Até o fim deste
ano, o governo vai enviar ao Congresso Nacional um
projeto de lei igualando regras de aposentadorias e
pensões dos funcionários públicos com as que vigoram
para os trabalhadores privados, entre elas a limitação
do valor da aposentadoria ao máximo de 10 salários
mínimos aplicado aos aposentados do Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS).
O secretário de
Previdência Social, Helmut Schwarzer, anunciou ao Estado
que a mudança valerá apenas para quem ingressar no
serviço público após a promulgação da lei e não será
aplicada aos que estão na ativa hoje, que continuarão se
aposentando com o último salário, geralmente muito acima
do teto do INSS. Um desembargador, por exemplo, se
aposenta com mais de R$ 20 mil.
Os militares do
Exército, Marinha e Aeronáutica serão excluídos das
mudanças e continuarão regidos pelas regras atuais.
Entre novos e
antigos, haverá uma faixa intermediária daqueles que
ingressaram no serviço público desde 1º de janeiro de
2004 -data da implementação da reforma previdenciária do
governo Lula -, que poderão optar entre a regra atual ou
a nova - esta implica contribuir para o INSS com até 11%
sobre o teto de 10 mínimos e aplicar um excedente no
fundo de previdência complementar da União que tramita
na Câmara dos Deputados, mas que precisa ser aprovado
simultaneamente ou até antes do novo projeto de lei.
Essa é a
principal mudança nas regras de aposentadorias e pensões
dos servidores que os técnicos dos Ministérios da
Previdência e Planejamento trabalham para começar a ser
debatida no governo este mês, no Congresso no próximo
semestre e com aprovação prevista para o ano que vem,
revelou o secretário Helmut Schwarzer. "A intenção é
aproveitar o ano não eleitoral e aprovar o projeto em
2009, a tempo de implementá-lo em 1º de janeiro de
2010."
Não haverá
perdas para os funcionários atuais porque, para eles,
não serão alteradas as regras de cálculo da contribuição
e dos benefícios. O peso das mudanças vai recair sobre
os novos que ingressarem no serviço público a partir de
2010, que passarão a receber aposentadorias e pensões
equivalentes ao que ganham trabalhadores privados.
Hoje o abismo
separando os servidores públicos e privados faz com que
o déficit da previdência pública da União, Estados e
municípios some mais do que o dobro do INSS,
aproximando-se de R$ 100 bilhões.
Só o rombo da
União fechou 2006 em R$ 30,4 bilhões, resultantes de
despesas de R$ 46,5 bilhões (pagamentos de
aposentadorias e pensões) e receitas (R$ 10,7 bilhões de
contribuições do governo federal e R$ 5,4 bilhões dos
servidores).
Proporcionalmente, a previdência pública custa para o
contribuinte brasileiro mais do que a dos trabalhadores
privados, visto que o INSS paga 25 milhões de benefícios
e a União só 1 milhão (650 mil para servidores civis e
350 mil militares).
NOVAS REGRAS
Valerão só para
os novos servidores que ingressarem a partir de janeiro
de 2010 Serão equiparados aos trabalhadores
privados Teto da aposentadoria será limitado a 10
salários mínimos Acima desse valor, só contribuindo para
um fundo de pensão Militares serão excluídos Servidores
dos poderes Executivo, Judiciário, Legislativo e
Ministério Público terão uma única
previdência Contribuições irão para uma conta única
capitalizada pelo Banco do Brasil INSS ampliado vai
administrar também a previdência pública Estados e
municípios vão aderir às regras depois
Fonte: Estado de S. Paulo, de
2/06/2008
Sistema processual único vai reduzir prazos pela metade
Juízes federais
e representantes das áreas de tecnologia das cinco
regiões da Justiça Federal, do Conselho da Justiça
Federal e do Conselho Nacional de Justiça reuniram-se
nesta sexta-feira (30) no quarto encontro da comissão
nacional do E-Jud, o sistema processual único da Justiça
Federal. Estima-se que o sistema permitirá a redução de
até 50% no prazo de tramitação dos processos.
Na fase de
levantamento de requisitos, a comissão está colhendo
informações de 280 servidores especialistas na área
judiciária da Justiça Federal em todo o país para
definir o funcionamento do sistema. Segundo o juiz
federal substituto Paulo Cristóvão de Araújo Silva
Filho, da Seção Judiciária do Paraná, esta etapa deve
estar concluída em agosto, quando o E-Jud passa à fase
de implementação. “Até o final de 2009 o sistema deve
estar em funcionamento”, garante.
Entusiasta do
projeto, o coordenador-geral da Justiça Federal,
ministro Gilson Dipp, visitou os cinco tribunais
regionais federais para explicar a importância do E-Jud.
