Decreto
sinaliza reavaliação de benefícios de SP
A revogação
de 22 benefícios fiscais feita pelo Decreto nº 51.520,
editado pelo governo do Estado de São Paulo, cujo o
pano de fundo é a guerra fiscal dos Estados, deve
culminar em uma revisão dos benefícios fiscais e
regimes especiais concedidos aos contribuintes pela
Fazenda estadual. A retirada dos benefícios feita pela
norma, conforme apurou o Valor, foi motivada por uma ação
direta de inconstitucionalidade (Adin) proposta no
Supremo Tribunal Federal (STF) pelo governo do Pará
contra a concessão de créditos e descontos em multas -
dentre outros pontos - oferecidos por São Paulo. A ação
está prevista para ser julgada na sexta-feira no
Supremo. A medida, embora justificada pela Adin, teria
ainda um outro objetivo, segundo fonte do governo que
preferiu não se identificar: reavaliar, em termos econômicos,
os atuais benefícios interessantes para o Estado e
quais as fórmulas possíveis para recriá-los sem que
que isso caracterize guerra fiscal.
O governo
de São Paulo comunicou ao Supremo a edição do decreto
e, com isso, a Adin perde seu objeto e deixa de entrar
na pauta de julgamento. Se perdesse a ação, em tese a
Fazenda paulista teria que cobrar dos contribuintes os
valores que deixaram de ser arrecadados durante o período
em que os benefícios foram concedidos a partir de 2000.
Dentre os
benefícios revogados pelo decreto está o da alíquota
reduzida de 7% do ICMS para produtos como arroz, feijão
e pão francês. Aqueles produtos que fazem parte da
cesta básica, como o feijão e arroz, passam a ser
tributados a uma alíquota de 12% a partir de hoje. Os
produtos da indústria de processamento eletrônico também
perdem o direito à alíquota reduzida.
A
possibilidade de pagamento de multas com valores
reduzidos também foi revogada. Segundo o advogado Abel
Simão Amaro, sócio do Veirano Advogados, o valor das
multas podia cair pela metade se elas fossem recolhidas
até 30 dias após a autuação. As empresas também
perdem o direito a créditos presumidos - calculados na
saída do produto - e que, na prática, poderiam reduzir
o valor do imposto a ser recolhido. Eram beneficiadas
com a possibilidade empresas do setor de informática,
fabricantes de produtos alimentícios, dentre outros.
Procurada pelo Valor, a Secretaria da Fazenda não se
manifestou sobre o assunto.
Fonte:
Valor Econômico, de 01/02/2007
Até maio, servidor será recadastrado
O governo
José Serra divulgou ontem as datas para o
recadastramento dos 684 mil servidores do Estado, uma
das primeiras medidas anunciadas pelo governador ao
assumir o cargo. O processo começará após o carnaval.
Entre 22 de fevereiro e 1º de abril serão
recadastrados os servidores de todas as áreas, exceto
os temporários e eventuais da Educação, que terão
prazo de 2 de abril a 11 de maio.
Fonte:
O Estado de S. Paulo, de 01/02/2007
CPI da Guerra Fiscal define cronograma de trabalho
A CPI da
Guerra Fiscal, presidida pelo deputado Roberto Morais (PPS),
realizou nesta terça-feira, 30/1, reunião extraordinária
para tratar do cronograma de trabalho. Foram agendadas
três reuniões para a oitiva de seis pessoas. Em 7/2,
quarta-feira, às 10h, serão ouvidos o procurador da
República em Osasco, Mateus Baraldi Magnani, e o
delegado da Polícia Federal Vitor Hugo Rodrigues Alves.
Em 8/2, quinta-feira, às 14h, a CPI receberá Edivar
Vilela de Queiroz, presidente do Sindicato dos Frigoríficos
Paulistas, e Andreas Romero Gonzales, presidente da
Associação dos Distribuidores de Papel. E em 14/2,
quarta-feira, às 10h, será a vez dos depoimentos de
Aristeu Magalhães Filho, fiscal da Fazenda do Paraná,
e de Mauro Zaque de Jesus, promotor do Grupo de Atuação
contra o Crime Organizado do Mato Grosso do Sul. Por
sugestão do deputado Rogério Nogueira (PDT), as reuniões
da comissão acontecerão duas vezes por semana, às
quartas e quintas-feiras.
