.
Disse
que
não,
que
confiava
no
que
São
Paulo
estava
fazendo
e
para
deixar
assim. ConJur
–
O
sistema
do
TJ
de
São
Paulo
conversa
com
o
PJe? Renato
Nalini
–
Tem
que
ter
interoperabilidade.
Essa
é
a
receita.
Não
é
possível
ter
um
projeto
só
no
Brasil
inteiro,
num
Brasil
continental,
um
Brasil
tão
diferente.
O
que
precisa
é
que
eles
conversem,
a
chamada
interoperabilidade.
O
nosso
sistema
existe
há
muitos
anos,
passou
por
várias
gestões,
um
projeto
que
custou
R$
6
bilhões.
No
dia
23
de
novembro
todas
as
unidades
judiciárias
do
estado
de
São
Paulo
estarão
preparadas
para
receber
o
peticionamento
eletrônico.
Isso
não
significa
que
os
26
milhões
de
processos
em
papel
vão
desaparecer,
mas
já
é
uma
porta
de
entrada
para
que
isso
seja
resíduo. ConJur
–
Será
obrigatório? Renato
Nalini
–
Assim
que
implementado,
a
única
alternativa
será
o
peticionamento
eletrônico.
Isso
vai
acelerar
a
prestação
jurisdicional,
precisar
de
menos
espaços
físicos
para
o
funcionamento
da
Justiça,
deixar
o
ambiente
mais
agradável.
Foi
um
passo
ambicioso. ConJur
–
Os
advogados
já
se
adaptaram? Renato
Nalini
–
Já,
todo
mundo.
Se
eles
não
se
adaptaram,
pelo
menos
os
assistentes
já,
perfeitamente.
Com
isso,
estamos
investindo
em
gestão
inteligente,
otimizando
a
gestão. ConJur
–
Como
o
senhor
avalia
hoje
a
atuação
do
Tribunal
de
São
Paulo?
A
produtividade
dos
juízes
e
dos
desembargadores? Renato
Nalini
–
No
geral
melhorou,
porque
temos
tido
surpresas
nos
últimos
meses,
como
a
queda
do
ingresso
de
processos
físicos.
Já
é
o
segundo
mês
que
caiu
o
número
de
processos
físicos
[a
entrevista
foi
concedida
no
final
de
setembro].
Hoje,
83%
da
Justiça
paulista
está
informatizada.
Ao
mesmo
tempo,
sou
corregedor
dos
desembargadores.
Tenho
que
cobrar
produtividade,
até
porque
a
corregedora
nacional
[ministra
Nancy
Andrighi]
costuma
telefonar
para
saber
se
estou
monitorando
casos
que
são
crônicos.
A
pessoa
não
consegue
acelerar
a
produtividade
porque
quer
fazer
sozinha.
Daí
eu
me
pergunto:
para
que
ter
um
gabinete,
que
é
um
gasto
considerável?
O
desembargador
precisa
orientar
linhas
mestras,
mas
também
deixar
o
gabinete
trabalhar
e
produzir.
Isso
justifica
um
gabinete.
Mas
a
maior
parte
está
respondendo
bem. ConJur
–
Nesses
casos,
o
senhor
chama
os
desembargadores
para
conversar? Renato
Nalini
–
Chamo
todos
para
conversar,
reservadamente.
E
estamos
conseguindo
progresso.
O
melhor
é
a
conscientização.
Chegamos
ao
limite.
A
Justiça
permaneceu
autista
durante
muito
tempo,
não
queria
tomar
conhecimento
da
sociedade,
até
por
causa
de
seu
conservadorismo.
O
juiz
diz:
“não
posso
me
relacionar
porque
depois
vou
perder
a
imparcialidade”.
Mas
não
é
isso.
Simultaneamente,
estamos
tentando
resgatar
a
autoestima
do
funcionário.
Fiz
tudo
o
que
foi
possível
para
compensar
as
reivindicações.
Muitas
são
legítimas,
mas
outras
são
próprias
do
funcionário
público.
Temos
34
sindicatos
e
associações
fazendo
as
suas
reivindicações. ConJur
–
O
senhor
vai
completar
o
mandato
sem
greve? Renato
Nalini
–
Estamos
em
um
ano
crítico,
sem
orçamento,
com
queda
na
arrecadação.
Mas
falamos
muito
francamente
com
os
servidores.
Não
prometi
nada
que
não
poderia
cumprir.
Embora
eu
tenha
dobrado
o
pagamento
das
indenizações,
aqueles
passivos
que
o
Estado
tem
e
que
é
difícil
recuperar,
sempre
falta.
Mas
há
muita
gente
que
já
recebeu
quase
todo
o
passivo.
Criamos
também
a
escola
do
servidor,
que
oferece
capacitação.
Fizemos
um
projeto
de
arte
e
cultura,
que
propicia,
uma
ou
duas
vezes
por
semana,
palestras
com
pessoas
que
os
servidores
escolhem
e
que
venham
voluntariamente. ConJur
–
A
primeira
instância
é
o
grande
problema
da
Justiça
como
um
todo,
pela
alta
carga
de
processos
e
de
trabalho.
Na
sua
gestão
o
que
foi
feito
para
tentar
melhorar
a
situação
dos
juízes
nas
suas
varas? Renato
Nalini
–
Lentamente,
porque
não
é
fácil,
trabalhamos
para
que
o
juiz
de
primeiro
grau
tenha
a
mesma
equipe
do
desembargador.
