Lula
vai propor a governadores que cobrança do ICMS mude
LEANDRA
PERES
O primeiro
passo da proposta de reforma tributária que será
apresentada amanhã aos governadores reunidos com o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva é mudar o sistema
de cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) sobre exportações.
O projeto
em elaboração no Ministério da Fazenda prevê o
abatimento automático dos créditos que as empresas
exportadoras têm junto aos governos estaduais, de modo
que não seja mais possível acumular esses
ressarcimentos.
Esse novo
sistema não teria prazo de transição, entrando em
vigor imediatamente após a aprovação da reforma.
A solução
técnica para esse problema passaria pela criação de
uma espécie de "imposto virtual" sobre as
exportações. Esse "tributo" seria, então,
ressarcido com recursos de um fundo criado
especificamente para esse fim.
A compensação
automática, no entanto, ficaria restrita às vendas
feitas pelas empresas ao exterior depois de aprovado o
projeto do governo.
Ou seja, o
estoque de mais de R$ 13 bilhões que as empresas têm
atualmente contra os governos estaduais por conta das
exportações não seriam compensados agora.
A equipe
econômica avalia que não há como discutir as duas
coisas ao mesmo tempo porque a perda de arrecadação não
poderia ser suportada pelos Estados.
O
reconhecimento automático dos créditos terá impacto
negativo sobre as receitas de alguns governadores.
Entretanto, no Ministério da Fazenda acredita-se que
esse problema possa ser contornado.
Pelo
sistema atual, os produtos destinados à exportação
que têm que ir de um Estado para outro antes de
embarcarem para o exterior recolhem 12% na origem.
Quando
chegam ao Estado de destino, não há o pagamento do
ICMS, já que o produto será exportado. Mas a empresa,
que já recolheu 12% de imposto em outro Estado, pede o
ressarcimento. O problema é que a arrecadação entrou
no cofre do Estado de origem, mas será descontada do
governador de onde sai a mercadoria para a exportação.
Na prática,
o que acontece é que os governos estaduais não fazem o
ressarcimento e ganham ao deixar de repassar às
empresas os recursos transferidos pela União para esses
fins. Já as empresas acumulam créditos de ICMS que
nunca podem ser abatidos.
Difícil
solução
"Esse
é o problema de mais difícil solução na questão do
ICMS. O imposto virtual é uma tentativa de fazer o
ressarcimento ao exportador, mas estará sempre
condicionado à liquidez do fundo. A saída que vejo é
permitir que o exportador compense seus créditos com
impostos federais e, ao mesmo, tempo extinguir os
repasses aos Estados", afirma Everardo Maciel,
ex-secretário da Receita Federal.
Ele
reconhece que a proposta tem um custo fiscal para o
governo federal, mas avalia que é mais fácil encontrar
formas de compensar a União do que chegar a um consenso
com cada um dos governadores.
O Ministério
da Fazenda já apresentou aos secretários de Fazenda
estaduais propostas para criar o ICMS virtual, mas o
Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), que
reúne representantes de todos os Estados, não acatou a
idéia.
Fonte:
Folha de S. Paulo, de 05/03/2007
SP irá premiar quem exigir nota fiscal
Fazenda
paulista quer colocar em prática em julho programa que
devolve parte de ICMS recolhido ao consumidor
FÁTIMA
FERNANDES
Para
disseminar o hábito da emissão de nota fiscal pelas
empresas e evitar a sonegação de impostos, a
Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo pretende
colocar em prática a partir de julho um programa que
possibilita ao consumidor receber de volta parte do ICMS
(Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)
pago na aquisição de mercadorias.
Projeto de
lei já está em elaboração para ser enviado à
Assembléia Legislativa.
Inspirado
no sistema que funciona desde agosto de 2006 na
Secretaria de Finanças do Município de São Paulo -que
permite ao consumidor abater créditos de ISS (Imposto
sobre Serviços) do valor do IPTU (Imposto Predial e
Territorial Urbano)-, o programa da Fazenda paulista
pretende transformar os consumidores em aliados da
fiscalização.
O prêmio
para o "consumidor fiscal" será a obtenção
de créditos que podem ser abatidos do valor do IPVA
(Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) ou
até ser devolvido em dinheiro. "Queremos estimular
o consumidor a exigir a emissão de nota fiscal, que é
um direito que ele tem", afirma Mauro Ricardo
Machado Costa, secretário da Fazenda paulista.
