Câmara vota fim de honorários
O prefeito Tuga
Angerami (sem partido) quer o fim da distribuição de
verba honorária somente para ações judiciais entre
órgãos da administração municipal, bastante criticada
pela sociedade após revelação sobre sua forma de
pagamento, feita pelo JC no final do ano passado. Grande
parte dos vereadores critica os prejuízos que a despesa
gera para as finanças do Município, mas, ainda assim, o
projeto de lei que está na pauta da Câmara Municipal de
Bauru de hoje sofre pressão nos bastidores. São os
próprios beneficiários - os procuradores municipais - e
o lobby corporativo da subseção local da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) que tentam evitar o fim do
dinheiro extra.
Embora o projeto
de lei não acabe com os honorários e muito menos trate
de sua fixação em ações que vão ao Judiciário, o que é
prerrogativa de lei maior, há pressão para que a
“distribuição da verba honorária” se mantenha para os
procuradores jurídicos. A medida foi amplamente
combatida pela sociedade após a prefeitura anunciar que
terá de pagar mais de R$ 800 mil para dois procuradores
do Departamento de Água e Esgoto (DAE) em ação de
cobrança da autarquia contra a prefeitura.
O episódio gerou
crise de confiança dentro do DAE e provocou a ira do
prefeito. Na avaliação do Executivo, a Procuradoria
Jurídica da autarquia tinha a obrigação de defender o
interesse público, mas resguardando também a concreta
ação no processo judicial, no sentido de buscar acordo
para os débitos sem que o caso gerasse decisão
definitiva de cobrança contra o governo (precatório).
Em outro
episódio, a prefeitura discute situação parecida em
relação à Companhia de Habitação Popular de Bauru
(Cohab). Para a administração, com o projeto de lei que
vai à votação na pauta de hoje no Legislativo, o
objetivo é simples: eliminar a distribuição da verba
honorária produto das ações apenas entre ações judiciais
realizadas entre os órgãos públicos, mas sem gerar
qualquer prejuízo à fixação da verba e sua distribuição
para todas as demais situações processuais.
O projeto traz
explicação objetiva na pauta: “trata-se de dispor acerca
da distribuição de verba honorária alterando a
destinação do seu produto, proveniente de processos
judiciais quando os órgãos públicos municipais venham a
litigar entre si, seja a verba honorária arbitrada por
decisão judicial ou estabelecida por acordo”.
Por causa da
pressão corporativa contra parlamentares e de reação dos
procuradores jurídicos - que já avisaram que vão,
inclusive, ao Judiciário contra a medida moralizadora -,
o projeto teve votação adiada por mais de uma vez.
O anúncio do fim
do chamado honorário intragoverno foi feito pelo
prefeito ao JC depois que foi levantada a inscrição de
precatórios contra a prefeitura. “O ideal é que os
órgãos do governo local negociem na esfera
administrativa para dívidas entre si, sem gerar prejuízo
ainda maior à coletividade com despesas extras vindas
dos honorários”, disse o prefeito na oportunidade do
projeto original.
Outro ponto,
esse sequer abordado no projeto, é que antes os
honorários iam para um fundo na prefeitura, cujo rateio
de distribuição garantia pelo menos uma parte dos
valores vindos das ações para custear as despesas das
causas judiciais em que a prefeitura era derrotada. Os
procuradores passaram a ser beneficiados com o fim do
fundo, com a distribuição direta dos honorários entre os
profissionais contratados e pagos pelo próprio setor
público, através de concurso.
Fonte: Jornal da Cidade, Bauru, de
3/03/2008
Vereadores apóiam o fim dos pagamentos
Tudo indica que
boa parte dos vereadores, senão a maioria, deve
demonstrar apoio ao projeto do prefeito, que propõe o
fim dos honorários aos procuradores da prefeitura.
O tucano Marcelo
Borges diz não entender o motivo do pagamento dos
honorários e se diz favorável ao corte do pagamento.
“Trata-se de uma
disputa entre órgãos públicos, sendo que é a população
quem está pagando honorários para os dois lados. Acho
que a gente deve discutir para que os advogados da
prefeitura tenham salários e não honorários”, opina o
parlamentar.
Para Antonio
Carlos Garmes (PTB), o projeto do prefeito é legal e
constitucional, o que deve facilitar sua tramitação
jurídica no Legislativo. Quanto a seu posicionamento
sobre aprovar ou não a proposta, o vereador é
categórico.
“Acho um absurdo
o que acontece em Bauru, os procuradores da prefeitura e
do DAE (Departamento de Água e Esgoto) ajuizarem ação de
um órgão contra o outro, sendo que ambos são municipais.
Eles têm o mesmo patrão e recebem honorários que ninguém
na cidade recebe quando é decidida uma ação como essa.
Sou plenamente favorável a que não se pague o honorário,
porque eles já ganham salários, já que são empregados”,
sentencia.
Na opinião de
Garmes, não existe argumento que possa explicar ou
legitimar o pagamento dos honorários aos procuradores.
“O argumento para se pagar os honorários aos
procuradores, é de que eles são diligentes e eficientes
em seus trabalhos. Mas, isso é obrigação do cargo
público que o procurador ocupa”, conclui.
Fonte: Jornal da Cidade, Bauru, de
3/03/2008
Honorários absurdos
A Câmara
Municipal de Bauru tem pela frente hoje um daqueles
assuntos que colocam em campos opostos dois interesses -
um geral e outro particular. Por um lado, o sentimento
generalizado de repúdio de toda uma sociedade e, de
outro, um pequeno e agitado lobby. Trata-se do projeto
de lei do prefeito Tuga Angerami que acaba com o
pagamento de honorários em ações em que um setor do
governo processa outro. Os advogados públicos
(procuradores) deveriam se dar por satisfeitos por
recebem salários fixos e ainda honorários em causas
contra terceiros.
