É positivo o projeto de lei do governo de São Paulo que
regulariza terras na região do Pontal?
Paz para o Pontal - SIM
LUIZ ANTONIO MARREY
HÁ
DÉCADAS, o Pontal do Paranapanema está envolvido em
conflitos fundiários entre fazendeiros e trabalhadores
rurais. Em visitas à região, percebi um sentimento de
exaustão nos diferentes setores que atuam, direta e
indiretamente, na busca de uma solução capaz de trazer a
paz ao oeste paulista. Reconheço que não é um problema
fácil, pois sua origem data de um século atrás.
No
entanto, estou convencido de que a proposta apresentada
pelo governador José Serra, por intermédio do projeto de
lei 578/07, encaminhado à Assembléia Legislativa, será
capaz de atender ao interesse público.
Seus objetivos são a paz no Pontal, mediante a obtenção
de terras para novos assentamentos, a garantia da
segurança jurídica necessária para o desenvolvimento e o
fim dos conflitos pela disputa fundiária.
Desde a instalação do primeiro assentamento do Estado,
na gleba XV de Novembro, em 1984, no governo Franco
Montoro, e da criação da Fundação Itesp, em 1999, na
gestão Mário Covas, não se tem notícia de proposta tão
ampla para atender às demandas dos trabalhadores rurais
no Pontal e de toda a sociedade.
Qualquer pessoa de boa vontade sabe que a indefinição
fundiária no Pontal não favorece ninguém. Por um lado,
traz insegurança, afugenta investimentos e acorrenta o
progresso.
Por outro, não atende às reivindicações dos
trabalhadores rurais que precisam de terra, saúde,
educação e assistência técnica do Estado, instrumentos
imprescindíveis para garantir a dignidade da pessoa
humana.
Os
movimentos de sem-terras fazem crítica ao projeto
alegando que, se as áreas são públicas, não poderiam ser
objeto de regularização, mas sim da simples retomada
pelo Estado.
Parte-se de uma premissa falsa, pois as áreas ainda são
objeto de disputa judicial, com decisões que, em alguns
casos, favorecem o poder público e, em outros, os
fazendeiros. Logo, as terras só serão públicas, como
reivindica o governo, se assim decidir o Judiciário, de
maneira definitiva.
A
experiência dos últimos anos mostra que as atuais ações
discriminatórias e reivindicatórias tendem a levar mais
20 ou 30 anos para ter desfecho na Justiça. Além disso,
engana-se quem pensa que as terras estariam disponíveis
de imediato para assentamentos. Haveria nova batalha
jurídica para determinar a indenização pelas
benfeitorias feitas pelo fazendeiro.
O
governo é categórico ao afirmar que a população do
Pontal precisa de maior celeridade na solução da
questão. Por isso, o projeto possui diferenciais que,
acredito, têm grande potencial de atender às demandas
coletivas.
Quem desejar regularizar uma área deverá devolver ao
Estado uma parcela da terra, que será usada para reforma
agrária na região. Foi criada uma gradação de
percentuais a serem devolvidos ao Estado, conforme o
tamanho da área e com base nos acordos judiciais
firmados no passado. Também é permitido ao ocupante
pagar o preço da terra a ser arrecadada e, neste caso, o
valor irá para o Fundo de Desenvolvimento Econômico e
Social do Pontal.
Além dos debates na Assembléia, o projeto tem sido
objeto de discussão com a sociedade. Em recente reunião
na OAB de Presidente Prudente, foi ampla a manifestação
de apoio à proposta. No mesmo sentido se manifestaram os
prefeitos da região e até mesmo alguns movimentos de
trabalhadores rurais admitem a sua aprovação com
alterações.
Certamente, há pessoas de boa-fé que se opõem ao
projeto. Porém, a substancial resistência à solução dos
problemas fundiários do Pontal vem de setores que
gostariam de ver o conflito eternizado e que dele se
nutrem.
Tal posição parece ser a da maioria dos dirigentes de
movimentos sem terra, que não apresentam alternativa
viável para o problema e não hesitam em preferir a falta
de solução à perda de suas bandeiras políticas como
resultado da pacificação da região.
