Comunicado
do Conselho da PGE
Pauta
da 2ª Sessão Extraordinária - Biênio 2009/2010.
Data
da realização: 08/12/2009.
Horário:
09h30
Ordem
do Dia
Processo:
18575-652317/2004
Interessado:
Conselho da Procuradoria Geral do Estado
Localidade:
São Paulo
Assunto:
Regulamenta a realização do Concurso de Promoção na Carreira
de Procurador do Estado, nos termos da legislação vigente.
Relator:
Conselheiro Antonio Augusto Bennini.
Fonte:
D.O.E, Caderno Executivo I, seção PGE, de 5/12/2009
Arruda
ignorou parecer e contratou empresa suspeita
O
governo de José Roberto Arruda (DEM) ignorou alertas de sua
assessoria jurídica e firmou contratos milionários com empresas
suspeitas de financiar o mensalão do DEM.
Em
março do ano passado, a própria Procuradoria-Geral do Distrito
Federal deu parecer contrário à contratação da Info
Educacional por R$ 12 milhões para implantar software em 173
escolas do DF diante da ausência de projeto piloto e
justificativa de preços adequada.
Após
quatro meses, mesmo tendo sido alertado para a necessidade de
teste prévio e um possível superfaturamento, o governo abriu
licitação para comprar programa de computador com exercícios de
matemática, português e inglês.
Em
seguida, desclassificou as três primeiras colocadas sob o
argumento de que as empresas não passaram no "teste de
conformidade" e escolheu como vencedora a Info Educacional,
que apresentou preço (R$ 12 milhões) quatro vezes o valor da
menor oferta (R$ 3 milhões).
Neste
ano, o contrato com a empresa recebeu um aditivo de R$ 3 milhões.
Além
do contrato de R$ 15 milhões com o DF, a Info Educacional já
firmou contratos com outros quatro governos, entre eles as
administrações do PSDB em Minas Gerais (R$ 6,7 milhões em 2008)
e São Paulo (R$ 12,8 milhões entre 2004 e 2006), todos eles sem
licitação.
Um
funcionário da Secretaria de Educação do DF e o dono da empresa
foram filmados recebendo dinheiro das mãos do ex-secretário de
Relações Institucionais Durval Barbosa, que revelou o mensalão
do DEM.
O
diálogo da negociata de R$ 298 mil também está transcrito no
inquérito que apura a fraude na Operação Caixa de Pandora.
Outra
empresa investigada pela PF é a Linknet que, em outubro deste
ano, venceu licitação de R$ 223 milhões para manter a prestação
de serviços de dados ao governo do DF.
Dois
meses antes do resultado da concorrência, a assessoria jurídica
de Arruda sugeriu uma multa à Linknet por falta de cumprimento
dum contrato anual de R$ 2,03 milhões com a Secretaria de Justiça.
Via assessoria, a secretaria diz que desde fevereiro os repasses
estão suspensos porque a empresa não deu as informações
solicitadas.
Citada
por Barbosa como uma das empresas pagadoras de propina, a Cap
Brasil também teve parecer contrário à sua contratação de
licitação em 2006. Ainda assim, fechou contrato para prestar
serviço à Secretaria de Justiça. Por meio da assessoria, o
governo informou que cancelou contrato porque o projeto não foi
executado.
Como
a Folha revelou anteontem, a Secretaria de Saúde do DF, comandada
pelo PPS, também contrariou orientação do órgão de controle
interno do governo ao contratar a Uni Repro. A entrega de propina
envolvendo o nome da empresa está gravada em vídeo.
Perícia
da PF
A
PF concluiu ontem a primeira parte da análise do material
apreendido na Caixa de Pandora. Será listado tudo o que foi
levado à polícia, por determinação judicial, e caberá ao INC
(Instituto Nacional de Criminalística) periciar computadores, CDs
e recibos apreendidos, além das supostas contribuições de
campanha que Arruda diz ter recebido.
As
equipes responsáveis pela operação esperam concluir até o
final da próxima semana a análise do material. Será feito um
relatório e encaminhado ao ministro que preside o inquérito no
Superior Tribunal de Justiça, Fernando Gonçalves.
Ex-secretário
diz que desconhecia recomendações
Afastado
há uma semana do cargo, o secretário da Educação do DF, Luiz
Valente, disse ontem desconhecer qualquer parecer jurídico contrário
à contratação da Info Educacional. Afirmou ainda que ele não
era o responsável pelo contrato nem participou da licitação.