Fonte: Jornal da Cidade, Bauru, de
3/03/2008
Contra vontade pública
Receber
honorário em ação contra o próprio empregador, que é o
povo e seus interesses, é algo sem sentido público e
descabido do ponto de vista da isenção do profissional,
ainda que haja algum amparo legal. O curioso é que em
outubro passado os próprios procuradores municipais
redigiram uma nota na qual concordavam com a proposta de
pôr fim aos honorários intra-governo. Depois, parece ter
havido algum recuo.
Fonte: Jornal da Cidade, Bauru, de
3/03/2008
“Fome de honorários”
O maior exemplo
dessa incongruência, que trouxe o tema à público,
através do JC, em setembro do ano passado, foram
processos que o DAE moveu contra a prefeitura por falta
de pagamento de água. Apenas um deles rendeu cerca de R$
600 mil a procuradores da autarquia. Furioso, o prefeito
Tuga Angerami, antes que outros da mesma leva fossem
julgados definitivamente, chamou uma reunião com o
presidente do DAE, José Clemente Rezende, para frear a
“fome de honorários”.
Fonte: Jornal da Cidade, Bauru, de
3/03/2008
OAB se coloca a favor
“A posição da
OAB tem mais o cunho de proteção da coletividade do que
de corporativismo. O fato é que o tema discutido no
projeto de lei é de competência do Congresso Nacional, o
que significa dizer que a aprovação de uma legislação
como essa vai onerar ainda mais o município. Isso
porque, uma vez não efetuados os pagamentos que, segundo
a lei federal, pertencem aos procuradores municipais,
significa dizer que posteriormente o Judiciário vai
determinar o pagamento com os acréscimos legais de juros
e correção monetária”, disse o presidente da OAB, Caio
Santos, em dezembro.
Fonte: Jornal da Cidade, Bauru, de
3/03/2008
Pedro Tobias é contra
“Ou o Poder
Público deixa de pagar honorários para advogados, no
mínimo para causas entre órgãos públicos, ou deve rever
a carreira e levantar a viabilidade de contratar serviço
particular e se livrar de pagar o salário do advogado
público”. Com esta opinião o deputado Pedro Tobias
(PSDB) se posicionou, em outubro do ano passado, contra
a manutenção de pagamento de honorários aos chamados
advogados públicos. Em São Paulo, o governo Serra briga
contra essa regra e pode até terceirizar a Procuradoria
Jurídica.
Fonte: Jornal da Cidade, Bauru, de
3/03/2008
Procuradorias tentam reduzir processos por medicamentos
Parte dos
Estados brasileiros tem desenvolvido, nos últimos meses,
estratégias jurídicas na tentativa de reduzir o número
crescente de ações judiciais por meio das quais
pacientes pedem o fornecimento de medicamentos às
secretarias de saúde. Isto ocorre porque o cumprimento
destas decisões judiciais desorganiza o sistema
financeiro dos Estados e gera o bloqueio de valores no
orçamento da saúde. No Rio de Janeiro, onde os bloqueios
correspondem a 20% do orçamento da saúde, a procuradoria
estadual encomendou um estudo para definir critérios
para o fornecimento dos medicamentos ou tratamentos. Em
São Paulo, a defensoria pública tenta um acordo com a
Secretaria da Saúde para regularizar o fornecimento de
remédios e evitar os processos - só em 2007, R$ 400
milhões foram gastos para atender a cerca de 25 mil
ações judiciais no Estado.
Em grande parte
dos processos são pleiteados tratamentos e drogas que
não constam na lista do Sistema Único de Saúde (SUS). Os
juízes os concedem por julgarem que o direito à saúde é
uma garantia constitucional. As decisões que negam o
bloqueio de verbas são minoria no Supremo Tribunal
Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e,
geralmente, ocorrem quando há a comprovação de que o
paciente não corre o risco de morte.
Apesar de este
ser o entendimento predominante, uma decisão do STF,
proferida pela ministra Ellen Gracie no ano passado,
negou o pedido de concessão de um medicamento de alto
custo a um paciente do Rio Grande do Norte. Para a
magistrada, a medida prejudicaria os serviços de saúde
oferecidos ao restante da coletividade.
A decisão de
Ellen Gracie foi um dos fundamentos do estudo
desenvolvido pelo advogado Luís Roberto Barroso, do
escritório Luís Roberto Barroso & Associados,
encomendado pela Procuradoria-Geral do Estado do Rio de
Janeiro. Ao fazer uma análise das decisões em prol do
fornecimento de medicamentos pelos Estados, Barroso
estabeleceu critérios que serão propostos aos
magistrados como, por exemplo, determinar a inserção de
drogas que não estão na lista do SUS somente por meio de
ações coletivas e priorizar medicamentos nacionais e
genéricos. "São escolhas trágicas, mas deve-se
estabelecer padrões para salvar o maior número de
vidas", afirma Barroso.
Outra sugestão
do estudo é que o réu na demanda deve ser o ente
federativo - União, Estado ou Município - que tiver
incluído em sua lista o medicamento solicitado. Segundo
Lúcia Léa Guimarães, procuradora-geral do RJ, muitas
vezes o pedido é feito a mais de um ente ao mesmo tempo,
o que não é conferido pelos magistrados e que, portanto,
acarreta desperdício. "Esperamos que, a partir do
estudo, a questão possa ser repensada nos tribunais",
diz. Outra estratégia, segundo Lúcia, será a tentativa
de acordos com a defensoria pública, responsável por 90%
dos processos judiciais desta natureza no Estado.
