Decreto
de SP altera execução
Zínia
Baeta
O
governador de São Paulo, José Serra, publicou nesta
semana um decreto que acaba com a possibilidade de
adjudicação - transferência de bens para o pagamento
de dívidas - em execução fiscal. A medida foi vetada
pelo Decreto nº 51.908. Até então, estava autorizada
pelo Decreto nº 47.908, de 2003.
De acordo
com a advogada Ana Cláudia Queiroz, do escritório
Maluly Jr. Advogados, o Estado aceitava a adjudicação
de bens oferecidos como garantia em execuções fiscais.
Segundo ela, após a realização de leilão do bem para
o pagamento da dívida, caso não ocorresse arremate do
mesmo, ele poderia ser adjudicado pelo Estado se
houvesse interesse. "Se a empresa tivesse oferecido
mil colchões e se alguma secretaria se interessasse,
ela poderia fazer a solicitação de adjudicação",
afirma a advogada.
Segundo o
decreto, a medida não se aplica às adjudicações em
curso, deferidas administrativamente pela
Procuradoria-Geral do Estado, requeridas ou não em juízo,
em que os bens tenham sido removidos total ou
parcialmente para a administração antes da edição do
decreto.
Fonte:
Valor Econômico, de 21/06/2007
Supremo
recebe nova Adin contra Supersimples
De Brasília
O Supremo
Tribunal Federal (STF) recebe hoje a segunda ação
direta de inconstitucionalidade (Adin) ajuizada contra a
lei que criou o Supersimples - a Lei Complementar nº
123, de 2006. À primeira Adin, proposta pela Associação
Nacional dos Procuradores de Estado (Anape), se junta
agora uma nova ação do tipo impetrada pela Confederação
dos Servidores Públicos do Brasil - e apresentada a
pedido da Federação dos Auditores de Tributos
Municipais (Fenafim). Tanto os funcionários dos fiscos
estaduais como os dos fiscos municipais temem perder
poder com a nova regra, que transfere para a Fazenda
Nacional a cobrança de tributos locais como o Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o
Imposto Sobre Serviços (ISS).
Apesar de
a nova lei, que ampliou o sistema simplificado de
recolhimento de tributos, ter sido elaborada de modo a
preservar o orçamento local - há regras complexas
prevendo a transferência da arrecadação para os
cofres municipais e Estaduais - a administração tributária
local quer, com a Adin, evitar a perda de atribuições.
Segundo o presidente da Fenafim, Luiz Antônio Barreto,
com a lei do Supersimples as administrações tributárias
dos municípios vão ficar muito limitadas. Para ele, a
nova regra é apenas mais um passo no movimento indicado
pela proposta de reforma tributária apresentada pelo
governo federal, que pretende centralizar a arrecadação
nas mãos da União.
Para Luiz
Antônio Barreto, a centralização não é uma boa saída,
porque enquanto o governo local está mais perto do
contribuinte, o governo federal fica muito longe, não
somente para cobrar tributos de que não paga mas também
para atender os contribuintes. Ele diz que a nova regra
pode ainda ferir de morte a organização de administrações
tributárias em municípios, sobretudo os pequenos.
"Alguns municípios têm apenas um médico. Mas se
você centralizar os médicos, isso não significa que o
atendimento vai melhorar", exemplifica. Segundo o
presidente da Fenafim, ao perder o poder de arrecadar,
os prefeitos não terão para onde recorrer para
conseguir verbas se não ao governo federal, perdendo
sua autonomia. Segundo a ação patrocinada pela
entidade, a lei fere o pacto federativo.
A primeira
Adin impetrada contra a lei do Supersimples ainda não
foi julgada no Supremo. (FT)
Fonte:
Valor Econômico, de 21/06/2007
Morosidade
da Justiça paulista é tema de debate na CCJ
A
morosidade do sistema judiciário do Estado de São
Paulo foi o tema do debate que ocorreu nesta
quarta-feira, 20/6, em reunião da Comissão de
Constituição e Justiça, presidida pelo deputado
Fernando Capez (PSDB). O presidente da Ordem dos
Advogados do Brasil – Seção São Paulo, Luiz Flávio
Borges D’Urso, foi convidado para fazer um diagnóstico
da situação da Justiça no Estado e apresentar possíveis
soluções ao problema. Participou também da discussão
Patrícia Rios Salles de Oliveira, representante do
presidente da Comissão de Modernização do Judiciário
da OAB, Ricardo Tosto de Oliveira Carvalho.
