Dá nova redação
ao inciso V do artigo 3º do Decreto nº 48.273, de 26 de
novembro de 2003, que cria, junto ao Gabinete do
Secretário da Fazenda, a Unidade de Execução de Programa
- UEP, do Programa de Fortalecimento da Gestão Fiscal do
Estado de São Paulo - PROFFIS, institui o Comitê de
Direção do Programa - CDP e dá providências correlatas
JOSÉ SERRA, Governador do Estado de São Paulo, no uso de
suas atribuições legais,
Decreta:
Artigo 1º - O
inciso V do artigo 3º do Decreto nº 48.273, de 26 de
novembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte
redação:
“V - promover as
licitações e contratações de bens e serviços, com apoio
técnico e operacional do Departamento de Suprimentos e
Atividades Complementares, da Coordenadoria Geral de
Administração, da Secretaria da Fazenda, observando-se
as condições e os procedimentos indicados no contrato de
empréstimo celebrado com o Banco Interamericano de
Desenvolvimento - BID, quando for o caso, providenciando
auditoria por empresa independente, na forma preconizada
pelo regimento deste organismo internacional.”.(NR)
Artigo 2º - Este
decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio dos
Bandeirantes, 21 de maio de 2008
JOSÉ SERRA
Fonte: D.O.E, Caderno Executivo I,
seção Decretos, de 22/05/2008
Apesp: as prioridades da nova gestão
Paridade
salarial com a Magistratura e o Ministério Público, uma
nova Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado e a
admissão de pessoal são alguns dos principais objetivos
do novo presidente da Associação dos Procuradores do
Estado de São Paulo (Apesp), Ivan de Castro Duarte
Martins, que assumiu dia 4 de abril para um mandato de
dois anos (2008/2010). "Esta nova gestão está
comprometida com reivindicações, como a nova reforma da
Previdência e a tramitação da emenda constitucional que
estabelece autonomia administrativa e financeira das
procuradorias estaduais, que permitiria a escolha um
procurador-geral mediante lista tríplice e com prazo de
mandato definido", afirmou. Segundo ele, durante os dois
anos que estiver à frente da Apesp, a idéia é "fazer com
que a entidade continue sendo o instrumento para que os
procuradores do Estado consigam alcançar os ideais, como
a valorização salarial".
De acordo com
Ivan de Castro Duarte Martins, outra preocupação da
Apesp é relativa à falta de pessoal. "Estamos sofrendo
um desmonte. Não temos concurso para funcionários desde
1999 e estamos com um quadro de apoio cada vez menor, o
que obriga o procurador a executar tarefas que não são
atribuições dele. Há uma resistência muito grande para
contratação de funcionários", explica. Segundo ele, a
entidade também tem por objetivo a elaboração de uma
nova Lei Orgânica — que deve ser apresentada até o final
do ano — já que a atual é de 1986. O novo presidente é
contra o Projeto de Lei Complementar 33/2006, de autoria
de Cláudio Lembo, que propõe que os procuradores do
Estado defendam agentes públicos. "O projeto chegou a
Assembléia Legislativa sem que os procuradores tivessem
conhecimento. A atribuição constitucional da
Procuradoria é a defesa do interesse público. Quando
passa a defender o agente público, deixa-se de atender o
objetivo da função", afirma. Ivan de Castro Duarte
Martins diz apoiar a greve dos servidores públicos por
ser um instrumento de negociação que "pode e deve ser
usado quando necessário e em último caso". "Espero que a
greve seja regulamentada para que a população não fique
órfã no caso de um movimento e para que se dê ao
servidor público esta ferramenta de reivindicação",
finaliza.
Perfil
Ivan de Castro
Duarte Martins nasceu em Campinas (SP). Em 1979
graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP).
Dois anos depois, ingressou na Procuradoria Geral do
Estado (PGE), atuando na chefia da Procuradoria Regional
de Jundiaí e de Campinas. Entre 1991/1992 e 2003/2004
foi conselheiro da Apesp e, de 2006 a 2008, diretor
financeiro da entidade.
Fonte: revista Tribuna do Direito,
edição n° 181, maio/2008
TJ recebe reclamações de credores que venderam
precatórios
O Tribunal de
Justiça de São Paulo (TJSP) alerta os credores de
precatórios para que, antes de assinar qualquer
transferência de crédito ou adiantarem “taxas” de
despesas processuais, se informem sobre o real valor do
crédito, o número de ordem cronológica que está sendo
pago e o escritório de advocacia a ser feita a
transferência.