Uma atitude cômoda para o governo seria simplesmente
alegar que a questão depende de decisão judicial e se
omitir. A proposta apresentada visa a romper a inércia,
promover a paz no campo, com justiça social e
desenvolvimento.
LUIZ ANTONIO GUIMARÃES MARREY, 52, é secretário de
Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania. Foi
procurador-geral de Justiça do Estado por três mandatos
(1996-1998, 1998-2000 e 2002-2004) e secretário
municipal dos Negócios Jurídicos (2005-2006).
Fonte: Folha de S. Paulo, de 06/10/2007
É positivo o projeto de lei do governo de São Paulo que
regulariza terras na região do Pontal?
PL
578/07 ou "a vida como ela é" - NÃO
PLINIO DE ARRUDA SAMPAIO
É
NOTÓRIO que o Pontal do Paranapanema foi, há décadas,
objeto da maior apropriação ilegal de terras (grilagem)
já ocorrida no Estado de São Paulo -processo descrito em
inúmeras teses acadêmicas, reportagens e sentenças
judiciais.
Contudo, até hoje a Justiça de São Paulo não concluiu as
ações para a retomada dessas terras. A demora do
Judiciário é a justificativa do projeto 578/07, que o
governador enviou à Assembléia Legislativa, solicitando
autorização para fazer acordos com os atuais posseiros
de grandes fazendas -algumas realmente gigantescas (com
mais de 5.000 hectares).
O
projeto é escandaloso dos pontos de vista jurídico,
social e ético.
Juridicamente, como demonstrou o professor Dalmo
Dallari, o projeto, ao admitir a venda de terras
públicas sem licitação, fere o artigo 37, inciso XXI, da
Constituição Federal. Além disso, infringe a regra que
proíbe ao agente público desistir de ação judicial
proposta para defender direito do Estado, salvo em caso
de relevante interesse público.
Se
juridicamente o projeto não se sustenta, socialmente é
um descalabro. Como pode ser de interesse público
entregar, de mão beijada, meio milhão de hectares de
terras a pessoas que as adquiriram sabendo perfeitamente
bem tratar-se de terras griladas?
Com apenas 300 mil hectares das terras atualmente na
posse de ocupantes ilegítimos, o governo assentaria, na
região, 15 mil das 150 mil famílias que vivem, há anos,
acampadas na beira das estradas pelo Brasil afora à
espera de terra para trabalhar.
Que relevante interesse público pode haver na utilização
de terras do Estado para manter grandes fazendas
pecuárias ou substituí-las por imensos agronegócios se
ambas as atividades não empregam sequer a mão-de-obra
ociosa local? Mas é do ponto de vista ético que o
projeto mais escandaliza.
Sem entrar em juízo de valor a respeito da intenção dos
seus autores, a verdade é que a proposta, objetivamente,
representa a capitulação do governo do Estado de São
Paulo diante de um dos traços mais perversos da cultura
brasileira: neste país, as pessoas poderosas podem
infringir as leis impunemente, desde que tenham recursos
para sustentar a ilegalidade durante algum tempo -o que
se consegue com bons advogados, subornos, barganhas
políticas e coações.
No
caso específico da questão fundiária, o latifúndio impôs
à sociedade brasileira o fato consumado -um padrão de
institucionalização arbitrária e instável, que deixa a
terra à mercê dos grandes negócios. A necessidade de
adequar a estrutura agrária às exigências de uma
agricultura itinerante, baseada na exploração predatória
dos recursos naturais, na superexploração dos
trabalhadores e na monocultura em grande escala bloqueia
o acesso do homem pobre à terra e deixa o pequeno
produtor sujeito aos atropelos do "progresso".
Desde os tempos do império, as classes dominantes não
permitem ao país institucionalizar-se, pois, desse modo,
têm condições ideais para usar sua força econômica e
política na criação de fatos consumados -fatos que, com
a passagem do tempo, tornam-se justificativas "sociais"
para casuísmos que legitimam a falcatrua.
Quem quiser se informar sobre esse processo pode ler o
excelente trabalho da professora Ligia Osorio Silva:
"Terras Devolutas e Latifúndio".