Em São Paulo, os
gastos com o cumprimento de decisões também são
significativos. Conforme dados fornecidos pela
Secretaria da Saúde, o orçamento da saúde é de cerca de
R$ 6 bilhões e, em 2007, foram gastos R$ 400 milhões com
o cumprimento de decisões judiciais - 25% a mais do que
em 2006. Segundo Vânia Agnelli Casal, coordenadora da
Defensoria Pública de São Paulo - que, em 2007, ajuizou
cerca de 70 ações por mês pleiteando remédios - o órgão
tentará neste mês um acordo com a secretaria da saúde
para regularizar o fornecimento de alguns medicamentos,
principalmente para tratamento de diabetes. Para Vânia,
há uma desorganização no sistema de saúde - muitas
vezes, os remédios não fornecidos pelo Estado foram
receitados por médicos da própria rede pública.
Já no Rio Grande
do Sul, foram feitos acordos nos últimos dois anos -
entre a Procuradoria, a Secretaria de Saúde e o
Ministério Público - para garantir o fornecimento de
medicamentos de alto custo. Segundo Bruno Naundorf,
coordenador da assessoria jurídica da Secretaria de
Saúde do Estado, a iniciativa já surte efeitos
positivos, pois os valores bloqueados mantiveram-se
estáveis no ano passado. Do orçamento destinado à compra
de medicamentos para a população, que é de cerca de R$
120 milhões, foram bloqueados, em 2006, R$ 22 milhões e,
no ano seguinte, R$ 23 milhões - em 2005, o valor foi de
R$ 7 milhões. Entretanto, os bloqueios continuam
consumindo mais da metade do orçamento total da saúde.
"Há muitas decisões antigas que precisam ser cumpridas",
diz.
Outra tentativa
de diminuir os bloqueios é o Projeto de Lei nº 219, de
2007, em tramitação no Senado. O projeto, que tem o
apoio do Ministério da Justiça e do Ministério da Saúde,
estabelece critérios para a dispensa de medicamentos.
"Muitos remédios indicados pelo Judiciário poderiam ser
substituídos por outros da lista do SUS", diz Pedro
Vieira Abramovay, secretário de assuntos legislativos do
Ministério da Justiça.
Fonte: Valor Econômico, de
3/03/2008
''''São Paulo perderá de várias formas''''
Enquanto sua
equipe passa o pente-fino na proposta de reforma
tributária entregue ao Congresso pelo governo
quinta-feira, lendo "frase por frase, palavra por
palavra", o secretário de Fazenda paulista, Mauro
Ricardo Costa, já formou uma convicção: a de que São
Paulo "perderá de várias formas". Uma delas seria a
redução significativa da alíquota interestadual do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS).
Mauro Ricardo
critica o fato de que o Fundo de Equalização de Receita
(FER), a ser criado para compensar perdas, será
constituído por recursos que já se destinam a Estados e
municípios. Ele se refere ao ressarcimento pela
desoneração de exportações prevista na Lei Kandir e ao
Fundo IPI Exportação, pelo qual os Estados ficam com 10%
do que a União arrecada com o Imposto sobre Produtos
Industrializados, distribuídos de forma proporcional a
suas exportações. "O que existe de efetivo até agora é a
perda dos Estados."
O secretário
manifesta preocupação ainda com a partilha dos recursos
arrecadados. O Imposto sobre Valor Adicionado (IVA), que
substituirá quatro contribuições sociais, vai integrar o
bolo a ser dividido pela União com Estados e municípios.
Dele também serão separados porcentuais para a
seguridade social, a educação e o seguro-desemprego.
Mauro Ricardo acha que os Estados e municípios vão
querer aumentar sua participação e a perda recairá sobre
o lado mais fraco, que é a seguridade social.
Outro problema,
para ele, é a incidência do IVA. "Vamos ter a mesma base
com incidência de dois tributos", aponta, referindo-se
ao ICMS e ao Imposto sobre Serviços (ISS), municipal.
Ele acha que o risco de que a questão vá parar na
Justiça "é grande". Os principais trechos da
entrevista:
Como o governo
de São Paulo vê a proposta de reforma tributária?
Estamos
estudando a proposta de forma detalhada. Formamos uma
equipe de 10 pessoas da secretaria, que está analisando
frase por frase, palavra por palavra, letra por letra,
vírgula e ponto para poder ter uma posição mais
consistente em relação à proposta.
São Paulo terá
perdas?
São Paulo
perderá de várias formas. Com a redução da alíquota
interestadual do ICMS de 12% e 7% para 2%, pois é um
Estado exportador para outras unidades da Federação;
perderá com relação à desoneração dos bens de uso e
consumo; e com a redução do prazo de compensação dos
créditos de bens de capital. Estamos quantificando as
perdas para verificar a forma de compensação, pois São
Paulo não pode perder recursos de destinação
estratégica, para saúde, educação, segurança pública.
O governo
federal diz que o FER será criado justamente para
compensar perdas dos Estados.
Mas os recursos
desse fundo já existem e são dos Estados, são do Fundo
IPI Exportação e do ressarcimento pela Lei Kandir. A
proposta está dizendo aos Estados: olha, vocês vão ser
compensados com recursos que já existem e que já são
distribuídos para todos.
Lei complementar
vai definir a participação da União nesse fundo.
É isso, não está
definida. Portanto, as receitas do fundo já existem e já
estão distribuídas para Estados e municípios. O que
existe de efetivo até agora é a perda dos Estados.
São Paulo é
contra mudar o critério de apropriação da receita do
ICMS da origem para o destino?
Não, pelo
contrário. Propusemos alíquota do ICMS de 4% na origem e
o restante no destino para que houvesse estímulo aos
Estados para fiscalizar empresas que vendem a outras
unidades da Federação. A alíquota interestadual zero -
proposta inicial do governo - era um desestímulo. Se
nada fica no Estado de origem da mercadoria, ou se muito
pouco fica, há desestímulo muito grande à fiscalização.