Para
D’Urso, há um descompasso entre a evolução e
modernização da sociedade e as formas utilizadas pela
Justiça para atender às inúmeras demandas de sua
complexidade. Esse problema, de âmbito mundial,
encontrou em alguns países soluções alternativas. Nos
Estados Unidos, por exemplo, há a “pena negociada”
através da qual 90% dos processos criminais se
solucionam sem a necessidade de atravancar o Judiciário.
No Brasil,
mecanismos alternativos, por exemplo mediação e
arbitragem, também começaram a ser introduzidos e
apontam, segundo o presidente da OAB, uma possível saída
para o problema. Em São Paulo, há 17 milhões de
processos em tramitação e, enquanto em outros estados
eles são julgados num prazo médio de um ano e meio, em
São Paulo a demora chega a oito anos. “O Poder Judiciário
vive de pires na mão pedindo recursos ao Executivo”,
afirmou D’Urso. Nesse sentido, complementou, a Assembléia
paulista tomou uma importante iniciativa com a criação
da Frente Parlamentar para a Autonomia Financeira do
Judiciário.
Há
necessidade da informatização do Judiciário e da
implantação de inúmeras varas já criadas mas que
ainda não estão em funcionamento. “Em plena era da
informática, nós estamos costurando processos com
agulha e barbante”, revelou. O Estado do Rio de
Janeiro encontrou uma solução para esse problema
financeiro através do repasse do dinheiro das custas
para o Poder Judiciário. “Houve uma verdadeira revolução
na justiça do Rio de Janeiro”, opinou D’Urso.
Além
disso, complementou o presidente da OAB, é fundamental
uma mudança cultural: “temos o vício da burocracia,
do carimbo, do expediente, do procedimento; isso não se
justifica mais”, enfatizou.
Fernando
Capez salientou que a Emenda Constitucional 45 considera
um direito fundamental o encerramento de um processo em
tempo razoável. “Precisamos encontrar formas de
melhorar o sistema judiciário para que se faça, de
fato, justiça no Estado de São Paulo”, afirmou.
Os
deputados Rui Falcão (PT), Ana Perugini (PT), André
Soares (DEM), Baleia Rossi (PMDB), Davi Zaia (PPS),
Antonio Salim Curiati (PP) e João Barbosa (DEM), todos
membros da comissão, além de Rita Passos, líder do PV
e Gilmaci Santos, participaram do debate.
Fonte:
Alesp, de 20/06/2007
Ministro
Gilson Dipp é o novo coordenador-geral da Justiça
Federal
Ao tomar
posse no final da tarde de quarta-feira (20) no cargo de
coordenador-geral da
Justiça Federal o ministro Gilson Dipp enfatizou a
grandiosidade do papel do Conselho da Justiça Federal
na consolidação e preservação da identidade
da Justiça Federal.
Nesse contexto, considera que à frente da
Coordenação-Geral o seu compromisso é dar seqüência
à missão dos seus antecessores no sentido de zelar
pela uniformização dos procedimentos que tem dado coesão
e efetividade à Justiça Federal. Para Dipp, a
responsabilidade da Coordenação-Geral foi ampliada
pela Emenda Constitucional 45, ao atribuir-lhe também função correicional. “Função que deve ser usada com
comedimento e parcimônia, mas com efetividade e, de
forma incisiva, quando necessário”, salientou.
O
presidente do Conselho da Justiça Federal (CJF), também
presidente do STJ, ministro Raphael de Barros Monteiro
Filho, conduziu a solenidade, realizada no Salão Nobre
do STJ. Diversos ministros do STJ, desembargadores e juízes
federais, autoridades do Judiciário, Ministério Público
e Advocacia, e servidores do CJF e do STJ, estiveram
presentes.