O
que está sendo sancionado pelo PL 578 é o secular
mecanismo de reprodução do latifúndio ali descrito. Não
passa de um "casuísmo" que recompensa toda a cadeia de
beneficiários dos conhecidos grilos Pirapó-Santo
Anastácio e Boa Esperança do Aguapeí, perpetrados no
final do século 19.
Enquanto a Justiça levar décadas para julgar ações
contra grileiros e menos de 48 horas para decretar um
despejo quando trabalhadores sem-terra ocupam área
improdutiva e, sobretudo, enquanto os homens públicos se
renderem resignadamente à cultura da "vida como ela é",
não haverá desenvolvimento nem paz social -seja no
Pontal do Paranapanema, seja em qualquer recanto do
país.
PLINIO DE ARRUDA SAMPAIO, 77, advogado, é presidente da
Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária). Foi
deputado federal pelo PT-SP (1985-91) e consultor da FAO
(Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a
Alimentação).
Fonte: Folha de S. Paulo, de 06/10/2007
Pagamento de R$ 600 milhões a fiscais é suspenso
O
pagamento de R$ 600 milhões, que a Associação Nacional
dos Fiscais de Abastecimento e Preço (Afanp) poderia
receber, foi suspenso pelo Tribunal Regional Federal da
2ª Região (RJ e ES).
O
valor seria pago a servidores fiscais da extinta
Superintendência Nacional de Abastecimento (Sunab)
reenquadrados na função de auditores-fiscais do Tesouro
Nacional e refere-se à diferença salarial dos cargos.
O
pedido foi formulado pela Procuradoria Regional da União
da 2ª Região, com sede no Rio de Janeiro. A PRU
argumentou que a decisão inclui cerca de 210
funcionários da Sunab de outros estados. Para a
Procuradoria, eles que não podem ser beneficiados, pois
a ação foi proposta no Rio de Janeiro e abrange somente
os funcionários do estado.
Na
interpretação da PRU, os servidores de outros estados
teriam que entrar na Justiça local para receber a
diferença. Por isso, o valor apresentado pela Afanp está
acima do devido pela União.
“A
decisão da 6ª Turma Especializada do TRF será de extrema
importância para que AGU tenha possibilidade de se
contrapor aos valores que estão sendo executados”,
analisou o advogado da União Romilson Volotão, que atuou
no caso.
Fonte: Consultor Jurídico, de 07/10/2007
Exigir nota fiscal é necessário para combater a
sonegação
Milton Fontes
O
Programa de Estímulo à Cidadania Fiscal, que visa
incentivar os adquirentes consumidores finais de
mercadorias a exigir nota fiscal do comerciante
varejista, é uma louvável iniciativa do governo de São
Paulo, já que o programa constitui-se não apenas na
redução da carga tributária individual para o
adquirente, mas numa importante ferramenta da
administração tributária de combate à sonegação.
Entrou em vigor em todo estado de São Paulo o programa
Not@ Fiscal Paulista, pelo qual até 30% do ICMS
recolhido pelo estabelecimento vai ser devolvido ao
consumidor.
Quem não se recorda, na década de 80, da "Turma do
Paulistinha — O ICM dá Sorte", concurso onde o
consumidor pessoa física concorria a prêmios pela
Loteria Federal, desde que exigisse notas fiscais
simplificadas ou cupons fiscais, em determinado valor.
Elas eram trocados por um álbum e pacotes de figurinhas.
A arrecadação no período abrangido pelo referido
concurso aumentou, mas o costume do consumidor em exigir
nota fiscal certamente não. O sistema era extremamente
arcaico e burocrático.
É
certo que naquela época não existia internet, tampouco
nota fiscal eletrônica, e que a formatação do atual
programa é bem mais eficiente, já que combina redução da
carga individual (créditos de 30% sobre as aquisições
para abatimento do IPVA, depósito em conta corrente ou
cartão de crédito) prêmios e conectividade na Internet.
Mas o contribuinte exigirá nota fiscal? Todos terão
acesso aos créditos? Haverá uma mudança de
comportamento?