“No futuro, esperamos poder integrar os sistemas
processuais de todos os ramos da Justiça”, disse.
Benefícios
A redução dos
prazos processuais esperada com a implantação do E-Jud é
benefício direto da automatização. Tarefas executadas
por servidores serão feitas pelo computador de forma
mais eficiente. “Atos de intimação e comunicação,
publicações e contagem de prazos, por exemplo, consomem
muito tempo e atrasam o andamento do processo. O E-Jud
vai permitir que os servidores da Justiça concentrem
suas tarefas na atividade-fim, a decisão judicial”,
explica o magistrado.
Alexandre
Libonati, juiz federal da 2ª Região, acrescenta as
vantagens para advogados na utilização do E-Jud, como o
peticionamento eletrônico e o acompanhamento dos
processos que tramitam em todo o país de forma
unificada. Segundo ele, o trabalho tem avançado
rapidamente.
Para o
representante do CNJ, juiz Sérgio Tejada, mais uma vez a
Justiça Federal vai dar o exemplo ao implementar uma
mudança radical no uso da tecnologia em benefício do
jurisdicionado. “A consulta processual unificada é uma
grande aspiração também de órgãos usuários da Justiça,
como a Advocacia-Geral da União, a Defensoria Pública e
a Ordem dos Advogados do Brasil”, explica. Ele também
defende a ampliação do sistema para os demais ramos da
Justiça como parte do amplo projeto de modernização da
Justiça liderado pelo CNJ.
Fonte: site do CNJ, de 2/06/2008
CCJ aprova exigência de previsão de prazo para
processos
A Comissão de
Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou o Projeto
de Lei 6843/02, da Comissão de Legislação Participativa,
que obriga a administração pública federal a entregar ao
usuário, no ato da notificação ou do protocolo,
informação impressa sobre a seqüência e os prazos
previstos para a tramitação do processo administrativo.
O projeto foi aprovado no último dia 20, na forma do
substitutivo elaborado pelo relator, deputado Silvinho
Peccioli (DEM-SP).
O substitutivo
exclui do projeto original a obrigatoriedade de o órgão
federal também encaminhar uma comunicação sobre a
tramitação do processo a cada 30 dias. A exclusão desse
item também já havia sido feita por meio de emenda
aprovada pela Comissão de Trabalho, de Administração e
Serviço Público.
O projeto foi
elaborado a partir de sugestão encaminhada pelo
Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo.
O objetivo é facilitar o acesso dos interessados às
informações sobre a tramitação de processos na
administração pública federal. A proposta altera a Lei
9.784/99. O projeto será votado agora para o Plenário.
Fonte: Diário de Notícias, de
2/06/2008
Usinas lideram ranking de multas por poluição em SP
O setor
sucroalcooleiro lidera o ranking do valor de multas
aplicadas pelo governo de São Paulo por poluição ou
desrespeito à legislação ambiental entre todas as áreas
da indústria, segundo dados da Cetesb (Companhia
Tecnológica de Saneamento Ambiental).
Foram 102
autuações aplicadas a usinas, em 16 meses (de janeiro de
2007 a abril de 2008), que somam R$ 7,88 milhões,
conforme tabulação feita pela Folha com base nos
relatórios da companhia. Entre multas e advertências,
houve 14.124 notificações, num total de R$ 49,3 milhões
no Estado.
As metalúrgicas
vêm em segundo lugar, mas com dados mais modestos: foram
autuadas em R$ 4,3 milhões.
Segundo o
diretor de controle de poluição ambiental da Cetesb,
Otávio Okano, a maior parcela das multas -cerca de 70%
das 94 aplicadas no período- se deve a queimadas
irregulares, como a menos de 1 km de áreas urbanas, que
afligem a população do interior.
A usina no topo
do ranking é São José, de Colina (406 km de SP), com R$
604 mil em multas, que diz estar recorrendo. Procurada,
a Unica (associação do setor) não se manifestou.
Do total, três
decorreram de despejo de poluentes líquidos, uma
preocupação da Cetesb. É que, a cada litro de álcool
produzido, são gerados até 14 litros de vinhaça, um
poluente orgânico que afeta a água.
Com produção
anual de cerca de 10 bilhões de litros de álcool, o
volume de vinhaça no Estado de São Paulo atinge até 140
bilhões de litros -o que equivale a 70 vezes o volume da
baía da Guanabara, no Rio.
Segundo o médico
Marcos Abdo Arbex, do Laboratório de Poluição
Atmosférica da USP, a cinza das queimadas afeta os
aparelhos respiratório e cardiocirculatório.
De acordo com
ele, a cada 10 mg/m3 de aumento de partículas em
suspensão, sobe 5,05% o número de atendidos por
hipertensão.