"Quando
tive conhecimento da Info Educacional o contrato já
existia", disse. Ele afirmou que o funcionário da secretaria
que aparece em vídeo recebendo dinheiro de um representante da
empresa prestou depoimento à PF no qual assume toda a
responsabilidade.
Procurado
pela Folha, o advogado da empresa, Leonardo Amaral, não retornou
a ligação.
A
Linknet disse que não comentará o parecer da Procuradoria do
Distrito Federal. Em nota, a empresa afirma que os contratos são
"balizados pelos princípios que norteiam o direito
administrativo".
A
reportagem da Folha não conseguiu falar ontem com os
representantes da Cap Brasil.
Fonte:
Folha de S. Paulo, de 5/12/2009
OAB-SP tenta
barrar PEC dos Precatórios no Supremo
A
seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai ao
Supremo Tribunal Federal, corte máxima do país, para tentar
derrubar a PEC dos Precatórios, que foi aprovada pelo Senado
Federal e torna ainda mais lenta a fila de pagamento das dívidas
do poder público com pessoas físicas e jurídicas.
"A
decisão judicial no Brasil é para ser respeitada. Há décadas,
o poder público não respeita a ordem desse pagamento e agora
surge essa PEC para institucionalizar o calote, o que não é
justo com todas as pessoas que aguardam há anos o
pagamento", afirmou o presidente da OAB paulista, Luiz Flávio
Borges D'Urso.
Na
última quarta-feira, o Senado concluiu a aprovação da proposta
de emenda constitucional que permite a Estados e municípios
retardar o pagamento e obter descontos de dívidas impostas pela
Justiça.
Em
apenas um dia, o texto, que retornava modificado da Câmara dos
Deputados, foi votado na Comissão de Constituição e Justiça e
no plenário, em dois turnos, um processo que normalmente leva
semanas.
Segundo
a proposta, os governos regionais poderão parcelar, por pelo
menos 15 anos e sem prazo máximo, o pagamento dessas dívidas,
chamadas de precatórios e estimadas em R$ 100 bilhões -cerca de
um quinto das receitas estaduais e municipais.
Parte
dos precatórios de maior valor poderão ser pagos por meio de
leilões, nos quais os credores concordarão em receber menos para
obter o dinheiro mais rapidamente.
Há
dois tipos de precatórios, os alimentares, que são as dívidas
geradas por falta de pagamento de salários, pensões e danos
morais, e os não alimentares, ligados a indenizações,
desapropriações e ações tributárias e contratuais.
Em
todos os casos, são débitos reconhecidos pela Justiça, sem
chance de recurso por parte do poder público.
"Atentado"
Para
o presidente da OAB paulista, é um "atentado" ao Estado
de Direito o prazo de 15 anos para que as dívidas com precatórios
sejam quitadas.
"A
diluição dos pagamentos em um período tão longo e com um
percentual tão baixo de receita prevista [de 1% a 2% da receita líquida]
deixa a certeza de que o ente público continuará a postergar a dívida
com os credores", afirmou D'Urso.
O
presidente da Comissão de Precatórios da OAB-SP e da Comissão
Especial de Assuntos Relativos aos Precatórios Judiciais do
Conselho Federal, Flávio José de Souza Brando, informou que a
OAB irá oferecer uma Adin (Ação Direta de
Inconstitucionalidade) contra a PEC dos Precatórios no Supremo
Tribunal Federal na segunda semana janeiro.
Para
ele, recorrer à corte máxima do Judiciário é o único caminho
que resta às entidades que defendem o pagamento imediato das dívidas
judiciais.
Fonte:
Folha de S. Paulo, de 5/12/2009
A Semana da
Conciliação
Com
o objetivo de assegurar o cumprimento da "meta 2", que
prevê o julgamento até o final do ano de todos os processos que
foram distribuídos até 2005, a Justiça Federal, a Justiça do
Trabalho e as Justiças estaduais promoverão, a partir de
segunda-feira, mais uma Semana Nacional da Conciliação. Usando
mecanismos alternativos de resolução de conflitos adotados nos
países desenvolvidos, a iniciativa tem por objetivo estimular o
entendimento entre litigantes que discutem problemas corriqueiros
- os chamados "litígios de massa". Na conciliação, as
partes cedem parte de suas pretensões e não há vencedores nem
perdedores. A formalização de um acordo encerra automaticamente
o processo judicial, dispensando a necessidade de julgamento, o
que ajuda a desafogar os tribunais morosos e congestionados.