Para o
programa funcionar, as empresas de varejo precisam
aderir ao sistema de cupom fiscal eletrônico. "O
consumidor vai solicitar a nota fiscal eletrônica e o
comerciante vai preencher nesse cupom o CPF ou o CNPJ de
quem fez a compra. Quando o imposto correspondente a
aquela nota fiscal for recolhido aos cofres estaduais,
um percentual desse imposto será creditado a aquele CPF
ou CNPJ. Esse crédito será utilizado para pagamento do
IPVA ou mesmo será devolvido em espécie", afirma
Machado Costa.
A Fazenda
paulista está desenvolvendo o software para colocar o
programa em execução. Não definiu ainda qual o
percentual do ICMS recolhido que será devolvido, assim
como em que periodicidade. Mas já está certo que o
consumidor vai poder acompanhar o recolhimento do
tributo relativo às notas fiscais por meio do site da
Secretaria da Fazenda.
"O
consumidor digita o CPF dele ou o CNPJ da empresa e
verifica os estágios em que estão as notas fiscais, se
estão ou não pendentes de recolhimento de tributos. Se
os impostos não foram recolhidos, por intermédio do
site, o consumidor vai poder mandar mensagens para os
comerciantes para cobrá-los. Só depois que os lojistas
pagarem os impostos é que os consumidores terão
direito ao crédito de ICMS", diz.
Com o
programa, a Fazenda vai acompanhar o movimento econômico
das empresas, saber quanto terão de recolher de ICMS e
em que data.
Machado
Costa diz que o projeto vai começar com as empresas que
aderiram ao Supersimples (com faturamento anual de até
R$ 2,4 milhões por ano), que pagam ICMS sobre o
faturamento. Mas, em seis meses após a implantação,
pretende estender o programa a todos os setores e a todo
o Estado. "Não teremos problema para aprovar o
projeto na Assembléia", diz o secretário.
Fonte:
Folha de S. Paulo, de 03/03/2007
Governadores resistem a discutir ICMS em encontro com
Lula
Estados
defendem pauta própria, mas presidente quer usar
reforma tributária como eixo de reunião amanhã
Ricardo
Brandt, Tânia Monteiro e Luiz Rila
Os 24
governadores que se reúnem amanhã com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, na Granja do Torto, em Brasília,
para discutir contrapartidas em troca do apoio ao
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) vão
boicotar qualquer tentativa presidencial de transformar
o encontro numa agenda do governo, não dos Estados.
E avisam
que vetarão a discussão de assuntos espinhosos, como a
alteração na forma de recolhimento do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
O
presidente Lula, por outro lado, deixou claro que vai
defender no encontro o fim da guerra fiscal entre os
Estados, com a realização de uma reforma tributária
que tem como idéia central exatamente a mudança nas
regras de cobrança do ICMS, principal tributo estadual.
A cobrança hoje é feita na origem, ou seja, no Estado
em que se realiza a produção. O desejo do governo é
passar a cobrança para o destino, o Estado onde se dá
o consumo - sistema adotado em outros países e
considerado capaz de reduzir as desigualdades regionais,
ao beneficiar os locais menos desenvolvidos.
A questão,
porém, será rechaçada no encontro por ser polêmica e
não haver consenso entre os governantes. O governador
do Distrito Federal, José Roberto Arruda (PFL), afirmou
que haverá 'mal-estar' se o assunto for levado à
discussão - como quer Lula. 'Esse tema, se colocado,
nem sequer permitiremos a discussão. Serei o primeiro a
pedir para que ele seja retirado. Porque aí é um tema
não proposto na primeira reunião e não proposto pelos
governadores. É uma agenda típica de quem quer dividir
para não discutir', afirma Arruda.
Alguns
governadores demonstraram constrangimento em relação
ao encontro de amanhã. Isso porque até sexta-feira
nenhum representante do governo ou emissário de Lula
havia dado notícias sobre quais pontos poderiam ser
debatidos.
Os
governantes, alinhados e não-alinhados a Lula, se
empenham para que, no encontro, sejam discutidos apenas
os 14 itens propostos por eles na carta entregue no fim
de janeiro - após a divulgação do PAC.