O Estado de origem vai ter toda a despesa de
infra-estrutura, pois a empresa usufrui os serviços, e
esse Estado não recebe nada. É preciso ter uma receita
na origem e num porcentual que estimule o Estado a
fiscalizar.
Vocês estão
propondo 4% e o governo federal 2% de alíquota
interestadual. Pelo jeito, há possibilidade de
entendimento.
Espero que sim.
É nossa expectativa. Podemos discutir no Congresso e
ajustar a alíquota de forma que estimule os Estados de
origem a fiscalizar.
Mas uma alíquota
de 4% não estimularia de novo a guerra fiscal?
Nenhuma empresa
vai se instalar em outra unidade da Federação por uma
alíquota de 4%. Além disso, não haverá mais guerra
fiscal, pois se um governador fizer guerra fiscal
perderá sua parte do Fundo de Participação dos Estados (FPE),
do FER e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional
(essas penalidades estão previstas na proposta de
reforma).
A reforma
permite que os Estados elevem ou reduzam as alíquotas do
ICMS de alguns produtos.
É uma discussão
que não estará na emenda, mas na lei complementar que
regulamentará o ICMS. Isso dá uma pequena flexibilidade
aos Estados para ajustar a composição de alíquotas. São
Paulo, por exemplo, tem alíquota de ICMS para o álcool
de 12%. Na maioria dos Estados é de 25%. Não interessa a
São Paulo aumentar a alíquota para 25%. Então, é
importante que haja essa flexibilidade para poder
ajustar as alíquotas à realidade. Senão seremos
obrigados a colocar as alíquotas no máximo permitido.
Qual é sua
opinião sobre o Fundo de Desenvolvimento Regional?
É uma forma
interessante de compensar os Estados e fazer política de
desenvolvimento regional. Esperamos que o governo
federal possa, com esses recursos, fazer uma política
para diminuir as desigualdades entre as diversas regiões
do País.
Existe a
avaliação de que a guerra fiscal não acabará porque os
Estados terão recursos desse fundo até para dar
subvenções às empresas que queiram atrair...
Vai ser uma
decisão da Assembléia Legislativa de cada Estado. No
momento em que esses recursos estiverem alocados no
Orçamento de cada Estado, os parlamentares definirão se
é melhor aplicá-los em obras de infra-estrutura, em uma
rodovia, uma ferrovia, ou dar para as empresas. Espero
que cada Estado tome a melhor decisão, que é aplicar em
infra-estrutura. Para melhorar as condições de um Estado
é preciso aplicar recursos em infra-estrutura e em
educação.
Isso tornará a
concessão de benefícios mais transparente?
Se o Estado
conceder subvenção, sim. Na sistemática atual, os
recursos não entram no Orçamento. Na proposta, se o
Estado quiser conceder benefício a uma empresa, terá que
alocá-lo no Orçamento, de uma forma muito mais
transparente.
O IVA entra na
base do ICMS?
Ainda estamos
estudando esse assunto. Nossa grande preocupação é que a
proposta levou para o Congresso a discussão de partilha
de recursos e não se sabe o que vai acontecer. Isso é
uma coisa que nos preocupa por causa de uma perda
potencial para a área da seguridade social.
Principalmente a saúde. O bolo foi aumentado (com a
incorporação do IVA à base das receitas que serão
partilhadas com Estados e municípios) e agora a emenda
diz que uma parte vai para a seguridade, outra parte vai
para lá, outra vai para cá... Hoje, cada contribuição
tem destinação específica. O que a emenda diz é: cria-se
o IVA, inclui-se o IVA no bolo e o bolo vai ser
distribuído da seguinte forma: tantos por cento para
seguridade social, tantos por cento para a educação,
tantos por cento para o seguro desemprego, tantos por
cento para os Estados e para os municípios, etc.
Essa discussão
pode dificultar a tramitação da proposta?
Uma discussão
sobre partilha de recursos é infindável... Os Estados
vão querer aumentar a participação no bolo, os
municípios também e a perda recairá sobre o lado mais
fraco, a seguridade social - saúde, previdência e
assistência social. A área já perdeu a Contribuição
Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), vai
perder agora a receita da Contribuição Social sobre
Lucro Líquido (CSLL), da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins)...
Que outra
dificuldade que o sr. aponta na reforma?
O ressarcimento
da Lei Kandir. Pela proposta, o FER perderá, ao longo
dos anos, os recursos destinados a compensar perdas dos
Estados com exportações de produtos industrializados e
semi-elaborados. Os Estados reclamam de perda anual com
a Lei Kandir de R$ 17,6 bilhões e recebem da União R$
3,8 bilhões. O rombo é enorme. E os recursos ainda serão
usados para o FER. Os Estados exportadores estão muito
preocupados com isso.
O que acha da
incidência do IVA?
O problema é que
o governo federal vem, ao longo dos anos, se apropriando
de uma base de tributação que era apenas do município ou
do Estado, por conta das contribuições sociais. Antes a
União não tributava serviços. Também não tributava
circulação de mercadorias. Aos poucos, com a criação das
contribuições, foi entrando nessa base de tributação,
concorrendo com Estados e municípios. É outra grande
preocupação. A União substituirá as contribuições por um
IVA. As operações que são tributadas pelo ISS vão ter
IVA e as operações tributadas pelo ICMS vão ter IVA
também. Na realidade, vamos ter a mesma base tributária
com incidência de dois tributos. A base do ISS terá
também a incidência do IVA federal e a base do ICMS a
incidência do IVA.
Há risco de tudo
isso ir parar no Supremo Tribunal Federal (STF)?