Se, para ter direito aos créditos, o consumidor deve
cadastrar uma senha no site da Secretaria da Fazenda
para acompanhar o seu saldo e escolher a forma de
recebimento do crédito, como agirão as pessoas que não
possuem computadores e acesso à Internet? Vale lembrar
que, segundo o IBGE, 79% da população brasileira nunca
acessaram a Internet. Ou seja, grande parte dos
contribuintes encontrará dificuldades, mesmo que a
Secretaria da Fazenda disponibilize computadores em
pontos estratégicos, como no "Acessa São Paulo".
Outro ponto importante é que os restaurantes, os
primeiros do cronograma do novo programa e a maioria de
pequeno e médio portes, encontrarão dificuldades
operacionais e custos adicionais para se informatizar no
prazo estabelecido, não transferindo o crédito ao
consumidor, já que se exige documento fiscal eletrônico.
De
outro lado, o crédito concedido ao consumidor não poderá
ser abatido integralmente do IPVA, já que, segundo a
Constituição Federal, 50% da arrecadação desse imposto
são destinados ao Estado e 50% aos municípios.
Os
consumidores pessoas jurídicas contribuintes do ICMS
sujeitas ao regime periódico de apuração, ou seja,
aquelas empresas não enquadradas no Simples Nacional,
não terão direito ao crédito do Programa. Nesse caso,
persiste a pergunta: essas pessoas jurídicas exigirão
nota fiscal?
Os
consumidores inadimplentes junto ao estado com suas
obrigações pecuniárias, tributárias ou não, também não
poderão utilizar os créditos gerados nas aquisições. Ou
seja, estão fora do espírito do programa de "incentivo à
cidadania", enquanto não quitarem seus débitos. Por que
não, obrigatoriamente, utilizar os créditos do
contribuinte inadimplente para abater o valor dos seus
débitos? Estado e consumidor inadimplente seriam
beneficiados. Ainda restam muitas dúvidas, mas o
incentivo da cidadania fiscal é importante e necessário.
Fonte: Consultor Jurídico, de 06/10/2007
Nota Fiscal Paulista em vigor desde o dia 1º oferece
descontos ao consumidor
Multas aos estabelecimentos que não atenderem à medida
será de 100 Ufesp´s por documento não emitido ou
registrado.
Desde o dia 1º de outubro, está em vigor em todo o
Estado de São Paulo o Programa da Cidadania Fiscal, que
obriga os comerciantes a emitir a nota fiscal paulista.
Inicialmente, a medida tem validade apenas para os
restaurantes. A partir de novembro, será estendida para
bares, padarias e lanchonetes e, de dezembro em diante,
para as lojas de artigos esportivos, ópticas e agências
de turismo. O presidente do Sindicato dos Contabilistas
de
São Paulo (Sindcont-SP), Sebastião Luiz Gonçalves dos
Santos, explicou que os contribuintes que pedirem nota
fiscal nesses estabelecimentos terão de volta, em
crédito, até 30% do ICMS recolhido efetivamente por
esses restaurantes.
“O
consumidor deve estar atento, pois esse valor será
rateado com os outros consumidores”.
Marcelo Pereira de Lima, especialista das áreas fiscal e
contábil do escritório de
contabilidade Candinho, localizado em Santo André,
explicou que o programa tem como objetivo incentivar os
consumidores a adotar o hábito de pedir nota fiscal na
hora da compra. “O consumidor é o maior interessado no
funcionamento adequado da nota fiscal paulista. É ele
que irá solicitar a emissão, consultar o site da
Secretaria da Fazenda para conferir se já possui os
créditos e cobrar o estabelecimento inadimplente para
que possa receber o seu direito. Ele será um fiscal, que
estará atento todos os dias”, acredita o especialista.
O
consumidor que solicitar a nota deverá fornecer, de
maneira legível, o CPF pessoal ou o CNPJ da sua empresa
para ter direito à restituição de créditos, após o
estabelecimento comercial pagar o ICMS devido. Para o
consumidor, a restituição pode vir por meio de
abatimento no IPVA ou via depósito bancário em conta
corrente ou poupança. Transferências de créditos também
serão permitidas. Aqueles que aderirem à medida e
acumularem R$ 100,00 em créditos vão participar, ainda,
de um sorteio promovido pelo governo do Estado. “Vou
fazer questão de pedir nota fiscal, dessa maneira,
poderei abater no meu IPVA que é muito caro”, disse o
vendedor Jair dos Santos.