O
desembargador
tem
quatro
assistentes
e
três
escreventes
ou
dois
escreventes
e
um
estagiário,
mas
no
mínimo
seis
pessoas
no
gabinete.
O
juiz,
em
regra,
só
tinha
um
assistente
e
a
equipe
do
cartório.
Com
a
informatização,
gradualmente,
servidores
são
liberados
para
exercer
outras
atribuições.
Não
é
mais
necessário
carregar
os
autos
e
nem
toda
essa
movimentação
que
o
processo
físico
demanda.
Então,
aquele
servidor
que
tem
mais
vontade
de
estudar,
de
pesquisar,
de
fazer
minuta
de
decisões,
etc.,
pode
mudar
de
atribuições.
Mesmo
antes
das
metas
do
CNJ,
sempre
defendi
que
a
Justiça
de
primeiro
grau
é
a
mais
importante.
Deveríamos
terminar
a
maior
parte
dos
processos
em
primeira
instância,
porque
é
o
juiz
que
olha
no
rosto
das
pessoas.
Quando
chega
no
tribunal,
os
desembargadores
julgam
a
tese,
doutrina,
é
uma
ficção.
Não
estamos
ali
com
o
caso
flamejando. ConJur
–
Há
uma
previsão
para
o
aumento
da
equipe
dos
juízes? Renato
Nalini
–
Sim,
mas
é
um
processo
lento.
Temos
que
criar
legislação
para
transformar
o
agente
em
escrevente,
por
exemplo.
O
agente
é
uma
pessoa
que
auxilia
em
coisas
menores.
Mas
vimos
que,
pela
necessidade,
eles
começaram
a
fazer
serviço
de
escrevente.
Já
enviamos
para
a
Assembleia
um
projeto
de
lei
para
que
os
agentes,
desde
que
façam
um
curso
e
passem
por
uma
prova,
para
não
frustrar
a
regra
do
concurso
público,
sejam
escreventes.
Temos
uma
estrutura
de
140
anos,
que
foi
se
formando
aos
poucos,
e
não
é
fácil
de
mudar.
Mas
estamos
ressuscitando
a
ideia
de
família
forense,
pedindo
que
todos
se
motivem,
que
todos
se
sintam
empenhados,
que
se
sintam
concretizadores
da
Justiça. ConJur
–
O
tribunal
tem
editado
súmulas
para
uniformizar
os
seus
entendimentos? Renato
Nalini
–
São
as
seções
que
editam.
O
Órgão
Especial
aprova,
mas
quem
faz
são
as
seções.
Fico
extremamente
angustiado
quando
vejo
milhões
de
processos
iguais
que
poderíamos
brecar
antes
da
distribuição.
A
minha
ideia
era
fazer
uma
barreira
prévia:
se
todos
são
iguais,
separamos
antes
da
distribuição
e
aplicamos
a
mesma
decisão
para
todos.
Isso
aliviaria
muito
e
não
haveria
essa
loteria.
Mas
ainda
não
consegui.
Pedi,
por
escrito,
aos
presidentes
das
seções
para
que
fizessem
isso.
O
STJ
tem
o
núcleo
de
recursos
repetitivos
e
o
Supremo
também,
por
que
nós
ao
podemos?
Inclusive,
já
existe
o
núcleo
de
recursos
repetitivos,
o
Nurer,
mas
mudar
a
cultura
é
muito
difícil. ConJur
–
As
audiências
de
custódia
estão
funcionando? Renato
Nalini
–
Da
melhor
maneira
possível.
Estou
extremamente
satisfeito.
Confesso
que
tinha
receio.
Nós
estávamos
muito
atrasados
no
cumprimento
do
compromisso
que
assumimos
internacionalmente
e
também
da
Constituição
de
1988.
Eu
era
juiz
auxiliar
da
presidência
quando
a
Constituição
foi
editada.
E,
naquela
época,
propus
ao
presidente
que
cumpríssemos
o
seu
inciso
LXII
do
artigo
5º:
“a
prisão
de
qualquer
pessoa
e
o
local
onde
se
encontra
serão
comunicados
imediatamente
ao
juiz
competente
e
à
família
do
preso
ou
a
pessoa
por
ele
indicada”.
Desde
5
de
outubro
de
1988
isso
existe.
Fiz
um
parecer
ao
presidente,
mas,
bom,
não
deu.
O
Pacto
de
São
José
da
Costa
Rica,
que
é
de
1969,
também
prevê.
E
o
resultado
é
que
quase
40%
das
pessoas
não
precisariam
ficar
presas.
Vimos
que
é
possível,
que
é
só
ter
vontade
e
coragem.
Deu
tudo
certo
e
o
subproduto,
que
é
aliviar
um
pouco
o
sistema
carcerário,
também
deve
ser
levado
em
conta
em
tempos
de
crise,
já
que
é
tão
caro
abrigar
um
preso. ConJur
–
A
audiência
de
custódia
foi
determinação
do
CNJ? Renato
Nalini
–
Não,
foi
iniciativa
nossa.
Mas
o
ministro
Ricardo
Lewandowski
[presidente
do
STF
e
do
CNJ]
e
o
secretário
de
Segurança
Pública
Alexandre
de
Moraes
também
queriam.
Houve
uma
coincidência.
Se
alguém
tivesse
sido
contra,
não
teria
saído
do
papel.
As
audiências
de
custódia
estão
se
espalhando. Fonte:
Conjur,
de
11/10/2015 |
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