Lançada
pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a iniciativa envolve um
mutirão de juízes, conciliadores e serventuários judiciais e
foi realizada em caráter experimental no dia 8 de dezembro de
2006, quando foram fechados acordos em 55% dos processos sob
exame. Com o sucesso alcançado, o CNJ baixou uma recomendação,
em fevereiro de 2007, recomendando aos Tribunais de Justiça,
Tribunais Regionais Federais (TRFs) e Tribunais Regionais do
Trabalho (TRTs) a adoção de medidas para institucionalizar o
"Movimento pela Conciliação".
Realizada
dez meses depois, a primeira Semana Nacional da Conciliação
contou com a participação de 3 mil juízes e de 20 mil funcionários
da Justiça e resultou em cerca de 144 mil audiências. Os
tribunais de São Paulo, Ceará e Minas Gerais lideraram o ranking
de audiências. Na ocasião, foram fechados acordos em 43% das ações
submetidas ao mecanismo de conciliação. Durante seis dias, foram
atendidas mais de 291 mil pessoas pelas Justiças estaduais, pela
Justiça do Trabalho e pela Justiça Federal.
No
Estado de São Paulo, a estimativa é de que a segunda Semana
Nacional da Conciliação propicie, entre os dias 7 e 11 de
dezembro, o encerramento de cerca de 70 mil processos judiciais.
Na cidade de São Paulo, os presidentes do TRF da 3ª Região, do
TRT da 2ª Região e do Tribunal de Justiça decidiram promover a
conciliação num único local. Por sua proximidade com a Estação
Barra Funda do metrô e por estar bem servida por linhas de ônibus,
o local escolhido foi o Salão de Atos Tiradentes do Memorial da
América Latina. Para o atendimento à população, os tribunais
montarão três tendas, numa área de 3,5 mil metros, com
diferentes cores - azul, para a Justiça Federal; verde, para a
Justiça do Trabalho; e amarela, para a Justiça estadual.
Pelos
cálculos do CNJ, deverão ser realizadas cerca de 12,5 mil audiências.
Nas Justiças estaduais, muitos litígios tratam de questões
relacionadas ao Código de Defesa do Consumidor e a contratos de
compra e venda. Na Justiça Federal, a maioria dos processos trata
de pendências referentes a contratos habitacionais entre
compradores de casa própria e a Caixa Econômica Federal e de
questões relacionadas a aposentadorias e pensões. A média de
acordos que a Justiça Federal tem registrado nas audiências de
conciliação de processos do Sistema Financeiro de Habitação é
de cerca de 70%. Na área previdenciária, a média de acordos
varia entre 35% e 45% dos processos submetidos ao mecanismo de
conciliação.
A
eficácia da Semana Nacional de Conciliação pode ser medida
pelas estatísticas do Poder Judiciário. Segundo o CNJ, dos mais
de 48 milhões de processos que se acumularam em 2006 e 2007 na
primeira instância da Justiça Federal, da Justiça do Trabalho e
das Justiças estaduais, somente 11,3 milhões foram julgados em
caráter definitivo no mesmo período. O restante continuou
aguardando sentença ou subiu para a segunda instância.
O
estímulo à conciliação, por parte do CNJ, é uma das
principais medidas do órgão para reduzir o número de processos
em tramitação nos tribunais. A conciliação estimula os
litigantes, com a ajuda de conciliadores, a resolver seus litígios
sem depender da sentença de um juiz. E todos ganham com isso.
Fonte:
Estado de S. Paulo, seção Opinião, de 5/12/2009
Trechos sul
e leste formarão lote único
O
governo do Estado de São Paulo vai realizar em março de 2010 o
leilão de concessão dos trechos sul e leste do Rodoanel
Metropolitano, que contorna a Grande São Paulo.
A
meta do governador José Serra (PSDB-SP) é assinar o contrato de
concessão entre os meses de junho e julho do ano que vem,
informou o vice-governador, Alberto Goldman. O edital de concessão,
com as bases do negócio, foi aprovado em reunião do Conselho do
Programa Estadual de Desestatização (PED), na última terça.