Em resumo,
eles pedem a Lula uma fatia maior dos tributos da União
para os Estados e municípios, uma 'solução de
mercado' para as dívidas regionais e a inclusão de
algumas obras de infra-estrutura no programa de
prioridades. Entre as reivindicações, está a inclusão
de contribuições como a Cofins nos fundos de participação,
o aumento dos repasses da Contribuição de Intervenção
no Domínio Econômico (Cide) - também chamado de
imposto dos combustíveis - e a liberação da caução
da dívida.
'ESPERTEZA'
'Eu senti
de vários governadores um constrangimento. Alguns estão
sentindo uma certa esperteza do governo, que não
responde, não sinaliza e aí chega lá, o presidente,
muito simpático, abraça todo mundo, usa todo mundo
para a fotografia, mas não discute temas objetivos',
afirmou Arruda.
Responsável
por entregar a carta ao governo, Arruda se transformou
numa espécie de porta-voz do grupo. 'Se o governo
quiser ter uma reunião realmente com a presença dos
governadores, ele terá de sinalizar, como é natural,
sobre quais os pontos poderão haver avanços', avisa.
Segundo o
governador do Distrito Federal, o constrangimento é
geral no grupo que se reunirá com o presidente no
Torto. 'Tem governador, até da base aliada, se sentindo
usado. Se for para empurrar com a barriga, não precisa
chamar a gente. Lança o projeto e faz o que quiser. Ele
só precisa dos votos do Congresso.' O governador da
Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), faz uma ressalva e
diz compreender a posição de Lula. 'É compreensível,
pois estamos diante de um presidente que tem uma larga
experiência, inclusive negocial. A origem dele é
movimento sindical e ele não anteciparia essa negociação.
Ele vai deixar para fazer isso no dia.' Interlocutores
do presidente afirmaram que, após a entrega da carta,
ele pediu que áreas técnicas do governo preparassem um
diagnóstico da situação dos Estados. Deveria estar
concluído até sexta-feira, para que Lula pudesse debatê-lo
no encontro.
De maneira
sucinta, para os governadores, o ponto central da reunião
deve ser a necessidade de a União abrir mão de
recursos tributários para repassar aos Estados e municípios,
melhorando a capacidade de investimento. 'O Brasil se
transformou num País unitário. Nós não somos mais
uma Federação. O nível de concentração de receita
na União, o volume de dependência dos Estados é algo
que não permite mais nos apresentarmos como Federação',
ataca Cunha Lima.
DESENVOLVIMENTO
Enquanto
isso, para tentar quebrar a resistência dos Estados
mais industrializados quanto às mudanças do ICMS, o
presidente Lula argumenta que é uma obrigação pensar
no desenvolvimento do País, não apenas em áreas específicas.
'Não dá para se conformar, achando que quem é rico
vai ficar sempre rico e quem é pobre vai ficar sempre
pobre', afirma.
Os
governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio
Neves, ambos tucanos, já declararam estar dispostos a
aceitar a mudança proposta.
Fonte:
O Estado de S. Paulo, de 05/03/2007
STF limita fornecimento de remédios excepcionais e de
alto custo
A
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra
Ellen Gracie, deferiu, em parte, pedido do estado de
Alagoas na Suspensão de Tutela Antecipada, para
suspender decisão concedida em ação civil pública
que determinou ao estado o fornecimento de medicamentos
necessários para o tratamento de pacientes renais crônicos
em hemodiálise e pacientes transplantados.
O pedido,
por envolver matéria constitucional, foi enviado ao STF
pela presidência do Superior Tribunal de Justiça
(STJ). Trata-se da interpretação e aplicação dos
artigos 23, inciso II e 198, inciso I da Constituição
Federal.
A
Procuradoria Geral do Estado (PGE-AL) sustentou que
pedido idêntico foi negado pelo presidente do Tribunal
de Justiça alagoano (TJ-AL) que também indeferiu
agravo regimental e pedido de reconsideração. Alegou
ainda a ocorrência de grave lesão à economia pública,
pois a liminar concedida generalizou a obrigação do
estado fornecer “todo e qualquer medicamento necessário
ao tratamento dos transplantados renais e pacientes
renais crônicos, impondo-lhe a entrega de medicamentos
cujo fornecimento não compete ao estado dentro do
sistema que regulamenta o serviço”.
De acordo
com a Lei nº 8080/90 e a Portaria nº 1318 do Ministério
da Saúde, ao estado compete o fornecimento de
medicamentos relacionados no Programa de Medicamentos
Excepcionais e de alto custo. O estado de Alagoas
afirmou a existência de grave lesão à ordem pública
porque o fornecimento de medicamentos, além daqueles
relacionados na Portaria do MS e sem o necessário
cadastramento dos pacientes, inviabiliza a programação
orçamentária do estado e o cumprimento do programa de
fornecimento de medicamentos excepcionais.