Diante da grande
quantidade de ações anulatórias de contrato de cessão de
créditos, comunicadas nos processos de execução, o TJSP
tomou conhecimento de que alguns escritórios de
advocacia estão comprando os créditos por um valor bem
abaixo do real.
O Tribunal foi
informado também de casos em que terceiros procuram os
credores, apresentando-se como servidores públicos civis
ou militares de um certo “Departamento de Precatórios”,
que prometem a agilização no recebimento dos créditos
por meio do pagamento de “taxas processuais”. Nestes
casos o TJSP orienta que os credores procurem a polícia
para as providências cabíveis na esfera criminal.
Em razão de o
Estado pagar com muito atraso os precatórios, os
credores, por necessidade, acabam vendendo seus
créditos, principalmente aqueles de idade avançada, por
valor bem inferior ao que eles teriam direito a receber.
Os supostos aproveitadores também agem na capital, mas a
incidência maior é no interior. Um dos meios pelos quais
eles tomam conhecimento dos precatórios é a lista de
credores divulgada no Diário Oficial pela Procuradoria
do Estado. De posse do nome do credor, os autores do
golpe vão até o distribuidor judicial e obtêm todos os
dados do processo, inclusive o endereço do credor.
São muitos os
casos em que um determinado escritório oferece uma
quantia bem menor àquela que o credor teria direito,
este acaba aceitando e, conseqüentemente, assinando um
documento de transferência de crédito. O mesmo
escritório vende o crédito a empresas devedoras do
Estado, para que elas ofereçam como crédito, e embarguem
a execução fiscal.
O artigo 42,
parágrafo 1º do Código de Processo Civil prevê a cessão
de direito, portanto, muitas vezes os meios usados pelos
escritórios não são ilícitos. O credor pode ceder seu
crédito, pois não há instrumento que proíba a cessão. A
má fé está na omissão do valor real do precatório. A
pessoa que se sentir lesada deverá ingressar com ação de
anulação de contrato.
Há uma
representação no Conselho de Ética da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) contra alguns advogados
envolvidos nesse tipo de procedimento. Segundo a OAB,
não se pode constituir um segundo advogado sem a
comunicação da desconstituição ao primeiro contratado.No
caso da perda dos dados do processo ou da falta de
contato com o advogado constituído para cuidar da ação,
o credor poderá obter as informações referentes ao
processo, pessoalmente, no Fórum da Fazenda Pública da
capital, localizado no Viaduto Dona Paulina, 80, centro,
no Cartório Distribuidor (andar térreo) ou pela consulta
dos autos no Cartório Judicial do Setor de Execuções
contra a Fazenda Pública, no 12º andar do mesmo
endereço.
Fonte: site do TJ, de 21/05/2008
Oficial de justiça pede verificação preliminar de bens
para penhora
Pedido de
Providências protocolado no Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) solicita a edição de uma Recomendação para que
todo o Judiciário unifique sistemática processual para a
verificação preliminar de bens e bloqueio, por meio
eletrônico, de valores monetários pertencentes ao
devedor depositados em instituições bancárias. A medida
evitaria a retirada antecipada de dinheiro pelo devedor
antes de penhora.
O requerente
Antonio Carlos Ribas de Moura Junior ressaltou o sistema
Bacen-Jud, de penhora on line para a Justiça Federal por
meio do qual o magistrado poderá bloquear e desbloquear
contas e ativos financeiros. Ele diz que, pela
sistemática da ferramenta, o devedor é citado e, se não
houver pagamento, é que se procede a penhora. Nesse
intervalo, segundo sua opinião, alguns devedores
providenciam a transferência antecipada de dinheiro das
contas antes da execução.
Reivindica ainda
o cumprimento do artigo 655 da lei 11.382/2006, que
modificou o Código de Processo Civil, para que a penhora
seja, preferencialmente, em dinheiro ou em depósitos em
instituições financeiras e não em outros bens móveis ou
imóveis. Segundo o requerente, oficial de Justiça em
Santa Catarina, a determinação legal raramente é
cumprida, fato constatado por oficiais de justiça, que
"podem atestar o alto grau de ineficácia do processo
executivo", situação que teria se agravado nos últimos
anos. Com a aplicação da lei, acredita que seria a
maneira de acabar com "milhares de pendengas".