Inquirido
por Conte Lopes (PTB) sobre as prerrogativas da CPI de
convocar autoridades públicas federais ou de outros
Estados, Roberto Morais afirmou que o presidente da
Assembléia, deputado Rodrigo Garcia, se comprometeu na
última quarta-feira a designar um procurador da Casa
para acompanhar os trabalhos da comissão e prestar
assessoria jurídica. “Ainda hoje devo retomar esse
assunto com o presidente”, revelou Morais. Por
consenso, os deputados deliberaram que todos os
depoentes serão chamados à CPI mediante convite.
Edmir
Chedid (PFL) relembrou uma sugestão da deputada Beth
Sahão (PT), que solicitou a realização de uma audiência
pública com o atual titular da pasta da Fazenda, bem
como seus antecessores, economistas etc. “Está sendo
discutida uma reforma fiscal no país e precisamos ter
bem claro o que é bom para São Paulo”, explicou. A
deliberação sobre a realização da audiência pública
ficou para a próxima reunião da CPI, na próxima
quinta-feira, 1º/2.
Fonte:
Alesp, de 30/01/2007
Presidente da ANAPE encontra-se com Ministro da Previdência
- Preocupação com nova Reforma
Hoje às
17 horas Ronald Bicca juntamente com a Associação dos
Magistrados do Brasil, Ministério Público e outros
foram recebidos pelo Ministro da Previdência NELSON
MACHADO.
No
encontro as entidades requereram ingresso no Forum da
Previdência instituído pelo Decreto 6019. Sobre a
aposentadoria do servidor o Ministro afirmou que não
pretende fazer nova Reforma neste Governo pois a Reforma
foi feita em 2003.
O Ministro
afirmou que o Forum instituído pelo Decreto tem como
finalidade o Regime Geral da Previdência Social e
incluir 28 milhões de brasileiros no Sistema, que não
serão tratados assuntos pertinentes a Servidores.
O deputado
federal JOÃO DADO do PDT de SP foi quem agendou o
encontro e esteve presente apoiando nossas reivindicações.
Fonte:
Anape, de 31/02/2007
Governo não aceita repartir CPMF com Estados, diz
Bernardo
Cristiano
Romero
O governo
não aceita repartir, com Estados e municípios, a
arrecadação da CPMF, uma reivindicação feita pelos
governadores. Para fazer isso, diz o ministro do
Planejamento, Paulo Bernardo, o governo teria que
aumentar a carga tributária. "Se eu tiver que dar
mais alguns bilhões de reais a Estados e municípios, o
resultado dessa discussão não será a redução da
carga tributária", pondera o ministro, em
entrevista exclusiva ao Valor.
Bernardo
diz que tem "dificuldade" para entender a
proposta dos governadores, que gostariam de ficar com
30% da receita gerada pela CPMF. Ele lembra que uma
parte dos recursos do tributo - 0,20 ponto percentual da
alíquota de 0,38% - é destinada à Saúde, portanto,
vai para os governos estaduais e as prefeituras. Uma
outra parte - 0,08 ponto percentual - vai para o Fundo
de Combate à Pobreza, do qual governadores e prefeitos
se beneficiam. "Se tirarmos 30% para os
governadores, vai faltar dinheiro para essas áreas."
Numa
defesa veemente do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), o ministro diz que a oposição
subestimou a dimensão do pacote e, por isso, o critica
agora por estar consciente de seus efeitos políticos
"positivos". "Tanto que as críticas começaram
a aparecer três ou quatro dias depois (do anúncio do
programa", observa.
Sobre as
críticas de que o PAC não trouxe medidas de corte de
gastos e redução da carga tributária nem a proposição
de reformas institucionais, como a da previdência,
Bernardo afirma que, mesmo com o presidente Lula gozando
de alta popularidade e dispondo de ampla maioria no
Congresso, não há condições políticas, neste
momento, para aprovar essa agenda. Ele diz que uma
reforma da previdência proposta pelo governo seria
rejeitada "imediatamente" pelo PSDB e o PFL,
partidos da oposição que apoiaram a reforma de 2003,
elaborada pelo governo Lula. "O clima político
agora é completamente diferente."