A ministra
Ellen Gracie ao admitir a competência do STF para
analisar o pedido, declarou estar configurada a lesão
à ordem pública, já que a execução de decisões
como a ora impugnada “afeta o já abalado sistema público
de saúde”. A presidente do Supremo considerou que
“a gestão da política nacional de saúde, que é
feita de forma regionalizada, busca maior racionalização
entre o custo e o benefício dos tratamentos que devem
ser fornecidos gratuitamente, a fim de atingir o maior número
possível de beneficiários”.
Ellen
Gracie afirmou que a norma do artigo 196 da Constituição,
ao assegurar o direito à saúde, “refere-se, em princípio,
à efetivação de políticas públicas que alcancem a
população como um todo, assegurando-lhe acesso
universal e igualitário, e não em situações
individualizadas”. O estado de Alagoas, por sua
responsabilidade em fornecer recursos necessários à
reabilitação da saúde dos cidadãos não poderia
inviabilizar o sistema público de saúde, o que
acontece neste caso – com a antecipação de tutela
para que o estado forneça os medicamentos relacionados
dos associados, “está-se diminuindo a possibilidade
de serem oferecidos serviços de saúde básicos ao
restante da coletividade”.
A ministra
concluiu pelo deferimento parcial do pedido diante da
constatação de que o estado de alagoas não está se
recusando a fornecer tratamento aos associados, motivo
da suspensão da tutela antecipada, “tão somente para
limitar a responsabilidade da Secretaria Executiva de Saúde
do estado de alagoas ao fornecimento dos medicamentos
contemplados na Portaria nº 1318, do Ministério da Saúde”.
Fonte:
Diário de Notícias, de 05/02/2007
Comunicado
do Centro de Estudos
A
Procuradora Chefe do Centro de Estudos da Procuradoria
Geral do Estado, tendo em vista autorização do Diretor
da Escola Superior da Procuradoria Geral do Estado,
COMUNICA aos Procuradores do Estado que estão abertas
60 (sessenta)
vagas para
a aula do Curso de Especialização Lato - Sensu em
Direito do Estado sobre o tema “Regimes Jurídicos dos
Servidores Públicos. Normas Constitucionais. Sistema
Remuneratório. “, a ser proferida pelo PROFESSOR
CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELO, no dia 09 de março de
2007 (sexta-feira), das 08h00 às 10h00 horas, no auditório
do Cento de Estudos, localizado na Rua Pamplona, 227, 3°
andar, Bela Vista, São Paulo, SP.
Fonte:
D.O.E. Executivo I, de 05/03/2007, publicado em
Procuradoria Geral do Estado – Centro de Estudos
Projeto propõe que economia com a adequação ao teto
seja aplicada no pagamento de precatórios
O deputado
Palmiro Menucci (PPS) protocolou na Assembléia, em
27/2, projeto de lei que destina os recursos derivados
da aplicação do teto salarial aos servidores públicos,
e que retornam ao Tesouro Estadual como receita extra-orçamentária,
apenas ao pagamento de precatórios alimentares. A
Emenda Constitucional 41/03 fixou o subsídio do
governador como teto para o funcionalismo.
Segundo
declara o parlamentar, a iniciativa se justifica porque
as despesas orçamentárias incluem em seu cálculo o
valor bruto dos salários pagos aos servidores. A
diferença entre o valor bruto e o vencimento
efetivamente pago ao funcionário, após aplicação do
redutor para adequar o valor ao teto estabelecido,
retorna ao Tesouro estadual, inclusive com o valor pago
a título de imposto de renda retido na fonte, como
verba extra-orçamentária.
Tal efeito
permite que o Executivo use como quiser a verba
decorrente da aplicação do redutor sem que seja necessária
a aprovação da Assembléia.
Na avaliação
do deputado Palmiro Menucci, seria atender à justiça
manter a aplicação de tal verba relacionada a salário,
sem manter, no entanto, a mesma denominação para
descaracterizar qualquer duplicidade na aplicação dos
recursos. No caso, o pagamento de precatórios
alimentares atenderia tanto a descaracterização como a
manutenção do vínculo à questão salarial, mantendo
a coerência com a Lei Orçamentária aprovada pela
Assembléia.