O Pedido de
Providências irá tramitar no CNJ com a distribuição a um
conselheiro por sorteio. O conselheiro irá preparar um
relatório que será submetido ao plenário do Conselho.
Fonte: site do CNJ, de 21/05/2008
Juízes e procuradores fazem ato contra PEC da Bengala
Associações de
juízes e procuradores reuniram-se nesta terça-feira
(20/5), em Brasília, para protestar contra a Proposta de
Emenda à Constituição 457/05, que aumenta de 70 para 75
anos a idade da aposentadoria compulsória de servidores
públicos, entre os quais promotores, procuradores,
juízes, desembargadores e ministros dos tribunais
superiores. Em ato público na Câmara do Deputado, as
entidades, que se auto-intitulam Frente Associativa da
Magistratura e Ministério Público da União, defenderam a
rejeição da proposta do Senado, que aguarda análise do
plenário da Câmara.
A Associação dos
Magistrados Brasileiros (AMB) apresentou um estudo
mostrando que a proposta será um desestímulo à carreira
de juiz. Além disso, para a entidade, a proposta tem
caráter casuístico porque eleva o tempo de permanência
de ministros que já estão no cargo. A ministra Kátia
Arruda, do Tribunal Superior do Trabalho, ficará 33 anos
no cargo, por exemplo, se houver a mudança. Sem a
mudança, ela poderá ficar 28.
Para a
Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), a
aposentadoria compulsória é fundamental para a renovação
do Poder Judiciário e para a evolução da jurisprudência
brasileira. “A aposentadoria compulsória no Poder
Judiciário aos 70 anos é a única forma de fazer com que
haja a renovação necessária dos órgãos. Aumentar em mais
cinco anos, principalmente no Judiciário, é perpetuar um
grupo de pessoas no comando da magistratura", afirmou
Walter Nunes, presidente da Ajufe.
Contra este
argumento, pode-se contrapor a tese de que a maior
permanência de magistrados em seus cargos,
independentemente da instância, colabora para maior
estabilidade das instituições e contribui para a
segurança jurídica.
O juiz Cláudio
José Montesso, presidente da Associação Nacional dos
Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), destacou
que a medida não é boa para o país, já que o interesse
do serviço público não comporta a ampliação da idade da
aposentadoria compulsória. Montesso também criticou o
fato de a média de permanência dos ministros nos
tribunais superiores no Brasil ser superior ao tempo de
mandato da Corte Suprema da Alemanha, que é de doze
anos. "O Brasil e o parlamento têm temas muito mais
importantes e prementes para se debruçar", diz.
Para a
Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, a
proposta é inaceitável, uma vez que atende apenas
interesses pessoais de alguns poucos integrantes dos
tribunais superiores. "Não se pode usar o Poder
Legislativo e a influência das cúpulas superiores para
satisfazer projetos pessoais", criticou José Carlos
Cosenzo, presidente da Conamp.
O presidente da
Associação Nacional do Ministério Público Militar,
Marcelo Rabello, lembrou outro ponto negativo trazido
pela proposta: a estagnação na carreira decorrente da
perspectiva de promoção somente após 25 anos de ingresso
no Ministério. "Haverá uma geração do MP desperdiçada em
termos de carreira, e, se passar a PEC, serão duas
gerações”.
O presidente da
Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT),
Sebastião Vieira Caixeta, afirmou que a rejeição à PEC
457/05 deve ser uma causa de todos os membros da
magistratura, do Ministério Público e dos servidores
públicos. "O Ministério Público tem uma permanência
muito grande nos cargos mais altos. A expectativa de
promoção para quem entra hoje na carreira é para daqui a
25 anos", esclareceu.
O deputado
Flávio Dino (PCdoB-MA), que já foi juiz federal, lembrou
da importância de se renovar os quadros da magistratura.
“É imperativo republicano a alternância do poder. No
Legislativo e Executivo, isso se dá pelo voto. Por isso,
no Judiciário é vital a manutenção da aposentadoria
compulsória aos 70 anos", destacou o deputado. De acordo
com Dino, o Supremo Tribunal Federal sofreu recentemente
"uma rápida mudança de composição com efeitos bastante
positivos".