Bernardo
diz que Lula não está evitando a adoção de medidas
impopulares, mas que, a partir de agora, só mexerá em
assuntos controversos depois de reunir "condições
políticas" para tanto. Ele acredita também que,
depois de quatro anos de rigor fiscal, a sociedade
brasileira exige agora uma outra agenda do governo.
"O país precisa crescer mais", diz.
Valor: Os
especialistas dizem que, para o país crescer mais rápido,
o governo teria que cortar gastos e reduzir a carga
tributária. O PAC não tem uma coisa nem outra. Não é
uma contradição?
Paulo
Bernardo: Alguns analistas fazem a mesma análise,
qualquer que seja o projeto. Elas se afastam da
realidade. É preciso ter uma percepção clara dos
objetivos do PAC e das condições em que estamos
trabalhando.
Valor: Que
condições?
Bernardo:
As condições políticas, por exemplo. O nosso governo
teve um comportamento muito firme na condução das políticas
fiscal e monetária. A despeito disso, ainda há críticas.
As pessoas não percebem que a sociedade brasileira está
pedindo uma outra agenda. Cumprimos todas as metas
fiscais nos últimos quatro anos, portanto, achamos que
agora devemos atender, sem abandonar o rigor fiscal,
outras demandas da sociedade.
Valor: Que
agenda é essa?
Bernardo:
A de que o país precisa crescer mais.
Valor:
Reduzir a carga tributária não é uma demanda da
sociedade?
Bernardo:
Para fazer isso, temos clareza de que é preciso
diminuir também os gastos do governo, senão a conta não
fecha. Agora, quando falamos em fazer a reforma tributária,
as primeiras reações nos indicam que, em vez de
reduzir, precisaríamos aumentar a carga. O que mais é
demandado é o aumento do gasto.
Valor: A
que reações se refere?
Bernardo:
Por exemplo, essa idéia de repartir mais recursos
(feita por governadores). Isso nos obrigaria a aumentar
a carga. O governo quer continuar fazendo um esforço
para diminuir tributos. Já fizemos isso, de maneira
bem-sucedida, em diversos setores. Fizemos desonerações
pontuais e elas estão dando resultado. Mas, se eu tiver
que dar mais alguns bilhões de reais a Estados e municípios,
e tiver que aumentar os investimentos, o resultado não
será a redução da carga.
Valor: O
momento atual não é ideal para aprofundar o ajuste
fiscal e, assim, criar espaço para o BC acelerar a
queda dos juros?
Bernardo:
É preciso ter condições políticas para fazer isso.
Valor: Por
que não há condições políticas?
Bernardo:
No ano passado, fizemos um acordo com as entidades
representativas dos aposentados para, em vez de dar
3,14% de reajuste aos aposentados, conceder 5%. Por duas
vezes, o Congresso aprovou reajuste de 16,7%. É razoável
defender nova reforma da Previdência, sou amplamente
favorável mas é preciso criar condições para aprová-la,
porque isso que aconteceu em 2006 soou como um alarme.
Valor:
Eleito com ampla maioria no 2º turno, o presidente Lula
não tem capital político para aprovar reformas?
Bernardo:
É possível, mas veja que anunciamos um programa, com
viés fiscal, contenção de gastos com pessoal e previdência
social e pública, com desoneração de setores da
economia, aumento dos investimentos, melhora da regulação
ambiental, das regras de licitação, e mesmo assim
alguns setores, surpreendentemente, não vêem nada de
positivo. Uma parte das críticas é motivada pelo temor
dos efeitos políticos positivos do programa. Acho que a
oposição esperava menos do PAC. Quando viu a dimensão
do programa, ficou preocupada. Tanto que as críticas
começaram a aparecer três ou quatro dias depois.
Valor: Na
regra adotada para os salários dos servidores, o
objetivo é reindexá-los?
Bernardo:
Não. Não estamos falando de regra de reajuste dos salários,
mas sim das despesas com pessoal. Estamos estabelecendo
limite para a evolução da folha de pessoal,
equivalente à inflação mais 1,5% real. Se o gestor público
resolver contratar pessoal, provavelmente não terá
margem para dar reajuste. Se, pelo contrário, enxugar a
folha, poderá até dar reajuste superior a 1,5% real.
Valor: Por
que usar a inflação como parâmetro?