O
parlamentar ressalva também que, até agora, os
recursos advindos da aplicação do redutor salarial
foram, inclusive, usados pelo governo em obras do metrô
paulistano. O projeto de sua iniciativa, explica Menucci,
propõe a correção desse desvio de verba destinada a
salários do servidor público.
Fonte:
Alesp, de 05/02/2007
Supremo está mais próximo do povo, diz Carmem Lúcia
Em
entrevista à jornalista Bertha Maakaroun do jornal
Estado de Minas, a ministra Carmem Lúcia, do Supremo
Tribunal Federal, a mais nova na Corte, afirma que o
volume de processos não a intimida e que a presença
feminina nos tribunais superiores ainda causa certa
estranheza. Mas adverte: “a Justiça no Brasil está
se tornando feminina".
Nove meses
depois de empossada, a ministra imprime a própria marca
no exercício da função, permanentemente premida por
um dilema: a necessidade de praticar a justiça concreta
e a inquietação de, por maior que seja a dedicação,
não responder com a presteza justa à demanda de quem
recorre ao Judiciário. "O ser humano pode não
pensar na injustiça, até o dia em que sofre uma. Nesse
dia será preciso o juiz em quem confie", considera
Carmem Lúcia.
Leia a
reportagem do Estado de Minas
No início,
o estilo causou espanto. A ministra Carmen Lúcia
Antunes Rocha vai dirigindo o próprio carro ao Supremo
Tribunal Federal (STF), um Golf prateado, ano 2001.
Chegou a ser barrada à entrada da garagem.
"Olha,
aqui só entra ministro", avisou o segurança.
"Eu sou ministra", retrucou ela. "Onde
está o seu carro?", insistiu o funcionário. Língua
afiada, a resposta provocou risos: "Ou bem aqui se
entra ministro, ou bem se entra o carro". Carmen Lúcia,
que também recusava o carro oficial quando, no governo
Itamar Franco, foi procuradora-geral do Estado, se
explica: "Como todo brasileiro, uso o meu próprio
transporte para ir ao trabalho. Fico assim à vontade
para parar numa farmácia se precisar". Carro
oficial só em solenidades em que o Poder Judiciário é
representado. A nova ministra dispensa a ostentação.
A dedicação
ao trabalho dessa mulher, que é solteira e mora
sozinha, é absoluta: dorme pouco, debruça-se de 15
horas a 16 horas por dia sobre os processos, Agravos e
Habeas Corpus que aterrissam sobre a sua mesa. Lê e relê
aproximadamente 2.600 despachos e decisões mensalmente.
Apesar disso, como em todos os outros gabinetes de
ministros, os carrinhos de novos processos não param de
chegar. Numa rotina previsível, cerca de 40 batem à
porta de sua casa pela manhã, e à tarde, no STF,
juntando-se a outros 10.800 que esperam decisão.
Os
processos a acompanham no café às 5h, quando soa o
despertador. Marcam presença nos 30 minutos de sua
esteira matinal. Acompanham-na ao longo do dia. São
temas de conversa na hora do almoço com colegas da
Corte, que não raro se reúnem em torno da mesa da
mineira e desfrutam dos queijos e lingüiça de
Espinosa, no Norte de Minas, despachados pelo pai toda a
semana. A vida é monástica. Raramente freqüenta
restaurantes, solenidades e eventos sociais.
Rigor ao
julgar
Mais nova
na Corte, portanto sempre a primeira a se pronunciar,
Carmen Lúcia não se intimida. Em dezembro do ano
passado relatou o processo e disse não às férias
coletivas dos juízes e tribunais de segundo grau. Em
seu gabinete, a disciplina é rígida e anunciada aos
assessores, técnicos e analistas. Ninguém está
autorizado a receber advogados, nem a falar pelo
gabinete. As audiências de advogados são pedidas por
escrito. "Meus assessores não recebem advogados,
porque não participam da decisão judicial. Eles me
ajudam muito na pesquisa. Mas quem prepara os votos sou
eu".
A
"novata", que acentua a mudança do perfil do
pleno, é autora de vigorosa obra sobre direito
constitucional. "A minha admiração intelectual
por Carmen Lúcia é imensa", assinala o decano
ministro Sepúlveda Pertence. "Ela se destaca não
só por sua capacidade intelectual, mas por sua dimensão
humana agregadora", faz coro a presidente do STF,
Ellen Gracie. Os funcionários da Casa elogiam a sua
sensibilidade. "Ela é formidável", diz seu
Flordovaldo, há 20 anos "capinha" (responsável
por colocar a toga nos ministros do STF antes do
julgamento).