“Em face
de seu brilhante currículo e tendo em vista o notório
apreço que Sua Excelência nutre pela Justiça Federal,
e a experiência administrativa haurida na Presidência
do Tribunal Regional Federal da 4a Região, estou certo
de que a Coordenação-Geral da Justiça Federal será
muito bem conduzida no próximo biênio. Saiba Vossa
Excelência que tem, desde já, o irrestrito apoio desta
Presidência”, afirmou o presidente do CJF e do STJ
durante a solenidade.
O ministro
Dipp enfatizou ainda em seu discurso de posse que o CJF
deu um grande exemplo para a magistratura brasileira de
como um órgão
pode centralizar procedimentos da Justiça Federal,
conferindo a esta instituição celeridade e eficácia.
Segundo o novo coordenador-geral, o CJF inspirou,
inclusive, a criação de outros órgãos de
aprimoramento do Judiciário, como o próprio Conselho
Nacional de Justiça – CNJ. “Em seus primórdios, o
CJF encontrou resistências. Havia o temor de que os
Tribunais Regionais Federais sofressem uma intervenção
em sua autonomia”, relembrou. De acordo com ele, o
tempo mostrou que isso não aconteceu; pelo contrário,
o CJF vem garantindo a unidade sistêmica da Justiça
Federal sem ferir a autonomia dos TRFs.
“Com o
apoio de todos, esperamos concretizar o que ainda não
foi feito. Todos somos responsáveis pela construção
de um país mais justo e seguro. Somos co-partícipes do
encontro que o país terá com o futuro”, finalizou o
ministro.
O ministro
Fernando Gonçalves, ao qual o ministro Dipp sucede na
Coordenação-Geral da Justiça Federal, manifestou a
sua satisfação por ter atuado junto ao CJF. “Deixo o
cargo com a consciência tranqüila do dever cumprido e
com a certeza de que o ministro Gilson Dipp saberá
direcionar a Coordenação Geral para caminhos
acertados. Este é um trabalho que não cessa”, frisou
o ministro Gonçalves, destacando a importância da
Coordenação-Geral na conduta eficaz e melhoria
constante da Justiça Federal. O ministro Barros
Monteiro agradeceu ao ministro Fernando Gonçalves, pela
sua “contribuição inestimável para o fortalecimento
dos sistemas administrativos da Justiça Federal”.
Sobre a
Coordenação-Geral da Justiça Federal:
A Coordenação-Geral
da Justiça Federal funciona junto ao Conselho e o
ministro do STJ titular do cargo é o seu membro efetivo
mais antigo no colegiado. Dentre outras atribuições, o
coordenador-geral tem a incumbência de dirigir o Centro
de Estudos Judiciários, presidir a Turma Nacional de
Uniformização da Jurisprudência dos Juizados
Especiais Federais, o Fórum Permanente de
Corregedores-Gerais da Justiça Federal e a Comissão
Permanente de Acompanhamento dos Juizados Especiais
Federais, além de supervisionar as atividades sistêmicas
que o CJF desenvolve junto à Justiça Federal.
Dados
biográficos do novo coordenador-geral:
Gilson
Dipp é natural de Passo Fundo (RS). Bacharel em Ciências
Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ele iniciou
sua carreira como advogado, em 1968. Foi nomeado juiz do
Tribunal Regional Federal da 4ª Região em 1989, tendo
atuado também como membro do Tribunal Regional
Eleitoral do RS. Exerceu a Presidência do TRF4 no biênio
1993/1995, período em que foi membro titular do
Conselho da Justiça Federal (os presidentes dos TRFs são
membros titulares do CJF). Tornou-se ministro do
Superior Tribunal de Justiça em 1998, tendo sido, no
ano passado, eleito membro do Conselho, desta vez em
vaga destinada a ministro do STJ. O ministro Dipp se
destacou ainda como presidente da Comissão de Estudos
relativos aos crimes de lavagem de dinheiro, formada no
âmbito do CJF e, em seguida, como membro do Gabinete de
Gestão Integrada da Prevenção e Combate à Lavagem de
Dinheiro junto ao Ministério da Justiça.