O risco é
grande. Toda vez que se cria um tributo, há risco
jurídico. Já vimos isso no passado, de mudanças serem
questionadas e até derrubadas pelo Supremo. Aí, seria o
caos. Ficaríamos sem o antigo sistema tributário e não
teríamos o novo.
Como ficarão os
incentivos fiscais já concedidos pelos Estados?
Não se poderá
mais dar novos incentivos ficais após a promulgação da
reforma. Quer dizer que até lá pode? Não, não pode hoje,
a não ser por decisão do Conselho Nacional de Política
Fazendária (Confaz). Com a reforma, os Estados vão
continuar não podendo conceder incentivos fiscais, só
que a penalidade será outra. O Estado que fizer isso vai
perder o repasse do FPE e os recursos do FER e do Fundo
de Desenvolvimento.
Hoje não pode,
mas todos fazem.
Mas fazem de
forma inconstitucional. Com a nova sistemática,
continuará não podendo fazer, mas a penalidade será bem
maior do que hoje.
Mas não há
qualquer referência no texto da proposta aos incentivos
que já foram concedidos.
Isso não é
tratado na emenda. A idéia é ir reduzindo, gradualmente,
os efeitos dos incentivos dados até 2015, pois a
alíquota interestadual será reduzida ao longo do prazo
de transição. O efeito dos incentivos vai sendo reduzido
gradualmente. Em 2016, tudo acaba.
O prazo de
transição é razoável?
Acho longo. O
prazo de transição poderia começar no primeiro ano de
implantação da proposta. Cinco anos depois, a alíquota
interestadual estaria em 4%. E não no oitavo ano, como
está na proposta. O prazo de 5 anos seria mais do que
suficiente para que a reforma entrasse em vigor
plenamente.
Fonte: Estado de S. Paulo, de
03/03/2008
A hora é agora
Não se tem
notícia de país que torture seu contribuinte mais do que
o Brasil. Um estudo internacional revelou que as
empresas brasileiras são campeãs mundiais em tempo gasto
para cumprir todas as suas obrigações com o Fisco: são
2.600 horas por ano, ou mais de 100 dias, gastos na
burocracia, algo sem paralelo no planeta. Esse pesadelo
se deve ao fato de que existem 63 impostos e
contribuições no país. Um deles, o imposto sobre
circulação de mercadorias e serviços (ICMS), tem 27
normas diferentes – uma para cada estado da federação.
Lidar com essa burocracia custa caro e mina a eficiência
das empresas: a carga tributária é a maior entre países
em desenvolvimento (atinge 37% do PIB, o produto interno
bruto). Nas condições atuais, sem que o governo enxugue
drasticamente suas despesas – algo fora da agenda –, não
se vislumbra uma redução significativa da arrecadação de
impostos. Mas é possível simplificar a tributação. Em
busca desse objetivo, o governo enviou ao Congresso, na
semana passada, um projeto fundamental de reforma
tributária. Se aprovado, alguns impostos seriam fundidos
(veja o quadro). Além disso, os encargos sobre a folha
de salários cairiam, gradual mas substancialmente.
O projeto do
governo também propõe a criação de um novo ICMS, com
alíquotas uniformes em todo o país, e a cobrança desse
imposto no destino do consumo. Essa mudança vai eliminar
o poder, que hoje mercados consumidores pequenos têm, de
reduzir o ICMS para atrair empresas. Com isso,
imagina-se, estados como São Paulo, derrotado na guerra
fiscal, teriam de volta parte dos empregos que perderam.
Para compensar regiões prejudicadas com a reforma, o
governo defende a criação de um fundo de compensação que
teria 10 bilhões de reais em 2010, quando a reforma
deverá entrar em vigor, caso seja aprovada ainda neste
ano.
Não é a primeira
vez que o Brasil promove uma reforma tributária. Poucos
sabem, mas o país já foi detentor de uma estrutura de
arrecadação pioneira e inteligente. A reforma
implementada pelos ministros Octavio Gouvêa de Bulhões e
Roberto Campos, em 1967, substituiu impostos cumulativos
pelo IVA – que só depois seria disseminado na Europa.
Mas, com a Constituição de 1988, o sistema foi
desfigurado. Ao mesmo tempo em que ganhou mais encargos,
o governo federal teve de dividir receitas com estados e
municípios. Para recuperar as perdas, passou a criar, em
cima da estrutura que já existia, uma série de encargos
e contribuições, levando ao emaranhado atual. Por isso,
a proposta do governo merece ser aprovada.
A REFORMA
URGENTE
Promulgação da
Carta de 1988: o excesso de deveres inchou o estado e
elevou a carga
O atual sistema
tributário é burocrático, injusto e ineficaz. As
empresas brasileiras gastam 108 dias e oito horas por
ano para cumprir suas obrigações com os 63 tributos
existentes.
Para
simplificá-los, o governo propôs:
• a fusão do PIS, da Cofins, da Cide e do
salário-educação;
• a fusão da contribuição social sobre o lucro líquido
ao imposto de renda;
• a unificação das 27 leis estaduais sobre o ICMS;
• a cobrança gradual do ICMS pelo estado consumidor, não
mais pelo produtor;
• a redução gradual, de 20% para 14%, do INSS sobre a
folha de salários.
Fonte: Veja, 03/03/2008
02/03
''''Juiz não pode falar fora dos
autos''''
''''O juiz
realmente não pode falar fora dos autos'''', alerta Luiz
Flávio Gomes, jurista e professor de Direito Penal, ao
comentar o bate-boca entre o presidente Lula e o
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco
Aurélio Mello. Segundo Gomes, está expresso na Lei
Orgânica da Magistratura que juiz só deve se manifestar
em processo sob sua responsabilidade.