Na
confraternização de Natal do ano passado, a ministra
conseguiu o que nunca se viu: reuniu em seu gabinete os
10 colegas de plenário e respectivas equipes.
"BH
é mais barata"
A ministra
Cármen Lúcia assume pessoalmente várias tarefas domésticas.
Arruma a própria cama e cantarola versos de Cecília
Meirelles enquanto supervisiona a jabuticabeira
ornamental do seu apartamento: "Eu canto, porque o
instante existe e a minha vida está completa. Não sou
alegre nem sou triste: sou poeta. Olha a
jabuticaba", comemora, indicando a fruta. Faz
compras para casa aos sábados, confere e recita os preços.
"A vida em Belo Horizonte é tão mais barata do
que em Brasília", comenta.
Volume de
processos não intimida
Aos 52
anos, a ministra Carmen Lúcia Antunes Rocha acredita
que para a sua geração a presença feminina nos
tribunais superiores ainda causa certa estranheza.
"Mas a Justiça no Brasil está se tornando
feminina", garante ela, referindo-se ao recente
arquivamento, na semana passada, pelo Supremo Tribunal
Federal, do pedido de Habeas Corpus de Adriana Almeida,
acusada de ter assassinado, em 7 de janeiro, do marido
milionário da mega-sena, Renné Senna. No STF
encerrou-se um ciclo de decisões dadas por quatro
mulheres da primeira à última instância.
Em Rio
Bonito, a juíza Renata Gil decretou a prisão temporária
dos seis indiciados por envolvimento com o crime, entre
eles a viúva Adriana Almeida. Ao recorrer ao Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro, o pedido liminar de
Habeas Corpus foi relatado e rejeitado pela
desembargadora Maria Raimundo de Azevedo. No Superior
Tribunal de Justiça, coube à ministra Laurita Vaz
indeferir a liminar com a qual a defesa de Adriana
pretendia colocá-la em liberdade. Indeferido o pedido
no STJ, novo HC foi ajuizado no STF, que foi julgado por
outra mulher. A ministra Cármen Lúcia arquivou o
pedido apresentado pela defesa de Adriana, porque
entendeu não caber ao STF analisar Habeas Corpus
ajuizado contra decisão liminar de outra instância
superior.
"Quando
se trata de concurso público, as mulheres estão
chegando muito longe na carreira jurídica",
considera Carmen Lúcia. Segundo ela, no início,
despertaram certa curiosidade. "Quando a ministra
Ellen Gracie chegou ao STF, foi muito maior a cobrança
em relação a ela. Agora, as pessoas começam a se
acostumar", afirma a ministra. Mas o gênero não
deve ser fator preponderante, avalia. "Antes de
considerações desse tipo, é importante analisar o que
é bom para o Brasil, em termos de quais pessoas ocupam
quais cargos", diz.
Dos
processos de repercussão aos insignificantes que não
resistirão à nova Lei de Repercussão Geral, Cármen Lúcia
analisa os casos com a mesma paciência professoral que
a caracterizou durante duas décadas na Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, quando lecionou
direito constitucional.
Fonte:
Conjur,de 04/03/2007
Justiça estadual avança na instalação do processo
virtual
adriana
aguiar
Cerca de
19 tribunais estaduais já deverão usar o processo sem
nenhum papel, pelo menos em alguns dos Juizados
Especiais, até julho deste ano, segundo Sérgio Tejada,
membro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) responsável
pela informatização dos tribunais. Entre os mais
adiantados na virtualização do processo estão:
Roraima, que já instalou cinco Juizados Especiais, Rondônia
e Sergipe. Nas próximas semanas, também começarão a
informatização, segundo o conselheiro, os tribunais de
Minas Gerais e Tocantins e Goiás. Todos eles terão de
se adaptar à Lei nº 11.419, em vigor a partir do dia
20 deste mês, que determina a utilização do processo
virtual em todo o Judiciário, apesar de não fixar
prazo para que isso ocorra.