Fonte:
Justiça Federal, de 20/06/2007
CNJ
investe R$ 42 milhões para modernizar a Justiça
O Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) vai investir este ano 42 milhões
de reais na compra de equipamentos de informática para
tribunais de justiça de todo o país, num esforço para
modernizar a prestação de serviços do Judiciário. A
quantia se soma a outros 27 milhões de reais alocados
pelo Conselho em 2006 com o mesmo objetivo. O principal
projeto a ser implementado nos tribunais com este aporte
é um sistema de processo virtual desenvolvido pelo próprio
CNJ em software livre, o Projudi. Este sistema, já em
funcionamento em oito tribunais e em teste em diversos
outros, permite a tramitação totalmente eletrônica de
processos - sem o uso de papel - via web. Além de
encurtar o tempo de tramitação para 20% ou menos,
permite grande economia de recursos.
Com os
recursos, serão adquiridos 3 mil computadores, 3 mil
digitalizadores e mil servidores, além de notebooks,
nobreaks e outros equipamentos. Para reduzir custos e
evitar desvios, o próprio CNJ faz as aquisições e
repassa os equipamentos aos tribunais. O montante ainda
é pequeno para atender toda a necessidade da Justiça
Estadual, mas representa um grande avanço na modernização
da prestação de serviços do Judiciário.
Principalmente em Estados com menos recursos, como
Roraima, Rondônia, Tocantins, Pará e Piauí. Em Rondônia,
onde o Projudi funciona há dois meses, já tramitam
cerca de 450 processos pelo sistema. Isto significa
economia direta de pelo menos 9 mil reais, apenas com
insumos. O cálculo é feito multiplicando os 450
processos eletrônicos pelo custo estimado de 20 reais
por processo, gastos em insumos como papel, envelope,
grampos e pastas. O sistema eletrônico economiza ainda
em despesas com correio, mobiliário (armários para
arquivar processos) e transporte dos processos, entre
outros. Segundo
levantamento feito pelo CNJ, cada 1 mil processos novos
distribuídos já são suficientes para recuperar o
investimento da instalação de um novo juizado especial
virtual.
A implantação
do sistema proporciona ao tribunal uma melhor gestão
dos recursos humanos, pois extingue serviços como
distribuição, intimações e carga de autos, entre
outros. A distribuição de 160 mil processos por meio
eletrônico libera cerca de 40 servidores para serem
aproveitados em outras atividades.
Fonte:
CNJ, de 21/06/2007
Procurador-geral
deve ser escolhido democraticamente
por
Sebastião Caixeta
O mandato
do atual procurador-geral da República, Antônio
Fernando de Souza, encerra-se no próximo dia 30 de
junho. Como chefe do Ministério Público da União
(MPU), o ocupante desse cargo exerce tarefas que são
fundamentais para o bom funcionamento dos quatro ramos
do MP, que são: Ministério Público Federal (MPF),
Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público
Militar (MPM) e Ministério Público do Distrito Federal
e Territórios (MPDFT).
Entre suas
funções, destaca-se a de velar pela democracia, defesa
esta que lhe é atribuída pela Constituição de 1988.
Exatamente por exercer com afinco e dedicação a defesa
da democracia, o MP tem natural vocação de exercê-la
internamente, participando seus membros, nas diversas
instâncias deliberativas, das definições fundamentais
da instituição, notadamente na escolha dos seus
representantes.
Essa
característica sobreleva quando o assunto é a escolha
do dirigente maior do Ministério Público brasileiro, o
procurador-geral da República. Há uma viva aspiração
para que a participação da classe seja
institucionalizada no plano constitucional, com a previsão
da lista tríplice para o cargo. Proposta nesse sentido
foi apresentada na PEC 358/2005 (Reforma do Judiciário),
mas, infelizmente, ainda não encontrou acolhida no
Parlamento. Não obstante a falta de lei, entidades
representativas dos membros do Ministério Público da
União promoveram uma consulta à classe para oferecer
ao presidente da República uma lista tríplice com os
mais votados.
De acordo
com a Constituição Federal (artigo 128, parágrafo 1°),
o procurador-geral da República é o chefe do MPU e é
nomeado pelo presidente. A escolha é entre integrantes
da carreira, maiores de 35 anos, após a aprovação de
seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado
Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.