Pagamento – A devolução do imposto ao consumidor seguirá
um cronograma e só será feita quando o estabelecimento
fechar a fatura e pagar o ICMS no mês seguinte. Para os
pagamentos realizados no período de julho a dezembro, o
consumidor só receberá o valor no mês de abril. Para as
faturas pagas no período de janeiro a junho, os
pagamentos ocorrerão em outubro.
Prazo curto – Para os donos dos restaurantes, o prazo
foi curto demais para adequar os estabelecimentos à nova
medida. “Tivemos um prazo muito curto para adequarmos
nossa casa à nova legislação”, disse Carlos dos Santos,
gerente de um restaurante localizado no Largo do
Arouche, zona central da capital paulista.
Lima explicou que os restaurantes que tiveram
faturamento superior a R$ 120 mil no exercício anterior
já têm o emissor de cupom fiscal. Aqueles que faturaram
abaixo desse valor, devem usar o talão série D- 2,
destinado à venda ao consumidor.
Multas – Os estabelecimentos comerciais que não se
adequarem ao programa de nota fiscal paulista receberão
multa inicial de 100 Ufesp´s (uma Ufesp vale R$ 14,23)
por documento não emitido ou registrado. Lima acredita
que a medida é também benéfica para o comércio, pois
evitará a concorrência desleal: os donos dos
estabelecimentos também exigirão um cuidado maior com a
manipulação dos alimentos e só comprarão produtos
qualificados.
Sebastião dos Santos alerta os estabelecimentos para a
nova lei. “Sonegar impostos é crime e, caso o
estabelecimento comercial persista na prática, a multa
poderá variar entre 75% a 150% sobre o imposto devido ao
Fisco”.
Efeito cascata – Os outros segmentos da cadeia produtiva
também deverão emitir a nota fiscal paulista. Em
janeiro, os estabelecimentos que vendem automóveis,
bicicletas, barcos e combustíveis começarão a emitir a
nota. Em fevereiro, as casas de materiais de construção;
em março, as casas que vendem produtos para escritórios;
em abril, produtos alimentícios e farmacêuticos; e em
maio, as lojas de departamentos (roupas, calçados,
acessórios e outros).
Como acumular seus créditos
1)
Em cada compra, o consumidor deve solicitar a nota
fiscal comum, eletrônica ou o cupom fiscal e informar o
seu CPF ou CNPJ;
2)
O vendedor registra no documento o CPF/CNPJ do
comprador;
3)
Após o recolhimento do ICMS pelo estabelecimento, a
Secretaria da Fazenda tornará disponível ao consumidor o
crédito do imposto;
4)
A nota fiscal tem validade de cinco anos.
5)
O crédito poderá ser utilizado para reduzir o valor do
débito do IPVA, depositado em conta corrente, poupança,
em cartão de crédito ou transferido para outra pessoa.
Fonte: D.O.E., de 06/102007, publicado em notícias
Será que Lula quer mais imposto?
Suely Caldas
De
tudo que o brasileiro produz e transforma em dinheiro
37% ele paga em impostos para sustentar os gastos do
governo. Empresas, trabalhadores e população dividem
apenas 63% da renda que geram. A carga tributária no
Brasil é absurdamente elevada, disparado a mais alta do
mundo entre os países pobres. E não pára de crescer.
Segundo o IBGE, no segundo trimestre deste ano os
setores produtivos (indústria, agricultura e serviços)
cresceram, na média, 4,9%, mas pagaram em impostos 8,6%
mais do que recolheram em 2006. Quase o dobro! No
momento em que o presidente da República anuncia
publicamente, em alto e bom som, que vai contratar mais
funcionários, além dos 100 mil que já contratou em seu
governo, é bom ficar bem claro, caro leitor - porque
isto ele não faz -, de onde sairá o dinheiro para
custear mais essa milionária despesa: do bolso de todos
nós, contribuintes, ricos e pobres, os que pagam
impostos visíveis e os invisíveis embutidos nos produtos
que compramos.