Entre os
que demorarão mais tempo implantar os sistema
totalmente virtual do CNJ, está o Tribunal de Justiça
de São Paulo. “Também não era para menos, o
Tribunal paulista tem quase 50% dos processos no País e
é necessária uma dedicação exclusiva para que haja a
implantação”, diz Tejada. Segundo o conselheiro,
primeiro o Tribunal paulista se dedicará à interligação
das instâncias, já que cada unidade da Justiça
utiliza um sistema diferente de informática, para
depois implantar o processo totalmente virtual.
O CNJ tem
mais de R$ 50 milhões esse ano para investir na
implantação do processo eletrônico. Segundo Tejada, a
idéia é comprar equipamentos necessários para
auxiliar na implantação dos sistemas nos tribunais.
A Justiça
Federal é a mais adiantada quando o assunto é
virtualização do processo e já começou a eliminar o
uso do papel há cinco anos. Segundo Sérgio Tejada, são
3 milhões de processos informatizados, o que representa
80% dos processos na área federal. “Das 40 Turmas
Recursais que existem no Brasil, 39 já usam o processo
virtual”, explica o conselheiro.
A instalação
do processo totalmente virtual na Justiça Trabalhista
ainda não tem data para acontecer, mas Tejada acredita
que deve ocorrer até o meio do ano. Já o Supremo
Tribunal Federal (STF) está se preparando para receber
peças processuais de recurso extraordinário via
Internet, segundo Tejada, mas ainda não há data para
implantação. “ O Supremo dará prioridade para
receber recursos virtuais dos tribunais com maior
demanda como: São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná,
Minas Gerais e Pernambuco. Isso quer dizer que quase 70%
dos recursos serão virtuais”.
Justiça
paulista
O
andamento dos processos deve ganhar mais agilidade no
Tribunal de Justiça de São Paulo a partir de agosto
desse ano, segundo o juiz Eduardo Marcondes, assessor da
presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo para
assuntos da informática. A partir daí deve começar a
interligação de primeira e segunda instância com o
mesmo sistema de informática. Com a interligação, o
processo não mudará mais de número ao subir de instância,
os juízes também colocarão a sua decisão direto na
rede com a assinatura digital.
Daqui no máximo
três meses, segundo o juiz, será possível que o
advogado elabore e envie a petição inicial pelo
processo eletrônico. “Essa medida já acaba com boa
parte da burocracia para se entrar com a ação”,
explica.
Ano
passado o Tribunal investiu R$ 200 milhões em informática.
O dinheiro se destinou, segundo o juiz, a aquisição de
equipamentos e infra-estrutura para a implantação do
sistema de informática. “São 35 mil computadores
ligados em rede em 660 prédios que compões a Justiça
paulista”. Para este ano, o projeto instalar mais 26
mil pontos de rede e comprar 500 totens de
auto-atendimento que serão disponibilizados em locais públicos
“para que a população tenha acesso ao seu processo
pela Internet”, diz.
Mais avançado
O Tribunal
de Justiça de Rondônia, que é um dos tribunais mais
avançados na virtualização, já está com o Projudi
— sistema de processo eletrônico desenvolvido pelo
CNJ, funcionando no 3º Juizado Especial Cível da
capital, Porto Velho, e deve seguir para os outros 27
Juizados Especiais do estado até o final do primeiro
semestre, segundo o juiz auxiliar da presidência,
Alexandre Miguel, responsável pela informática.
Justiça
do Trabalho
A Justiça
do Trabalho investirá este ano R$ 56 milhões em
informatização. Desse total, R$ 42 milhões de reais
serão destinados a aquisição de equipamentos,
softwares e serviços, e 14 milhões a atividades de
manutenção. Entre 2004 e 2007, foram investidos R$ 137
milhões. Segundo a assessoria de imprensa do TST, a
interligação entre o Tribunal Superior e o TRT com
relação as peças processuais já digitalizadas em
recursos de revista já começou a ocorrer em janeiro
deste ano. Desde janeiro também é possível que o TST
faça o envio eletrônico de informações e peças
digitalizadas para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Fonte:
DCI, de 05/03/2007
TCU e CNJ se unem para fiscalizar Poder
O Tribunal
de Contas da União (TCU) firmou acordo de cooperação
com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para
viabilizar a fiscalização do Judiciário nos Estados.
O CNJ passa a contar com o apoio da estrutura técnica
do TCU, que deverá ceder suporte logístico, metodológico
e pessoal para inspeções em varas e tribunais.
Fonte:
O Estado de S. Paulo, de 04/03/2007