A
principal novidade do edital será a fusão num mesmo lote dos
trechos sul e leste.
O
trecho sul está em fase final de obras e deverá ser aberto ao tráfego
em março, depois de fracassar a tentativa de antecipar a entrega
do trecho para novembro. A obra enfrentou problemas com o
desabamento de vigas na Régis Bittencourt no mês passado.
O
consórcio vencedor do leilão terá de assumir a construção e
posteriormente a operação do trecho leste, que permitirá
conduzir o tráfego do Rodoanel oeste e sul às rodovias Henrique
Eroles (SP-66), Ayrton Senna e Presidente Dutra.
A
concessionária terá prazo de 30 meses para construir a parte
leste do Rodoanel após a assinatura do contrato.
Estimativas
do projeto do governo paulista indicam que os 43,5 quilômetros do
trecho leste custarão R$ 5 bilhões.
A
estruturação financeira da obra será de responsabilidade do
concessionário. O projeto já tem licença ambiental. Quando
pronto, o trecho leste interligará dez estradas que conectam a
capital paulista com vários pontos do país. Fará ainda a conexão
entre a rodovia dos Bandeirantes e a Dutra.
Como
o trecho oeste foi inaugurado em 2002, faltará apenas a concessão
do trecho norte, sobre a "delicada" serra da Cantareira,
o que permitirá por fim ligar também a rodovia Fernão Dias (São
Paulo-Belo Horizonte) sem passar pelas marginais.
Ao
contrário do leilão dos cinco lotes de rodovias paulistas,
realizado em outubro de 2008, o governo de São Paulo não exigirá
do vencedor pagamento de outorga.
No
leilão de concessão das rodovias Ayrton Senna/Carvalho Pinto, D.
Pedro 1º, Marechal Rondon (leste e oeste) e Raposo Tavares, as
empresas tiveram que desembolsar R$ 3,4 bilhões a título de
outorga para os cofres estaduais.
De
acordo com o edital do Rodoanel, o prazo da concessão será de 35
anos, período em que o concessionário poderá explorar a cobrança
de pedágios sobre uma circulação de veículos de 3 bilhões de
vezes.
Essa
é a previsão de circulação de automóveis, caminhões e ônibus
nos dois trechos ao longo das três décadas e meia da concessão.
Serão mais de 50 mil veículos por dia.
Como
nos leilões anteriores, o consórcio vencedor será aquele que
oferecer o maior deságio sobre a tarifa-teto aprovada no edital.
O valor por quilômetro será de R$ 0,107910, igual ao estipulado
pelo governo nas concessões anteriores.
Na
concessão do trecho oeste, a CCR venceu o leilão com um deságio
superior a 61% sobre o preço-teto para assumir os 32 quilômetros
do trecho.
De
acordo com o edital, o contrato de concessão será corrigido
todos os anos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo),
que substitui o IGP-M (já abandonado nos últimos contratos
assinados pelo governo do Estado).
Com
o edital aprovado pelo PED, o governo deverá fazer ainda neste mês
as audiências para a discussão pública da modelagem da concessão.
A
publicação do edital deverá acontecer em fevereiro, disse o
vice-governador. Em março, ocorre o leilão.
Cuidado
De
acordo com vice-governador, o governo pretende ampliar as exigências
dos consórcios interessados em disputar os trechos sul e leste.
Goldman disse que o objetivo é evitar os problemas provocados
pela TPI (Triunfo Participações e Investimentos). No leilão dos
cinco lotes de rodovias, a empresa ganhou o leilão do complexo viário
Ayrton Senna/Carvalho Pinto, mas não conseguiu apresentar as
garantias exigidas no edital.
"Vamos
ter desta vez regras mais rígidas para as garantias bancárias. Não
vamos aceitar cartas de instituições financeiras que admitem
apenas a intenção de conceder garantia. Queremos garantias
firmes dos bancos", explica Goldman.
No
episódio, a Artesp (Agência Reguladora dos Transportes no Estado
de São Paulo) desabilitou a Triunfo e chamou a segunda colocada
no leilão, a holding Ecorodovias, que administra o complexo
Anchieta/Imigrantes. A Triunfo tentou se manter no negócio, mas
sem sucesso.