O
vice-presidente da OAB, Ophir Cavalcante Júnior,
destacou que a PEC é interesse apenas de alguns membros
dos tribunais superiores, que não querem deixar o poder.
"Não interessa aos advogados a fossilização das
instituições", disse o advogado.
O deputado Regis
de Oliveira (PSC-SP) disse que a não ampliação do prazo
é um dos passos para democratizar o Judiciário. "As
pessoas, se ficam muito tempo na carreira, não abrem
espaço para outras. E, pior ainda, depois que o STF
decidiu que só os mais antigos podem exercer a
presidência e a vice-presidência das corregedorias dos
tribunais, quem chega ali não chega por vir com uma
proposta nova", afirmou o deputado.
Fonte: Conjur, de 21/05/2008
Fórum na PGE discute aumento de ações de medicamentos
O I Fórum de
Ações de Medicamentos da Procuradoria Geral do Estado,
que teve inicio sexta-feira (16 de maio) e que será
concluído no próximo dia 30, contou com as presenças, em
sua abertura, do procurador geral do Estado, Marcos
Fábio de Oliveira Nusdeo, do secretário estadual da
Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, da procuradora
chefe do Centro de Estudos (CE), Márcia Maria Barreta
Fernandes Semer, e do procurador chefe da 8ª
Subprocuradoria Judicial (PJ-8), responsável pelas ações
de medicamentos na PGE, Luiz Duarte de Oliveira.
No encontro
estão sendo discutidos possíveis abusos ou questões
ilícitas no aumento que vem se verificando na quantidade
de ações, contra o Estado de São Paulo, que visam
fornecimento de medicamentos não listados pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). Segundo Luiz Duarte uma parte
dessas ações pode estar sendo orquestrada entre
laboratórios, médicos, Organizações Não Governamentais (ONGs),
que estariam, de certa forma, manipulando essas
concessões para benefícios próprios, que acabam
prejudicando quem realmente necessita.
“As soluções
apontadas consistem em pontuar e investigar casos
suspeitos, já que muitas vezes os infratores seguem um
mesmo padrão de irregularidade. Assim será possível uma
diminuição gradativa das ações de medicamentos contra o
Estado”, afirma o procurador chefe da PJ-8.Já o
secretário da Saúde explicou que todo “Cidadão tem
direito previsto por lei ao acesso a saúde, mas o que
poucos sabem é que isso não ocorre com os medicamentos.
O cidadão só tem direito aos listados e fornecidos pelo
SUS, por isso ocorre essa demanda de ações no Estado”.
O procurador
geral Marcos Nusdeo reiterou a importância da parceria
entre a Secretaria de Estado da Saúde e a Procuradoria
Geral do Estado. A comunicação mais rápida e clara entre
as instituições é ponto fundamental para agilidade das
defesas e argumentações dos procuradores nas ações. O
primeiro dia do encontro contou com assistência total no
auditório do CE, no 3º andar do edifício sede do
Gabinete da PGE, e foi encerrado com a participação dos
procuradores chefes das Procuradorias Regionais que, ao
lado de outros procuradores com atuações nesta área, da
Capital e do Interior, apontaram problemas que vêm
enfrentado e quais ações têm sido positivas no
tratamento dessas ações. No próximo dia 30 de maio,
outra sexta-feira, o I Fórum de Ações de Medicamentos da
PGE segue com um workshop, no mesmo local, das 9h às
17h30.
Fonte: site da PGE, de 21/05/2008
BB negocia compra da Nossa Caixa
O Banco do
Brasil (BB) surpreendeu o mercado financeiro na noite de
ontem, ao anunciar que iniciou conversas para incorporar
o banco estatal paulista Nossa Caixa. Com o negócio, o
BB quer ganhar força para fazer frente aos concorrentes
privados, que têm crescido nos últimos anos com a compra
de instituições. Se realizada, a aquisição pode levar o
BB a disputar a liderança do mercado paulista, onde o
banco federal ocupa, atualmente, a quarta posição.