Nesse
contexto, o procurador-geral exerce relevantíssimas
atribuições que afetam, diretamente, o quotidiano dos
membros e a atuação institucional dos quatro ramos,
como a iniciativa de projetos de lei, a apresentação
de proposta orçamentária, enfim a resolução das
questões administrativas comuns ao MPU. Ele também
acumula a chefia do MPF, por força da Lei Complementar
75/1993.
Desse
modo, todos os integrantes do MPU estão legitimados a
participar da formação da informal lista tríplice
para o cargo de procurador-geral da República.
Por outro
lado, não é demais lembrar que o procurador-geral da
República não é chefe hierárquico de nenhum membro
do MPU, que tem a garantia constitucional da independência
funcional para defender a sociedade, livre de quaisquer
ingerências, inclusive do procurador-geral. A atividade
institucional é pautada, somente, pela lei.
Atentos a
essa realidade, Associação Nacional dos Procuradores
do Trabalho (ANPT), a Associação Nacional do Ministério
Público Militar (ANMPM) e a Associação do Ministério
Público do Distrito Federal e Territórios (AMPDFT)
encaminharam ao presidente da República a lista tríplice
com a consolidação dos votos de todos os membros do
MPU, com a seguinte ordem:
1º) Ela
Wiecko Volkmer de Castilho – 573 votos;
2º)
Antonio Fernando Barros e Silva de Souza – 510 votos;
3º)
Wagner Gonçalves – 422 votos.
É necessário
ressaltar que, não obstante a informalidade da lista tríplice,
o presidente da República, honrando sua tradição
democrática forjada nos movimentos sociais, prestigiou,
em duas oportunidades, a escolha da classe, indicando
Claudio Lemos Fonteles, em 2003, e Antonio Fernando
Barros e Silva de Souza, em 2005, então os mais
votados.
Espera-se
que o presidente Luis Inácio Lula da Silva reafirme
essa tradição democrática, sem exclusão de ramos,
com o que estará conferindo maior legitimidade ao
procurador-geral da República, dirigente maior do
Ministério Público.
Fonte:
Conjur, de 21/06/2007
Governo
vai analisar impacto do PAC nas dívidas estaduais
O governo
vai analisar o impacto que as medidas do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) nas áreas de habitação
e saneamento poderão ter sobre a margem de
endividamento dos Estados. O governo de São Paulo, José
Serra (PSDB), teme que essa análise atrase a liberação
dos recursos e comprometa esses investimentos.
"Para
mim eles estão preocupados com os limites de
endividamento. Já havia alertado sobre isso na reunião
do presidente com os governadores (em março). Não
quero que o PAC empaque", afirmou o governador
depois de encontro com o ministro da Fazenda, Guido
Mantega.
De acordo
com ele, os programas federais de habitação e
saneamento feitos em parceria com São Paulo totalizam
R$ 4,35 bilhões, sendo que a União responde por R$
2,920 bilhões. Ele explicou que o Orçamento de São
Paulo já tem reservado R$ 1 bilhão referente a
contrapartida estadual. O restante ficaria a cargo da
Sabesp e da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e
Urbano (CDHU). O ministro Mantega afirmou que a margem
de endividamento dos Estados será levada em conta para
que esses entes tenham acesso aos programas do PAC .
Fonte:
Valor Econômico, de 21/06/2007
TJ
quer Orçamento fixo em São Paulo
Magistrados
se queixam de repasses insuficientes e abrem campanha
por independência financeira
Silvia
Amorim
O Judiciário
paulista está em campanha por sua independência
financeira em relação ao governo do Estado. Na
verdade, o que os magistrados reivindicam é uma fatia
maior do Orçamento para as despesas da Justiça. Eles
se queixam de insuficiência dos recursos repassados
pelo Executivo para administrar a maior corte estadual
do País.
O
movimento foi deflagrado na semana passada, com a criação
de uma frente parlamentar para discutir o assunto na
Assembléia Legislativa. O objetivo dos magistrados é pôr
lenha nessa discussão e pressionar o Executivo.
Hoje o
governo do Estado é quem decide o valor a ser liberado
todo ano para o Tribunal de Justiça de São Paulo
(TJ-SP). 'Temos na Constituição Federal a garantia da
autonomia financeira e administrativa do Poder Judiciário.
