Estados
podem regular parcelamento
O Convênio
Confaz nº 51 - que autoriza São Paulo e outros sete
Estados do país a oferecerem parcelamento de débitos
do ICMS, além de desconto em multas e juros - já pode
ser regulamentado pelos Estados que aderiram à norma. O
prazo de 15 dias para a ratificação do convênio
venceu na semana passada, com a publicação de atos
apenas do Mato Grosso e de São Paulo. Como os demais
Estados não apresentaram manifestações contrárias à
remissão, o convênio fica automaticamente aprovado ou
"ratificado".
O parcelamento proposto por meio do Convênio nº 51
abrangerá os débitos de ICMS ocorridos até 31 de
dezembro de 2006. Segundo a proposta, ao pagar à vista
os débitos, o contribuinte terá uma redução de até
75% das multas punitivas e moratórias e até 60% dos
demais acréscimos e encargos. Já no parcelamento em até
120 meses, a redução das multas poderá ser de até
50% e o desconto máximo, de 40% para acréscimos e
demais encargos.
As
empresas que escolherem o pagamento em 12 vezes terão
as parcelas corrigidas em 1% ao mês, de acordo com a
tabela Price. Os pagamento superiores a este prazo serão
corrigidos pela Selic. Há também o parcelamento de 180
meses, com redução de até 50% das multas punitivas e
moratórias e até 40% para outros encargos. Neste caso,
porém, o valor da primeira parcela não poderá ser
inferior a 1% da média da receita bruta mensal auferida
pelo estabelecimento em 2006. O contribuinte terá até
o dia 30 de setembro para formalizar sua opção em
participar do programa. (ZB)
Fonte:
Valor Econômico, de 09/05/2007
SP
aceita servidor na gestão da previdência
Executivo
recua depois de propor ampliação de conselhos, que
alteraria paridade, segundo funcionalismo; nova regra
atende professor temporário
Moacir
Assunção
Na
terceira rodada de negociação com as lideranças dos
servidores públicos, ontem, o governo de São Paulo
voltou atrás em sua proposta para composição dos
conselhos da nova previdência estadual, em discussão
na Assembléia. O Executivo propôs incluir Judiciário
e Ministério Público, mas os dois setores acabaram
excluídos diante da pressão do funcionalismo, que via
desequilíbrio a favor do governo nessa composição.
A negociação
foi encaminhada pelo líder do governo na Assembléia,
deputado Barros Munhoz (PSDB), mas o recuo foi determinação
expressa do governador José Serra. As lideranças dos
servidores ficaram satisfeitas com o resultado da
negociação e abandonaram a intenção declarada ao
longo do dia de recorrer a greve. “A paridade
retornou”, disse Lineu Mazzano, da Federação
Sindical.
No final,
o conselho de administração da futura SPPrev, que
ficaria com 18 integrantes, voltou a ter 14 membros - 7
do governo e 7 dos servidores. E o conselho fiscal, que
ficaria com 10 membros, voltou a ter 6 - 3 de cada lado.
A proposta do governo ainda precisa ser aprovada pela
Assembléia.
Para
atender aos professores temporários - por vezes
demitidos em 31 de dezembro e recontratados em janeiro -
o governo também mexeu em outro ponto do projeto,
segundo Barros Munhoz. Interrupções de trabalho
inferiores a 45 dias não serão consideradas para fins
da previdência estadual, o que deixa protegidos os
profissionais nesse regime. “Enquanto for possível,
vamos negociar. Sempre há espaço para conversar e
aprimorar o projeto”, disse Munhoz.
O governo
tem pressa em votar o projeto de lei complementar 30,
que cria a previdência. O Estado tem até o dia 28
deste mês para regularizar a previdência estadual em
obediência à legislação federal sobre o tema. Caso não
o faça, o governo estadual não poderá celebrar convênios
federais ou com instituições financeiras como o Banco
do Brasil e a Caixa Econômica Federal. No limite, até
as obras da linha 4 do Metrô poderiam ser prejudicadas.
MILITARES
Outro
ponto polêmico da nova previdência estadual tem sido a
forma como serão tratados os policiais militares. O
superintendente do Instituto de Previdência do Estado (Ipesp),
Carlos Henrique Flory, informou ontem que a migração
das funções previdenciárias da Caixa Beneficente da
Polícia Militar (CBPM) para a São Paulo Previdência
“apenas cumpre o estipulado no artigo 40 da Constituição,
que veda a existência de mais de uma unidade gestora de
regime próprio em cada ente estatal”.