A idéia de
incorporar a Nossa Caixa foi da direção do BB, segundo
disse o presidente do BB, Antônio Lima Neto, após a
divulgação de fato relevante ao mercado. A proposta foi
feita ao governo de São Paulo, controlador da Nossa
Caixa, que aceitou iniciar negociações para um eventual
fechamento do acordo. Segundo ele, as conversas iniciais
não foram feitas com o governador José Serra e
envolveram apenas técnicos do banco paulista. Para que o
negócio seja concretizado, é preciso autorização da
Assembléia Legislativa do Estado.
Segundo fontes
ligadas ao governador Serra, a negociação começou há
cerca de um mês e a decisão de divulgá-la foi tomada
porque a Nossa Caixa está no Novo Mercado da Bolsa de
Valores de São Paulo (Bovespa). Essa fonte também
confirmou a informação de que a negociação tem sido
feita diretamente com os diretores do banco, sem a
participação de Serra ou de qualquer outra autoridade do
governo paulista.
O grande
atrativo para o BB, de acordo com a fonte, são os R$ 12
bilhões que a Nossa Caixa possui de depósitos judiciais.
Lima Neto informou que a intenção do BB com o negócio é
ganhar força no principal mercado bancário brasileiro.
Atualmente,
segundo a direção do BB, o banco federal, que é líder no
ranking nacional, é apenas o quarto maior no Estado. "Em
dando certo o negócio, o BB entraria no bloco de
liderança", disse. "Reforçaria a presença no Estado que
é a mais competitiva arena do mercado bancário
brasileiro."
Bradesco, Itaú e
Santander/Banespa/Real ocupam os primeiros lugares no
mercado paulista. Atualmente, a Nossa Caixa possui 552
agências no Estado de São Paulo e o BB conta com 682
pontos. Na Grande São Paulo, a Nossa Caixa tem 129
locais de atendimento e o BB, 313 agências.
A estratégia do
BB de crescer com a absorção de bancos estaduais não é
nova. No ano passado, o banco iniciou a incorporação do
Banco do Estado de Santa Catarina (Besc). Atualmente,
além da Nossa Caixa, o BB tenta incorporar o Banco de
Brasília (BRB).
"O desafio
central do BB é manter o banco como importante player
(participante) desse mercado", disse Lima Neto, ao
explicar que esse objetivo só pode ser alcançado com o
"aumento da capacidade de oferta e presença".
A partir de
agora, o BB e a Nossa Caixa iniciam as conversas
técnicas para tentar fechar o negócio. Lima Neto não deu
qualquer prazo e informou apenas que o cronograma a ser
seguido será técnico. Segundo ele, será criado um grupo
de trabalho que vai montar uma agenda e iniciar os
trabalhos de avaliação da situação da Nossa Caixa. "Esse
grupo técnico é que vai dar o ritmo das negociações",
disse. "A intenção é que tudo isso possa ocorrer o
quanto antes", completou.
HISTÓRICO
Os rumores de
que o BB estaria negociando a aquisição da Nossa Caixa
surgiram pela primeira vez em abril do ano passado. Na
ocasião, a informação foi negada pelas duas
instituições. A Nossa Caixa, por exemplo, argumentou, à
época, que não tinha interesse em vender suas operações,
porque acabara de ganhara a concorrência para ficar com
a folha de pagamento dos funcionários públicos do Estado
de São Paulo.
Na mesma
ocasião, o vice-presidente de finanças do BB, Aldo Luiz
Mendes, chegou a dizer que havia "impedimentos legais"
para que o BB fizesse a aquisição. Ele afirmou que a
única forma de o banco crescer era por meio de um
esforço próprio para melhorar a eficiência e a
rentabilidade.
A Nossa Caixa
abriu o capital em 2005. Suas ações começaram a ser
negociadas no Novo Mercado da Bovespa no dia 28 de
outubro daquele ano. Ontem, os papéis do banco fecharam
em alta de 0,69%, a R$ 27,60. Em 2008, acumulam
valorização de 17,5%. Nos últimos 12 meses, registram
perda de 13,2%. O atual presidente da instituição é o
economista Milton Luiz de Melo Santos.
Fonte: Estado de S. Paulo, de
22/05/2008
200 anos de Judiciário independente
NO ÚLTIMO dia 10
de maio, comemorou-se o bicentenário de Poder Judiciário
independente. A data remete à elevação, no longínquo ano
de 1808, da Relação do Rio de Janeiro -antigo órgão
judicial que funcionou entre 1751 e 1808- à condição de
Casa da Suplicação do Brasil. Com essa medida, executada
a mando de d. João 6º, os processos passaram a tramitar
no país, sem precisar do aval da Suprema Corte em
Portugal.