Mas isso, na prática, não acontece. Eu peço R$ 5,7
bilhões, mas não vem isso. Como vou planejar se não
tenho a certeza das verbas que tenho?', argumenta o
presidente do TJ-SP, Celso Limongi.
O Judiciário
recebeu neste ano R$ 4,1 bilhões, uma fatia equivalente
a 4,8% do Orçamento, o mesmo valor de 2006. O tribunal
havia solicitado R$ 5,7 bilhões.
Por outro
lado, o número de processos cresce a cada dia. São 16
milhões as ações em andamento na primeira instância.
Por dia, entram na Justiça paulista cerca de 26 mil
processos, ou seja, uma nova ação na mesa de cada juiz
a cada meia hora.
A briga
entre governo e o tribunal paulista não é de hoje. No
ano passado, o Executivo conseguiu derrubar no Supremo
Tribunal Federal uma resolução do TJ que obrigava o
Estado a aumentar os recursos destinados ao tribunal. O
Supremo entendeu que a medida só poderia ser tomada por
força de lei.
PROJETO DE
LEI
É isso
que os magistrados tentam agora. Eles sabem que uma
mudança só será possível se o governador José Serra
encaminhar e aprovar no Legislativo um projeto de lei.
Principal
cabo eleitoral dessa campanha, Limongi sustenta que o
reforço de caixa será decisivo para reduzir a
morosidade da Justiça. 'Se não tenho verbas para criar
varas, o que faço? Se não tenho dinheiro para
contratar funcionários, como vou trabalhar no processo?
Temos grande falta de funcionários. Eu posso contratar?
Não tenho dinheiro para pagar.'
O déficit
apontado pelo desembargador é de cerca de mil
escreventes, 3 mil oficiais de Justiça e 300 juízes
para completar as vagas em aberto hoje.
Por isso,
segundo ele, uma ação leva, em média, dois anos para
ter uma decisão de primeira instância e mais dois a três
anos na segunda instância. 'Acho que poderíamos
reduzir, no segundo grau, para um, dois meses. Mas eu
preciso de verba para isso. Preciso de um cartório
criminal estruturado, de juízes criminais capacitados',
argumenta Limongi.
O
desembargador defende a fixação de um porcentual mínimo
do Orçamento para o Tribunal de Justiça. 'Acho que 6%
seria um bom índice.'
ICMS
Há vários
modelos em discussão para reforçar o caixa da corte.
Um deles é inspirado na experiência do Rio de Janeiro,
onde o Judiciário conseguiu um aporte maior de
recursos, em 1996, com a criação de um Fundo Especial
do Tribunal de Justiça. Ele recebe os recursos
referentes a custas e taxas judiciais e é gerenciado
diretamente pelo tribunal, um dos mais ágeis do País.
Outra opção
é a vinculação de uma parte da receita do Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
para o Judiciário, como ocorre hoje com as
universidades. 'A frente parlamentar vai coordenar esse
debate entre todas as entidades envolvidas e buscar um
modelo próprio', disse o deputado estadual Rodolfo
Costa e Silva (PSDB), coordenador da frente.
REMÉDIO
O
professor de direito penal da Universidade de São Paulo
(USP) e especialista em direito público Sérgio Salomão
Shecaira não acredita numa solução fácil. 'Será que
o governo do Estado tem interesse em que o Judiciário
seja tão ágil? Eu não sei. A tramitação lenta, às
vezes, socorre o próprio Executivo', observou.
Para ele,
a autonomia financeira é necessária, mas está longe
de ser o remédio para todos os males que afligem o
Judiciário. 'O Judiciário administra muito mal seu
patrimônio, porque falta uma administração
profissional dos recursos. Até pouco tempo o Judiciário
tinha um prédio abandonado no centro da cidade e pagava
aluguel na região da Avenida Paulista.'
O
presidente do TJ-SP reconhece o problema. 'Eu contratei
a Fundação Getúlio Vargas para imprimir à minha gestão
esse perfil profissional, porque o juiz não é
administrador. Eu tenho essa consciência.'
Fonte:
O Estado de S. Paulo, de 21/06/2007