Bernardo:
Não tínhamos a intenção de congelar os salários,
mas queríamos ter um ritmo de crescimento da despesa
menor que o atual. Fixamos um limite que vai garantir
uma reposição para evitar perdas inflacionárias, com
uma margem que pode ser usada para melhorar os salários,
contratar novos funcionários e resolver o problema do
crescimento vegetativo da folha. É um limite moderado.
Não representa arrocho salarial, nem é uma bondade
enorme.
Valor:
Essa medida não é inconstitucional, na medida em que
fixa regras para outros poderes?
Bernardo:
De forma alguma. Não é o governo que vai disciplinar a
regra, mas o Congresso. Trata-se de um projeto de lei
complementar que altera a LRF, onde já existe limitação
salarial para os três poderes. A LRF diz que o limite
dos gastos com pessoal é 60% da receita corrente líquida.
A lei divide esses 60% entre os três poderes. Não
mexemos nisso. Estamos apenas colocando um outro parâmetro
para conter o ritmo de crescimento da despesa.
Valor: O
governo Lula fixou tetos para receitas e despesas nos últimos
dois anos, mas na prática os ignorou. Isso não vai
acontecer de novo?
Bernardo:
São duas coisas diferentes. A LDO, que fixou os tetos,
é uma lei editada todo ano. Num ano, tem uma redação,
no seguinte, outra. A LRF é lei complementar, de caráter
permanente.
Valor: O
projeto só prevê a aplicação da regra para a União.
Por que Estados e municípios não foram incluídos?
Bernardo:
Chegamos à conclusão de que não seria adequado. A LRF
é válida para Estados e municípios, então, nada
impede que o Congresso faça uma alteração para
incluir governos estaduais e prefeituras.
Valor: Os
funcionários públicos integram a chamada base social
do governo. O sr. não teme que essa medida provoque um
rompimento?
Bernardo:
É absolutamente natural que os sindicatos reajam. Eles
não estão lutando pelo equilíbrio das contas públicas.
Eles lutam para melhorar as condições de trabalho dos
servidores. Do ponto de vista dos sindicatos, uma limitação
como essa deve ser negativa. Eu não estou lutando para
aumentar os salários dos servidores. Luto para manter
nossas contas equilibradas. É um olhar completamente
oposto.
Valor:
Dados do Dieese mostram que, apesar da recomposição
salarial promovida pelo governo, os funcionários
continuam sendo os protagonistas das greves no país. O
governo desistiu de regulamentar o direito de greve dos
servidores?
Bernardo:
Temos um projeto bem adiantado, mas achamos que não se
tratava de medida para ser encaixada no PAC. Queremos
dialogar e negociar com servidores e Ministério do
Trabalho.
Valor: O
PAC não trouxe medidas para contenção dos gastos com
Saúde, que são indexados à variação do PIB nominal.
Dá para controlar os gastos públicos sem isso?
Bernardo:
A concepção era não permitir que os gastos correntes
cresçam mais do que o PIB. O projeto do salário mínimo
se encaixa nessa regra, o dos servidores também - a não
ser que alguém ache que a economia vá crescer menos de
1,5% ao ano. A Saúde não está fora dessa regra,
porque cresce igual ao PIB.
Valor: A
idéia não era atrelar esses gastos à variação do
PIB per capita?
Bernardo:
Tínhamos a idéia de fazer uma regulamentação
diferente, mas foi uma opção do presidente Lula. Por
razões políticas, ele achou que uma medida como essa
teria chance quase zero de ser aprovada pelo Congresso.
Valor: Não
está evidente que o presidente está evitando medidas
impopulares no segundo mandato?
Bernardo:
Ele não tem problema com isso. No ano passado, vetou
duas vezes, no meio do processo eleitoral, o aumento de
16% para os aposentados. No primeiro mandato, enviou ao
Congresso as propostas de reforma tributária e da
previdência dos servidores públicos. A previdenciária
teve PEC paralela, mudanças, mas passou. A tributária
até hoje não foi concluída.
Valor:
Como o sr. vê a proposta fdos governadores de destinar
30% da receita da CPMF aos Estados?
Bernardo:
Tenho dificuldade de entender isso, porque 0,08 ponto
percentual da CPMF é destinada ao Fundo da Pobreza, que
tem ações no país inteiro; 0,10 vai para a Previdência,
e 0,20 para a Saúde, cujos recursos são quase
integralmente repassados para Estados e municípios. Se
tirarmos 30% para os governadores, faltará dinheiro
para essas áreas.