No Protocolo
Agroambiental assinado com a indústria canavieira do
Estado em 2007, o governo estabeleceu que a queima da
palha da cana em áreas planas termine em 2014. Porém, a
adesão é voluntária.
A lei estadual
11.241, de 2002, determina que a prática acabe até 2021
nas áreas mais planas (mecanizáveis) e até 2031 (nas
não-mecanizáveis). O protocolo fixa o limite de 2017
para o segundo caso.
O professor da
Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz),
da USP, Tomaz Rípoli opina que a queimada deve acabar
logo, mas ressalta que a atividade polui menos do que
veículos desregulados. "Um caminhão rodando por dez
horas polui o equivalente a um hectare de cana
queimada."
Fonte: Folha de S. Paulo, de
1°/06/2008
Usina diz que recorreu de multa ambiental
O grupo Guarani,
dono da usina São José, de Colina, a líder em multas,
disse, por nota, que "o departamento jurídico da empresa
apresentou recursos junto à Cetesb e aguarda novos
pareceres do órgão" antes de se pronunciar.
A Unica (União
da Indústria de Cana-de-Açúcar), procurada na
quinta-feira e anteontem, preferiu não se manifestar.
A instituição
disse que não tinha tempo hábil de checar os resultados
do levantamento feito pela reportagem.
Já a usina
Ester, em Cosmópolis, que teve três multas no período,
no valor total de R$ 260,4 mil, afirma que as queimadas
às vezes são provocadas por criminosos -que tocam fogo
em carros roubados no meio do canavial, por exemplo.
Thiago Sousa
Barros dos Santos, diretor agrícola da usina, afirma que
a empresa tem diversas ações ambientais, como um projeto
para fazer plantio de 50 mil árvores em Americana e a
manutenção de uma mata nativa de 200 hectares.
Protocolo
No site da Unica,
um dos destaques é a questão socioambiental. Nele,
ressalta-se o Protocolo Agroambiental, firmado em 2007
com o governo estadual, que antecipa o fim das queimadas
no Estado para 2014 em áreas mecanizáveis. A Unica
assinou o documento e, até agora, 148 indústrias de
açúcar e álcool aderiram.
Estima-se que no
ano 2014 haverá no Estado cerca de 7 milhões de hectares
de cana plantada. Dessa área, aproximadamente 5,9
milhões de hectares serão em áreas mecanizáveis. Os
restantes 1,1 milhões de hectares estarão em áreas
não-mecanizáveis.
"Sem o protocolo
[...], teríamos no ano 2014 ainda 3,83 milhões de
hectares sendo queimados. Com o protocolo, toda a área
mecanizável será colhida crua, sem queima. Da área
total, haverá queima em apenas 440 mil hectares, ou
menos", diz a Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
A Unica ressalta
ainda em seu sítio na internet outras contribuições
ambientais, como o baixo uso de inseticidas na
cana-de-açúcar no Brasil.
Além disso, a
Unica diz que toda energia utilizada no processo
industrial da produção de etanol e açúcar no Brasil é
gerada nas usinas.
Fonte: Folha de S. Paulo, de
1°/06/2008
Maioria das multas acaba contestada por empresas
Somente 30% das
multas aplicadas pela Cetesb a empresas que descumprem a
legislação ambiental são pagas de forma quase imediata.
As demais são objeto de recurso administrativo, na
própria companhia, ou são questionadas na Justiça.
Quando a multa
não é paga, o valor é inscrito na dívida ativa. O
processo, nessa instância, é encaminhado à Procuradoria
Geral do Estado, que tenta efetuar a cobrança. Para
órgãos públicos, como prefeituras, não recolher a multa
incorre em perder o direito a repasses financeiros dos
cofres do Estado.
A dificuldade de
receber os valores oriundos de sanções ambientais não é
exclusivo da agência paulista. Mesmo problema enfrenta o
Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis), um órgão federal.
Em 2003, no que
foi considerado um dos maiores desastres ambientais da
história do Estado, o Ibama aplicou uma multa de R$ 10
milhões à Usina da Pedra, em Serrana (SP).
Os cerca de 8
milhões de litros de melaço, matéria-prima do álcool,
que vazaram de um depósito atingiu o rio Pardo e,
segundo o Ibama, matou 208 toneladas de peixes. Além do
dano ambiental, o desastre impediu o trabalho de
pescadores.
Segundo o Ibama,
a empresa recorreu. O processo já teve ao menos 80
movimentações e, agora, o recurso está no Conama
(Conselho Nacional de Meio Ambiente). Também há um
processo na Justiça Federal sobre essa multa.