Gomes, que foi
juiz criminal por 15 anos, diz que a regra do silêncio
vale para qualquer nível - juiz de primeiro grau,
desembargador e ministros dos tribunais superiores. O
embate entre Lula e Marco Aurélio ocorreu porque o DEM e
o PSDB pediram no Supremo Tribunal Federal (STF) a
suspensão do programa Territórios da Cidadania, lançado
no início da semana, por considerá-lo eleitoreiro.
Na quinta-feira,
em Aracaju, Lula disse que ''''seria bom que o Poder
Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas dele'''',
referindo-se, sem citar nomes, ao fato de que Marco
Aurélio dois dias antes havia criticado o Territórios da
Cidadania - para ele, um programa social em ano
eleitoral, o que a lei proíbe - e afirmado que a
oposição poderia contestá-lo na Justiça. Para o
presidente, as declarações teriam sido a senha para a
oposição recorrer.
Na sexta-feira,
Marco Aurélio reagiu. ''''Na nossa área jurídica há um
fenômeno denominado o direito de espernear. Aqueles que
se mostrem inconformados por isso ou aquilo têm o
direito de reclamar. Eu só estranhei a acidez do
presidente'''', afirmou. ''''Como ele estava no
palanque, eu relevo. Ele estava num ambiente propenso e
talvez tenha esquecido que não está em campanha.''''
Para Gomes, essa
troca de farpas causou perplexidade. Mas o jurista
acredita que ''''não existe uma crise institucional,
isso é coisa boba''''.
Juiz não pode
falar?
Está na Lei
Orgânica e todos os magistrados, sem exceção, a ela
devem se submeter. Os juízes, de fato, devem ser mais
cautelosos. A magnitude da função de ministro exige
ponderação, equilíbrio.
Mas o presidente
de um tribunal não tem o direito de falar?
O ministro Marco
Aurélio não deveria ter declarado nada.
Por quê?
Porque ele vai
participar desse julgamento. Ainda que não vote, é ele o
presidente do tribunal eleitoral.
É ruim para o
País um embate dessa natureza?
É ruim para a
democracia, para o fortalecimento das instituições.
Queremos instituições fortes, não queremos instituições
fracas, vulneráveis, que não assegurem a continuidade
democrática. Melhor para a democracia é que todos se
respeitem e que não violem regras de ética da
profissão.
Fora do Brasil
não é comum esse desentendimento?
É muito comum a
celeuma entre políticos, mas é muito raro ministro falar
sobre qualquer assunto. Justamente para não criar
polêmicas.
Ministro está
impedido de se pronunciar mesmo quando não aborda o
mérito de uma pendência?
Juridicamente, o
magistrado não deve mesmo falar fora do processo.
Prejudica o ambiente harmônico dos Poderes, traz
desequilíbrio, prejudica até a economia em muitos casos.
Sobretudo nesse caso, em que uma representação irá à
corte, o ideal seria que o ministro não se
pronunciasse.
Lula disse que o
Judiciário não deve se meter em seus atos. Ele pode
criticar e não ser criticado?
Quando diz que
não se mete no Judiciário, quer dizer que não se
intromete em decisões judiciais. Político está aí para
isso. Temos que dar um desconto. Juiz é que não pode
entrar em bate-boca. Tem que ter mais equilíbrio, mais
ponderação.
O presidente da
República pode atacar um chefe do Judiciário?
Normalmente, o
presidente, por ser político, acaba extrapolando. O
presidente fez o que qualquer político faz. Como eles
têm mais liberdade para falar, podem falar o que
quiserem. O presidente está dentro da margem natural.
E o ministro não
está?
Nesse episódio,
o ministro não deveria ter dado início à polêmica. Isso
não está dentro dessa margem das funções de ministro.
Melhor mesmo é que um ministro não fale fora dos autos.
É o melhor caminho.
Não seria mais
sensato que o presidente também evitasse críticas?
Faz parte do
bate-boca, é natural no mundo político dizer essas
coisas. O que não é natural é o ministro falar. A Lei
Orgânica impõe que o magistrado se manifeste apenas nos
autos. Está expresso no texto.
Há uma crise
entre os Poderes?
Não vejo isso
como crise. Não chega a ser crise institucional, apenas
um incidente corriqueiro, bobo, que não terá maiores
repercussões. Segunda-feira os dois já estarão
conversando normalmente. Não foi um incidente sério, mas
fica como advertência para o ministro.
Fonte: Estado de S. Paulo,
2/03/2008
Comprador da Cesp vai herdar custo ambiental de valor
incerto
A Companhia
Energética de São Paulo (Cesp) entregará ao consórcio
que vencer o leilão de privatização uma herança de
problemas ambientais e sociais que ainda não foram
totalmente calculados. A companhia responde a mais de
mil processos nos municípios paulistas e
sul-mato-grossenses. Em São Paulo, são 349 ações
judiciais. Em Mato Grosso do Sul são 746 ações.
Boa parte dos
problemas levados ao Poder Judiciário não foi incluída
no edital de privatização, publicado segunda-feira. As
cidades cobram compensações financeiras e a execução de
obras que podem sugar milhões de reais do balanço da
Cesp nos próximos anos.
A venda da
companhia, prevista para 26 de março, provocou uma
corrida na região do Alto Paraná. Os municípios
sul-mato-grossense, os mais atingidos pela formação do
lago da Usina Hidrelétrica de Porto Primavera,
participam amanhã de audiência pública na Assembléia
Legislativa, em Campo Grande, capital do Estado.
As cidades
exigem do governo paulista a inclusão de pendências no
edital, como a que atinge as olarias fabricantes de
blocos cerâmicos (ameaçadas de deixar a atividade por
falta de jazidas de argila) e os proprietários de áreas
na margem esquerda do Rio Paraná, ameaçados pelo avanço
ainda sem controle das águas do lago.