Não há hoje no País um único ser humano de bom senso,
nem mesmo no Partido dos Trabalhadores (PT), que defenda
aumento da carga tributária. Seria um louco se o
fizesse. O consenso é inverso, é pela redução de
tributos. Então, por que os impostos só aumentam, nunca
baixam? Por que as tarifas provisórias - como a CPMF -
viram permanentes? Por que os governos se recusam a
reduzir impostos claramente nocivos ao desenvolvimento
econômico, como a CPMF, o PIS-Cofins e outros cobrados
em cascata sobre a produção? É que no Brasil os
políticos só defendem redução de impostos em campanha
eleitoral. Uma vez eleitos, tratam é de arranjar mais
dinheiro para gastar.
Lula aumentou o PIS-Cofins, governadores elevam
alíquotas do ICMS quando e quanto querem, prefeitos
fazem o mesmo com o IPTU. E a bola-de-neve segue e
cresce com o próximo eleito. Por isso a carga tributária
chegou à impressionante taxa de 37% do Produto Interno
Bruto (PIB). Na matemática do político brasileiro não
existe operação de subtração, só de adição. Se uma
despesa nova é criada, ele faz como Lula: não revela
como fará para financiá-la e, em seguida, surpreende o
contribuinte com mais uma investida em seu bolso.
'O
choque de gestão será feito quando a gente contratar
mais gente, mais qualificada, mais bem remunerada,
porque aí teremos também serviços de excelência
prestados para a sociedade brasileira', defendeu Lula na
terça-feira. Mas o presidente não explica aos
brasileiros por que, em quase cinco anos de governo, 100
mil novos contratados e acréscimo de 58% (R$ 43 bilhões)
na folha de pagamento, os serviços prestados à sociedade
não ganharam excelência, ao contrário, continuam
péssimos, sobretudo nos setores em que a população pobre
mais depende de governo - educação, saúde, segurança,
habitação, saneamento.
Lula não revela por que a equipe econômica de seu
governo ajudou a aprovar, na Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado (CAE), projeto que reduz em R$ 3,1
bilhões ao ano a verba destinada à saúde, o que vai
engrossar a fila de necessitados sem atendimento e sem
esperança nos hospitais públicos. Também não explica o
que fez os gastos com cartões corporativos de seu
governo dobrarem de R$ 14,15 milhões em 2004 para R$
33,02 milhões em 2006 e darem outro espetacular salto
para R$ 53,11 milhões até 28 de agosto de 2007, segundo
levantamento feito pela assessoria de orçamento do DEM
no Congresso. Impedido pelo Senado de criar a Secretaria
de Planejamento de Longo Prazo e mais 660 novos cargos
de confiança, Lula reagiu e criou um ministério
extraordinário para substituir a secretaria só para
abrigar no governo o ex-desafeto e agora coligado
Roberto Mangabeira Unger. Será o 9º Ministério criado em
seu governo para atender a interesses
político-partidários. Acomodar aliados e companheiros do
PT - e não a qualificação - tem sido a política de
contratações do governo Lula. Os brasileiros que pagam
impostos e sustentam a expansão da folha de salários do
governo têm o direito de perguntar a que serve esse
Ministério, além de fazer de Unger ministro? Quais as
atribuições a ele confiadas que não possam ser
executadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea)? Este, sim, um órgão de excelência, uma equipe
experiente que estuda e conhece os problemas políticos,
econômicos e sociais do País e tem cumprido com
competência a função de propor novas políticas públicas
e planejar o longo prazo do País. *Suely Caldas é
jornalista
De
tudo que o brasileiro produz e transforma em dinheiro
37% ele paga em impostos para sustentar os gastos do
governo. Empresas, trabalhadores e população dividem
apenas 63% da renda que geram. A carga tributária no
Brasil é absurdamente elevada, disparado a mais alta do
mundo entre os países pobres. E não pára de crescer.
Segundo o IBGE, no segundo trimestre deste ano os
setores produtivos (indústria, agricultura e serviços)
cresceram, na média, 4,9%, mas pagaram em impostos 8,6%
mais do que recolheram em 2006. Quase o dobro!