Os
militares estão mobilizados contra a proposta do
governo. Eles temem abrir mão da gestão da previdência
nos quartéis, há mais de um século sob
responsabilidade da Caixa, que mantém 36 mil
pensionistas. Hoje, praças e oficiais vão fazer uma
assembléia no centro de São Paulo para discutir
medidas contra o que consideram “uma ameaça”.
Segundo
Flory, “em obediência às normas constitucionais, o
Estado apenas centralizará em uma única unidade
gestora os benefícios previdenciários dos regimes próprios
dos servidores civis e dos militares”. O
superintendente do Ipesp assegurou que o Regime Próprio
de Previdência dos Militares (RGPM) “não será
extinto nem incorporado” pelo Regime Próprio de
Previdência do Servidor (RPPS). Flory destacou que os
militares permanecerão representados, pois um coronel
ocupará o cargo de diretor de benefícios previdenciários
da SPPREV. “As diferenças próprias do RGPM também
serão mantidas e respeitadas”, disse.
Ele
esclareceu que a primeira versão do PLC 30 apresentada
à Assembléia previa a extinção da CBPM, pois suas
funções previdenciárias seriam transferidas para a
SPPREV e as não-previdenciárias seriam alocadas em
outros órgãos do governo. “O governador José Serra
mudou a redação e manteve a existência da CBPM, que
continuará a prestar assistência médica, odontológica
e judiciária”, disse.
Fonte:
O Estado de S. Paulo, de 09/05/2007
Questão
do passivo atuarial volta a ser discutida nas negociações
da SPPrev
Da Redação
Em outra
rodada de negociações sobre novo sistema de previdência
do funcionalismo estadual, voltaram à discussão as
questões do passivo atuarial e da paridade de
representação entre o governo e os servidores. A reunião
entre o líder do Governo, deputado Barros Munhoz
(PSDB), e os representantes dos funcionários públicos
ocorreu nesta terça-feira, 8/5, no plenário Tiradentes
da Assembléia.
O governo
mudou a composição do conselho de administração da São
Paulo Previdência (SPPrev), diferentemente do que tinha
sido estabelecido em reuniões anteriores, gerando reação
dos servidores. Barros Munhoz entendeu que os
representantes do Poder Judiciário e do Ministério Público
devem ser considerados servidores e não membros do
governo. Ele ainda declarou que esta reunião foi a última,
pois considera que seu papel de interlocutor entre o
governo e o funcionalismo já acabou.
Passivo
atuarial
Os
servidores afirmam que existe um passivo devido pelo
Executivo, decorrente do não-recolhimento, pelo
governo, da parte do empregador. Segundo o
funcionalismo, isso vem ocorrendo há muitos anos e
gerou uma dívida com o Ipesp.
O
procurador Antônio Carlos Fava, no Ipesp há 32 anos,
declarou que não é o instituto que deve aos funcionários,
mas os funcionários é que devem para o instituto: “A
injeção de recursos que o Tesouro do Estado tem feito
no Ipesp para honrar os pagamentos de pensões é
infinitamente maior do que os 6% contratados. Portanto,
essa pseudodívida que o Estado tem com o Ipesp não
existe. É justamente o contrário”, argumentou,
acrescentando que, com a criação da nova previdência,
mesmo aumentando para 22% o aporte do Estado, ainda
assim haverá insuficiência de recursos, obrigando a
uma suplementação por parte do governo.
Para o
representante da Associação dos Servidores do Tribunal
de Justiça, é necessário que esse aporte financeiro
fique garantido, para que mais tarde não haja um
aumento da alíquota imposta aos funcionários,
atualmente no valor de 11% do total dos vencimentos. “É
evidente que existe uma dívida, já que o artigo 27 (do
projeto) fala de uma repactuação das dívidas. Ele só
não deixa claro quem serão os negociadores e quando
essa negociação será feita”, advertiu.
A
representante da Polícia Técnica Científica pediu
mais transparência para tratar da questão atuarial.
“Em negociações feitas em 1999, ainda no governo
Covas, o secretário da Fazenda apresentou números
segundo os quais o governo era devedor do Ipesp. Hoje,
um representante do próprio instituto vem até nós e
diz o contrário. Queremos mais transparência no
tratamento dessa questão”, pediu.
“Efetivamente,
é necessário que o governo retire o projeto e volte a
discutir conosco a dívida e outras questões, como o
pagamento dos inativos com recursos destinados à educação
e à saúde”, opinou o representante do SindSaúde,
argumentando que o funcionário já paga mais de 11% de
contribuição, pois contribui com mais 2% para o Iamspe.