A Casa da
Suplicação pode ser considerada -e merece ser celebrada-
a instalação do Poder Judiciário no Brasil, mas não do
Poder Judiciário independente. Isso porque as normas
vigentes eram portuguesas, ainda que os feitos corressem
por aqui.
O que se
verifica naquele momento da história é a transposição do
modelo judiciário lusitano para o Brasil. Essa estrutura
transplantada de Portugal para nosso país seria ainda
mantida durante o império, inclusive com as denominações
utilizadas até hoje, como "ministro" e "desembargador".
A Constituição
de 1824 instituiu os quatro Poderes -Executivo,
Legislativo, Judiciário e Moderador. Apesar de ser
reconhecido por lei, o Judiciário estava condicionado ao
império e reportava-se ao Ministério da Justiça.
O primeiro
rascunho de um Judiciário independente começa a ser
desenhado quando a magistratura deixa de ser subordinada
aos Poderes Executivo e Moderador, em 1828. Nesse
momento, é criado o Supremo Tribunal de Justiça.
A estrutura
primária que edificou, em linhas gerais, a organização
judicial da colônia, tais como os tribunais do
Desembargo do Paço e a Mesa da Consciência e Ordens, foi
extinta. As Câmaras Municipais também foram destituídas
de funções judicantes.
Com a
proclamação da República, em 1889, e a posterior sanção
da Constituição de 1891, na qual se estabelece a divisão
tripartite de Poderes, o Judiciário ganha uma maior
autonomia; todavia, ainda não no mais pleno valor
semântico dessa palavra.
Isso só iria
acontecer quase um século depois, com a Constituição de
1988, que confere, pelo artigo 99, autonomia financeira
ao Judiciário e inclui matérias relativas à
administração judicial. Os avanços obtidos pela
magistratura no decorrer desses 180 anos -intervalo
entre a instalação da Casa da Suplicação e a promulgação
da Constituição de 1988- foram essenciais não apenas
para a consolidação do Poder no Brasil como também para
a evolução da atividade jurisdicional.
É impossível
imaginar o que seria de nossa nação caso não tivesse um
órgão como o Supremo Tribunal Federal para assegurar a
harmonia entre os Poderes e o devido cumprimento à Carta
Magna, responsável por resguardar os princípios
fundamentais que sedimentam o Estado democrático de
Direito.
Motivo de muita
comemoração, o segundo centenário da independência do
Poder Judiciário também nos faz, paralelamente, um
convite à reflexão. Embora a autonomia financeira do
Poder esteja assegurada pela Constituição, como já
mencionado, esse direito conferido a nós no papel, na
prática, não vem sendo observado.
Somos, sim,
independentes em matéria administrativa e temos
liberdade de atuação. No entanto, o tripé que sustenta a
nossa autonomia está incompleto -falta-nos uma das bases
de sustentação, que é a auto-suficiência financeira.
Somente de posse dessa garantia conseguiremos imprimir
mais eficiência à máquina judiciária. Precisamos também
rever a nossa legislação, principalmente a penal, a fim
de arejá-la e torná-la mais atenta e fiel à realidade de
nosso século.
O Código Penal,
por exemplo, é da década de 1940 -uma época em que
crimes como seqüestro relâmpago e organizações
criminosas como o PCC não existiam.
A burocracia, o
formalismo e o ritualismo -heranças portuguesas que
permeiam o nosso Direito- também não fazem mais sentido
num mundo em que a tendência é uma demanda processual
cada vez mais crescente.
Trabalhar para
aperfeiçoar a Justiça, tornando-a ainda mais forte e
independente, é a melhor forma de celebrar os 200 anos
do Poder Judiciário e garantir que, no próximo
centenário, a comunidade jurídica e a sociedade tenham
muito mais do que se orgulhar e festejar.
HENRIQUE
NELSON CALANDRA, 62, desembargador do Tribunal de
Justiça de São Paulo, é presidente da Apamagis
(Associação Paulista de Magistrados).
Fonte: Folha de S. Paulo, seção
Tendências e Debates, de 23/05/2008