Tramo
norte terá parceria público-privada
O
tramo norte do Rodoanel, que completará o anel viário Mário
Covas, terá um regime de concessão distinto daqueles realizados
até agora.
Segundo
o vice-governador Alberto Goldman, o governo pretende propor uma
PPP (Parceria Público-Privada) para viabilizar a concessão e a
construção dessa parte final.
O
governo avalia que o tráfego no ramo norte será muito inferior
ao dos demais trechos, o que não garantirá receita suficiente
para bancar o custo do investimento que terá de ser feito para
construí-lo.
A
estimativa é que a obra seja ainda mais cara do que as dos demais
trechos, que custam em média R$ 5 bilhões. O valor ainda não
foi calculado.
A
estrada cortará a serra da Cantareira, uma das poucas reservas
florestais remanescentes na região da Grande São Paulo. Por isso
é uma área considerada delicada do ponto de vista ambiental.
É
dessa área que sai metade da água que abastece a capital, no
chamado Sistema Cantareira. Mesmo com essas dificuldades, o
governo de São Paulo quer obter a licença ambiental e organizar
o leilão do último trecho ainda no ano de 2010. O plano é ter o
Rodoanel completo antes da Copa de 2014.
O
eventual efeito negativo com o aumento do número de praças de
pedágio, condição do processo de concessão de rodovias, não
preocupa o governo tucano em ano eleitoral.
Goldman
disse que o governo José Serra não considera esse um problema
eleitoral.
"Não
estamos pensando nos efeitos políticos [da concessão do
Rodoanel]. Não podemos levar isso em conta. Ruim é não fazer
nada. Diria que o efeito político de fazer a estrada e cobrar é
melhor do que o efeito político de não fazer e não
cobrar", disse.
Goldman
disse que a concessão do trecho norte do Rodoanel pode ocorrer
antes do leilão para os lotes de rodovias do litoral sul e norte.
O conselho do PED (Programa Estadual de Desestatização) chegou a
avaliar o edital dos dois trechos, mas esbarrou no custo da
concessão do litoral norte.
"Há
trechos que não estão maduros para serem concedidos. É preciso
haver uma demanda da sociedade. No Rodoanel isso existe",
disse.
Prefeituras
da região questionaram a quantidade de pedágios prevista. O
principal projeto no trecho seria a duplicação da Tamoios, obra
que consumiria R$ 1 bilhão.
Fonte:
Folha de S. Paulo, de 6/12/2009
AGU cresce,
mas União tem perdas maiores
"Servidor
aposentado ou pensionista! O Supremo Tribunal Federal já decidiu:
se você entrar na Justiça, irá receber entre R$ 11,7 mil e R$
200 mil."
Ao
lado de um cartão de boas festas, a mensagem é o destaque da página
da Associação Nacional dos Servidores Públicos na internet, que
conclama seus representados a tirarem proveito de uma vitória
judicial que pode parecer inexplicável aos menos familiarizados
com o cotidiano do serviço público.
Trata-se,
simplificando o caso, de uma sentença do STF que abriu caminho
para elevar o pagamento de uma série de gratificações aos
funcionários inativos do Executivo. Em comum, todas essas
gratificações foram criadas para premiar os funcionários mais
produtivos -da ativa, presumivelmente.
Pela
tese dos vencedores, a falta de critérios objetivos de avaliação
do desempenho dos servidores mostrava que as gratificações eram
reajustes salariais disfarçados. Logo, pelo princípio
constitucional da paridade, deveriam valer também para os
aposentados, ao menos nos percentuais mínimos pagos aos ativos.
Se
a causa em particular é inusitada, derrotas judiciais do gênero,
em especial envolvendo aposentados e funcionários públicos,
tornaram-se uma despesa crescente para o governo federal e um próspero
negócio para escritórios de advocacia, entidades sindicais e até
investidores em renda fixa.
A
despeito da multiplicação do quadro de pessoal e das verbas da
AGU (Advocacia Geral da União), os gastos definidos por sentenças
da Justiça mais que triplicaram na administração petista. Em
2002, foram R$ 2,2 bilhões, equivalentes a R$ 3,5 bilhões em
valores atuais; neste ano, até o início do mês passado, o
volume já chegava aos R$ 13 bilhões.