Desdobramentos
Roberto
Felício (PT) lamentou o que considera retrocesso nas
negociações. Segundo ele, houve recuo do governo com a
quebra dos acordos que vinham sendo construídos. Felício
afirmou que vinha levando à bancada do PT na Assembléia
uma visão positiva das negociações, mas que, em vista
do resultado da reunião, não restava alternativa senão
voltar a defender a retirada do projeto.
Também
essa é a posição das lideranças do funcionalismo
estadual. Às 14h desta quarta-feira, 9/5, será
realizada uma reunião das entidades para traçar uma
estratégia de mobilização para a quinta-feira, 10/5.
Fonte:
Alesp, de 09/05/2007
Comunicado
do centro de Estudos
A
Procuradora do Estado Chefe do Centro de Estudos da
Procuradoria Geral do Estado comunica aos Procuradores
do Estado que se encontram abertas 150 (cento e cinqüenta)
vagas para o Painel em Homenagem ao Professor Donaldo
Armelin
“Temas
Atuais da Execução Civil”.
Fonte:
D.O.E. Executivo I, de 09/05/2007, publicado em
Procuradoria Geral do Estado – Centro de Estudos
Advogado
rebate afirmações de ministra do STJ
por
Priscyla Costa
“Não há
limites na defesa de um cliente, dentro da ética e das
prerrogativas”. A afirmação é do advogado
criminalista Sergei Cobra Arbex, assistente de acusação
no caso Pimenta Neves.
Sergei
respondeu às considerações da ministra Maria Thereza
de Assis Moura, do Superior Tribunal de Justiça, que na
decisão do Agravo Regimental em Habeas Corpus ajuizado
por ele, disse que advogado tem de limitar a falar nos
autos. “Advogado e promotor não podem investir contra
o juiz, usando os meios de comunicação”, disse Maria
Thereza.
A acusação,
por Sergei, recorria da decisão que garantiu ao
jornalista Pimenta Neves o direito de responder em
liberdade ao recurso contra sua condenação pelo
assassinato de sua ex-namorada e também jornalista
Sandra Gomide.
Maria
Thereza afirmou que “é ensinamento mais que
comezinho, intuído mesmo das disposições elementares
do exercício profissional, que os operadores do Direito
devem falar é nos autos do processo, utilizando-se dos
meios e recursos inerentes ao ordenamento jurídico”.
Outra análise foi a de que “o advogado criminalista
vivifica o seu mister, assegurando os direitos do seu
cliente. Pensar-se diferente, é descaracterizar a
disciplina constitucional, travestindo-se o advogado em
assessor de imprensa”.
Sergei diz
que nunca investiu contra a ministra, mas sim contra
suas decisões. “Critico e vou continuar criticando as
decisões que são a favor de Pimenta Neves porque
entendo que não está sendo promovida justiça. A
limitação de falar só nos autos não deve existir.
Isto é um entendimento ultrapassado, que não serve aos
anseios da Justiça”, defendeu o advogado.
Fonte:
Conjur, de 08/05/2007
Governo
pode afrouxar limite de endividamento de estados
Eduardo
Bresciani
O ministro
do Planejamento, Paulo Bernardo, sinalizou ontem que o
limite de endividamento dos estados pode ser alterado.
Segundo o ministro, existem duas legislações
conflitantes na área e o governo federal pode passar a
acatar a menos rígida, ou um meio-termo, desde que o
dinheiro “extra” dos estados seja direcionado a
investimentos.
Bernardo
esteve ontem na Câmara dos deputados onde apresentou o
projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para
o ano de 2008. Segundo o ministro, existe um conflito
entre a lei de renegociação das dívidas dos estados e
a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) sobre o teto de
endividamento dos estados.
A primeira
lei determina uma relação de um para um entre receita
bruta e dívida, enquanto que a LRF prevê que a dívida
pode ser até o dobro da receita líquida. Como esses
valores não são correspondentes, tem sido usado como
limite de endividamento a lei de renegociação. O
desejo dos governadores é que passe a ser adotado o
limite da LRF, o que permitiria um afrouxamento das
despesas. “Estamos estudando qual o real impacto disso
para poder dar uma resposta aos governadores”,
afirmou.