A reportagem do
Estado percorreu trechos das encostas no lado paulista e
sul-mato-grossense e pôde observar o avanço do lago da
Usina Porto Primavera, hidrelétrica idealizada ainda no
governo militar, cujo tempo de construção superou 20
anos e custou mais de US$ 14 bilhões.
''''A questão
principal não é a privatização, mas as garantias de que
o desbarrancamento das encostas será resolvido pelo novo
controlador. A Cesp não nos dá a solução e no edital não
há nenhuma menção a esse problema ambiental'''', diz
Antonio Eduardo Lima Ricardo, prefeito de Anaurilândia,
um dos municípios mais afetados.
Anaurilândia
perdeu 23% do território (65 mil hectares de área)
quando o lago alcançou a cota de 257 metros do nível do
mar, hoje limite para a operação de Porto Primavera. A
questão é que boa parte dos 90 quilômetros de margem
continua a ser levada pela força da água que se choca
com a encosta. A Cesp já esperava o problema e alega que
o processo se estabilizará em algum momento. Quando? A
Cesp não diz.
MURO DE
CONTENÇÃO
O Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT) foi contratado para
monitorar a situação e um relatório definitivo sobre o
problema será apresentado até o início do segundo
semestre, mas qualquer intervenção terá de ser aprovada
pelo Ibama.
O lago, de 2 mil
quilômetros quadrados, tem 500 quilômetros de encosta
entre as margens de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
''''Não acredito que essa obra de contenção seja
inferior a 200 quilômetros'''', disse um técnico da Cesp
que não quis se identificar. Não há cálculos sobre o
custo dessa construção, mas a companhia já foi obrigada
a erguer um muro de contenção numa das propriedades da
região. Com 130 metros, a obra custou R$ 450 mil.
Há áreas de
reflorestamento de margens, trabalho executado pela
própria Cesp, que estão sendo engolidas pelo avanço da
água. É o que se pode ver no Condomínio Associação
Recanto do Lazer, área residencial com 99 lotes às
margens do lago, em Anaurilândia. Ali, o avanço da água
já destruiu boa parte da faixa de 100 metros de
propriedade da Cesp e se aproxima das áreas
particulares. Uma precária proteção de pneus foi
construída em frente a alguns lotes, mas não resolveu o
problema.
Nelsi João
Perlim, proprietário de um dos lotes, já fez os
cálculos. ''''Estava aqui no dia em que o lago encheu,
chegou ao limite. Desde então, a perda de área de
encosta supera os 40 metros e continua a avançar.''''
Ele começou a mobilizar os moradores para que o
Ministério Público exija uma solução.
NOVAS MÁQUINAS
A situação
poderá se tornar ainda mais grave se a Cesp decidir
expandir a Usina Porto Primavera. Além das 14 turbinas
em operação, a barragem foi projetada para abrigar mais
quatro máquinas. A estrutura de concreto para receber os
equipamentos está pronta, mas essa não é uma decisão
simples. Para a operação com 18 turbinas, o lago terá de
subir mais dois metros e alcançar 259 metros do nível do
mar.
Segundo cálculos
da Cesp, essa elevação ampliaria o tamanho do lago em
mais 250 quilômetros quadrados (km2), alcançando 2.250
km2. A maior parte desse avanço ocorreria sobre o
território sul-mato-grossense. ''''Isso não vai
acontecer, essa será uma briga tão grande que nenhum
controlador topará enfrentar'''', diz Hélvio Rech,
pesquisador do Instituto de Eletrotécnica e Energia da
Universidade de São Paulo (USP).
Para os novos
controladores, caso a Cesp seja vendida, a expansão da
capacidade de geração seria um bom negócio. O aumento da
geração em Porto Primavera e na Usina Hidrelétrica de
Três Irmãos - outra hidrelétrica incluída na
privatização - permitiria à Cesp vender 10% mais
energia. A capacidade instalada atual é de 7,4 megawatts,
9,69% do potencial da geração nacional e 53,2% do
potencial hidrelétrico paulista.
Fonte: Estado de S. Paulo,
2/03/2008
Defensoria garantirá atendimento em Várzea Paulista
A Defensoria
Pública de São Paulo, regional de Jundiaí, afirma que
garantirá o atendimento da população carente e andamento
dos processos defendidos por advogados que desistiram
dos casos por causa da suspensão dos pagamentos de
honorários de advogados do município de Várzea Paulista,
indicados pelo município e não pela OAB para atuar na
defesa da população.
A paralisação
começou quando a Defensoria Pública paulista suspendeu,
para análise em processo administrativo, o pagamento de
certidões de honorários, anteriores a 15 de janeiro, e
originadas de indicação feita por funcionários da
prefeitura da cidade. Segundo o convênio Defensoria/OAB,
as indicações de advogados conveniados devem ser feitas
pela subseção da OAB.
De 1990 até 15
de janeiro deste ano, a OAB-SP tinha um convênio com a
prefeitura do município de Várzea Paulista, que cedia
espaço e pessoal para auxiliar a OAB no atendimento
judiciário à população do município. A Defensoria
sustenta que tal prática é ilegal. A OAB de São Paulo
emitiu comunicado rechaçando a postura adotada pela
Defensoria.
A OAB afirma que
a parceria com prefeituras é uma forma de a entidade
diluir seu gasto com infra-estrutura para viabilizar o
convênio, custo que sai do bolso de todos os advogados,
não só dos conveniados. “Contudo, diante do entendimento
diverso da Defensoria Pública sobre a parceria com o
município, a Ordem locou outro imóvel, equipou, colocou
funcionários e passou a fazer o atendimento aos
assistidos, certa de que o problema estava equacionado.
No entanto, qual foi a nossa surpresa quando a
Defensoria em ato unilateral e sem comunicação prévia
fez a suspensão do pagamento das certidões de
honorários”, relata o diretor-tesoureiro Marcos da
Costa.