Valor: O Fórum
Nacional da Previdência não corre o risco de
fracassar, como o Fórum do Trabalho?
Bernardo:
O fórum é uma maneira de enfrentar o problema. Se hoje
fizermos uma enquete nas ruas sobre a reforma da Previdência,
arrisco dizer que a maioria acha que é necessária.
Agora, se você detalhar como seria a reforma, mexer na
idade, no tempo para aposentar, provavelmente aparecerá
ampla maioria contra.
Valor: Se
não houver consenso no fórum, o governo fará assim
mesmo uma proposta?
Bernardo:
Esse passo não definimos ainda, porque achamos que
haverá resultado no fórum. O contrário, ou seja, uma
reforma proposta pelo governo não tem chance de dar
certo.
Valor: Por
quê?
Bernardo:
Porque terá a oposição do PFL e do PSDB.
Valor: Os
dois partidos não foram fundamentais para a aprovação
da reforma de 2003?
Bernardo:
Apoiaram em 2003, mas duvido que o façam agora. O clima
político é completamente diferente.
Valor: Por
que o governo decidiu tirar, do déficit do INSS, os
incentivos fiscais e os gastos com segurados especiais?
Bernardo:
A idéia é tornar as contas da Previdência mais
transparentes. Quando falamos em déficit, incluímos o
impacto de medidas que não foram tomadas pela Previdência
Social. O Super Simples, por exemplo, vai representar
renúncia de R$ 5,1 bilhões para a Previdência. Pelo
critério de contas do INSS, podemos dizer que
aumentamos o déficit em R$ 5,1 bilhões. Isso não
depende de gestão da Previdência.
Valor: Ao
reduzir de forma contábil o déficit, o governo não
enfraquece o argumento em defesa da reforma?
Bernardo:
Sou a favor da reforma, mas temos que ter transparência.
Isso é importante, porque, a partir de agora, no
momento em que o Congresso for aprovar um projeto com
impacto na Previdência, vamos poder discutir melhor.
Valor: A
prorrogação da CPMF e da DRU não está no PAC. Por quê?
Bernardo:
Já decidimos que vamos mandar, em fevereiro ou março,
essas medidas ao Congresso. Internamente, havia visões
diferentes. Eu achava que deveríamos diminuir
gradativamente a CPMF ao longo dos próximos dez anos,
mas fui convencido pelo ministro Guido Mantega de que
era melhor dar mais desoneração em outros tributos
para estimular a produção. Desistimos também da idéia
de aumentar o percentual da DRU. Ainda estamos
discutindo se a prorrogação será por quatro ou dez
anos.
Fonte:
Valor Econômico, de 01/02/2007
Para conselheiro Faver, CNJ tenta resolver distorções
históricas
O
conselheiro Marcus Faver, do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), disse que a discussão do subteto dos vencimentos
dos magistrados nos Tribunais de Justiça dos estados é
bastante complicada. Mas ele sustenta que o CNJ está
tendo a devida cautela. "O Conselho não é uma
instituição que está fazendo caça às bruxas. Não
é uma instituição que vai procurar jogar pedras no
passado". Faver afirma que o que se está buscando
é uma solução "de olho no futuro".
O
conselheiro ressalta que o plenário analisa caso a
caso, verificando por que em algumas situações houve a
fixação de subsídios que ultrapassaram o teto.
"Só a partir dessa análise detalhada é que o
Conselho vai poder fazer com que os Tribunais se adequem
ao novo regime jurídico".
Marcus
Faver lembra que a remuneração nos estados era fixada
levando em conta que a vinculação dos magistrados
acarretava um aumento de outras categorias funcionais.
Assim, os governadores estipulavam baixas remunerações
e gratificações altas, fazendo com que os demais
funcionários do estado não obtivessem elevação
salarial. Isso teria criado uma distorção histórica.
O que o
Conselho tenta, agora, é chegar a um denominador comum
sobre essa distorção. "Há que se entender que
essas distorções se verificam ao longo de anos e anos.
Há tribunais que têm verbas consideradas, talvez,
indevidas, pagas desde 1946, antes mesmo da edição da
Lei Orgânica da Magistratura (LOMAN), em 1979",
frisa o conselheiro.