Bernardo
afirmou que o governo estuda ainda a proposta e que pode
sugerir uma solução intermediária. Esse dinheiro
“extra” para os estados teria de ser carimbado para
investimentos, em situação análoga ao do Projeto
Piloto de Investimento (PPI) do governo federal. “Isso
ainda não está definido, mas me parece que é uma
coisa muito sensata e alguns governadores também já
defenderam essa idéia”.
Os maiores
beneficiados com possíveis alterações no teto de
endividamento seriam os governadores tucanos Yeda
Crusius (RS) e Teotônio Vilela Filho (AL), que
administram estados em grave crise financeira.
Diretrizes
No projeto
de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2008
apresentado ontem aos deputados e senadores da Comissão
Mista de Orçamento (CMO), o governo mantém as mesmas
metas de superávit primário (3,8%) e de investimentos
pelo PPI (0,45%) que serão executadas em 2007.
Essas
metas foram mantidas nominalmente mas tiveram seu
percentual perante o Produto Interno Bruto (PIB)
reduzido após a revisão do cálculo da riqueza do
Brasil feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
A meta de
inflação de 4,5% também foi mantida para o próximo
ano.
O ponto
que gerou mais conflito na Comissão foi a proposta do
governo de liberar mensalmente 1/12 do Orçamento caso o
projeto não seja aprovado até o fim desse ano.
Parlamentares
da oposição afirmaram que esse dispositivo abriria a
possibilidade do governo obstruir as votações para
poder executar o Orçamento sem a anuência do
Congresso.
Bernardo
reconheceu a força do argumento e afirmou que o texto
pode ser alterado. “A crítica é pertinente e nós
temos que trabalhar um pouco essa redação para
melhorar”.
O relator
da LDO, deputado João Leão (PP-BA), também afirmou
preocupação com essa possibilidade, mas afirmou que o
governo não pode ser impedido de trabalhar por atrasos
nas votações. “Não podemos impedir as estatais de
contratar e o País não pode ficar parado. Precisamos
encontrar uma solução”.
O ministro
procurou ressaltar também a necessidade da aprovação
da prorrogação da Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira (CPMF). A proposta de LDO
conta com esses recursos. “Se o Congresso não aprovar
restam dois caminhos: aumentar a receita ou cortar
gastos de mais de R$ 30 bilhões, que é a previsão de
arrecadação”.
Recursos
contra o Fisco
A Comissão
de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) aprovou ontem
projeto do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) que
exclui a possibilidade de recurso especial à Câmara
Superior de Recursos Fiscais quando as duas instâncias
inferiores do fisco reconhecerem que o contribuinte não
deve determinado imposto. “Com isto, o projeto
desburocratiza e agiliza muito a vida do contribuinte
que tem pendências jurídicas com o fisco, permitindo
que suas pendências sejam resolvidas no menor prazo
possível”, explica Dornelles.
A proposta
foi aprovada na Comissão de Assuntos Econômicos do
Senado em caráter terminativo, isto é, não vai
precisar passar por votação no Plenário. Assim, a
proposta segue para discussão dos deputados, na Câmara.
Fonte:
DCI, de 09/05/2007
Advocacia-Geral
quer padronizar trabalho jurídico dos ministérios
Juliano
Basile
A
Advocacia-Geral da União (AGU) está criando um sistema
de unificação das consultorias jurídicas de todos os
ministérios para homogeneizar a atuação do governo em
duas grandes frentes. Primeiro, em questões
administrativas dos ministérios, como compras e licitações.
A idéia é que todas as pastas cheguem a consensos
sobre as formas de contratar e comprar. E a segunda
frente é arbitrar posições conflitantes entre ministérios.
Para
cumprir essas duas tarefas, o novo advogado-geral,
ministro José Antonio Dias Toffoli, criou o Colégio de
Consultores. Trata-se de um sistema de reuniões periódicas
entre os consultores dos ministérios com o objetivo de
uniformizar as diretrizes em toda a Esplanada.
Toffoli
qualifica a primeira frente (a de compras e contratos)
como "atividade-meio" dos ministérios. Ele
quer unificar os parâmetros das licitações e dos
contratos de cada pasta, com a ajuda do Tribunal de
Contas da União (TCU) e da Controladoria-Geral da União
(CGU) - órgãos que se especializaram em analisar
compras governamentais. "A forma de contratação
do governo tem que ter uma padronização",
justificou o advogado-geral.
Se
conseguir essa unificação, Toffoli acredita que os
ministérios estarão mais aptos a realizar a sua
"atividade-fim": a definição de políticas públicas.