Segundo o
presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D´Urso, a
decisão da Defensoria Pública imputa penalidade ao
advogado que trabalhou, “sendo que ninguém discute a
qualidade do serviço prestado, o fato de que só foram
assistidas pessoas realmente carentes e que, em nenhum
momento, houve dano ao erário público. Portanto, os
princípios da moralidade e da legalidade foram
integralmente cumpridos pelos advogados, que estão há
quase três meses sem receber”.
Na sexta-feira
(29/2), a OAB de São Paulo também foi informada da
suspensão dos pagamentos das certidões de honorários dos
advogados de Campo Limpo. “Estamos buscando o diálogo
com a Defensoria Pública no sentido de solucionar o
impasse, sem prejudicar o advogado que tem direito de
receber pelo trabalho já prestado e no interesse do
jurisdicionado”, disse D´Urso.
Leia a nota
divulgada pela Defensoria
Em relação aos
fatos mencionados na Carta Aberta de 28/02/08 divulgada
pela OAB /SP à população de Várzea Paulista, a
Defensoria Pública do Estado de São Paulo vem a público
esclarecer o seguinte:
1. Estão
suspensos todos os pagamentos de certidões de honorários
originadas de indicações de advogados feitas pela
Prefeitura do Município de Várzea Paulista, posto que a
Defensoria Pública do Estado não possui qualquer
convênio com aquela municipalidade.
2. Todas as
certidões de honorários originadas de indicações feitas
pela própria Subsecção de Jundiaí da OAB/SP, após a
regularização da triagem ocorrida em meados de janeiro
de 2008, estão sendo pagas normalmente.
3. A Defensoria
Pública do Estado sucedeu a Procuradoria Geral do Estado
em convênio com a Ordem dos Advogados do Brasil – Secção
São Paulo para prestação subsidiária de assistência
judiciária às pessoas carentes.
4. O convênio
previa e prevê que a indicação de advogados para atuarem
nos processos de pessoas carentes deveria ser feita,
onde não há unidade de atendimento da Defensoria Pública
do Estado (ou havia da PGE), pela própria Subseção da
OAB/SP.
5. Todos os
advogados que se inscrevem para participarem do Convênio
DP/OAB assinam termo em que afirmam conhecer todas as
cláusulas do referido acordo.
6. A Defensoria
Pública do Estado teve conhecimento, no final de 2007,
que a triagem das pessoas carentes e a indicação de
advogados na Comarca de Várzea Paulista, ao contrário do
que previa o convênio já citado, não eram feitas pela
Subseção da OAB/SP de Jundiaí, mas pela Prefeitura
daquele município.
7. Obedecendo
aos princípios constitucionais da moralidade e da
legalidade, que norteiam a Administração Pública, a
Defensoria Pública do Estado suspendeu, cautelarmente,
os pagamentos relativos às indicações feitas de forma
irregular, em desconformidade com o convênio, e
instaurou processo administrativo, que se encontra em
andamento, voltado à apuração dos fatos, que deve
redundar, em breve, na prolação de uma decisão final
acerca da possibilidade de pagamento das certidões.
8. A Defensoria
Pública do Estado não se sujeitará a qualquer ameaça ou
pressão, principalmente se for em prejuízo da população
carente de Várzea Paulista, que não tem a menor
responsabilidade pelas incorreções já mencionadas.
9. Nos termos do
atual Convênio DPE/OAB, se os advogados pedirem a
suspensão do andamento de processos em que atuam porque
não receberam certidões de honorários de outros
processos que foram emitidas irregularmente, eles
poderão sofrer sanções previstas no próprio Convênio,
inclusive a da exclusão do mesmo.
10. Por fim, a
Defensoria Pública do Estado informa que, na hipótese de
paralisação das atividades de triagem e de pedidos de
suspensão de processos pela Subsecção da OAB/SP de
Jundiaí, as atividades jurídicas serão assumidas pela
Regional de Jundiaí da Defensoria Pública do Estado,
situada à rua Senador Fonseca, 1325, Centro.
Renato Campos
Pinto De Vitto
1º Subdefensor
Público-Geral
Respondendo pelo
expediente da Defensoria Pública-Geral
Fonte: Conjur, 2/03/2008
STJ extingue Diário de Justiça impresso nesta
segunda-feira
A partir desta
segunda-feira (3), o Diário da Justiça Eletrônico será o
único veículo oficial de publicação dos atos judiciais e
administrativos do STJ (Superior Tribunal de Justiça). O
Diário da Justiça impresso e o eletrônico feitos pela
Imprensa Nacional serão totalmente substituídos pela
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O Dje será
disponibilizado diariamente no site do STJ, de segunda a
sexta-feira, a partir das 19h, exceto nos feriados
nacionais, recessos forenses e dias em que não houver
expediente, e será considerado como publicado no
primeiro dia útil subseqüente. A contagem dos prazos
processuais terá início no primeiro dia útil seguinte ao
considerado como a data da publicação, conforme
estabelecido na Lei 11.419/2006.
Na prática, a
edição desta segunda constará como publicada em 3 de
março (primeiro dia útil subseqüente), abrindo a
contagem de prazos a partir do dia seguinte (4). Isso
significa que o usuário poderá otimizar seu trabalho de
pesquisa e acompanhamento das publicações, uma vez que a
edição do DJe já estará disponível na noite anterior à
sua publicação.
Todas as
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que é a autoridade certificadora criada e mantida pelo
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constituído por centenas ou mesmo milhares de páginas,
dependendo da edição do dia.
O projeto foi
desenvolvido em parceria entre a assessoria da
presidência do tribunal e as cecretarias dos órgãos
julgadores, de Tecnologia da Informação e de Comunicação
Social.
Fonte: Última Instância, 2/03/2008