Devolução
Os
magistrados que perceberam gratificações nitidamente
ilegais, sem amparo na lei, poderão ter que devolver
essas quantias. A retroatividade seria contada a partir
da fixação da resolução 13 do CNJ, no mês de junho
de 2006. Mas Faver salienta que existem algumas hipóteses
em que o STF entende que há irredutibilidade. Por isso
ele lembra ser necessário, sempre, "a análise
caso a caso".
Crime de
Responsabilidade
Se as
informações prestadas pelos presidentes dos TJ
estaduais não forem verdadeiras, eles podem,
eventualmente, vir a responder por crime de
responsabilidade. "Ao se verificar que há uma
informação não corresponde à realidade, claro que
isso pode acontecer. Mas é uma hipótese que,
inicialmente, eu não acho possível", concluiu o
conselheiro.
Fonte:
CNJ, de 31/01/2007
CNJ mantém decisão que impede teto estadual acima de
R$ 22,1 mil
Ricardo
Viel e Rosanne D'Agostino
O CNJ
(Conselho Nacional de Justiça) manteve nesta
quarta-feira (31/1), por 10 votos a 4, o teto salarial
do Judiciário estadual em R$ 22,1 mil, o equivalente a
90,25% do salário dos ministros do STF (Supremo
Tribunal Federal). Com a decisão, os salários, incluídas
as gratificações obtidas por servidores, não poderão
ultrapassar o teto, estabelecido pela Resolução nº 13
do conselho.
O CNJ
analisa as justificativas fornecidas pelos 15 tribunais
que ainda não regularizaram a situação de servidores
e magistrados que têm vencimentos acima do teto
salarial.
No
primeiro caso julgado, o TJ-DF (Tribunal de Justiça do
Distrito Federal) alegou que cumpre o teto e que as
informações enviadas ao conselho demonstram que, ao
salário bruto, foram incorporados outros valores, como
um terço de férias, assistência pré-escolar, auxilio
alimentação e cumprimento de decisões judiciais. Por
isso, os valores excedem o limite imposto.
O CNJ não
acolheu as justificativas do TJ-DF, entendendo que deve
ser obedecido o teto salarial do Judiciário estadual,
que é de R$ 22.111, incluídas gratificações. A decisão
deve ser aplicada aos demais casos, e a questão pode
ser levada ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Para o
conselheiro do CNJ Marcus Faver, além de derrubadas as
gratificações, os magistrados podem ter que devolver
as quantias recebidas sem amparo da lei. Segundo ele, o
conselho analisa caso a caso, pois existem algumas hipóteses
em que o STF entende que há irredutibilidade.
Supersalários
Dos 97
tribunais que compõem o Poder Judiciário brasileiro,
20 (20,62%) pagavam salários acima do teto, segundo
estudo apresentado pelo CNJ em novembro de 2006. Neles,
1,5% dos magistrados e servidores recebem acima do teto.
Foram
investigados 19 Tribunais de Justiça e um Tribunal
Regional Federal, o da 5ª Região, que abrange os
Estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio
Grande do Norte e Sergipe. O TRF-5 e outros quatro TJs
regularizaram a situação: Bahia, Paraná, Alagoas e
Roraima.
Em
novembro de 2006, o CNJ determinou a adequação dos
tribunais e deu prazo até o dia 20 de janeiro para que
informassem sobre as providências adotadas. Depois, deu
prazo até hoje para que justificativas aos salários
acima do teto fossem enviadas ao CNJ.
O TJ-SP
(Tribunal de Justiça de São Paulo), campeão dos casos
de supersalários, publicou nota de esclarecimento em
que afirma ter atendido às exigências do conselho.
O
presidente TJ de Minas, desembargador Orlando Adão
Carvalho, afirmou que estava confiante de que o CNJ não
derrubaria os vencimentos dos magistrados. Segundo ele,
não se contesta o teto, e sim, discute-se direitos.
O
conselho, que também analisou as justificativas do
Acre, Amapá e Paraíba, determinou a abertura de
processo administrativo para decidir sobre os casos.
Isso porque as informações prestadas não foram
suficientes para a análise imediata. Além disso, que
todos os salários acima do teto sejam cortados até a
análise do mérito em cada caso.
Fonte:
Última Instância, de 31/01/2007