As
consultorias jurídicas dos ministérios atuam em questões
estratégicas em suas pastas. São elas que dão a
fundamentação jurídica para os ministérios tomarem
decisões. No cotidiano da Esplanada, surgem questões
conflitantes entre os ministérios, como, por exemplo, a
defesa do meio ambiente, de um lado, e a urgência para
a realização de obras em rios, de outro. Muitas vezes,
essas questões levam a disputas entre ministros e criam
constrangimentos junto ao presidente da República.
Para
contornar esse problema, surgiu a idéia de criar um
canal de comunicação entre os ministérios. Este novo
canal servirá para encontrar soluções diante de posições
díspares na Esplanada. O que antes era discutido por ofícios
entre os ministérios será, a partir de agora,
negociado em reuniões internas. "O Colégio será
uma espécie de fórum permanente, com o objetivo de
enriquecer os debates sobre políticas públicas e
formular proposições mais sólidas à Presidência da
República", definiu Toffoli. Neste sentido, a AGU
irá funcionar para "homogeneizar
entendimentos" na Esplanada, explicou.
Esse
trabalho preventivo também deverá evitar disputas
judiciais entre diferentes órgãos de governo. É comum
empresas estatais processarem o governo ou ministérios
manifestarem posições totalmente distintas sobre temas
em julgamento, como, por exemplo, a produção de
sementes geneticamente modificadas - um assunto que
divide a Esplanada. Os ministérios da Agricultura, do
Desenvolvimento e da Ciência e Tecnologia são favoráveis
ao uso de transgênicos. Já os ministérios do Meio
Ambiente, da Pesca, do Desenvolvimento Agrário são
contrários à produção desse tipo de sementes.
O Colégio
de Consultores servirá para evitar que divergências
como essa cheguem à Justiça. Com isso Toffoli acredita
que conseguirá solucionar um problema grave na
administração pública: em vez de o governo decidir as
questões internamente, os ministérios transferem esses
problemas para a Justiça. "Qualquer política pública
é judicializada no Brasil", criticou.
A criação
do Colégio de Consultores marca uma nova etapa na AGU.
Toffoli acredita que ela deve ser vista como um
"sistema", e não como um ministério. "A
AGU é um sistema porque é um órgão de
arbitramento", disse.
A AGU
sempre esteve presente em todos os ministérios, mas,
desde que começou a funcionar, há 14 anos, é vista
como órgão responsável por batalhas jurídicas bilionárias
entre a União e contribuintes, a União e pensionistas,
a União e correntistas. A AGU é freqüentemente vista
como adversária de grupos da população. Para Toffoli,
essa fase acabou.
"A
AGU não existe apenas para ganhar grandes causas para o
governo", disse o advogado-geral. Segundo ele, os
grandes "esqueletos" judiciais - as causas de
dezenas de bilhões de reais que ameaçam a estabilidade
das contas públicas - ainda existem. Mas, encontram-se,
hoje, administrados pela atuação dos advogados da União,
já acostumados a fazer um acompanhamento rígido desses
processos. "Nos últimos quatro anos, não se criou
planos econômicos, nem medidas jurídicas arriscadas.
Com isso houve uma pacificação do governo na área jurídica",
justificou.
Logo, a
estratégia, a partir de agora será a atuação da AGU
"como órgão independente do governo, como órgão
de Estado". Toffoli quer que a AGU seja vista da
mesma maneira que a Receita Federal e o Itamaraty: órgãos
de Estado com atuação eficiente, independentemente do
governo de plantão.
Para ele,
chamar a AGU de maior escritório de advocacia do país
"é diminuir a importância de seu trabalho".
"É compará-la a escritórios de advocacia da
esquina", critica. "A AGU tem um patamar muito
mais amplo." Para tirar a imagem de que atua pelo
governo contra o cidadão, a AGU criou um canal de
aproximação com a população: um telefone para
receber denúncias de ilegalidades em assuntos de
interesse da administração.
Em dez
dias de funcionamento, o canal do cidadão recebeu 21
denúncias, todas referentes a um dos temas-chave para a
AGU nos últimos anos: o funcionamento ilegal de bingos
no país. A AGU já moveu 775 ações contra os bingos e
conseguiu impedir o funcionamento de 1.550. O Supremo
Tribunal Federal já decidiu contra os bingos, mas,
mesmo assim, juízes concederam liminares permitindo o
funcionamento de várias casas no país. Agora, Toffoli
acredita que o problema será solucionado com a aprovação
de uma súmula vinculante sobre o tema.
Fonte:
Valor Econômico, de 09/05/2007