No
momento em que o presidente da República anuncia
publicamente, em alto e bom som, que vai contratar mais
funcionários, além dos 100 mil que já contratou em seu
governo, é bom ficar bem claro, caro leitor - porque
isto ele não faz -, de onde sairá o dinheiro para
custear mais essa milionária despesa: do bolso de todos
nós, contribuintes, ricos e pobres, os que pagam
impostos visíveis e os invisíveis embutidos nos produtos
que compramos.
Não há hoje no País um único ser humano de bom senso,
nem mesmo no Partido dos Trabalhadores (PT), que defenda
aumento da carga tributária. Seria um louco se o
fizesse. O consenso é inverso, é pela redução de
tributos. Então, por que os impostos só aumentam, nunca
baixam? Por que as tarifas provisórias - como a CPMF -
viram permanentes? Por que os governos se recusam a
reduzir impostos claramente nocivos ao desenvolvimento
econômico, como a CPMF, o PIS-Cofins e outros cobrados
em cascata sobre a produção?
É
que no Brasil os políticos só defendem redução de
impostos em campanha eleitoral. Uma vez eleitos, tratam
é de arranjar mais dinheiro para gastar. Lula aumentou o
PIS-Cofins, governadores elevam alíquotas do ICMS quando
e quanto querem, prefeitos fazem o mesmo com o IPTU. E a
bola-de-neve segue e cresce com o próximo eleito. Por
isso a carga tributária chegou à impressionante taxa de
37% do Produto Interno Bruto (PIB). Na matemática do
político brasileiro não existe operação de subtração, só
de adição. Se uma despesa nova é criada, ele faz como
Lula: não revela como fará para financiá-la e, em
seguida, surpreende o contribuinte com mais uma
investida em seu bolso.
“O
choque de gestão será feito quando a gente contratar
mais gente, mais qualificada, mais bem remunerada,
porque aí teremos também serviços de excelência
prestados para a sociedade brasileira”, defendeu Lula na
terça-feira.
Mas o presidente não explica aos brasileiros por que, em
quase cinco anos de governo, 100 mil novos contratados e
acréscimo de 58% (R$ 43 bilhões) na folha de pagamento,
os serviços prestados à sociedade não ganharam
excelência, ao contrário, continuam péssimos, sobretudo
nos setores em que a população pobre mais depende de
governo - educação, saúde, segurança, habitação,
saneamento.
Lula não revela por que a equipe econômica de seu
governo ajudou a aprovar, na Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado (CAE), projeto que reduz em R$ 3,1
bilhões ao ano a verba destinada à saúde, o que vai
engrossar a fila de necessitados sem atendimento e sem
esperança nos hospitais públicos. Também não explica o
que fez os gastos com cartões corporativos de seu
governo dobrarem de R$ 14,15 milhões em 2004 para R$
33,02 milhões em 2006 e darem outro espetacular salto
para R$ 53,11 milhões até 28 de agosto de 2007, segundo
levantamento feito pela assessoria de orçamento do DEM
no Congresso.
Impedido pelo Senado de criar a Secretaria de
Planejamento de Longo Prazo e mais 660 novos cargos de
confiança, Lula reagiu e criou um ministério
extraordinário para substituir a secretaria só para
abrigar no governo o ex-desafeto e agora coligado
Roberto Mangabeira Unger. Será o 9º Ministério criado em
seu governo para atender a interesses
político-partidários. Acomodar aliados e companheiros do
PT - e não a qualificação - tem sido a política de
contratações do governo Lula.
Os
brasileiros que pagam impostos e sustentam a expansão da
folha de salários do governo têm o direito de perguntar
a que serve esse Ministério, além de fazer de Unger
ministro? Quais as atribuições a ele confiadas que não
possam ser executadas pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea)? Este, sim, um órgão de
excelência, uma equipe experiente que estuda e conhece
os problemas políticos, econômicos e sociais do País e
tem cumprido com competência a função de propor novas
políticas públicas e planejar o longo prazo do País.
*Suely Caldas é jornalista
Fonte: O Estado de S. Paulo, de 07/10/2007