Em nota, a usina
afirmou que, desde o acidente, tem buscado acordo com o
Ministério Público Federal e o Ibama para realizar um
projeto de reflorestamento em torno do rio Pardo, no
valor de R$ 7 milhões.
Fonte: Folha de S. Paulo, de
1°/06/2008
O CNJ e os cartórios
No mesmo mês em
que a corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
recebeu de 11.639 cartórios informações a respeito de
seu volume de trabalho e de seu faturamento, o que
permitirá ao órgão saber se a receita é compatível com a
demanda e a eficiência do serviço prestado, o Congresso
aprovou projeto de lei que retira do Judiciário o
controle sobre os cartórios extrajudiciais, como os de
registro civil de pessoas físicas e jurídicas, de
imóveis, de protesto e de notas.
Esses não são
fatos isolados. Com base nos dados recebidos, o CNJ
pretende promover um "realinhamento do setor", obrigando
os cartórios mais rentáveis a manter um fundo destinado
a sustentar os pequenos cartórios e impondo medidas para
aprimorar os serviços. Os dados enviados ao órgão
mostraram uma realidade que poucos conheciam. Há 13.416
cartórios em funcionamento, oferecendo serviços que vão
de certidões de nascimento, casamento e óbito a registro
de imóveis, escrituras, procurações, reconhecimento de
firmas, autenticações e protesto de títulos.
Em 2006, os
13.416 cartórios tiveram um faturamento de R$ 4 bilhões.
Mas a receita varia conforme o cartório e a região em
que está localizado. Por estarem situados em áreas pouco
desenvolvidas, muitos cartórios mal se sustentam. Os que
estão situados em áreas desenvolvidas, onde há grande
demanda de serviços notariais, chegam a ter receitas
milionárias. O cartório mais rentável, com um
faturamento de R$ 28,3 milhões, em 2006, está no Rio de
Janeiro. O segundo colocado, com uma receita bruta de R$
26,9 milhões no mesmo período, está em São Paulo. Metade
dos 13.416 cartórios, incluindo-se aí os localizados nas
capitais dos Estados mais pobres, tem renda mensal de
até R$ 5 mil. Situados em cidades de porte médio, no Sul
e no Sudeste, 1.330 cartórios têm arrecadação superior a
R$ 50 mil. E, localizados nos municípios mais longínquos
no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, 1.446 cartórios não
arrecadam mais do que R$ 500 por mês.
O levantamento
do CNJ detectou que, entre os cartórios de médio e
grande porte, vários são dirigidos por desembargadores
aposentados. "Há exageros, coisas erradas, distorções.
Agora poderemos ter um diagnóstico do setor e traçar
políticas", diz Murilo Kieling, juiz auxiliar do CNJ e
coordenador do levantamento.
Apesar de a
Constituição prever que a concessão de cartórios deva
ser feita por concurso público, muitos são dirigidos por
pessoas que foram designadas para o cargo em decorrência
da aposentadoria ou morte do titular. Nomeados em
caráter temporário há mais de duas décadas, eles
resistem à realização de concursos e pressionam o
Congresso para que aprove emendas constitucionais que os
efetivem no cargo ou permitam transferir os cartórios
aos filhos.
Desde que o CNJ
anunciou a decisão de promover o "realinhamento do
setor", a Associação Nacional dos Notários e
Registradores do Brasil alega que o levantamento do
órgão não leva em conta gastos com aluguel, impostos e
demais custos operacionais. A entidade afirma que o
levantamento apresenta a arrecadação bruta dos cartórios
e não o seu rendimento líquido, "o que pode levar a uma
equivocada compreensão das informações". A lei
recém-aprovada, que retira do Judiciário o controle
sobre os cartórios extrajudiciais, transferindo
concursos e nomeações de titulares de cartórios para a
alçada do Poder Executivo estadual, é resultante das
pressões dos notários sobre o Congresso e seu objetivo é
tentar bloquear as iniciativas moralizadoras do CNJ.
"O Executivo é
mais sensível a pretensões políticas e este é um setor
de grande interesse econômico", diz João Ricardo da
Costa, vice-presidente da Associação dos Magistrados do
Brasil. "As práticas notariais se desenvolvem a partir
dos conhecimentos acumulados nos litígios judiciais.
Afastar a atividade da Justiça interrompe esse canal",
afirma Henrique Calandra, presidente da Associação
Paulista dos Magistrados. Em ofício encaminhado ao
presidente Lula, o CNJ pediu-lhe que não sancione a lei,
pois ela é prejudicial ao interesse público e
inviabiliza as medidas que o órgão pretende baixar para
moralizar o setor.
De fato, para
que isso aconteça, Lula deve vetar a lei em má hora
aprovada pelo Congresso.
Fonte: Estado de S. Paulo, de
2/06/2008