De
nota de rodapé no Orçamento, os pagamentos de dívidas judiciais
ultrapassaram em 2009 os benefícios do Bolsa Família, principal
marca do governo Lula. A tendência de crescimento constante nos
últimos anos (veja quadro nesta página) se manterá no próximo,
para o qual estão reservados R$ 15,3 bilhões.
A
quase totalidade do dinheiro é dividida em ações movidas por
servidores públicos, ativos e inativos, e pela clientela do INSS.
O peso das derrotas na Justiça passou a ter influência decisiva
na evolução das despesas com previdência e pessoal, as maiores
da União.
Em
janeiro deste ano, mês de concentração dos pagamentos de sentenças,
o gasto com o funcionalismo teve crescimento de 31% em relação a
janeiro de 2008 -excluídas as vitórias judiciais dos servidores,
o crescimento teria sido de 17%. Na Previdência Social, as
despesas judiciais responderam por R$ 5,8 bilhões de um deficit
de R$ 41,5 bilhões até outubro.
Os
volumes crescentes alimentam comissões de advogados e
departamentos jurídicos de sindicatos, que procuram servidores e
aposentados para causas coletivas a partir de precedentes abertos
pela Justiça -a decisão do STF relativa às gratificações por
desempenho, por exemplo, é de 2007, mas ainda produz ações.
Expansão
da AGU
Não
é por falta de defensores que a União acumula cada vez mais
gastos com as sentenças. Proporcionalmente, a AGU foi o órgão
que mais cresceu no governo Lula, em grande parte devido à
incorporação de procuradores antes espalhados pela administração
federal. Houve ainda mais de 3.000 ingressos por concurso para a
área jurídica, o que contribuiu para praticamente duplicar o
quadro de advogados da União.
A
carreira, da elite do Executivo, foi uma das mais beneficiadas
pelos pacotes de reajustes salariais concedidos pelo governo. Sob
Lula, o teto dos vencimentos de advogados e procuradores aumentou
de R$ 7.500 para R$ 18,3 mil.
Em
nota enviada à Folha, a AGU apresentou, como razões para o
aumento das despesas com sentenças judiciais, a instituição dos
juizados especiais em 2001 e o processo de "interiorização
da Justiça", com a criação de novas varas federais.
"Tal
fato tem aumentado sensivelmente a quantidade de novas ações
judiciais, tendo em vista a demanda reprimida da sociedade em
decorrência do difícil acesso à Justiça."
O
órgão acrescenta que grande parte das ações decorre de políticas
previdenciárias e de recursos humanos das décadas de 80 e 90,
decorrentes, por exemplo, dos planos econômicos para combater a
inflação.
Vitórias
trazem economia de bilhões, diz AGU
Em
defesa de sua atuação, a AGU lista uma série de vitórias
judiciais que, segundo suas contas, chegam à casa das centenas de
bilhões de reais.
Quando
José Antonio Dias Toffoli deixou o cargo de advogado-geral para
assumir uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, em
outubro, foi divulgada a estimativa de que sua gestão havia
proporcionado uma economia "de quase meio trilhão de
reais" aos cofres públicos.
Em
documento enviado à Folha, a AGU afirma ter obtido vitórias
equivalentes a R$ 168 bilhões em ações previdenciárias no STF.
Outros R$ 12 bilhões teriam sido poupados em uma ação no
Superior Tribunal de Justiça que pleiteava a inclusão de valores
recebidos a título de auxílio-doença no cálculo do valor dos
benefícios de aposentados por invalidez.
Parte
dos ganhos listados diz respeito a obras de infraestrutura do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento). Segundo a nota, uma força-tarefa
conseguiu garantir o sucesso do leilão da hidrelétrica de Jirau,
no Estado de Rondônia, e o baixo preço obtido pela energia
"representou economia para a sociedade brasileira de cerca de
R$ 24,8 bilhões".
A
AGU afirma que as vitórias judiciais neste ano proporcionaram
receita de R$ 735 milhões em honorários advocatícios para o
Tesouro Nacional.
O
órgão diz ter iniciado em 2008 um programa de redução de
demandas judiciais contra a Previdência, permitindo que o INSS não
recorra a instâncias superiores quando a derrota se refere a
causas já pacificadas na Justiça. Estima-se que, até 2010, o número
de processos, hoje em torno de 160 mil ao mês, seja reduzido em
30%.
Fonte:
Folha de S. Paulo, de 7/12/2009